sábado, 19 de julho de 2014

A falácia do livre arbítrio

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Por John G. Reisinger


Há basicamente somente duas religiões no mundo. Uma diz, “Se você fizer assim e assado, Deus graciosamente concederá Suas bençãos sobre você”. As mil e uma variedades desta religião diferem somente no que é o “assim e assado” que você deve estar disposto a fazer. Uma variedade diz que é um rio sagrado, outra te ordena beijar a rocha sagrada na cidade santa, ainda outra diz que seja batizado ou algum rito similar, e em círculos distintamente evangélicos esta religião enfatiza, “se você quiser abrir o seu coração, então Deus... ”

Note cuidadosamente as três palavras chaves: SE VOCÊ QUISER...

(1) O perdão de Deus é possível SE ...
(2) O perdão de Deus é possível se VOCÊ ...
(3) O perdão de Deus é possível se você QUISER ...

O sucesso ou fracasso final desta religião é determinado somente pela vontade do homem. Tudo é dependente de um “se”, de um “você”, e de “sua disposição” para fazer sua parte. A redenção é sempre condicional visto que ela depende da cooperação do homem para o sucesso. A grande obra da salvação não é realmente realizada até que Deus encontre alguém que esteja disposto a “cooperar com Ele”. Nossos antepassados chamaram este sistema do “se você quiser” de “religião das obras”. Ele foi chamado também de “Arminianismo” e “semi-Pelagianismo” visto que estes foram os homens que originalmente causaram divisão na igreja introduzindo este erro do livre-arbítrio. Independentemente do nome atribuído a ele pelos amigos ou inimigos, as marcas distintivas são sempre as mesmas – o SE , o VOCÊ , e SUA VONTADE são os fatores decisivos que fazem o plano da salvação funcionar. Esta religião oferece um maravilhoso plano de salvação que é capaz de fazer coisas poderosas se você somente permitir. O Deus desta religião do livre-arbítrio pode somente desejar e oferecer salvar pecadores. Ele é impotente de assegurar, pelo Seu próprio poder, o que Ele deseja fazer. A finalidade da redenção não pode ser alcançada a menos que o homem, de seu próprio livre-arbítrio, escolha permitir que Deus realize Seus propósitos.


A falsa religião do livre-arbítrio, ou das obras, é baseada sob diversas doutrinas antibíblicas. A mais básica destas é o universal e indiscriminado amor redentor de Deus. Deus é dito amar todos os homens do mesmo modo e grau. Ele amou Judas da mesma forma como amou Pedro, Esaú como Jacó, e os bodes tanto como as ovelhas. Visto que Seu amor é universal então o maior dom do Seu amor, Jesus Cristo Seu Filho, deve ter sido dado para prover uma expiação universal, tendo em vista cada indivíduo sem exceção, em Sua morte. Os objetos da expiação do Filho devem ser iguais aos objetos do amor do Pai, assim ambos devem incluir cada um dos homens. Se o Pai amou todos os homens igualmente, e o Filho redimiu cada homem sem exceção, segue-se que o Espírito Santo deve convencer cada homem ou senão a Trindade não está trabalhando juntamente em direção do mesmo fim na tarefa de redimir os homens perdidos.

A falácia do livre arbítrio

A falácia desta religião é revelada quando nós fazemos uma simples e óbvia pergunta: “Por que todos os homens não são salvos?”. Não é falha do Pai, porque Ele ama todos os homens do mesmo modo. Não é porque Cristo não pagou pelos seus pecados visto que no sistema do livre-arbítrio, Cristo redimiu (mas não salvou?) todos os homens. O Espírito Santo não pode ser culpado visto que Ele convence todos por quem Cristo morreu; isto é, todo homem sem exceção. Alguém pode dizer, “Eu não creio nesta última declaração sobre a obra de convencimento do Espírito Santo”. Se você rejeita isto, então você deve rejeitar os outros dois pontos também. Você não pode crer num amor universal do Pai e numa expiação universal do Filho, e então arruinar tudo isto com uma convicção “limitada” do Espírito. Não, não; isto é tanto universalismo como particularismo. Você não pode tirar proveito das suas maneiras. Como mencionei, aqui está a falácia. Um “plano de salvação” que tem o amor de Deus o Pai atrás dele, a expiação de Deus o Filho como seu fundamento, e o poder de Deus Espírito Santo aplicando-o certamente terá êxito, mas, ah, o plano da redenção é frustrado pelo poder do livre-arbítrio do homem toda a vez que uma alma vai para o inferno! Nós repetimos nossa questão, “Por que ele falha? Por que alguns homens perecem?” A religião do livre-arbítrio responde, “Ele falha porque o homem não está desejoso de fazer sua parte”. Aqueles que perecem assim o fazem somente porque eles não aceitam o que o amor do Pai deseja lhes dar, o que a morte agonizante do Filho comprou para eles, e o que o poder eficaz do Espírito Santo incansavelmente tenta persuadi-lo a aceitar. “Se você fizer somente sua parte” é a mensagem que devemos pregar. Se você apenas fornecer a fé! Se você apenas der o primeiro passo em resposta à oferta de Deus! Se você somente cooperar e der a Deus uma chance para fazer Seu plano funcionar! Se você fizer ...então Deus! Este é o ardente, mas não menos patético, clamor dos pregadores da religião do livre-arbítrio!

Deveria ser amplamente claro que esta religião das obras, ou do livre-arbítrio, baseada num amor universal e numa expiação universal, faz todo o sistema da redenção de Deus depender do homem para o seu sucesso. O amor de Deus prevalecerá se o homem permitir. A expiação de Cristo realmente redimirá se o homem permitir. O Espírito Santo aplicará os benefícios adquiridos na redenção se o homem permiti-LO assim o fazer. Não admira que C.H. Spurgeon, aquele grande ganhador de almas, chamou o livre arbítrio de “uma completa tolice”, e a expiação universal de uma “doutrina monstruosa similar a uma blasfêmia”.

Agora bem, a segunda religião é a mensagem da Bíblia. É o evangelho da LIVRE GRAÇA. Ele não procura em Deus por uma provisão e então se volta para o homem para encontrar o poder, mas ousadamente proclama que a mesma graça soberana que planejou a salvação para pecadores impotentes, também lhes fornece a habilidade para desejá-la e recebê-la. Esta segunda religião não somente começa em um ponto diferente; ela trabalha sobre um princípio diferente e se move em direção a um objetivo diferente. Em resumo, ela é uma religião totalmente diferente. A religião baseada no livre-arbítrio (Arminianismo – Se você quiser...), e aquela baseada na livre graça (Calvinismo – Deus nos faz dispostos...) são religiões tão distintas e opostas que diferem em cada ponto teológico no qual se encontrem. Qualquer indivíduo que piamente diga, “Isto realmente não é importante, é meramente uma questão de ênfase”, ou é deliberadamente desonesto ou completamente ignorante da doutrina da Bíblia na história da igreja. O Sínodo de Dort e o Conselho de Trento clarificaram a vital importância do assunto de uma vez por todas. Eu desafio qualquer homem a ler a introdução do Dr. J.I. Packer à obra A Morte da Morte na Morte de Cristo de John Owen, e então falar sobre ênfase. Packer claramente mostra que o livre-arbítrio e a livre graça são religiões totalmente diferentes, e além disto, que elas são inimigos irreconciliáveis.

A dificuldade em nossa presente geração é com o assim chamado “Cal-miniano”. Ele pensa que um Calvinista é uma pessoa que crê na eterna segurança, e que Arminiano é uma pessoa que crê que você pode ser salvo e ainda se perder. OCal-miniano é totalmente desapercebido que o assunto na história da igreja, bem como nas Escrituras, envolve a vontade do homem e a aplicação da salvação, e não a vontade de Deus e a duração da salvação. O grande abismo entre Arminianismo (livre-arbítrio) e Calvinismo (livre graça) não é se você pode ser salvo e então se perder. Este é um ponto mais secundário comparado ao assunto como entendido pelos Puritanos e Reformadores. O centro do assunto é, “Quem realmente efetua a redenção?”. Não é apenas uma questão de quem a conclui uma vez que tenha sido iniciada, mas de quem é o poder que aplica o evangelho no início da conversão bem como quem conduz a mesma até o fim. A Bíblia assevera que a necessidade de um pecador é tão grande antes da conversão, que ele é incapaz de obedecer, arrepender ou crer. O Cal-minianodiz, “Não, o pecador tem todo o poder que ele necessita para se tornar um Cristão, mas somente Deus pode guardá-lo após ele ter 'decidido aceitar Cristo' e se tornado um Cristão”. O pecador tem a força de vontade para levantar do túmulo do pecado e vir a Cristo, mas somente Deus pode guardá-lo de cair depois que ele tiver “dado o primeiro passo”.

Quem veste a coroa?

Como você pode ver, o fundamento real da batalha é a natureza do homem, e o prêmio a ser ganho é a Coroa de Crédito para fazer o plano da redenção realmente funcionar. É a livre graça, dada soberanamente pelo Pai, o decisivo fato que faz o eleito crer em primeiro lugar, ou é a vontade do homem, exercida soberanamente pelo indivíduo, o fator decisivo que faz que Deus escolha aqueles que Ele “previu” que estariam dispostos a crer? Quem ganha o direito de vestir a coroa de glória, Deus ou o homem? E por qual poder este direito é ganho – livre-arbítrio ou livre graça?

A diferença básica entre estas duas religiões opostas pode também ser resumida fazendo-se outra pergunta, uma pergunta vitalmente relacionada à primeira. No lugar de perguntar como alguns pessoas perecem, e sermos informados que “o homem não fez a sua parte que era simplesmente crer”, agora perguntamos, “Por que alguns homens são salvos?”. Como a obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo é capaz de lograr êxito em alguns casos, mas não em outros? A religião do livre-arbítrio humildemente (?) responde que “o homem faz isto totalmente possível por estar disposto a abrir seu coração e dar a Deus uma chance!” Não importa se estejamos falando daqueles que perecem ou daqueles que são salvos, sempre voltaremos para aquele se você quiser. Realmente, o evangelho baseado no livre-arbítrio nunca poderá ser mais do que um evangelho de mera possibilidade. Ele é um plano de redenção que não pode verdadeiramente redimir por seu próprio poder, mas pode somente efetuar salvação real quando encontra alguém que esteja disposto por si mesmo de fazer a “sua parte”. Esta não é uma questão de se um homem deve se tornar, ou se torna, disposto antes de poder ser salvo – todos nós cremos nisto; mas, a questão é: quem e qual poder faz o pecador disposto? O homem, de si mesmo, escolhe se tornar disposto, ou Deus, por Seu soberano poder, faz Seu eleitos disposto “no dia de Seu poder” (Salmos 110:3)? Parece tanto lógico como judicialmente necessário coroar com glória o indivíduo que faz o plano da salvação realmente funcionar, e o crente no livre-arbítrio não hesita em estender a mão para a coroa e a colocar na cabeça da soberana e livre vontade do homem.

Algumas pessoas podem sentir que estamos trabalhando este ponto ao extremo, mas realmente este é o cerne do assunto. Quem realmente merece toda a glória pela salvação do homem? Não pode ser tanto Deus como o homem, nem pode ser, como muitos implicam, meio a meio. Ou Deus salva pecadores “fazendo-lhes dispostos no dia de Seu poder”, ou eles salvam a si mesmos fazendo a si mesmos dispostos no “dia da decisão do livre-arbítrio”.

Deixe-me demonstrar rapidamente quão agudo e claro o contraste é e quão obviamente Deus ou o homem recebe a glória em cada ponto.

(A) LIVRE-ARBÍTRIO – Deus escolhe aqueles que Ele previu que de seu próprio livre-arbítrio decidir-se-iam a aceitá-LO. 
(B) LIVRE GRAÇA – Deus dá a fé àqueles que Ele soberanamente escolheu.

(A) LIVRE-ARBÍTRIO – O sangue de Cristo redimiu cada homem, mas somente naqueles dispostos a “aceitar” o que Cristo realizou, são salvos. É realmente a nossa fé que nos salva. 
(B) LIVRE GRAÇA – Cristo salva cada pessoa que Ele redimiu com Seu sangue.

(A) LIVRE-ARBÍTRIO – Aqueles que estão dispostos a crer, capacitam o Espírito Santo a lhes regenerar, ou dar-lhes um novo coração. 
(B) LIVRE-GRAÇA – O Espírito Santo regenera o eleito, ou lhe dá um novo coração, e capacita os pecadores a crerem.

Talvez alguém esteja pensando, “Mas tudo isto realmente importa enquanto apenas pregamos o simples evangelho? Não são estes problemas teológicos que não têm implicações práticas e somente causam argumentações e divisões entre Cristãos e, portanto, é melhor deixá-los de lado?” Nosso Senhor e Seus Apóstolos achavam estas coisas de vital importância. Os Puritanos e Reformadores criam que a pregação do livre-arbítrio era um erro fundamental. Em suas mentes pregar o livre-arbítrio era demolir o próprio evangelho. Eles sentiam que era o dever deles a Deus e à Sua igreja, fazer tudo ao seu alcance para refutar a falsa idéia do livre-arbítrio. Deveria ser acrescentado que Roma sentia exatamente o oposto. Ela instruía seus missionários para ir aos países protestantes e “começar a demolir estas doutrinas diabólicas pela reafirmação do livre-arbítrio do homem”. Os Jesuítas diziam que a livre graça era o inimigo real dos seus sistema de obras, ou melhor, do sistema deles do livre-arbítrio. Estes são fatos históricos! Que aqueles que creem que isto é somente uma ênfase, ao mesmo leiam o que homens como Martinho Lutero disse em sua monumental obra O Cativeiro da Vontade. A História tem marcado a palavra “erro” em cima da doutrina do livre-arbítrio, e marcado aqueles que a pregaram como inimigos, mesmo se inconscientemente disso, tanto do evangelho como das almas dos homens.

Ora, estou consciente de que muitos têm perdido seu gosto para a confirmação histórica da mensagem que eles declaram, mas isto é somente porque eles não gostam da companhia que eles são forçados a sustentar à medida que voltam no tempo. Os homens hoje gostam de sentir que eles estão na tradição de Knox, Lutero, Whitefield, Spurgeon, etc., mas quando a história, os credos e as confissões, e os Reformadores e Puritanos são vistos como unidos em sua franca condenação do livre-arbítrio, então os homens exclamam, “Nós cremos na Bíblia e não nos Credos. Nós cremos no que Deus diz, e não no que os homens dizem”. Na realidade, este clamor defensivo significa isto, “Nós cremos nos nossos próprios credos em oposição àqueles formulados na história. Nós aceitamos o que nossos líderes dizem hoje e rejeitamos o que os homens disseram ontem”. J.C. Ryle, em sua introdução ao seu livro Santidade, respondeu a esta atitude melhor do que eu possa fazer. Ryle não está discutindo o mesmo ponto de doutrina que nós estamos (ele está discutindo sobre Romanos 7), mas ele está examinando o mesmo tipo de pessoa mencionada acima. Ele mostra que a atitude piedosa que não olha para a história e para os credos sobre o pretexto de exaltação da Bíblia como nossa única regra é frequentemente na realidade somente uma evasão para se esquivar de encarar os assuntos.
Os comentadores que não assumiram essa posição... são os Romanistas, os Socínios e os Arminianos. Contra eles lançamos o juízo de quase todos os Reformadores, de quase todos os Puritanos... Naturalmente, replicar-me-ão que ninguém é infalível, que os Reformadores, os Puritanos... podem ter estado inteiramente equivocados, e que os Romanistas, Socínios e Arminianos podem estar inteiramente com a razão! Sem dúvida, nosso Senhor ensinou que a ninguém chamemos mestre. Porém, se não peço que alguém chame de “mestres” aos Reformadores e aos “Puritanos”, pelo que as pessoas leiam o que eles disseram sobre o assunto e que respondam aos argumentos deles, se puderem. Isso até hoje não foi feito! Dizer, como alguns dizem, que eles não querem “dogmas” e “doutrinas” de origem humana não serve de réplica. A questão inteira em jogo é esta: “Qual é o sentido das Escrituras? Qual é o verdadeiro sentido de suas palavras?” Seja como for, lembremo-nos de que há um fato importantíssimo que não podemos negligenciar. De um lado avultam as opiniões e interpretações dos Reformadores e Puritanos, e do outro as opiniões e interpretações dos Romanistas, Socínios e Armininanos. Que isso seja claramente compreendido pelos leitores. (Santidade , por J.C. Ryle, página xiii)

Nós adicionamos às palavras de Ryle: creia e pregue o livre-arbítrio se você tiver coragem, mas seja honesto ao menos para admitir que você não é nem mesmo um primo de décimo grau dos Reformadores. Diga às pessoas que você teria sido forçado a opor-se contra Knox, Spurgeon, Edwards e Whitefield sobre as Doutrinas da Graça se tivesse vivido em seus dias.

Antes de concluir, apontarei alguns problemas atuais que devem seu nascimento, nutrição e presente crescimento à doutrina Arminiana do livre-arbítrio. Eu não estou insinuando que todo aquele que crê no livre-arbítrio é culpado destas práticas específicas. Estou dizendo que cada uma dessas práticas é um resultado direto e lógico da crença e pregação do livre-arbítrio num período de tempo.

Primeiro: coloca a pessoa errada em julgamento

Cristo é descrito como estando em julgamento diante do homem. O grande amor de Deus foi entregar Seu filho em nossas mãos e nós devemos “fazer algo com Jesus”. Ora, isto contradiz dois importantes fatos Bíblicos sobre os quais o verdadeiro evangelho está edificado. Primeiro, todos os homens já fizeram algo com Jesus, e este foi o maior de todos os crimes que já cometemos. Segundo, Deus já fez algo com Jesus, e o que Deus fez é nossa única esperança de salvação.

É verdade que Deus colocou Seu Filho dentro do alcance das mãos humanas, mas quando Ele o fez, todos nós mostramos o ódio de nossos corações e gritamos, “Fora com este! Crucifica-O!” E além do mais, Romanos 8:7,8 nos ensina que se a oportunidade fosse dada a nós novamente, ainda O desprezaríamos e declararíamos “Não queremos que este homem reine sobre nós”. Lucas 19:17 registra o que decidimos fazer com Jesus.

Ora, Deus o Pai também fez algo com Seu Filho. Ele O ressuscitou dos mortos e Lhe deu todo poder, ou autoridade, sobre toda carne. Este “todo poder” (Mateus 28:18; Romanos 1:4) é a autoridade total sobre cada indivíduo em particular. Somente Cristo tem a autoridade para julgar todos os homens (Atos 17:31). Ele também recebeu poder para salvar alguns homens (João 17:2). Neste exato momento Jesus Cristo é o Senhor de cada homem. A despeito da cor ou credo, todos os homens, sem uma única exceção, estão em Suas mãos para serem condenados ou salvos. Somente Cristo tem o poder para salvar ou condenar alguém, e Ele deve fazer um ou outro com cada indivíduo em particular. A questão não é o que você fará com Jesus, mas antes, o que Jesus, que foi declarado ser o Senhor, fará com você? Leia Atos 2:32-36 e responda para si mesmo o que os “portantos” significam. Pedro está declarando que a maravilhosa exibição de poder em Pentecostes não foi devido a influência de vinho, mas foi uma demonstração do poder do Cristo exaltado sobre toda a carne. Pedro não está tentando fazer com que os pecadores façam algo com Jesus “decidindo-se por Ele”, ele estava relembrando-lhes do que eles já tinham feito – crucificado o Senhor da Glória e Príncipe da Vida. O Apóstolo mais adiante declara o que Deus fez – colocou Jesus sobre um trono eterno com as chaves da vida e da morte e Lhe deu a autoridade exclusiva para usar aquelas chaves para abrir e fechar a porta dos céus para “quem Ele quiser”. Foi este poder, e não o poder do assim chamado livre-arbítrio, que fez os homens clamarem, “Que faremos, homens e irmãos?”

Você vê que a religião do livre-arbítrio faz da fé e do arrependimento uma mostra do poder de escolha do homem, mas as Escrituras fazem deles uma mostra do poder do Cristo exaltado de fazer homens mortos viverem. Para o livre-arbítrio Arminiano, fé e arrependimento são a contribuição do pecador para o plano de salvação. Ele apresenta estes como dons a Deus para mostrar que ele “decidiu aceitar a Cristo”, ou melhor, ele decidiu “dar uma chance a Cristo”. Contudo, a Bíblia deixa claro que a fé e o arrependimento são os dons do Senhor exaltado que Ele adquiriu para Suas ovelhas. Regeneração não é a resposta do Espírito à nossa fé, mas é o chamado eficaz do Pastor que capacita Suas ovelhas a ouvir Sua voz, voltar de seu caminho errante, e abraçar salvificamente a promessa de perdão do evangelho.

Segundo: A pessoa errada recebe o crédito

Quando alguém “aceita” Jesus, esta pessoa é congratulada por sua coragem e determinação em “dar um passo para Cristo”, o evangelista é exaltado por sua pregação poderosa, e as pessoas que deram dinheiro e oraram pela campanha são elogiadas por fazer tudo isto possível. A glória da eleição e a graça da chamada eficaz não são somente não mencionadas; elas são deliberadamente negadas. Os relatórios no próximo dia são: “Nós tivemos vinte e uma decisões noite passada”. Leia as biografias de Bonar, McCheyne, Edwards, Whitfield, Spurgeon, ou qualquer outro gigante do passado e você nunca ouvirá uma linguagem tão desonrante a Deus e exaltadora do homem como esta. Eu desafio você a ler David Brainerd e tentar imaginar este homem piedoso dizendo, “Tive seis decisões noite passada”. A própria ideia é um insulto à memória deste homem piedoso.

Por que todos estes homens de Deus, homens que como mencionei, tiveram uma verdadeira experiência de reavivamento do Espírito Santo sob a pregação deles como nossa geração jamais viu, relatam os relacionamentos de Deus com suas próprias almas e com as almas influenciadas sob o seu ministério de uma maneira totalmente diferente da dos homens de hoje? Eles sabiam que cada conversão era uma amostra da eleição de Deus, da expiação específica do Filho e do chamado eficaz do Espírito Santo. Era apenas natural para eles atribuir a glória e o louvor à origem que causava o efeito. Eles louvavam o Deus Triuno porque Ele era o responsável pelo poder que eles viam manifestado toda vez que uma alma era nascida de novo. Visto que nossa geração é Arminiana, isto é, crê no livre-arbítrio, é naturalmente dado o crédito àqueles que sentem serem os responsáveis pela realização da obra. O pecador, cuja “decisão” mostra tanto seu bom julgamento como o poder de sua vontade para alcançá-lo, deve ser congratulado. Seria tanto cruel como injusto excluir do louvor o evangelista que “ganhou” a pessoa para Cristo por sua persuasão para que ele fizesse a escolha certa, e devemos também mencionar todas as pessoas que “fazem tudo isto possível” com dinheiro e orações.

Terceiro: A verdadeira natureza do pecado e da culpa é negada

Os pecadores são informados que eles são culpados da incredulidade, mas esta incredulidade é descrita como meramente um trágico engano que o homem está fazendo. Este engano consiste na indisposição do pecador para “aceitar” os muitos benefícios maravilhosos que Deus deseja lhe dar. Sua incredulidade é realmente não mais do que um engano tolo que lhe priva de algumas bênçãos. Os homens são tratados como “neutros” com respeito ao caráter de Deus e Seus direitos como nosso Criador nunca são mencionados. Nossa tarefa como testemunhas é meramente persuadir os pecadores à cuidadosamente considerar tudo o que eles estão perdendo por recusar a “aceitar a oferta de Cristo”. Os Apóstolos não viram o pecado em geral, nem o pecado da incredulidade em geral, em tal luz. Aqueles pregadores inspirados consideravam a incredulidade um crime vil contra Deus, Sua lei e Seu reino. Os homens não são inquiridos a modelarem suas mentes e se decidirem por Jesus; eles são ordenados em termos não incertos à mudar suas mentes e cessar com sua rebelião – ou algo parecido! Certamente os Apóstolos falaram da piedade para os pecadores, mas eles também demandavam arrependimento e evidência de que esta era genuína. Novamente eu encorajo você a ler a introdução de Packer ao livro A Morte da Morte para um claro contraste entre a mensagem do “antigo evangelho” como pregada pelos Apóstolos, Reformadores e Puritanos e o “novo evangelho” como pregado pela maioria dos evangélicos e fundamentalistas hoje.

Quarto: Ela diz ao pecador para olhar na direção errada

O erro mais drástico na religião do livre-arbítrio reside no próprio cerne de sua mensagem. No ponto onde o impotente pecador mais necessita da ajuda e do poder de Deus, o pecador é deliberadamente e dogmaticamente apontado para longe de Deus e informado que deve olhar para si mesmo. O Arminianismo fala para os homens que Deus quer, todavia, não pode, fazer algo mais do que Ele já fez. Lei o artigo de C.H. Spurgeon, “Deveríamos Pregar a Depravação Total?”, na página 7, e veja como ele enfatiza a necessidade de “lançar ao pó os pecadores em total desamparo”. O livre-arbítrio informa o pecador que ele não é impotente no início da conversão; de fato este erro ousadamente declara que é somente o poder do pecador que pode fazer esta tarefa neste ponto. Deus espera para que o homem forneça o poder – a força de vontade . O pobre pecador é informado, “Deus fez tudo que Ele poderia fazer, agora é tudo com você”. No lugar de arremessar os pecadores ao pó, isto lhes exalta. No lugar de forçá-los a olhar para Deus em total desamparo para encontrar graça e força, o livre-arbítrio coloca Deus em desamparo e exala o homem como sendo o único com a habilidade para alcançar a vitória!

Agradeça a Deus por Sua salvação não ser uma mera possibilidade baseada sobre um se você quiser... então Deus pode ..., mas ela é baseada sobre uma certeza. Ela é uma certeza absoluta porque Deus ...!

O pecador deve estar disposto para vir a Cristo antes dele poder ser salvo? Certamente ele deve, mas esta não é a questão. É o homem capaz de por si mesmo se dispor para vir? Absolutamente não. O esquema inteiro da graça de Deus falhará por causa da inabilidade e insubordinação do homem? Não, meu amigo, a Bíblia nos assegura que o Deus da graça é também o Deus de poder. “O Teu povo apresentar-se-á voluntariamente no dia do Teu poder...” (Salmos 110:3) é uma promessa segura! Aqueles que creram no evangelho em Atos 13:48 estavam dispostos para serem salvos? Lídia em Atos 16:14 voluntariamente abriu seu coração para Cristo à medida que Paulo pregava para ela? Os homens em Atos capítulo dois queriam buscar misericórdia? A resposta é óbvia, certamente eles estavam dispostos – em todos três casos. A questão real é esta: Quem e o que lhes fez dispostos? Leia cada caso e veja se foi o poder do livre-arbítrio ou o poder da graça soberana. A questão real é esta: “Como pode um pecador morte como uma mente carnal ativamente oposta à Deus e à justiça ser assim mudado para estar disposta e sinceramente desejoso de ser salvo para santidade? Exatamente como Deus realiza este grande e glorioso “mistério” (João 3:8) está além do meu alcance, mas eu sei que Ele assim o faz, e eu também sei que TUDO é obra Sua .

Eu não sei como esta fé salvadora,
À mim Ele impartiu, Nem como crendo em Sua Palavra,
Paz foi forjada dentro do meu coração,
Eu não sei como o Espírito se move,
Convencendo os homens do pecado,
Revelando Jesus através da Palavra,
Criando fé nEle.
Mas eu sei em QUEM eu tenho crido!

***
Fonte: The Highway e/ou Grace Gospel
Tradução: Josemar Bessa

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