segunda-feira, 21 de novembro de 2016

A Metáfora do Cabelo Pintado

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Está na moda pintar os cabelos com cores diferentes da cor natural. É moda entre os adolescentes, entre as mulheres e principalmente, entre as pessoas da terceira idade. Os motivos que as levam a pintar são os mais diversos: contestação, necessidade de mudança, beleza estética, esconder a velhice dos cabelos brancos etc.

No ambiente evangélico, chama-nos a atenção o grande número de crentes que aderiram a moda de tingir os cabelos. Ironicamente, em metáfora e símile, os cabelos pintados artificialmente denotam a religião de teatro, isto é, aquela que se preocupa apenas com a aparência. Jesus Cristo, na época do seu ministério, ao combater esse tipo de religião, utilizou-se de uma metáfora semelhante: sepulcros caiados. Podemos, então afirmar que os cabelos pintados denotam a religião teatro ou o farisaísmo no novo milênio.

Quais os sinais da religião teatro? Quais os sinais que identificam os fariseus do novo milênio?

O primeiro sinal é o do discurso desligado do exemplo. Dizem e não fazem. Disse Jesus: "Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem". (Mt 23.3). Infelizmente, alguns que se acham grandes líderes na igreja, poderiam ser enquadrados nesta premissa: façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço.

O segundo sinal é o das exigências legais somente para os outros. Legislam, mas não cumprem. Disse Jesus: "Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto eles mesmos nem com o dedo querem movê-los" (MX 23.4). É como disse um colega: Na igreja, para os amigos tudo, para os inimigos a lei. Os códigos e as leis religiosas são usadas parcialmente, conforme o interesse de quem legisla ou interpreta. Muitas injustiças são cometidas dentro da legalidade. 

O terceiro sinal é o da ostentação. Fazem para aparecer. Disse Jesus: "Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens" (MX 23.5). A ostentação se manifesta através do exibicionismo, busca frenética pelos lugares de honra ou a luta política pela manutenção dos primeiros lugares, adoração pelo reconhecimento público (saudações) e paixão pelos títulos honoríficos. O marketing eclesiástico tem sido um instrumento poderoso na mão dos atores religiosos.

Na figura dos cabelos pintados temos a mudança apenas do exterior. Enquanto, o visual se apresenta novo, a raiz é velha. A partir dessa raiz antiga, dá-se a matiz que desejar. É a figura do líder espiritual que apresenta um discurso antigo com aparências de novo. E assim como se muda a coloração da tinta, esse líder muda o seu discurso conforme os seus interesses e espectadores. Eis os sepulcros caiados do novo milênio!

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Autor: Rev. Arival Dias Casimiro
Fonte: Resistindo a Secularização, SOCEP 2002. Págs. 46-47.

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