Por Jarbas Aragão
Apontando para o céu e enxugando as lágrimas, o pastor Fred Luter foi eleito terça-feira (19) o primeiro presidente negro de uma das denominações mais influentes do mundo. A Southern Baptist Convention reúne a maioria dos batistas norte-americanos e possui trabalhos missionários em quase todas as nações do planeta.
“A Deus seja a glória por todas as coisas que ele fez”, disse Luter momentos depois que mais de 7.000 batistas ficaram em pé e o aplaudiram. Ouviram-se gritos de “Aleluia” quando ele foi declarado oficialmente como seu próximo líder.
Aos 55 anos, o ex-pregador de rua, que pastoreia uma comunidade de maioria negra em Nova Orleans irá liderar a denominação por pelo menos um ano, podendo ser reeleito na próxima convenção.
A denominação fundada em 1845 para defender a escravidão vive um momento ímpar.
“Temos a oportunidade de fazer história, mostrar ao mundo a verdade sobre o nosso Salvador e sobre nós mesmos”, disse o pastor David Crosby, da Primeira Igreja Batista de Nova Orleans, durante a indicação de Luter na terça-feira. “Vamos dar nossos votos e gritar para o mundo – Jesus é o Senhor! Este é o nosso presidente! Somos Batistas do Sul!”.
A igreja de Crosby, que sofreu poucos danos após o furacão Katrina, dividiu por alguns anos o espaço do templo com os fiéis da igreja de Luter, que foi totalmente destruída pelo furacão Katrina, em 2005.
Os membros negros de igrejas batistas são apenas cerca de 8% das mais de 45.000 congregações ligadas aos Batistas do Sul. Alguns presentes disseram que ficaram chocados e nunca pensaram que veriam isso acontecer.
Nos meses que antecederam a eleição, o especialista em ética cristã Richard Land se envolveu em uma polêmica ao dizer que o presidente Obama e os líderes dos direitos civis tinha explorado o caso de Trayvon Martin, o adolescente da Florida que foi morto em um caso que gerou protestos da comunidade negra americana.
“Hoje foi realmente como um momento histórico que a Southern Baptist nunca vai esquecer”, disse Land, que ajudou a elaborar a declaração da denominação, de 1995, que pedia desculpas pelo “pecado deplorável” do racismo que deixou um marca na história dos batistas.
Muitos disseram que Luter merecia ser eleito não porque ele é negro, mas por causa de seu compromisso com a denominação, força no púlpito e sucesso na reconstrução de sua igreja, que hoje é uma das maiores da Louisiana. Afinal, o pastor ajudou o grupo de 65 membros remanescentes de 2005 a crescer e hoje sua igreja reúne mais de oito mil pessoas aos domingos.
Luter encerrou a conferência dos pastores ocorrida na com um sermão fervoroso.
Luter encerrou a conferência dos pastores ocorrida na com um sermão fervoroso.
“Só a Palavra de Deus pode mudar o coração de um racista; somente a Palavra de Deus pode mudar o desejo de alguém que violenta crianças”, ele afirmou. “A Palavra de Deus pode mudar o estilo de vida de um homossexual. A Palavra de Deus é a única esperança para a América hoje”.
Muitos ligaram eleição de Lutera uma necessidade de maior evangelismo entre as minorias raciais e étnicas dos Estados Unidos, pois a denominação sofreu seu quinto ano consecutivo de declínio no número de membros.
Traduzido e adaptado de Washington Post e BP News
Fonte:gospelprime
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