segunda-feira, 29 de abril de 2024

CALVINO E A RESISTÊNCIA AO ESTADO

 


É preciso buscar uma explanação da teoria calviniana de resistência ao Estado. O objetivo é compreender a teoria calviniana da resistência à autoridade por meio de representantes denominados magistrados populares ou inferiores.

Uma nova onda de discussões doutrinárias a respeito do direito de resistência ao tirano veio logo depois da Reforma. Calvino, diferentemente de Lutero, permite a resistência por parte dos órgãos do Estado aos quais foram estabelecidos limites.404

Um dos problemas de interpretar o pensamento de Calvino nesta questão política, surge ao relacionar suas diversas afirmações e escritos que exigem obediência ao Estado e a Lei, e ao mesmo tempo em que a resistência ao governo tirano é para o cristão, somente um direito, mas também um dever de resistir. Cabe aqui a pergunta: Calvino estava seguro do que, de fato, queria dizer? Calvino ensinou a obediência ou a desobediência civil? Vamos, pois, tentar responder a estas questões.

 Calvino ao orientar sujeição, obediência, respeito e honra aos principados, se referiu aos magistrados que fazem jus aos títulos a eles conferidos. Mas alertou para a existência de príncipes indolentes, gananciosos, injustos, tiranos, assassinos e criminosos.405 Ainda assim, eles devem ser considerados com as mesmas honrarias e reverencias que seriam concedidas a um excelente rei. Calvino embasou sua tese com uma enxurrada de textos bíblicos.

Desta forma, mesmo que injusta, imoral ou anti-religiosa, a autoridade civil deve ser respeitada em sua função legítima. Calvino acreditava que Deus pode se servir de magistrados indignos e injustos para, soberana e providencialmente, cumprir a sua boa vontade na história.406 No entanto, bem à frente diz: “mas existe uma exceção a essa obediência (…)”.407

 Qual exceção?

Se eles nos ordenarem qualquer coisa contrária a vontade de Deus, nada deve significar para nós […] e neste caso devemos ignorar todas essa dignidade que os magistrados possuem.

E citando o exemplo da desobediência de Daniel, preconizou:

Estamos submetidos aqueles que foram colocados sobre nós, mas apenas por ele. 408

Aqui o pensamento de Calvino parece ambíguo. Ao mesmo tempo em que preconizou sujeição às autoridades, não importa como tenham chegado a seus cargos, ele também sugeriu uma teoria de resistência. É exatamente por esta ambiguidade que Skinner409 o chama de ‘mestre da ambiguidade’, pois, embora não haja dúvidas de que Calvino endossou uma teoria da não-resistência, na prática introduz várias exceções em sua argumentação.

Calvino assim asseverou:

Ao cidadão comum não assiste o direito de atentar contra a majestade dos reis; os magistrados, porém, que constituídos são para defender os direitos do povo, podem e devem resistir aos abusos dos soberanos.410

Para Calvino a resistência ao governo injusto é, pois, para o cristão, não apenas um direito, mas um dever.

[…] não os proíbo de agirem conforme seu dever de resistir à licenciosidade e a ira dos reis; pelo contrário, se forem coniventes com a violência sem limites contra o povo infeliz, eu afirmaria que tal omissão se constitui numa grave traição. Porque maliciosamente como traidores de seu país estão a perder a liberdade de seu povo, para cuja defesa e amparo devem saber que têm sido colocados por ordem divina como tutores e defensores.411

Com essa exceção, teria o pensamento calviniano se revestido de um potencial revolucionário? Ainda há outras questões. De fato, em Calvino, esse destaque para o verdadeiro papel dos magistrados do povo era um pormenor ou uma exceção em seus escritos. Poderia esse pormenor constituir-se no viés pelo qual o potencial revolucionário calviniano influenciou outros calvinistas?

Como uma hipótese que se formula para responder a essas questões, a resposta que se busca obter aponta nessa direção. Pois, com base em seus escritos e na repercussão que tiveram esse pormenor e esse destaque dado por Calvino ao papel dos magistrados do povo foi inovador. E essa foi sua contribuição para o desenvolvimento da teoria da resistência. Embora um mero detalhe, até mesmo uma pequena exceção, nisso encontrava-se a colaboração de Calvino para o desenvolvimento de uma teoria de resistência à autoridade iníqua ou ao tirano.

Foi também a partir da premissa da soberania de Deus que Calvino chegou ao seu ensino sobre a desobediência civil. Se é por causa de sua origem divina, que as autoridades civis têm o direito à obediência de todos os homens em geral e dos cristãos em particular, também é por ser de origem divina que, para Calvino, o poder político é limitado em sua função e em seu fim.

 Comentando Romanos 13.4, ele afirmou:

Os magistrados podem aprender disto a natureza de sua vocação. A sua administração não deve ser feita em função de si próprios, mas visando ao bem público. Nem têm eles poderes ilimitados, senão que sua autoridade se restringe ao bem-estar de seus súditos. Em resumo são responsáveis diante de Deus e dos homens pelo exercício de sua magistratura. Uma vez que foram escolhidos e delegados por Deus mesmo, é diante deste que são responsáveis. 412

Desta forma, somente Deus possui autoridade auto-gerada. A autoridade dos magistrados é delegada por Deus, a quem devem prestar contas. Por isto, a obediência devida às autoridades civis é limitada, sobretudo, pela obediência que o homem deve a Deus.

Calvino encerrou as Institutas com estas palavras:

Mas, na obediência que temos ensinado ser devida aos superiores, deve haver sempre uma exceção, ou antes, uma regra que se deve observar acima de todas as coisas: é que tal obediência não nos afaste da obediência Àquele sob cuja vontade é razoável que se contenham todos os editos dos reis, e que à sua ordenação cedam todos os mandamentos, e que à sua majestade humilhada seja e rebaixada toda a sua altaneira. E, para dizer a verdade, que perversidade seria, a fim de contentar os homens, provocar a indignação daquele por amor de quem obedecemos aos homens?  Devemos estar sujeitos aos homens que têm preeminência sobre nós, não, entretanto, de outra forma senão em Deus.    Se, porventura, os homens ordenam algo que contraria a Deus, de nenhum valor nos deve isto ser. 413

 

Para Calvino, o dever de submissão às autoridades civis não é ilimitado. Contra os governos injustos é preciso agir pelos meios legais que estão na mão do povo. Por isso, ele entendia que é necessário dar ao povo mecanismos legais para a derrubada de seu governo.  Assim a desobediência civil ao governo injusto, naquilo que ele tem de injusto.  A obediência às ordens injustas da autoridade civil, contrárias à vontade de Deus, é um crime contra o próprio Deus.  Mas a desobediência civil não se justifica senão àquela ordem injusta em particular, naquele ponto específico que o governo tem de injusto, e não ao governo como um todo. O governo injusto retém sua autoridade em tudo que exige de seus governados e que não contrarie sua obediência a Deus.

Calvino ensinou também que Deus pode, ocasionalmente, suscitar “salvadores providenciais”, de dentro ou de fora da própria nação, quando a desordem alimentada pelo governo é maior que a injustiça da revolução. Neste caso, a revolução é, de maneira excepcional, justificada. Obviamente, isto é, para Calvino, uma exceção e não uma regra que justifique toda e qualquer revolução.

Portanto, o que se pode concluir é que a tese de Calvino era a das obrigações e responsabilidades mútuas, divinamente ordenadas entre magistrados e cidadãos.

Nesta questão, Calvino se posicionou contra um duplo perigo: o da rebelião do povo contra o governo e o do abuso do poder do governo contra o povo. Ele rejeitou ambos os extremos. Para ele a falta de governo conduziria à anarquia e ao caos, e o absolutismo monárquico se oporia à verdadeira religião, elevando-se acima do trono do Deus soberano. Assim no pensamento de Calvino o autoritarismo é condenável, ao mesmo tempo em que o princípio de autoridade é desejável.

A doutrina política de Calvino, calcada no conceito teológico da soberania divina, preconizou que as sociedades calvinistas não mais deveriam se submeter a reis e autoridades tirânicas, fossem elas políticas, religiosas ou de qualquer espécie.

Ao cidadão comum não assiste o direito de atentar contra a majestade dos reis; os magistrados, porém, que constituídos são para defender os direitos do povo, podem e devem resistir aos abusos dos soberanos.414

Geralmente não se dá atenção à declaração de ‘grande alcance’415 que Calvino fez no final de suas Institutas. No entanto, é inegável desenvolvimento das teorias de resistência e da própria concepção da esfera política que encontramos nos discípulos de Calvino se deve a cosmovisão subjacente à sua teologia, cujas implicações o próprio reformador talvez não tivesse consciência, mas que no campo da política, viabilizou o envolvimento maciço dos calvinistas com a resistência política, e a reorganização do Estado. 416

Na França, por exemplo, temos uma obra bastante popular entre os huguenotes perseguidos, atribuída a Theodoro de Beza (1519-1605), discípulo e sucessor de Calvino em Genebra, que pressupõe responder a questões como: Até que limite será legítimo resistir ao príncipe que oprime ou destrói o Estado, e a quem caberá a resistência? 417

Parte do Capítulo 3- A TEOLOGIA POLÍTICA (3.4  A TEORIA DA RESISTÊNCIA AO ESTADO), da dissertação A TEOLOGIA POLÍTICA DE JOÃO CALVINO (1509-1564) NA INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ (1536), de EBER DA CUNHA MENDES

 

 

Notas de Referências

401  REID, op. cit., p. 57-58, nota 38.

402  CALVINO, Juan. Institución de la religión cristiana. 2v. Traducida y publicada por Cipriano de Valera en 1597 por Luiz de Usoz y Rio en 1858. Nueva edicion revisada en 1967. Paises Bajos: Fundacion Editorial de Literatura Reformada, 1967, p. 847.

403  Ibidem, p. 847.

404  HERBERT, Marcuse. Estado Democrático e Estado Autoritário. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1969, p. 168.

405  CALVINO, 1995, p. 124,125, nota 335.

406  Ibidem, p. 125.

407  Ibidem, p. 126.

408  Ibidem, p. 137.

409  Skinner levanta a seguinte questão: na versão original de 1536 das Institutas esta posição é mais        dramática e estratégica que reapareceu inalterada nas outras edições subseqüentes da obra. No        entanto, na edição definitiva de 1559, Calvino apresenta mudanças de idéia. Ainda assim, até o        final de sua vida, a postura política de Calvino permaneceu mais coerente com o ensino Paulino        da não-resistência.

  1. 468,469, nota 81.

410  CALVINO, IV v., op. cit., p. 483, nota 60.

411  CALVINO, 2v., p. 1193, nota 402.

412  CALVINO, op. cit., nota 171.

413 CALVINO, 2v, op. cit., p. 1193, nota 402.

414  CALVINO, IV v., op. cit., p. 483, nota 60.

415  HERBERT, op. cit., p. 168, nota 404. Para o autor, a teoria de resistência é o calvinismo. No        capítulo 5 o autor aborda sobre os limites da desobediência justificável.

416  Para Skinner, temos boas razões para considerar a análise de Calvino como uma importante        contribuição para a construção das idéias políticas em meados do século XVI. SKINNER, op. cit.,          p. 507, nota 81.

417  CAVALCANTI, op. cit., p. 119, nota 396.

5 ideias para Pequenos Grupos

 



Se você é um líder de célula, vai adorar saber que nós preparamos um material muito especial com ideias para células e pequenos grupos, de forma a tornar as suas reuniões mais espontâneas e dinâmicas.

Uma célula é um grupo composto por um líder e seus membros, que se encontram periodicamente, seja uma vez por semana – ou a cada 15 dias – para se reunirem e juntos estudarem a Palavra de Deus.

As igrejas em célula permitem o entrelaçamento pessoal e possibilitam entender a individualidade de cada membro, de forma a transmitir os ensinamentos e o apoio que cada membro esteja precisando. Uma igreja celular tende a perpetuar um evangelismo mais:

  • acessível;
  • aderente;
  • dinâmico; e
  • familiar.

Dessa forma, proporcionar uma experiência inesquecível, única e especial para seus companheiros de célula é fundamental para aproximá-los e criar um grupo unido e carinhoso. Quanto maior for a participação, melhor será o entrosamento e o engajamento dos envolvidos.

Se o seu objetivo é tornar o grupo religioso uma verdadeira família, com membros integrados e unidos em prol do crescimento pessoal e dos estudos bíblicos, separamos algumas dicas bem legais para deixar seus companheiros mais felizes e motivados. 

Continue a leitura e confira nossas ideias para células e pequenos grupos!

#1 Elabore um plano de ação semestral para a célula

O planejamento é fundamental para qualquer tipo de ação prolongada, e quando falamos em células, isso não é diferente. Se você é responsável por organizar as atividades, é importante que isso seja devidamente planejado e registrado.

Elabore um plano de ação semestral para a célula, principalmente para os novos membros e visitantes. Se entrarem diversos membros novos em algum semestre, por exemplo, é importante fazer com que eles se conheçam e quebrem o gelo inicial.

Posteriormente, é preciso integrá-los e uni-los, mesclando, ao mesmo tempo, os estudos bíblicos e os momentos de oração, sem perder o foco do objetivo de fortalecer a vida cristã dos membros.

Por isso, em todos os semestres, trace um plano de ação, indicando as atividades que serão realizadas, sua ordem e seus objetivos.

#2 “Quebre o gelo” de forma diferente

Uma das ideias mais legais para células e grupos pequenos é o “quebra-gelo”. Trata-se de uma maneira de diminuir aquela sensação incômoda entre as pessoas que não se conhecem e promover uma melhor interação entre elas.

Entretanto, se há uma tendência de padronização dessa dinâmica, pode tornar o processo entediante e enfadonho para os participantes. Portanto, seja criativo e adote estratégias interessantes, tais como:

  • usar perguntas, incentivando as pessoas a interagirem e, ao mesmo tempo, falarem mais sobre si mesmas;
  • fazer a dinâmica da “apresentação invertida”: separe o grupo em duplas e deixe-as conversando por uns 10 minutos. Depois, faça com que cada um da dupla apresente seu parceiro para os demais;
  • preparar a dinâmica “minha vida em um objeto”: separe uma série de objetos cotidianos e proponha que os participantes os relacionem com um momento da vida pelo qual estejam passando.

#3 Faça dinâmicas de passagens da bíblia

Uma forma de desenvolver o lado cristão dos presentes e ensiná-los sobre os significados das passagens de forma mais eficiente e criativa é promover dinâmicas que envolvam essas questões.

Você pode usar, por exemplo, a Parábola do Semeador, em Mateus 13 e pedir para que os participantes leiam esse ponto previamente e, depois, entregue corações de cartolina para quatro membros da célula. Sorteie, entre eles, as perguntas abaixo.

  • Quem é o semeador?
  • E a terra fértil?
  • Quem é a terra seca?
  • Quem é o deserto?

Posteriormente, faça-os apresentarem as respostas para todos e discuta o significado dessa passagem. O resultado é bem interessante.

#4 Registre o momento com uma foto do grupo

Seja a célula presencial ou online, uma forma de gerar a sensação de proximidade entre os membros da célula é induzi-los a notar que fazem parte da mesma família.

Pequenos gestos provocam essa descoberta, com a criação de laços que aproximam os participantes — além de um clima de proximidade e familiaridade entre todos.

Para fazer isso, tire uma foto com todos os participantes da reunião e prepare um quadro, para ser fixado no local dos encontros. Você pode, também, mandar revelar uma foto para cada integrante e dar de presente como recordação. 

Assim, sempre que as pessoas olharem para a imagem, mesmo em momentos de dificuldades em suas vidas pessoais, perceberão que fazem parte de uma família e se sentirão apoiadas e acolhidas.

#5 Prepare um momento especial de oração

Muitos pequenos grupos e células promovem o momento de oração de modo padronizado. Isso faz com que as pessoas, com o tempo, tendam a se desanimar e passar a realizar algo tão importante e especial de forma mecânica, sem reflexões.

Que tal dar uma inovada? Há uma série de possibilidades para tornar esse momento único, como:

  • leve os participantes para outro lugar. Por que não realizar a oração em um monte ou a céu aberto, por exemplo? Encarar a bênção que é poder estar em contato com a natureza pode trazer reflexões e sensações surpreendentes;
  • faça um luau;
  • peça a um dos membros para dizer o que a reunião e aquele momento representaram para ele, para que todos possam entender a dimensão do que ocorreu;
  • promova uma reflexão acerca dos temas discutidos e, também, sobre o que é ser cristão, mostrando que se trata de uma oportunidade única de comunhão com Cristo.

Lembre-se de que as mudanças devem fazer sentido para a célula evangélica, de forma a trazer um propósito para esse momento de contato com Deus. É importante deixar claro por que tal alteração está sendo realizada, trazendo não só dinamismo, mas também reflexão.

#6 Programe um dia de lazer com o grupo

Outra ideia para células e grupos pequenos que potencializa a união e a fraternidade entre todos é dividir os instantes de prazer.

É claro que é preciso haver estudo, ensinamento, conversas e reflexões. Porém, para promover a união entre os participantes, são necessários momentos de lazer que possam fortalecer os laços entre todos.

São nessas oportunidades que as pessoas dividem seus relatos, contam suas histórias de vida e suas dificuldades, estreitam laços e fazem amizades. Portanto, é essencial separar momentos para a confraternização entre os membros.

Isso pode ser feito das seguintes formas:

  • luau;
  • churrasco;
  • festas de aniversário para os membros da célula;
  • karaokê;
  • retiros em sítios e fazendas;
  • noites de massas, entre outras.

Esse tipo de ligação fortalece os laços entre todos, permitindo que surja uma sensação real de formação familiar no local. Assim, quando um dos membros passar por dificuldades, os demais, certamente, o apoiarão, seguindo os ensinamentos cristãos.

Sendo assim, essas ideias para células evangélicas e grupos pequenos, quando aplicadas, podem certamente ajudar você a conseguir bons resultados, motivar os membros e fazer dos encontros momentos únicos e especiais para todos.

POR  

Fonte: https://blog.atos6.com/2020/10/08/veja-aqui-algumas-ideias-para-celulas-e-pequenos-grupos/

PEDRO POTI – O PRIMEIRO BRASILEIRO A MORRER POR NÃO NEGAR SUA FÉ EM CRISTO


 “Sou Cristão e melhor do que vós: creio só em Cristo, sem macular a religião com idolatria, como fazeis com a vossa. Aprendi a religião cristã e a pratico diariamente, e se vós a tivésseis aprendido, não serviriam aos inimigos portugueses”, Pedro Poti.

Por volta de 1501, algumas jovens do povo Potiguar acenaram para a embarcação de Gonçalo Coelho e, então, eles enviaram quatro dos seus marinheiros para barganhar com aquelas moças bonitas. Enquanto os quatro estavam naquela Baía, seus companheiros assistiram, de lá da embarcação, a terrível cena deles sendo apunhalados pelas costas a pauladas na praia. Os quatro portugueses foram “assados e devorados”, escreveu Américo Vespúcio em sua carta a Manuel I, Rei de Portugal. Américo Vespúcio chamou Akaîutebiró de “Baía da Traição”. O que Gonçalo Coelho não sabia era que os Potiguar já faziam parte de uma aliança franco-indígena contra os portugueses invasores.

O povo Potiguar se espalhava desde Pernambuco até o Maranhão. Povo guerreiro, com uma população de 100.000 pessoas, era tido como o mais poderoso povo indígena do litoral do Nordeste. Por meio de alianças, primeiramente, com os franceses, depois, com os holandeses, o povo Potiguar também fez forte oposição às invasões portuguesas. E é no contexto do Brasil Holandês que surge a história do valente Pedro Poti, Governador dos índios da Paraíba.

Pedro Poti, cujo nome indígena era Itaque, viu seu povo ser massacrado pelos portugueses, que não aceitaram a hospitalidade Potiguara oferecida aos holandeses, quando esses chegaram à Baía da Traição, em 1625. Muitos Potiguaras fugiram para o interior para não serem mortos, outros se refugiaram no Rio Grande do Norte, contudo, Pedro Poti fez parte de um grupo que partiu com os holandeses para a Europa, onde aprendeu a ler e escrever o neerlandês e se converteu à Fé Reformada, vivendo lá por 5 anos. Ao retornar, assumiu a liderança do seu povo contra os portugueses, fazendo oposição ao seu parente, Felipe Camarão.

Pedro Poti era um diplomata, militar, líder político e religioso, que defendeu a liberdade oferecida pelos holandeses aos povos indígenas do Brasil contra o sistema colonialista português. Ao retornar ao Brasil, ele trabalhou como mediador dos holandeses junto aos povos indígenas. A importância de Pedro Poti para o estabelecimento do Brasil Holandês é atestada por vários estudiosos e historiadores. Poti atuou de forma impressionante como um mediador intercultural entre holandeses e os diversos povos indígenas de culturas e línguas tão diferentes, conseguindo uni-los em uma aliança contra os portugueses.

Participou não apenas do primeiro culto realizado na Paraíba, como também da Primeira Ceia protestante em sua aldeia, Massurepe, em 1640. Durante a Insurreição Pernambucana, Poti liderou os Potiguaras contra os portugueses. Mas foi graças a uma única carta de sua autoria que chegou até nós, datada de 31 de outubro de 1645, dia da Reforma Protestante, que podemos conhecer o profundo ardor de Poti pela fé cristã.

Não foram poucas as tentativas de fazer com que Pedro Poti mudasse de lado, mas ele permaneceu firme, mesmo diante das investidas de seu primo Felipe Camarão, aliado dos portugueses. Da carta citada no parágrafo anterior, resposta a esse seu primo, eu retiro o trecho a seguir: “Fica sabendo que serei um soldado fiel aos meus chefes até morrer. Estou bem aqui e nada me falta; vivemos mais livremente do que qualquer de vós, que vos mantendes sob uma nação que nunca tratou de outra coisa senão nos escravizar”.

Pedro Poti foi aprisionado em 1649, durante a segunda batalha dos Guararapes. Durante meses, ele foi acorrentado numa masmorra a pão e água. De vez em quando, os padres jesuítas o tiravam de lá para obrigá-lo a renegar sua fé calvinista, mas o guerreiro potiguar permaneceu inabalável até que, em 1652, foi levado numa embarcação a Portugal, para lá ser julgado. Contudo, Poti nunca chegou lá. A história indica que o jogaram no mar. Pedro Poti morreu como herói da liberdade e o primeiro mártir brasileiro pela causa do Evangelho. A vida de Pedro Poti se confunde com os primórdios da chegada do protestantismo ao Brasil.

Rev. Fábio Ribas

Fonte: APMT

sábado, 27 de abril de 2024

Um clamor pelo agir de Deus

 


 Isaías 64.1-12


Jeremiah Lanphier - Quem foi ele? Jeremiah Lanphier foi um empresário cristão e missionário leigo que viveu em Nova York em meados do século XIX. Ele tinha um profundo senso de preocupação pela decadência espiritual de sua época. Movido por seu fardo espiritual, Lanphier começou a realizar reuniões de oração semanais ao meio-dia em uma igreja reformada local. Inicialmente, a participação foi baixa, mas o impulso cresceu com o tempo.

Avivamento Espontâneo: As reuniões de oração de Lanphier acabaram se tornando parte de um movimento mais amplo de avivamento que durou de 1857 a 1859. Não foi uma explosão organizada, mas uma fome espontânea de oração, arrependimento e experiência pessoal renovada com Deus. O avivamento teve um impacto dramático nos Estados Unidos. Estima-se que um milhão de pessoas se converteram ao cristianismo durante esse período. Muitas empresas e comunidades experimentaram transformações morais e éticas.

Em Isaías 64, o povo de Deus se encontra em um momento de profunda angústia e desespero. Jerusalém, a cidade santa, foi destruída, o templo profanado e o exílio se tornou uma realidade amarga. Diante dessa situação, o profeta Isaías clama ao Senhor por intervenção divina, implorando por um agir poderoso que traga justiça, restauração e esperança.

I. Um anseio por Deus (Isaías 64.1-4)

O capítulo se inicia com um clamor fervoroso: "Oh, se rasgares os céus e descesses!" (v. 1). O profeta anseia por uma manifestação extraordinária de Deus, por um rompimento do véu que separa o céu da terra. Ele deseja que Deus desça e atue de forma poderosa em sua história, no meio do seu povo.

Essa súplica é acompanhada por imagens vívidas que ilustram o poder de Deus: "Como quando o fogo acende os gravetos e faz a água ferver" (v. 2). O profeta utiliza metáforas do fogo e da água para descrever o poder transformador que Deus possui. Ele acredita que Deus pode derreter as montanhas e fazer ferver as águas, demonstrando sua majestade e soberania, porque ele é o Deus soberano.

O objetivo desse clamor é que os inimigos de Deus conheçam o seu nome e as nações tremam diante de sua presença (v. 2). O profeta reconhece que a situação de sofrimento e exílio é resultado do pecado e da rebelião do povo contra Deus. Ele clama por justiça e restauração, por um Deus que julgue os ímpios e exalte seu povo, não obstante as circunstâncias.

Legado de Jeremiah Lanphier - Jeremiah Lanphier é lembrado como um humilde instrumento que Deus usou para desencadear um poderoso movimento de renovação espiritual. Sua história destaca:

  • O poder da oração: Um homem disposto a se ajoelhar na humildade desencadeou um reavivamento que impactou a nação.
  • Liderança de serviço: O exemplo de Lanphier demonstra que um grande impacto espiritual não requer títulos ou posições proeminentes.
  • Importância do zelo individual: A vida de Jeremiah Lanphier lembra que um único indivíduo, tocado por Deus, pode iniciar um movimento que abrange uma nação.

II. Recordando as maravilhas de Deus (Isaías 64.5-8)

Para fortalecer sua súplica, o profeta recorda as maravilhas que Deus já realizou no passado (v. 5). Ele lembra de um Deus que desceu e os livrou da escravidão no Egito, que os guiou pelo deserto e os estabeleceu na terra prometida. Conforme podemos ver a manifestação extraordinária no Monte Sinai, quando Deus falou com Moisés e o povo "Ao amanhecer do terceiro dia, houve trovões e relâmpagos, uma espessa nuvem cobriu o monte, e ouviu-se um forte som de trombeta, de maneira que todo o povo que estava no arraial tremeu de medo Ex 19:16  (NAA)".

 Essas ações demonstram o poder, a fidelidade e o amor de Deus por seu povo.

No entanto, o profeta também reconhece que Deus parece ter se distanciado em meio ao sofrimento presente (v. 6). Ele questiona: "Por que desvias os teus ouvidos das nossas transgressões e encobris os nossos pecados?" (v. 7). Essa sensação de abandono gera angústia e desespero, pois o povo se sente desamparado diante de seus inimigos.

III. Um apelo à misericórdia e ao agir de Deus (Isaías 64.9-12)

Diante da aparente inação de Deus, o profeta Isaías intensifica seu clamor, apelando à sua misericórdia e compaixão: "Não te enfureças tanto, ó SENHOR, nem te lembres para sempre da nossa iniquidade. Olha para nós, por favor, pois todos nós somos o teu povo" (v. 9). Ele reconhece seus pecados e se humilha diante de Deus, implorando por perdão e restauração.

Ao mesmo tempo, o povo (profeta) questiona Deus sobre sua inércia: "Conter-te-ias tu ainda sobre estas coisas, ó Senhor? Ficarias calado e nos afligirias tanto?" (v. 12). Essa é uma pergunta carregada de angústia e desespero, pois o povo não compreende por que Deus permite que o sofrimento continue.

Neste versículo, o profeta Isaías expressa a angústia do povo de Israel diante da aparente ausência de intervenção divina em meio à sua situação de desolação espiritual e física. Eles clamam a Deus, questionando se Ele permanecerá calado diante de sua aflição ou se intervirá para aliviar seu sofrimento. É um apelo por misericórdia e ação divina em resposta ao clamor do Seu povo.

Conclusão:

Meus irmãos, Isaías 64 nos apresenta um povo em profunda angústia, clamando pelo agir de Deus em um momento de grande sofrimento. As imagens vívidas e a linguagem emotiva do profeta transmitem a urgência do clamor por justiça, restauração e esperança.

Ao mesmo tempo, Isaías nos lembra da fidelidade e do amor de Deus, que já realizou grandes maravilhas no passado e que não abandona seu povo em meio às dificuldades. O clamor do profeta Isaías serve como um lembrete para todos nós de que Deus é poderoso e misericordioso, e que podemos sempre recorrer a ele em nossas aflições, com a certeza de que ele ouvirá nossas orações e agirá no momento oportuno.

Por EVF


Mais cristãos são condenados à prisão no Irã

 


Além da prisão, Shabeddin Shahi está sob interrogatório de autoridades do Irã

A prática da fé em Jesus foi o motivo das sentenças

Há algumas semanas, o Irã  ocupa as manchetes internacionais pela tensão entre a nação e Israel. O país ocupa a 9ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2024, como um dos países onde os cristãos são mais perseguidos por causa da fé em Jesus. Essa realidade ficou clara recentemente com a prisão de dois seguidores de Jesus por autoridades iranianas.    

Amigos do cristão Shabeddin Shahi, conhecido como Shahab, pediram oração pela segunda audiência do cristão na Corte. O julgamento deve acontecer na 6ª seção da Corte Revolucionária de Karaj. Shahab foi notificado sobre a acusação em 11 de março e teve cinco dias para aparecer perante a Corte.  

Segundo a organização Middle East Concern, Shahab se apresentou às autoridades e agora está esperando pelos interrogatórios e pela audiência final. O cristão já cumpriu quatro meses de prisão de uma sentença dada em 2019 pela acusação de “propaganda contra o regime islâmico” e foi preso novamente em dezembro de 2023 com Milad Goodarzi e os irmãos Alireza e Amir Nourmohammadi

Condenada a dois anos de prisão 

As autoridades iranianas também sentenciaram a cristã Laleh Saati, de 45 anos, a dois anos de prisão. Ela foi acusada de “ameaça à segurança nacional” por participar de organizações cristãs “sionistas”. Laleh foi batizada em uma igreja na Malásia e voltou ao Irã em 2017 para ajudar os pais que estavam com dificuldades em conseguir uma vaga em um asilo.  

Assim que retornou ao Irã, a cristã foi interrogada por aproximadamente três semanas. As atividades cristãs nas quais ela estava envolvida e o batismo no exterior foram consideradas provas do crime de “ameaçar a segurança nacional”. Em fevereiro deste ano, ela foi detida na casa do pai, na cidade de Ekbatan, no subúrbio da capital do Irã. Dali, ela foi levada para a prisão de Evin. 

Segundo a organização Article 18, no dia 16 de março, ela foi levada perante o juiz que perguntou por que se arriscou a voltar ao país dado que ela “participou de atividades cristãs fora do Irã”. 

O advogado da cristã explicou para a família que, após os dois anos de prisão, Laleh ficará proibida de viajar por outros dois anos. A família compartilhou essa informação com a cristã no último contato com ela na prisão. A detenção da cristã é mais um exemplo dos riscos que refugiados enfrentam quando são obrigados a voltar ao Irã.  

Fonte: Portas Abertas

Pela 1ª vez em anos, número de escolas cristãs cresce na Europa

 


Constatação foi feito em conferência com líderes de escolas cristãs de 13 estados membros da União Europeia. (Foto: Unsplash/Element5)

Devido à alta demanda, países como Suécia, Reino Unido, Espanha e Bélgica começam a ampliar oferta de ensino cristão.

O número de escolas cristãs está em ascensão em diversos países europeus pela primeira vez em muitos anos. Esta constatação foi feita durante as Deliberações de Bruxelas, uma conferência na qual líderes de escolas cristãs de 13 estados membros da União Europeia se reuniram.

A conferência teve início com um levantamento das experiências em diversos países: “Durante os últimos dez anos em que as Deliberações de Bruxelas foram organizadas, não houve notícias sobre a fundação de novas escolas cristãs”, afirma Pieter Moens, presidente da Associação para a Educação Reformada (VGS) na Holanda.

“No entanto, este ano, há planos para estabelecer novas escolas na Suécia, no Reino Unido e na Espanha.”

“A notícia é animadora, especialmente na Suécia, onde o clima político é hostil às escolas religiosas”, disse um dos participantes durante a reunião.

“O governo não permite elementos confessionais no currículo. Se uma escola deseja realizar uma reunião de adoração cristã, é proibido obrigar os alunos a comparecer. Em vez disso, ela deve oferecer uma alternativa para aqueles que preferem não se envolver em elementos religiosos.”

Espanha

Apesar da “secularização agressiva” no país, há uma demanda por educação cristã na Suécia. Recentemente, duas possíveis escolas enviaram um pedido de aprovação para se tornarem instituições educacionais.

Além disso, na Espanha, o número de escolas cristãs também está aumentando. Nos próximos anos, estão previstas a abertura de duas a três novas escolas. Os cristãos na Espanha afirmam sentir a ajuda de Deus em seus esforços, conforme relatado nas Deliberações de Bruxelas.

“Em novembro, conhecemos algumas freiras de um grande convento. Elas vieram até nós e nos disseram que tinham um prédio grande e vazio. Perguntaram-nos se poderíamos estabelecer uma escola ali.”

No entanto, isto é apenas o começo, garante um participante espanhol nas Considerações de Bruxelas. “Nossa visão é iniciar 20 novas escolas cristãs.”

As escolas cristãs em outros países também estão buscando expandir suas instalações, enquanto veem um aumento na demanda de estudantes interessados em se inscrever em seus programas.

Suíça e Albânia

Na Suíça, o número de escolas cristãs não tem aumentado nos últimos anos. Atualmente, existem cerca de 20 escolas evangélicas no país.

As circunstâncias nem sempre são favoráveis para essas instituições educacionais, uma vez que enfrentam dificuldades para encontrar recursos financeiros suficientes, professores e instalações adequadas. No entanto, pela primeira vez em anos, a Initiative für Christliche Bildung (Iniciativa para a Educação Cristã) recebeu dois grupos interessados em abrir novas escolas. “Depois de anos de silêncio, cada vez mais pessoas estão buscando educação cristã.”

Na Albânia, a educação cristã é relativamente recente. No entanto, o único grupo escolar cristão no país teve que recusar a admissão de 80 alunos no ano passado devido à falta de capacidade dos institutos educacionais para acomodá-los.

Os cristãos na Albânia sentem que Deus está trabalhando no país e, portanto, acreditam que é hora de expandir o sistema escolar. Mas na prática, isso representa um desafio, acreditam. Como o governo albanês não oferece nenhum apoio financeiro, embora as escolas cristãs possam organizar atividades sem restrições, elas enfrentam dificuldades financeiras.

“Temos o terreno, a estrutura e o plano para abrir uma nova escola, mas nos falta o financiamento necessário.”

Bélgica e Áustria

“Na Bélgica há estudantes em número mais do que suficiente para preencher as escolas cristãs do país”, afirma um participante belga nas Deliberações de Bruxelas.

“No entanto, as escolas enfrentam dificuldades para encontrar ‘professores cristãos suficientes que compartilhem a visão da escola.”

A Áustria enfrenta desafios semelhantes. As escolas estão prosperando e, a cada ano, mais alunos tentam se inscrever do que a capacidade da escola permite. O principal problema das escolas cristãs no país está em encontrar professores cristãos em número suficiente. Como resultado, algumas escolas tiveram que contratar professores não cristãos, o que ocasionalmente gera dificuldades.

Agenda progressista

De acordo com vários participantes, esse desenvolvimento surge em reação ao contexto político em toda a Europa, que está pressionando as escolas públicas a incluírem de forma mais liberal a educação sobre gênero e sexualidade em seus currículos.

Pais preocupados estão começando a buscar escolas que não incorporem esse conteúdo LGBT em suas abordagens educacionais.

Em alguns países, a educação cristã não é oferecida exclusivamente por escolas cristãs estabelecidas. No entanto, isso não significa que os estudantes não recebam qualquer educação cristã, como enfatizado por alguns participantes nas Deliberações de Bruxelas.

Por isso, algumas organizações europeias, como na República Checa, concentram-se em capacitar professores cristãos nas escolas públicas. “Parte do ministério é incentivar os educadores cristãos nas escolas seculares a fazer brilhar a luz de Jesus em momentos como este.”

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO CHRISTIAN NETWORK EUROPE

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