Hoje, esteve com os alunos do 3º do Instituto Bíblico do Norte conhecendo a IP de Canhotinho e revendo um pouco da História do médico amado e analisando os pilares do ministério do Dr. Butler ou o triângulo do serviço Cristão: 1)A Igreja para dar vida espiritual. 2)O hospital para dar vida física e 3)Escola para dar vida moral. Na oportunidade fomos recebidos pelo pastor Emanoel e um presbítero da IP Canhotinho. Abaixo você poderá conferir um pouco da História da IP Canhotinho pelo pastor Emanoel.
VERA CRUZ, O
1º MISSIONÁRIO
Em 1898 Dr. Butler e
família mudaram-se de Garanhuns para Canhotinho. O evangelho já tinha sido
levado para Canhotinho pelo presbítero Vera Cruz, embora a população local
houvesse resolvido não permitir que a "nova seita" entrasse nos seus
limites.
A chegada de Vera Cruz foi
verdadeiramente dramática. Certo
dia, quando estava na sua plantação de café, Caetano Vidal ouviu um grande vozoeiro
na estação ferroviária.
- Que é que está
acontecendo na estação? Gritou ele a um dos criados.
- Chegou uma "nova seita" no trem de Garanhuns e o povo quer apedreja-lo.
- Neste caso, eu vou também jogar a minha pedra! Disse ele e montou a cavalo.
- Chegou uma "nova seita" no trem de Garanhuns e o povo quer apedreja-lo.
- Neste caso, eu vou também jogar a minha pedra! Disse ele e montou a cavalo.
Ao chegar lá, porém ficou
profundamente surpreso com a atitude de Vera Cruz que, sentado e de Bíblia
aberta nas mãos, esperava pacientemente a morte. Seu coração se encheu de
piedade e mudou rapidamente de idéia: ao invés de apedrejar, defenderia.
Tomando a frente da multidão, dirigiu-se ao estranho visitante.
- Ei,
levante-se e venha comigo!
- O senhor representa as autoridades deste
lugar? Perguntou o pregador.
- Não, eu não represento nada, mas é melhor vir.
- Não, eu não represento nada, mas é melhor vir.
Certo de que nada, exceto a violência,
o aguardava, Vera Cruz se levantou e o seguiu.
Caetano, ainda que de origem humilde,
pois fora um garoto que não recebera educação, que jamais tinha conhecido o
cuidado de um pai, ou o carinho de uma mãe, era agora um homem de influencia em
Canhotinho, um dos seus ricos plantadores de café e cana. Isto o ajudou naquele
momento de decisão.
Enquanto os dois se apressavam em
chegar à casa de Caetano, subindo a ladeira do Alto da Parasita, a multidão os
seguia, pronta a entrar em ação. Quando alcançaram a residência, Caetano
empurrou Vera Cruz portão adentro, postou-se de frente para a turba e gritou:
- Alto lá! Este homem agora é meu hóspede e eu
vou defende-lo enquanto tiver forças. É melhor ninguém avançar. Atrás de mim
estão meus cachorros e atrás dos cachorros minhas armas.
Quando a multidão se dispersou, já no
interior da casa, Caetano perguntou-lhe o que tinha ido fazer ali. Vera Cruz
respondeu:
- Eu
vim pregar o evangelho de Jesus Cristo.
- Pois
bem! Retrucou Caetano: Se foi isto que veio fazer, pode começar e não precisa
se preocupar com o tempo.
A situação estava praticamente
ganha. À noite Vera Cruz falou para a família toda. Ao recolher-se ao quarto de
hospedes, gastou ainda alguns minutos lendo a Bíblia em voz alta, no que foi
ouvido pela esposa de Caetano. Para melhor escutá-lo ela se aproximou do quarto
e disse depois ao esposo: "Isto parece ser coisa de Deus".
Dr. Butler
Naquela mesma casa ainda no ano de
1898, realizaram-se os primeiros cultos e daquela família saíram baluartes do
trabalho iniciante. Quando o Dr. Butler foi para lá, um mês depois, encontrou
já as portas abertas e um pequeno núcleo de crentes pronto a recebe-lo.A CIDADE DE CANHOTINHO
Vista parcial de Canhotinho
A região começara a ser povoada em
1812, Habitava, nesta época, dois irmãos, a margem do rio canhoto, que ate
então não tinha nome. Um deles se estabeleceu no local onde ora se estende a
conhecida rua da Estação, e o outro, mais acima, ao norte, no lugarejo chamado
Canhoto, para as bandas do Lajeiro e da Serra dos bois. Sucede que este último
ficou conhecido, por todos que o cercavam, pelo apelido de Canhoto, que mais
tarde se transmitiu ao rio, como este fosse de propriedade do referido senhor
que ocupava um ponto único em todo o seu curso. O primeiro, já mencionado, que
era de estatura baixa foi apelidado de Canhotinho, para que fossem
diferenciados. Canhotinho, extremamente devotado a São Sebastião, erigiu uma
capela que serviu de atração para outras pessoas.
Daí por diante, as casas começaram a
aparecer ao redor, e, com as casas, as ruas. Formara-se um pequeno povoado.
Pouco a pouco o progresso se fez sentir. Em 1822, o lugar foi elevado à
categoria de distrito, pertencendo ao Município de São Bento.
Em setembro de 1885, foi concluída a estação ferroviária,
chegando também ali a primeira locomotiva. Em julho de 1890 o povoado foi
elevado à categoria de vila e, em outubro, com a nova divisão geopolítica,
passou a fazer parte do município de Lajedo. Canhotinho se nivelava agora a
Calçado e a Glicério, partes da mesma unidade. O primeiro Conselho Municipal
foi eleito a 23 de janeiro de 1893, cinco anos antes da chegada do Dr. Butler.
Pouco depois, a 14 de maio de 1903, a vila adquiriu o nível de cidade,
chamando-se São Sebastião.
AS
DIFICULDADES DOS PRIMEIROS DIAS
Fixar residência, em Canhotinho não
foi fácil. Ninguém queria vender ou alugar uma casa ao Dr. Butler. O mesmo lhe
havia acontecido em Garanhuns. Depois de muita luta, conseguiu uma casa no Alto
da Parasita, o Alto que haveria de testemunhar toda a sua ação cristã de
médico-pregador. Ficava perto de onde morava Caetano Vidal. Somente o desafio do lugar o levou a aceitar
as condições dessa primeira casa onde morou. Na verdade, ela não oferecia as
mínimas condições de moradia: era de taipa (sopapo, como diziam); o teto
gotejava quando chovia; o assoalho era de terra batida, sujo e negro; a cozinha
havia sido improvisada ao ar-livre, no quintal, à chuva e ao sol; a água
potável era de má qualidade e quase não havia água para banho; tinha só três
cômodos, que eram usados continuamente como sala de cultos, de recepção,
quartos de dormir e hospital. A pequena entrada era iluminada por uma lâmpada a
querosene e mobiliada com bancos que o Dr. Butler mesmo fez. O púlpito era uma
mesa redonda, também usada como laboratório, durante o dia. E para completar o
desconforto, o teto era freqüentemente visitado por pequenas cobras, que nele
procuravam aninhar-se. Certa vez, quando Da. Rena ensinava às crianças, uma
dessas cobras lhe caiu sobre a cabeça, causando-lhe terrível susto, e
criando-lhe um medo de serpentes nunca mais vencido.
Assim o Dr. Butler estabeleceu-se em
Canhotinho, como médico e pregador. Apesar da pobreza das instalações, foi
fácil obter grande êxito no trabalho desde o inicio em virtude da carência da
região.
A situação de moradia tomou depois
outro aspecto, com a construção de novas casas. Em Canhotinho, começou
edificando casas, atendendo às necessidades locais. Com as próprias mãos,
ajudou nas construções.
Primeiro levantou uma casa de estilo
simples na qual se destaca ainda hoje o sótão, seu quarto de oração. Depois,
edificou outra casa ao lado, com melhores instalações, e aspecto mais
agradável, onde a família passou a morar. Para atender às necessidades médicas,
levantou mais uma casa onde fez funcionar a farmácia e o laboratório. Mais
tarde, construiu um edifício para o hospital. Duas outras construções foram
muito importantes para ele, porque preencheram as lacunas que ainda existiam: a
escola e a Igreja. Elas completaram o seu trabalho, dando à ação cristã um
caráter mais completo: religião, saúde e educação.
A MORTE DO MÁRTIR NÉ VILELA
O ambiente da região de Canhotinho
estava tornando mais alegre para os Butler até que algo terrível aconteceu. No
dia sete de fevereiro de 1898, triste noticia abalou os meios evangélicos
pernambucanos.
O
coronel Joaquim Vitalino havia convidado o Dr. Butler para fazer cultos na
Baixa e em São Bento. O convite foi aceito com alegria, tanto por ele como pelo
grupo de crentes que costumava acompanha-lo nessas viagens. Foram, então,
montados a cavalo, para a vila de São Bento, onde, durante cerca de três dias,
realizaram cultos especiais e conferências. Ao mesmo tempo, o Dr. Butler
receitava o povo.
Na manhã do quarto dia, prepararam-se
para voltar. Um dos companheiros, Manuel Corrêa Vilella, conhecido como Né
Vilella, foi um dos últimos a montar bem ao lado do Dr. Butler. De repente,
surgiu um homem cavalgando em disparada, dirigindo-se para os dois.
"Alguma noticia de emergência!" pensaram. Na verdade, tratava-se de
um carteiro, o conhecido Negro Velho, que se caracterizava pelo fanatismo
anti-evangélico. Desta vez, porem a mensagem que deveria entregar era a morte,
endereçada ao Dr. Butler, remetida pelo vigário local, o Pe. Joaquim Alfredo.
A cena foi rápida e inesperada. Negro
Velho atacou primeiro o Dr. Butler a cacetadas. Avançando em sua direção, Né
Vilella aparou a pancada e, descendo do animal, em gestos rápidos e fortes,
tomou-lhe o cacete. Houve quem segurasse o cruel estafeta, mas ele conseguiu
soltar-se e voltou a atacar com fúria ainda maior. O seu aspecto era
verdadeiramente diabólico: os olhos esbugalhados, o rosto arroxeado pela
cólera. Arremessou ema pedra no medico e de punhal na mão. Vilella rápido como
uma serpente, tomou a dianteira e recebeu a punhalada, que o atingiu no peito
esquerdo. Em menos de cinco minutos expirou.
Naquele exato momento, quando o
assassino estava ainda mergulhado na indecisão de que não sabe se vai adiante
no seu ato ou foge, Dr. Butler saltou do cavalo e ajoelho-se ao lado do amigo
que rendia o espírito. Levantou-se em lagrimas e exclamou:
- Mata-me
também! Satisfaze tua sede de sangue! Não sou melhor do que o irmão que tu
mataste.
Mas Negro Velho fugiu. O Coronel
Vitalino ainda o perseguiu, mas em vão.Recobrando o animo e o auto-controle o
Dr. Butler pregou ali mesmo.
A morte de Né Vilella, porém resultou
na conversão de muitas pessoas que, a partir daquela data, começaram a se
interessar pelos ensinos da nova igreja. Poucos meses a 26 de julho o Dr.
Butler batizou 34 pessoas em Catonho, no mesmo município de São Bento, e mais
16, daí a dias, em Vitória, no vizinho Estado de Alagoas.
A inauguração no dia 20 de junho de 1915, foi profundamente
tocante. O Dr. Butler proferiu o sermão inaugural, entre lágrimas de grande
emoção. Depois de relembrar os fatos relacionados com a morte de Né Vilella em
seu lugar, concluiu lembrando que Jesus também morrera por ele. Após, convidou
os companheiros de viagem, testemunhas dos acontecimentos, para depositarem a
urna, com os ossos do mártir, sob o púlpito. Uma lapide de mármore traz os
dizeres: "Em memória de Né Vilella, assassinado em São Bento por causa do
Evangelho - 1898". (hoje os ossos de Né Vilella se encontram no mesmo
tumulo onde estão os do Dr. Butler.).
A história da Igreja Presbiteriana em
Canhotinho se confunde com a história da própria cidade. Algumas das famílias
de renome de Canhotinho – Vidal, Reinaux, Victalino, Costa e Canuto – tornar-se-iam
evangélicas. Incorporadas à Igreja Presbiteriana, passariam a formar uma
endogamia grupal protestante, à qual se juntariam os Gueiros e os Leites.
No entanto, antes da chegada dos
Presbiterianos a Canhotinho, e mesmo por muito tempo depois, a cidade passara
por uma série de problemas de lutas políticas, tendo, inclusive, testemunhado
uma hecatombe semelhante à de Garanhuns. Emboscadas, violências e mortes eram
parte do ambiente local.
Foi
essa uma das razões que fizeram com que o médico missionário norte americano dr
George W. Butler mudasse para Canhotinho, dentro de sua visão missionária de ir
onde havia maior necessidade de seus serviços.
A chegada do médico e pastor foi um
marco na história da cidade. Se a ferrovia trouxera o progresso, dr Butler
trouxe saúde, educação e civilização. Ele transformou Canhotinho num importante
centro médico, construindo o único hospital da região, que atraia gente de toda
a vizinhança e até de outros Estados.
Para se ter uma idéia da dimensão do
trabalho do dr Butler, e da importância dos seus serviços prestados, não só em
Canhotinho, mas no Estado de Pernambuco e Alagoas, basta ler o relatório da
missionária Eliza M. Reed, publicado na revista The Missionary, de agosto de
1908.
“...um amigo nosso seguiu o dr. Butler por 46
dias – de 05 de janeiro a 20 de fevereiro de 1908, e esse é o resultado de seus
relatório: enfermos tratados, 1.192 pessoas que vieram de distâncias de 30 a
180 milhas; procedimentos médicos, 190 – consistindo de limpeza de feridas,
úlceras, olhos etc. Cirurgias, 34 – cânceres, tumores, ossos quebrados, pedras
nos rins, etc. Consultas por meio de cartas, 53, visitas domiciliares, 26 –
feitas por trem e a cavalo, por todo o Estado de Pernambuco e de Alagoas,
cobrindo distâncias entre 30 a 180 milhas; pessoas que ouviram o evangelho pela
primeira vez, entre 200 a 300 pessoas.
O trabalho do dr. Butler não se
limitava apenas ao campo médico. A escola paroquial que ele fundou, em 1912,
dirigida pela professora Cecília Rodrigues Siqueira e seu marido, o pastor
Cícero Siqueira, foi um marco no sistema educacional da cidade.
O templo foi construído, boa parte,
graças ao esforço de Da. Rena, que resolveu comprar uma vaca que ordenhava
diariamente. O leite era vendido e o dinheiro entregue para compra de material.
Quando a venda do leite se tornou insignificante, ela resolveu vender a vaca e
empregar o dinheiro na construção. Assim, se completou o seu trabalho, dando à
ação cristã um caráter mais completo: religião, saúde e educação.
A Igreja Presbiteriana completou 108
anos (20 janeiro 2008) de muita história e evangelização. Suas duas torres
ainda se destacam imponentes no Alto da Parasita. Ao lado do templo, o mausoléu
onde está enterrado o médico e pastor, dr. George W. Butler.
A comunidade que hoje ali se reúne,
se sente orgulhosa de fazer parte dessa história, contada de forma muito
reduzida acima.
DADOS ATUAIS DA IPB CANHOTINHO
IGREJA PESBITERIANA DE CANHOTINHO
Rua Alto da Parasita, 296, Centro Canhotinho
– PE
CEP 55428-000 – Fone (087) 3781-1913
End. Eletrônico: www.ipcanhotinho.org. br
Presbitério Agreste de Pernambuco – PAPE
Sínodo Agreste-Sul de Pernambuco - SASP
Número de Membros atual = 185 (Sendo 32 da
Congregação e 153 da Igreja sede)
PROJETOS:
ÁREA DE ESPORTES
Atualmente temos um terreno, ao lado do
templo, murado, mas sem nenhuma utilidade. É nosso desejo fazer ali uma área de
laser para os jovens, com campo de futebol, voleibol, e um espaço para as
crianças. Com isso, pretendemos atrair jovens que não têm opção de laser na
cidade.
ESCOLA
É um sonho antigo reformar o antigo hospital,
que atualmente está totalmente abandonado. Há uma proposta para se criar uma
extensão do Colégio XV de Novembro, o que seria excelente para a cidade e
também para a igreja, que estaria resgatando sua importância na área de educação
que já teve um dia.
O espaço poderia ser aproveitado, também, nos
horários ociosos, para oficinas de reciclagem de embalagem pet, ou cursos
profissionalisantes, como corte e costura, informática etc.
BOM DIA, SOU ROGÉRIO VERAS, HISTORIADOR, PESQUISO SOBRE O PROTESTANTISMO NO NORDESTE, MAIS EXATAMENTE SOBRE A VIDA DE GEORGE BUTLER. GOSTARIA DE SABER SE A IGREJA DE CANHOTINHO GUARDA DOCUMENTOS (ATAS OU FOTOS) OU OUTROS MATERIAS DE MEMÓRIA DA FAMÍLIA BUTLER? SERIA O TÚMULO QUE ESTÁ ENTRE AS FOTOS DA IGREJA, NA INTERNET, DE GEORGE BUTLER? POR FAVOR, ALGUÉM PODE ME AJUDAR?
ResponderExcluirOla! Bom dia. Vc esta precisando de fotos do túmulo do dr.butler. Se for isso talvez eu possa ajudar . Pois tbm sou faxinado pela historia deste grande missionário que por estas terras abitou. Eu posso ir la na igreja e tirar algumas fotos e lhe passa. Se preferir pode entra em contato pelo facebook http://facebook.com/lucasldw
ExcluirOlá! Como faço para entrar em contato com o administrador desse blog?
ResponderExcluirMeu irmão Felipe o meu e-mail é: eli.vieira13@gmail.com
Excluirolá graça e paz sintome profundamente orgulhoso em saber q. um menbro dos vilelas um dia foi mattirio por causa do santo evangelho.
ResponderExcluirSou bisneto de Júlia Correia Vilela, moro em São Paulo, e fiquei muito feliz em conhecer mais detalhes sobre essa história.
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