O Rio de Paz reafirma -nesses dias de tensões e expectativas que resultam dos protestos da população brasileira nas ruas-, seu compromisso com os ideais da democracia, sujeição à Constituição Federal, apego a meios pacíficos de manifestação e disposição de estar ao lado da presidente do seu país a fim de que uma nova era da nossa história seja inaugurada.
Ficamos contentes e esperançosos, portanto, por perceber que ela entendeu o recado das ruas, assumindo compromissos que representarão aperfeiçoamento histórico da nossa democracia caso sejam implementados. O reconhecimento de que, entre outras coisas, o país carece de escolas, hospitais, segurança "padrão Fifa", atende de modo especial parte das reivindicações do Rio de Paz.
Preocupa-nos, contudo, o fato de ela ter falado da violência de saqueadores e vândalos, o que é justo, mas não ter mencionado com a mesma ênfase a necessidade de as forças policiais não cometerem abuso de poder, tal como testemunhamos nas ruas do Rio de Janeiro.
O brasileiro não é contra a Copa das Confederações, nem contra a Copa do Mundo. Continuamos a ser o povo alegre e amante do futebol. Entendemos, entretanto, que não haverá clima no país para a realização de competições esportivas, até mesmo as Olimpíadas, se não houver da parte do poder público a apresentação de um planejamento acompanhado de cronograma visando a implementação de políticas públicas que elevem os serviços públicos ao nível do "padrão Fifa".
É sintomático o fato de as manifestações terem ocorrido em plena Copa das Confederações. O brasileiro até agora não aceitou ter havido tamanha vontade política para contrução de campos de futebol sofisticados, num cenário de escolas e hospitais em péssimas condições, profunda desigualdade social e meio milhão de brasileiros assassinados nos últimos 10 anos.
Antônio Carlos Costa
Rio de Paz
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