quarta-feira, 11 de maio de 2022

SANTIDADE AO SENHOR

 

Sem a qual ninguém verá a Deus

Texto: Hebreus 12.14-16

J. C. Ryle, um Bispo em Liverpool, do século XIX, estava certo: “Precisamos ser santos, porque esse é um supremo fim e propósito pelo qual Cristo veio ao mundo… Jesus é um Salvador completo. Ele não retira, meramente, a culpa do pecado do que crê, ele vai além… rompe o seu poder (1 Pe 1.2; Rm 8.29)”.

Em seu livro A Redescoberta da Santidade, J. I. Packer afirma que O CRENTE DOS DIAS DE HOJE ENXERGA A SANTIDADE COMO ALGO OBSOLETO.

Santidade evidente é o plano de Deus para seu povo, expresso no Antigo e no Novo Testamentos: “VÓS ME SEREIS REINO DE SACERDOTES E NAÇÃO SANTA” (Ex 19.6).

Meus irmãos, a vida cristã é como uma corrida. E como devemos correr (12.1). … corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta.

Três verdades são aqui destacadas. Em primeiro lugar, precisamos relembrar a Palavra de Deus (12.5,6). Em segundo lugar, precisamos atentar para o cuidado paternal de Deus (12.7- 9).  Em terceiro lugar, precisamos ter convicção do elevado propósito de Deus (12.10,11).

Uma atitude a assumir (12.12-17) A vara da disciplina pode produzir em nós atitudes de desânimo ou revolta. Por isso, o autor orienta os crentes a assumirem uma atitude certa ante a disciplina.

Devemos manter uma relação certa com Deus e com os homens (12.14). Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. Uma vez que Deus é o Deus da paz (13.20), que através do nosso Melquisedeque, o rei da paz (7.2), tem nos trazido da desarmonia para a paz e da alienação para a reconciliação, devemos, em nossos relacionamentos diários, lutar pela paz com todos os homens.

            No nosso viver existem pensamentos, motivações, atitudes, hábitos, prioridades, amores, ódios, confiança, opiniões e muitas outras coisas que entristecem o Senhor.

A união entre paz e santificação aqui é uma advertência implícita de que não devemos buscar a paz a ponto de comprometer a santificação. O cristão busca a paz com todos, mas busca a santidade também, e esta não pode ser sacrificada por aquela.

A sã doutrina protestante e evangélica será inútil, se não for acompanhada por uma vida santa. Tenho a firme impressão de que precisamos de um completo reavivamento acerca da santidade bíblica. Por quê?

1-NOS FAZ PERCEBER A PECAMINOSIDADE DO PECADO

-O pecado é a transgressão da lei. 1 João 3.4. Aquele que desejar ter pontos de vista corretos sobre a santidade cristã terá de começar examinando o vasto e solene assunto do pecado. Conceitos errôneos sobre a santidade geralmente advêm de ideias distorcidas quanto à corrupção humana.

A verdade absoluta é que o correto conhecimento do pecado jaz à raiz de todo o cristianismo salvífico. Sem ele, doutrinas como justificação, conversão e santificação serão apenas “palavras e nomes” que não transmitem qualquer sentido à nossa mente. Portanto, a primeira coisa que Deus faz quando quer tornar alguém em uma nova criatura em Cristo é iluminar-lhe o coração, mostrando-lhe que ele é um pecador culpado.

Se um homem não percebe a natureza perigosa da doença de sua alma, ninguém poderá admirar-se de que ele se contente com remédios falsos ou imperfeitos. Acredito que uma das principais necessidades da igreja, neste nosso século, tem sido e continua sendo um ensino mais claro e completo sobre o pecado.

1. Começarei o assunto fornecendo uma definição de pecado. Naturalmente, todos estamos familiarizados com os termos “pecado” e “pecadores”. Com frequência, dizemos que o “pecado” está no mundo e que os homens cometem “pecados”. Digo, ademais, que “um pecado”, falando mais particularmente, consiste em praticar, dizer, pensar ou imaginar qualquer coisa que não esteja em perfeita conformidade com a mente e a lei de Deus. Em resumo, segundo as Escrituras, “o pecado é a transgressão da lei” (1 Jo 3.4).

Até mesmo um de nossos poetas disse, com toda a verdade: “Um homem pode sorrir, sorrir e ainda ser um vilão”.

Foi uma declaração profunda e bem pensada do santo arcebispo Usher, pouco antes de sua morte: “Senhor, perdoa-me de todos os meus pecados, sobretudo dos meus pecados de omissão”.

2. Concernente à origem e fonte dessa vasta enfermidade moral chamada “pecado” também me sinto na obrigação de dizer algo. Temo que as ideias de muitos crentes professos quanto a esse particular, são tristemente defeituosas e doentias. Portanto, fixemos em nossa mente que a pecaminosidade de um homem não começa pelo lado de fora e sim pelo lado de dentro.

3. No tocante à extensão dessa vasta enfermidade moral do homem, chamada pecado, cuidemos para não errar. A única base segura é aquela dada pelas Escrituras. “Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração”; “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Gn 6.5; Jr 17.9). O pecado é um mal que permeia e percorre todas as partes de nossa constituição moral, bem como cada faculdade de nossa mente. A compreensão, os afetos, o poder de raciocínio, a vontade; tudo está, em certa medida, infeccionado pelo pecado.

Em suma, “Desde a planta do pé até à cabeça não há nele cousa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas” (Is 1.6). O mal pode ser velado sob uma fina cortina de cortesia, polidez, boas maneiras ou decoro exterior; mas jaz profundamente em nossa constituição.

4. Acerca da culpa, da vileza e da ofensa do pecado aos olhos de Deus. Ele é Aquele que lê os pensamentos e os motivos, e não só as ações, e que requer “a verdade no íntimo” (Jó 4.18; 15.15; Sl 51.6). Nós, por outro lado – criaturas pobres e cegas, hoje aqui e amanhã acolá, nascidos no pecado, cercados de pecadores, vivendo em uma constante atmosfera de fraqueza, enfermidade e imperfeição – não podemos formar senão os mais inadequados conceitos sobre a hediondez do pecado.

 Somente quando Cristo vier pela segunda vez, perceberemos realmente a “pecaminosidade do pecado”. Com razão terá dito George Whitefield: “O hino no céu será: Que coisas tem feito Deus!” (Nm 23.23).

5. Resta apenas um ponto a ser considerado sobre o assunto do pecado, o qual não ouso esquecer. Esse ponto é a sua propensão para enganar. Trata-se de algo de capital importância e não tem recebido a atenção que merece. O que significam palavras como “precipitado”, “festeiro”, “extravagante”, “inconstante”, “impensado” e “folgado”? Elas demonstram que os homens procuram enganar-se, crendo que o pecado não é tão pecaminoso quanto Deus afirma.

Quanto mais nos avizinhamos do céu, tanto mais somos revestidos de humildade. Em todas as eras da Igreja, se estudarmos as biografias, será encontrada uma verdade: a de que os santos mais eminentes – homens como Bradford, Rutherford e M’Cheyne – sempre foram os mais humildes entre os homens.

Resta-me apenas salientar alguns usos práticos que podemos fazer da completa doutrina do pecado de modo proveitoso para estes nossos dias.

a. Em primeiro lugar, o ponto de vista bíblico sobre o pecado é um dos melhores antídotos para aquele tipo vago, nebuloso e indefinido de teologia tão dolorosamente popular nesta nossa época.

 b. Em segundo lugar, o ponto de vista bíblico sobre o pecado é o melhor antídoto para a teologia extravagantemente liberal e permissiva que está tão em voga na nossa época.

c. Em terceiro, o correto ponto de vista sobre o pecado é o melhor antídoto para aquele tipo de cristianismo sensitivo, cerimonial e formal que tem varrido a nossa terra como um dilúvio nestes últimos vinte e cinco anos, levando tantos consigo.

d. O correto ponto de vista sobre o pecado é o melhor antídoto para as teorias forçadas do perfeccionismo, acerca das quais tanto ouvimos falar nestes últimos tempos.

e. Em último lugar, o ponto de vista bíblico sobre o pecado mostra ser um admirável antídoto para os conceitos inferiores de santidade pessoal que tanto prevalecem nestes últimos dias na Igreja. Sei que esse é um assunto extremamente doloroso e delicado, mas não ouso evitá-lo. Há muito tem sido minha triste convicção, que o padrão de vida diária entre os cristãos professos está baixando cada vez mais.

Temo que amor cristão, delicadeza, bondade, altruísmo, mansidão, gentileza, benignidade, abnegação, zelo pelo bem e separação do mundo são muito menos apreciados hoje em dia do que deveriam ser e do que costumavam ser nos dias dos nossos antepassados.

 Estou convencido de que o primeiro passo para quem quer atingir um elevado padrão de santidade é perceber plenamente a tremenda pecaminosidade do pecado.

 2- A VERDADEIRA SANTIFICAÇÃO É OPERADA PELO ESPÍRITO

Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. João 17.17. Pois, esta é a vontade de Deus, a vossa santificação. 1 Tessalonicenses 4.3.

Esse é um assunto de máxima importância para a nossa alma. Há três coisas que, de acordo com a Bíblia, são absolutamente necessárias para a salvação de todo homem e mulher na cristandade. Essas três coisas são justificação, regeneração e santificação.

Em dias como os nossos, examinar com calma esse assunto, como uma das grandes doutrinas básicas do evangelho, pode ser de grande utilidade para a nossa alma.

1. A NATUREZA DA SANTIFICAÇÃO- A santificação é aquela operação espiritual interna que o Senhor Jesus Cristo realiza em uma pessoa pelo Espírito Santo, quando Ele a chama para ser um crente verdadeiro.

O instrumento mediante o qual o Espírito efetua essa obra geralmente é a Palavra de Deus, embora algumas vezes use as aflições e as visitas providenciais “sem palavra alguma” (1 Pe 3.1).

O beneficiário dessa operação de Cristo, mediante o seu Espírito, é chamado nas Escrituras de homem “santificado”.

O Senhor Jesus realizou tudo quanto é necessário para as almas de seu povo; não somente para livrá-los da culpa do pecado, mediante a sua morte expiatória, mas também para livrá-los do domínio dos seus pecados, conferindo o Espírito Santo aos seus corações; não somente para justificá-los, mas também para santificá-los. Portanto, Ele não é apenas a sua “justiça” mas também é a sua “santificação” (1 Co 1.30).

 1. A santificação, pois, é o invariável resultado da união vital com Cristo, que a verdadeira fé confere a um crente: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto” (Jo 15.5). Aquele que tem uma esperança real e viva em Cristo purifica-se a si mesmo, assim como Ele é puro (Tg 2.17-20; Tt 1.1; Gl 5.6; 1 Jo 1.7; 3.3).

2. A santificação, uma vez mais, é o resultado e a consequência inseparável da regeneração. Uma regeneração que permite que um homem viva descuidadamente no pecado ou no mundanismo é uma regeneração inventada por teólogos sem inspiração, mas jamais mencionada nas Escrituras. Resumindo, onde não há santificação, também não há regeneração, e onde não há vida santa, também não há novo nascimento.

3. A santificação, uma vez mais, é a única evidência indiscutível da presença habitadora do Espírito Santo, algo essencial à salvação. “E se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9). O selo estampado sobre o povo de Deus, pelo Espírito Santo, é a santificação. Todos quantos realmente “são guiados pelo Espírito de Deus”, esses são “filhos de Deus” (Rm 8.14).

4. Além disso, a santificação é o único sinal seguro da eleição divina. Sem dúvida, os nomes e o número dos eleitos são segredos, os quais Deus, sabiamente, reservou para a sua própria autoridade, não os revelando ao homem.

Por conseguinte, quando o apóstolo Paulo percebeu a “fé” atuante, o “amor” operante e a “esperança” paciente dos crentes de Tessalônica, disse: “reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição” (1 Pe 1.2; 2 Ts 2.13; Rm 8.29; Ef 1.4; 1 Ts 1.3-4). Aquele que se orgulha de ser um dos escolhidos de Deus enquanto voluntária e habitualmente vive em pecado; está apenas enganando a si mesmo e proferindo ímpias blasfêmias.

O catecismo da nossa igreja ensina, de forma correta e sábia, que o Espírito Santo “santifica todos os eleitos de Deus”.

5. A santificação, por semelhante modo, é algo que sempre será visto. À semelhança do grande Cabeça da Igreja, de onde ela emana, a santificação não pode ser ocultada. Toda árvore é reconhecida pelo seu próprio fruto (Lc 6.44). Uma pessoa verdadeiramente santificada pode ser tão humilde que nada veja em si mesma, senão fraqueza e defeitos.

6-A santificação genuína manifesta-se no respeito habitual à lei de Deus, bem como no esforço habitual por viver na obediência a ela como a grande regra de vida.

 7. A santificação é algo que admite crescimento e graus de intensidade. Um homem pode seguir um passo após o outro em sua santidade, estando muito mais santificado em um período de sua vida do que em outro.

 Em suma, eles “crescem na graça”, conforme o apóstolo Pedro exorta os crentes a fazerem; e conforme diz o apóstolo Paulo, eles continuam “progredindo cada vez mais” na santificação (2 Pe 3.18; 1 Ts 4.1).

 A santificação também é algo que depende em muito do uso diligente dos meios bíblicos. Quando falo em “meios”, tenho em vista a leitura da Bíblia, a oração privada, a frequência regular à adoração pública, o ouvir constante da Palavra de Deus e a participação regular na Ceia do Senhor.

Deus opera através de meios e Ele nunca abençoará uma alma que finja ser tão elevada e espiritual que possa dispensar esses exercícios, como se eles fossem desnecessários.

A santificação, por igual modo, é algo que não impede que um homem experimente intenso conflito espiritual interior. Por conflito entendo aquela luta no íntimo, no coração, entre as naturezas antiga e nova, a carne e o espírito, as quais podem ser encontradas juntas em todo crente (Gl 5.17).

O coração do mais piedoso crente, em seus melhores momentos, é um campo ocupado por duas forças rivais.

            A santificação, em último lugar, é absolutamente necessária para nos treinar e nos preparar para o céu. A maioria dos homens espera chegar ao céu quando morrerem; mas bem poucos, o que é de se temer, preocupam-se em considerar se conseguirão apreciar o céu, se ali chegarem. Teremos de ser santos antes de morrer, se quisermos ser santos quando estivermos na glória.

 Na minha consciência, creio que elas servirão para ajudar as pessoas a terem uma compreensão mais clara sobre a santificação.

3 -A SANTIDADE IMPLICA EM VIDA PRÁTICA

A santificação [santidade], sem a qual ninguém verá o Senhor. Hebreus 12.14

O texto acima esclarece um tema de profunda importância. Trata-se da santidade prática. Ele sugere um questionamento que requer a atenção de todos os cristãos professos, a saber: Somos santos? Veremos o Senhor?

Esta pergunta diz respeito aos homens de todas as classes e condições. Alguns são ricos, outros, pobres; alguns eruditos, outros, ignorantes; alguns patrões, outros, empregados. Não obstante, não há classe nem posição social na qual um homem não deva ser santo. Somos santos?

É algo muito solene ouvirmos a Palavra de Deus afirmar: “A santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

Mas agora procurarei apresentá-lo de uma maneira mais clara e prática.

1. A NATUREZA DA VERDADEIRA SANTIDADE PRÁTICA

No que consiste a santidade prática? Esta é a pergunta difícil de se responder. Não quero dizer com isso que as Escrituras pouco se manifestam sobre o assunto.

a. A santidade é o hábito de ter a mesma mente de Deus à medida que tomamos conhecimento da sua mente, descrita nas Escrituras. b. Um homem santo se esforçará por evitar todo pecado conhecido, observando cada mandamento revelado. c. Um homem santo esforçar-se-á por ser semelhante ao Senhor Jesus Cristod. Um homem santo seguirá a mansidão, a longanimidade, a gentileza, a paciência, a brandura, o controle sobre a própria língua. e. Um homem santo seguirá o autocontrole e a abnegação. f. Um homem santo seguirá o amor e a fraternidade. g. O homem santo seguirá o espírito de misericórdia e benevolência para com o próximo. Não ficará ocioso o dia inteiro. Não se contentará apenas por não estar prejudicando a ninguém, mas procurará fazer o bem. h. O homem santo seguirá a pureza de coração. i. Um homem santo será caracterizado pelo seu temor a Deus. Quão nobre é o exemplo de Neemias a esse respeito! Ele não poderia ser acusado de coisa alguma, se tivesse seguido o exemplo deles. Contudo, ele disse: “Porém, eu assim não fiz, por causa do temor de Deus” (Ne 5.15). j. O homem santo seguirá a humildade e sua atitude será de considerar os outros superiores a si mesmol. Um homem santo seguirá a fidelidade em todos os seus deveres e relações da vidam. Em último lugar, e não menos importante, um homem santo se caracterizará por uma mentalidade espiritual.

 O consagrado Bradford, fiel mártir de Cristo, algumas vezes encerrava suas cartas com estas palavras: “Um miserável pecador, John Bradford”. O idoso e bom Grimshaw, quando jazia em seu leito de morte, expressou as suas últimas palavras: “Aqui vai um servo inútil”.

Owen escreveu, com toda a razão: “Não posso entender como um homem pode ser um crente verdadeiro, se para ele o pecado não é a maior carga, a maior tristeza e o maior motivo de perturbação”. Essas são as características fundamentais da santidade prática. Examinemos a nós mesmos para verificar se estamos familiarizados com elas ou não. Submetamo-nos à prova.

2. A IMPORTÂNCIA DA SANTIDADE PRÁTICA

Por qual motivo a santidade é tão importante? Por que disse o escritor sagrado: “A santificação [santidade], sem a qual ninguém verá o Senhor”? Permita-me expor algumas razões que explicam isso.

a. Acima de tudo, devemos ser santos porque a voz de Deus, nas Escrituras Sagradas, assim nos ordena claramente. Diz o Senhor Jesus ao seu povo: “Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt 5.20); “Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mt 5.48). b. Porque essa é a grandiosa finalidade e propósito daquilo que Cristo veio fazer no mundo. Paulo escreveu aos efésios, escreveu: “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse” (Ef 5.25,26 ).c. Porque essa é a única evidência segura de que possuímos fé salvadora em nosso Senhor Jesus Cristo.  Traill declarou, com muita verdade: “O estado de um homem é nulo e a sua fé, doentia, se as suas esperanças da glória não estiverem purificando o seu coração e a sua vida”. d. Porque essa é a única prova de que amamos o Senhor Jesus Cristo com sinceridade. Esse é um ponto acerca do qual Ele falou nos mais claros termos em João 14 e 15: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos”. “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama”. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra”. “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (Jo 14.15,21,23 e 15.14).

 Declarou Gurnall: “Nunca afirmes que tens sangue real nas veias, que nasceste de Deus, a menos que possas provar a tua descendência, ousando viver de maneira santa”.

 f. Devemos ser santos por ser essa a maneira mais provável de fazer o bem ao próximo. O dia do julgamento mostrará que muitos, além de maridos, serão conquistados por uma vida “sem palavra alguma” (1 Pe 3.1). g. Porque sem a santidade na terra nunca estaremos preparados para desfrutar do céu. O céu é um lugar santo. O Senhor do céu é um Ser santo. Os anjos são criaturas santas. A santidade está estampada em tudo quanto existe no céu. O livro de Apocalipse expressa: “Nela nunca jamais penetrará cousa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira!” (Ap 21.27).

E agora, antes que eu prossiga, permita-me dizer algumas poucas palavras de aplicação.

 1. Antes de tudo, quero indagar de todos quantos estão me ouvindo: “Você é santo”? Rogo-lhe que escute a pergunta que lhe estou apresentando neste dia. Você conhece alguma coisa a respeito da santidade da qual venho falando?

Não estou perguntando se você frequenta regularmente os cultos de sua igreja ou se você já foi batizado, ou se costuma participar da Ceia do Senhor, ou se você tem o nome de cristão. Estou perguntando algo muito mais profundo do que isso: Você é santo, ou não?

Mas, por qual motivo estou perguntando de um modo tão direto, insistindo tanto nessa questão? Assim o faço porque as Escrituras determinam: “A santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. Isso está escrito. Não é fantasia minha, está na Bíblia; não é a minha opinião particular, é a Palavra de Deus e não a palavra do homem: “A santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

Você, provavelmente, responderá: “Essas declarações são extremamente duras. O caminho é muito estreito”. A minha resposta será: “Sei disso. Assim afirma o Sermão do Monte”. Na religião, assim como em outras áreas, “não há avanço sem sofrimento”. Aquilo que nada custa, nada vale.

 Devemos ser santos na terra, se quisermos ser santos no céu. Foi Deus quem o disse e Ele não retrocederá: “A santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. Observou Jenkyn: “O calendário do papa só declara santos às pessoas mortas, mas as Escrituras requerem a santidade da parte dos vivos”.

2. Agora, desejo me dirigir aos crentes por um momento. A esses pergunto o seguinte: “Você percebe a importância da santidade tanto quanto deveria perceber?” Todas as pessoas justificadas são santificadas, e todas as pessoas santificadas foram justificadas. Portanto, aquilo que Deus ajuntou, não ouse o homem separar

Rutherford disse: “O caminho que diminui a importância dos deveres e da santificação não é o caminho da graça. Os atos de crer e fazer são amigos que fizeram um pacto de sangue”.

Não é verdade que precisamos de um padrão mais elevado de santidade pessoal nestes nossos dias? Onde está a nossa paciência? Onde está o nosso zelo? Onde está o nosso amor? Onde estão as nossas boas obras? Onde está a força da religião cristã a ponto de ser percebida, conforme se via nos tempos de outrora? Onde está aquele inequívoco tom, capaz de abalar o mundo que costumava distinguir os santos da antiguidade?

Em uma palavra, quais são os sinais visíveis de um homem santificado? O que poderíamos esperar ver nele? A verdadeira santificação, pois, não consiste em conversar sobre: assuntos religiosos, sentimentos religiosos passageiros, em formalismo externo ou em devoção exterior,  em nos retirarmos de nossas ocupações comuns da vida, renunciando aos nossos deveres sociais.

A santificação genuína manifesta-se através da obediência, que nosso Senhor exemplificou de forma tão bela, especialmente no caso da graça do amor. “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.34,35).

CONCLUSÃO

Você quer ser santo? Você quer se tornar uma nova criatura? Então terá de começar com Cristo. Você simplesmente não conseguirá fazer coisa alguma e nem obterá qualquer progresso, enquanto não sentir o seu pecado e fraquezas, e não fugir para Ele.

A santidade é a obra que Ele efetua nos corações dos crentes, através do Espírito que Ele lhes proporciona no íntimo. Cristo foi nomeado para ser “Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados”. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” (At 5.31 e Jo 1.12).

Adap. Pr. Eli Vieira

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