quinta-feira, 5 de julho de 2012

O pastor e a gestão dos recursos financeiros


A área mais visada da administração eclesiástica é a financeira, isto porque, pela fé se entregam dízimos e ofertas (enfoque divino), e pelas leis e princípios morais deve-se fazer boa administração e prestação de contas (enfoque humano). O entendimento de que a obra é de Deus, não exclui o de que a administração é humana.
O homem pode fazer uma boa administração do seu sacerdócio, como Samuel, ou administrar de forma ruim, como Eli e seus filhos. A unção de Deus não torna o sacerdote inerrante. A Bíblia aponta homens de Deus, ungidos, que fizeram escolhas erradas. A Bíblia ensina que cada um tem uma vocação. Um pregador não é, necessariamente, um bom administrador.
A Bíblia mostra que José fora desprezado por seus irmãos, mas Faraó soube reconhecer a sua sabedoria. Por vezes, empresas reconhecem bons atributos em pessoas que sequer são percebidos em suas igrejas. Se forem chamadas a opinar, certamente trariam grandes contribuições à administração eclesiástica, como fazem para a administração de suas empresas. O administrador eclesiástico deve fazer uma gestão competente e, para tal, deve ser assessorado por pessoas com conhecimento no assunto.
Maquiavel reconheceu Moisés como um dos maiores líderes de todos os tempos e ainda admitiu a possibilidade do líder ter recebido de Deus orientações. Atribuir resultados de uma competente administração à graça de Deus, como admitiu Maquiavel com relação a Moisés, é coerente, mas conseqüências da má administração jamais são de origem divina.
A centralização e a falta de transparência na administração financeira das igrejas não são atitudes éticas e podem ser foco de suspeitas. A decisão de emprego dos recursos deve ser deliberativa, com propostas vindas da direção ou do grupo, pois dará maior legitimidade às decisões. O conhecimento do destino dos recursos ofertados será aspecto motivador à contribuição, se estes forem bem empregados.
Se o grupo é constituído por pessoas que prezam os mesmos princípios e buscam o melhor resultado, não faltarão boas ideias para o emprego dos recursos. Admitir que a maioria do grupo não fará a melhor deliberação é admitir que, em sua maioria, o grupo não é de qualidade ou confiável.
A fé que motiva os fiéis a entregar os recursos não retira do administrador eclesiástico o dever de bem administrar e prestar contas. A transparência na gestão dos recursos dará aos membros condições de avaliar a qualidade do administrador. Não é possível a igreja avaliar a habilidade de seus gestores se não lhe for dada informações suficientes.
O obreiro digno do seu salário não deve administrar sozinho os recursos de onde sai o seu sustento. Deve haver uma tesouraria e um conselho fiscal competente, independente, discreto, leal e sério. Deste modo, o pastor estará fugindo da aparência do mal. Ademais, Deus conhece o profundo dos corações, mas os seres humanos desconhecem. Santidade e transparência com os recursos da igreja devem ser marcas dos sacerdotes que são também administradores.

autor

Rubens Teixeira

Rubens Teixeira

Doutor em Economia pela UFF • Mestre em Engenharia Nuclear pelo IME • Pós-graduado em Auditoria e Perícia Contábil pela UNESA • Engenheiro de Fortificação e Construção (civil) pelo IME • Bacharel em Direito pela UFRJ (aprovado na prova da OAB-RJ) • Bacharel em Ciências Militares pela AMAN

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