Sou
da geração Cara-Pintada que saiu às ruas gritando: "Fora Collor" em
1992. Foi emocionante ver estudantes com as cores do Brasil pintadas no rosto
revoltada contra a corrupção que então tomara conta do Governo. O resutlado: a
queda do presidente Collor. E daí, o que mudou? A corrupção acabou? O Brasil
ficou socialmente mais justo? Há maior distribuição de renda? O Congresso e o
Governo estão mais moralizados? NÃO! Não estão. Os mesmos políticos continuam
no poder – inclusive Collor. Muitos, como eu, que vibraram com o movimento que
culminou com o impeachment de Collor, ficaram meio desiludidos com a falsa esperança que se seguiu nos anos
seguintes. Porém, tenho que admitir que os protestos populares ainda é a armas
mai poderosa contra um Governo inerte e corrupto. É a única coisa que faz um
governo tremer. A voz do povo gritando por mudanças. Infelizmente, em meio aos
manifestantes há
aqueles que não passam de baderneiros, esquerdistas e anarquistas que
aproveitam a situação para manifestar seus instintos marginais.
Fora isso, o que temos
visto é o despertar de um gigante, quiçá, semelhante ao que se levantou no anos
de 1960, nos Estados Unidos, que foi o estopim do grande movimento pelos
direitos civis nos EUA encabeçado pelo pastor batista Martin Luther King. Tudo
começou com uma crise entre a população negra de uma cidade e as empresas de
ônibus que se recusavam a transportá-los de forma digna e culminou com uma grande
revolução social que transformou os Estados Unidos.
A igreja tem um papel fundamental nisso tudo. Não podemos ficar omissos,
pois a voz do evangelho nunca é omissa. Mas para isso, é necessário cautela. Como
pregadores das boas novas do Reino, não podemos deixar de se posicionar. E a
igreja jamais pode se posicionar ao lado dos poderosos, dos que oprimem a
população, dos empresários de ônibus e dos governos corruptos e hipócritas que
só lembram do povo em época de eleição. Seria como se os discípulos de
Jesus se posicionassem por Herodes, Pilatos ou mesmo por César. Precisamos
estar ao lado dos oprimidos, dos explorados, que cansados saem às ruas em busca
de justiça. Mas precisamos ter cuidado:
Primeiro: não podemos estar ao lado dos baderneiros. Violência. Nunca
é justificada.
Segundo: Cuidado
com os aproveitadores. Na maioria das vezes os movimentos são usados com fins
políticos e os manifestantes, como massa de manobra. Fico imaginando se não há
alguma "força oculta" por detrás desses episódios.
Terceiro:
as revoltas populares recentes tem resultado em governos ainda mais
autoritários e intransigentes, principalmente em relação ao evangelho. Espero
que essa "primavera tupiniquim" não tenha o mesmo destino.
Quarta:
a oração ainda é a maior e mais poderosa arma da igreja. Precisamos orar como
ensina a Palavra de Deus: “E procurai a
paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao
SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz. Jeremias 29:7.
Por
fim, os ativistas acreditam que as manifestações podem ser o início
de uma mudança de postura da sociedade em relação ao governo. Não podemos ser
ingênuos a ponto de acreditar que mudaremos o Brasil de uma hora pra outra, ou
que todos temos o mesmo sentimento, que todos os que foram as ruas acreditam
nas mesmas coisas, esses movimentos aglutinam forças opostas dentro de si, e
isso deve ser ressaltado. A esperança da igreja é Cristo. Só o poder de Deus
pode causar uma revolução nesta Nação que ultrapasse as fronteiras políticas e
sociais e mude o homem de dentro para fora – alma e corpo. Que façamos nossas
as palavras do profeta Isaías:
“Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de
iniquidade, raça de malignos, filhos corruptores; abandonaram o Senhor,
blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás.” Isaías 1:4
REV. EMANUEL CLEMENTINO
Pastor da IPB Canhotinho
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