
Assim
que começaram a chegar os textos para a minha leitura, ainda no Word,
fui tomado por um senso de responsabilidade difícil de descrever.
Imagine: um sujeito indigno e miseravelmente errante como eu dar umas
pinceladinhas no texto do livro mais importante e mais lido da história
da humanidade – e que é a Palavra viva do Deus vivo. Quando pensei sobre
quem eu sou, com todos os meus muitos pecados, e contrapus essa
realidade à sublimidade da tarefa de contribuir para dar voz ao Verbo,
fui inundado de grande temor. Portanto, quando o texto de Gênesis
apareceu na tela do computador, meu olhar tornou-se muito cerebral,
extremamente racional, e cada linha lida me levava a uma análise tensa,
atenta e preocupada das palavras que fariam a diferença na vida de
milhares, talvez milhões de pessoas. E assim foi trabalhar no texto
bíblico ao longo das semanas em que o burilei: com o cérebro. Com a
razão.
No
último dia 31 de outubro, ocorreu em São Paulo o lançamento dessa nova
Bíblia, chamada Nova Versão Transformadora (NVT) – um esforço de seis
anos da Editora Mundo Cristão, dedicado a traduzir os textos bíblicos
originais em hebraico, grego e aramaico para a linguagem que eu e você
falamos no dia a dia. Ao final do evento de lançamento, recebi meu
primeiro exemplar impresso da NVT. No dia seguinte, no quarto do hotel
onde estava hospedado, pude finalmente ler o texto, desta vez não mais
como profissional, mas como devoto, fiel, ovelha que ouve a voz do
Pastor, filho que escuta a voz do Pai. E, desta vez, a leitura não foi
cerebral, racional, preocupada. Li com o coração. Fui tomado por uma
emoção difícil de definir e, quando me dei conta, lágrimas desciam
suavemente pelo meu rosto. A Palavra de Deus faz isto: passa pelo
cérebro, eletrifica a alma e aquece o coração. E, nesse processo,
transforma vidas.
Tudo
isso me fez refletir muito sobre nossa relação com a Palavra de Deus. E
cheguei à conclusão de que, se ela não nos inunda de temor, não mexe
profundamente com nossa razão e não impacta com todas as forças a nossa
emoção… algo está muito errado em nosso relacionamento com ela – e com
Deus. Estar diante do texto bíblico não pode ser algo corriqueiro, como
ler a revista da semana ou uma história em quadrinhos. Ela é a voz do
Deus vivo. A revelação específica do Altíssimo. O cartão de apresentação
do Criador. O abraço do Noivo. Não podemos nos relacionar com o texto
sagrado sem o mesmo temor que Moisés sentiu diante do arbusto em chamas.
Ao
mesmo tempo, nossa relação com a fé apresentada na Bíblia tem de ser
racional. Os argumentos e os fatos bíblicos precisam fazer sentido na
mente, alcançar o pensamento e transformá-lo. É pela razão estimulada
pela Palavra que somos confrontados e envolvidos pelo Espírito Santo. O
sobrenatural de Deus só pode ocorrer em nós se nossa racionalidade for
virada do avesso pelo Senhor e totalmente reconfigurada.
Mas
é absolutamente impossível estar diante da grandiosidade das revelações
bíblicas, da presença manifesta do Todo-poderoso que se apresenta a nós
nas paginas das Escrituras, sem ser tocado nas emoções. Não somos
estátuas de pedra. Não somos blocos de gelo. Como alguém pode ser
confrontado e desnudado em suas contradições e hipocrisias sem ser
tremendamente abalado nos alicerces? Como ser alvo da graça sem ser
sensibilizado por tão monumental amor? Como ser acolhido pelas amorosas
palavras de Jesus Cristo sem emocionar-se pela ternura, a verdade e a
esperança delas? Impossível.

Peço
a Deus que, se a sua relação com o texto sagrado é irreverente, fria e
distante, ele interfira com todas as forças na sua vida. Que você seja
enlaçado pela grandiosidade da manifestação escrita da mente de Deus. E que a sua relação com a Bíblia seja, a partir de hoje… nova e transformadora.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,Maurício Zágari
Fonte:Apenas
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