quinta-feira, 17 de agosto de 2017

PIEDADE: VIVER PARA A GLÓRIA DE DEUS



Pv 3.9,10; 1 Co 10.31

O pastor Joel Beeke escreveu “em nossos dias poucas pessoas gostam de ser chamadas piedosas”, pois muitas vezes o termo é usado de forma pejorativa. Mas, Deus nos chamou para vivermos uma vida piedosa. Para o reformador suíço João Calvino piedade designa uma atitude para com Deus e obediência a Ele.

A verdadeira piedade envolve o nosso relacionamento com Deus e resulta na nossa comunhão com o nosso próximo. O lema da vida reformador Calvino resume a sua vida piedosa “ofereço-te Senhor meu coração pronta e sinceramente”. Para viver uma vida piedosa que glorifica a Deus, o homem precisa:

1-VIVER EM COMUNHÃO COM CRISTO (Jo 3.1-15; Rm 5.8-11) –
O ponto de partida para uma vida piedosa é a união do crente com Cristo. Essa união só é possível porque Cristo se fez homem, isto é, encarnou e assumiu a nossa natureza. Esta união do homem com Cristo só possível, porque é realizada através da fé operada pelo Espírito Santo, pois só ele pode unir Cristo no céu com o crente na terra, pobre e frágil pecador.

A fé une os servos de Deus a Cristo por intermédio da Palavra, de tal forma que o crente é iluminado a receber a Cristo como está prometido nas escrituras sagradas e oferecido graciosamente pelo Pai. Desta maneira o crente cresce mais e mais objetivando se parecer com o seu Senhor, pois ao sermos justificados por Jesus devemos cada dia viver uma vida de santificação, onde nos tornamos mais conformados a Cristo no coração, conduta e devoção a Deus, buscando uma vida cada dia de comunhão com os nossos irmãos. É a contínua transformação que o Espírito graciosamente realiza no crente, a consagração total do homem a Deus, isto exige mortificação da carne e renúncia do mundo.

Para que possamos viver esta vida de comunhão com Cristo o homem precisa nascer de novo, não basta apenas ser religioso, como era Nicodemos ou fazer parte uma denominação, mas ele precisa aceitar a Jesus como Senhor e Salvador, e cada dia viver uma vida de santidade, renunciando o mundo e mortificando o pecado que tenazmente tenta nos separar de Deus.

2- VIVER PARA GLÓRIA DE DEUS (Sl 19.1;Pv 3.9,10; 1 Co 10.31) – Aqueles que foram alcançados pela graça de Deus, precisam olhar constantemente para a glória que resplandece nos atributos de Deus, na estrutura do mundo, na glória e ressurreição de Cristo, devem nos levar a glorificar cada dia a Deus. Mas, como podemos viver para glória de Deus? Deus nos prescreveu uma maneira como podemos viver para glória dele, ou como ele será glorificado. Nós podemos glorificar a Deus através de uma vida piedosa, que consiste na obediência a sua Palavra que encontra-se revelada no Velho e no Novo Testamento. Isto implica rendição completa a Deus, a sua palavra e a sua vontade (Rm 11.33-12.2).

O salmista Davi de maneira bela se manifestou dizendo: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”(Sl 19.1). Ao olharmos para o firmamento podemos contemplar a grandeza do nosso Deus e ao olharmos para Cristo, contemplamos o seu amor incomparável para conosco, ao enviar o seu filho para morrer em nosso lugar nos libertar da escravidão do pecado, então só podemos viver para a glória de Deus.

3- VIVER O EVANGELHO DA GRAÇA (1 Sm 15.22; Mt 7.24-27; Tg 1.22-27) – O Evangelho não é uma cerimônia religiosa, uma ortodoxia morta, uma especulação filosófica ou uma experiência em laboratório, mas é vida prática. A nossa intimidade com o Senhor, não pode ser apenas nas quatro paredes de um templo, mas precisa ser externada na caminhada diária.

O evangelho da graça de Deus envolve a vida toda daqueles que nasceram de novo, que foram justificados, santificados e reconciliados com Deus através do Senhor Jesus Cristo, de tal maneira que o servo do Senhor almeja viver de forma diferente do mundo. Mas como assim? Exercendo a sua fé, louvando a Deus, praticando boas obras, tendo uma vida de oração que o principal exercício da fé dos eleitos de Deus. Calvino ao falar sobre a oração nos oferece seis propósitos para orarmos ao Senhor: 1)Ir a Deus com toda necessidade e obtermos dele o que não temos para viver a vida cristã; 2)aprender a desejar, de todo coração, o que é certo, enquanto colocamos diante de Deus todas as nossas petições; 3)prepararmos para receber os benefícios e as respostas de Deus as nossas petições, com gratidão e humildade; 4) levar-nos a meditar na bondade de Deus para conosco, quando recebemos o que pedimos; 5)cultivar o espírito apropriado deleite nas respostas de Deus; 6) confiar a fiel providência de Deus, para que o glorifiquemos e confiemos de bom grado em sua ajuda presente, enquanto testemunhamos regularmente que ele responde as nossas orações.

Como crentes em Cristo, precisamos nos arrepender. Este arrependimento é o fruto da fé e da oração. Calvino disse que o arrependimento não é o começo da vida cristã é a própria vida cristã. O verdadeiro arrependimento, envolve confissão de pecados e crescimento em santidade.

Na prática do evangelho, nós somos desafiados como crentes em Cristo, a renunciarmos o nosso o eu e a levar a cruz. Ao levarmos a cruz, “somos despertados na esperança, treinados na paciência, instruídos na obediência e disciplinados no orgulho”(Beeke, 2012, p.204).De tal maneira que ao olharmos para a obediência de Cristo ao pai também nós somos concitados a viver em obediência a vontade de Deus que é a essência da piedade.O cristão precisa olhar para Cristo e seguir o seu exemplo em casa, na igreja e na sociedade. Para os reformadores do século XVI, a doutrina, piedade e práticas estão conectadas.

Portanto, se queremos viver uma vida piedosa para a glória de Deus, precisamos viver em comunhão com Cristo, obedecendo a Deus e praticando o que Deus nos ensina em sua Palavra.


1-Beeke, R. Joel – Vivendo Para a Glória de Deus- 1ª Ed. Editora Fiel, 2010


Sobre o autor: Eli Vieira é formado pelo Seminário Presbiteriano Norte-Recife, cursando administração na Uninassau e pastor efetivo da Igreja Presbiteriana Filadélfia, Garanhuns-PE.

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