quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Depravação Total - Graças a Deus pela Eleição em Cristo

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Desde a queda de Adão, todos nascem espiritualmente separados da presença de Deus ou espiritualmente mortos e, assim, dependem de uma intervenção divina que é a regeneração para a vida para a qual são incapazes. O texto de Efésios 2. 1 – 10 nos fornece material para podemos entender que estávamos mortos, a nossa natureza era mundana, fomos salvos pela graça de Cristo, não podemos nos gloriar e somos criados em Cristo. Assim, para o homem não resta capacidade alguma que o possibilite alcançar a salvação de sua vida a não ser que a misericórdia e a graça de Deus o alcance e o regenere para a vida eterna. O autor R. K. McGregor Wright escreve que “as aspirações morais da alma não-regenerada são limitadas espiritualmente pelo seu próprio compromisso com os princípios da natureza adâmica” (p. 120)¹. Conclui-se, portanto, que as inclinações do ser humano estão comprometidas por sua natureza caída, carecendo do amor de Deus para socorrê-la.


Nesta condição o homem é escravo de sua natureza pecaminosa, podendo ser liberto apenas e somente pelo poder da cruz de Cristo. O autor Tim Chester, sobre a cruz de Cristo em seu livro Sobre o Deus Trino, escreve que “a cruz não é somente um ato de redenção. É também ato de revelação” (p. 72)². A partir dessa ideia de Tim podemos perceber que o ato da regeneração é a revelação de um salvador capaz ao homem perdido e prisioneiro de sua natureza pecaminosa. Assim, como está na CFW, “Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, Ele o liberta de sua natural escravidão ao pecado e, somente por sua graça, o habilita a querer e a fazer com toda liberdade o que é espiritualmente bom” (P. 90)³.

Qual o conceito de Depravação Total, afinal? Augustus H. Strong escreve que “a expressão 'depravação total', contudo, é passível de falsa interpretação, e não deve ser usada sem qualquer explicação” (vol II, p. 1128)⁴. Para Augustus o pecador não é “destituído de consciência [...] desprovido de todas as qualidades agradáveis ao homem e úteis quando julgadas segundo os padrões humanos [...] inclinação para toda sorte de pecado [...] o seu mais intenso egoísmo e oposição á Deus” (vol II, p. 1128)⁵. Assim, “depravação total” não quer dizer que as faculdades inerentes do ser humano não produzam resultados bons na esfera humana. 

O conceito sobre “depravação total” apresentado por Millard J. Erickson está da seguinte maneira: “já comentamos (p. 605 - 8) a questão da depravação total, que não significa que os seres humanos sejam tão perversos quanto poderiam ser, mas, sim, que são totalmente incapazes de fazer algo para se salvarem ou para se libertarem de sua condição pecaminosa” (p. 771)⁶. O mesmo autor deixa bem claro, em relação à aceitação da oferta de salvação, que “a posição adotada aqui não é a de que os que são chamados que Deus devem obrigatoriamente responder, mas a de que Deus torna a sua oferta tão atraente que eles responderão de forma afirmativa” (p. 898)⁷.

Sobre este conceito Wayne Gruden afirma que “não é certo dizer que algumas partes de nós são pecaminosas, e outras puras. Antes, cada parte do nosso ser está maculada pelo pecado – o intelecto, as emoções e desejos, o coração [...] as metas e motivos e até mesmo o corpo físico” (p. 409)⁸. Portanto, para Gruden, todas as partes do ser humano estão afetadas pelo pecado, impossibilitando o mesmo a alcançar a salvação.

Charles Hodge, sobre a doutrina do pecado original, escreve a respeito da incapacidade do homem para fazer de si próprio algo espiritualmente bom, e assim descreve três argumentos que permeiam o pensamento da igreja que são a doutrina pelagiana, a semipelagiana e a doutrina agostiniana que “ensina que tal é a natureza da depravação inerente e hereditária, que os homens, desde a queda, são totalmente incapazes de converter-se a Deus, ou de fazer algo verdadeiramente bom diante Dele” (p. 675)⁹, e aponta que as confissões reformadas que subscrevem a respeito.

Joel R. Beeke e Mark Jones, sobre o pecado original, em sua obra diz que “o homem é culpado não apenas de ter participado, por representação, da transgressão de Adão no jardim, mas também de uma contaminação universal, total e pecaminosa, espalhadas por todas as faculdades da alma e do corpo, com uma inexistência ou falta de todo bem e com uma inclinação para todo o mal” (p. 314)¹⁰.

Então, em linhas gerais, Depravação Total seria, conforme McGregor, “doutrina segundo a qual a natureza caída do homem, incluindo a vontade, está totalmente escravizada ao pecado, sendo incapaz de escolher o bem” (p. 242)¹¹, inclusive se salvar.

Então, graças a Deus que quis, segundo o seu amor, revelar-se aos seus eleitos pela cruz de Cristo, para das trevas resgatá-los para o seu eterno Reino. Sem esta intervenção seria impossível para qualquer homem alcançar, por qualquer meio, a graça do Nosso Senhor Jesus.

Amém.


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Notas:
[1] WRIGHT, R. K. McGregor. A soberania banida. 2 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2007. 256 p.
[2] CHESTER, Tim. Conhecendo o Deus Trino: porque Pai, Filho e Espírito Santo são as boas novas. São Paulo: Fiel, 2016. 187 p.
[3] Confissão de fé de Westminster. 17 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 240 p.
[4] STRONG, Augustus H. Teologia Sistemática. 2 ed. rev. São Paulo: Hagnos, 2007.
[5] Idem.
[6] ERICKSON, Millard. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2015. 1232 p.
[7] Idem.
[8] GRUDEN, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
[9] HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001.
[10] BEEKE, Joel R.; JONES, Mark. Teologia puritana: doutrina para a vida. Paulo: Vida Nova, 2016.
[11] WRIGHT, R. K. McGregor. A soberania banida. 2 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2007. 256 p.

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Autor: Seminarista Rogério Vilaça
Divulgação: Bereianos

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