Por Jarbas Aragão
A corrida pelas eleições municipais começou oficialmente no fim de semana com perspectivas favoráveis para candidatos evangélicos.
Um levantamento feito pelo jornal Valor, usando como base os dados do perfil religioso do Censo de 2010, do IBGE, mostra como o crescimento expressivo dos evangélicos em cinco das principais capitais brasileiras pode influenciar nessas eleições.
Segundo o Valor, o crescimento do número de evangélicos nessas capitais irá se refletir principalmente nas eleições para vereadores. A expansão de fiéis na última década impulsionou o crescimento na bancada evangélica de vereadores. Os especialistas defendem que o mesmo deve ocorrer nas eleições deste ano.
Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador tiveram, entre 2000 e 2010, um aumento no número de vereadores evangélicos. Segundo o IBGE, houve acréscimo de 16,09 milhões de evangélicos no país na última década. Hoje, eles totalizam cerca de 22% da população do país, com 42,275 milhões de membros em 2010.
O cientista político da PUC-Rio, César Romero Jacob, diz que “o aumento da participação dos evangélicos deve ser mais perceptível nas câmaras de vereadores do que em prefeituras.
Isto porque em eleições majoritárias candidatos de bandeira religiosa esbarram na rejeição de outros segmentos. Mas sua influência política é tão grande que obrigará candidatos a prefeitos que não compartilham desta fé a promoverem articulações com representantes evangélicos durante a campanha e incluí-los em sua base de apoio”.
Isto porque em eleições majoritárias candidatos de bandeira religiosa esbarram na rejeição de outros segmentos. Mas sua influência política é tão grande que obrigará candidatos a prefeitos que não compartilham desta fé a promoverem articulações com representantes evangélicos durante a campanha e incluí-los em sua base de apoio”.
Ainda segundo Jacob, a configuração política começou a mudar com a aproximação do PT aos evangélicos neopentecostais, durante a campanha presidencial de 2002. O partido sempre teve a desconfiança deste eleitorado, por sua posição progressista em temas como o aborto e por estar historicamente ligado à Igreja Católica por meio das Comunidades Eclesiais de Base, uma de suas forças fundadoras. “Hoje direita e esquerda negociam com os evangélicos”, explica o cientista.
Dentre os evangélicos recentemente saíram políticos como o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PR) e o ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB-RJ).
O pastor luterano e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Mozart Noronha, foi candidato a deputado estadual pelo PSOL, no ano passado, no Rio. Ele afirma que ainda existe o “voto de cabresto” que usa a fé como arma. “Existem lideranças, bispos, que dizem aos fiéis em quem eles devem votar”, diz ele.
Alan Kardec Borges é especialista em marketing político e propaganda eleitoral pela USP, além de sócio-diretor da consultoria Stratégia Marketing Político. Em sua análise, o avanço do número de fiéis evangélicos pode gerar, uma clara aversão a outros candidatos com ideologias distantes das defendidas pelos fiéis. “Se alguém vira evangélico, isso não significa que esta pessoa vai votar sempre em candidatos evangélicos. Mas, certamente, este evangélico dificilmente votaria em um candidato que defenda o aborto ou o casamento entre os homossexuais”, afirmou, citando os temas mais combatidos pelos evangélicos.
Um outro instrumento usado pelos vereadores evangélicos nas eleições deste ano é a eficaz propaganda boca a boca, defende o analista da CAC Consultoria Política, César Alexandre Tomaz de Carvalho. O chamariz dos candidatos ligados aos evangélicos não é a TV nem são os comícios, é a corrente de informações dos próprios fiéis, observa Carvalho. “Evangélicos quase não aproveitam oseu tempo de TV, em propaganda eleitoral. O método deles é mais direto, mais eficaz”, finaliza.
Fonte:gospelprime
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