Por Samuel Torralbo
Recentemente a palavra ostentação tem ganhado grande destaque nos principais meios de comunicação, principalmente através daquilo que é chamado de funk ostentação. A palavra ostentação significa exibição exagerada, ou seja, é o ato de exibição daquilo que se tem em busca de status ou reconhecimento dentro de determinado grupo. A ostentação não é um atributo apenas de alguns funkeiros, onde procuram cantar e exibir carrões, roupas de marca, relógios de ouro, etc., mas existe em vários lugares e se manifesta de diversas formas (no meio político, intelectual, entre ricos e pobres).
Porém, é vexatório, aterrorizante e lamentável detectar uma espécie de “evangelho da ostentação” crescendo também no Brasil. Os modus operandis são os mesmos de outras manifestações do espírito da ostentação. Nos bailes funk o conteúdo das músicas fazem sempre apologia a belos carros, lugares glamorosos, roupas e relógios de marcas luxuosas, enquanto isso, os funkeiros exibem tudo aquilo que cantam para que seus seguidores continuem dando crédito a eles. O show dura aproximadamente meia hora e o valor varia entre cinco a oitenta mil reais, ou seja, no palco encontra-se um artista lucrando para ostentar, falar e cantar sobre tudo aquilo que as pessoas desejam possuir, e na plateia normalmente estão aqueles que pagam para ouvir aquilo que desejam ter, mas que de fato não têm nem mesmo o dinheiro da passagem de ônibus de volta para a casa. E depois dizem que os desequilibrados mentais são apenas aqueles que estão internados em hospitais psiquiátricos.
Pior do que isso é observar o mesmo espírito crescendo dentro do contexto cristão evangélico, onde a cada dia aumenta-se o número de pregadores que pregam um evangelho da ostentação, ao mesmo tempo em que cresce um grupo de pessoas que acreditam que Evangelho de Cristo Jesus é ter coisas para poder exibir a outros.
Basta ligar o rádio ou a televisão para encontrar esses pseudos-pastores com os seus relógios (em grande parte apenas replicas) de marcas, roupas de grife, falando de carrões, mansões, dinheiro, e toda espécie de riqueza material, prometendo o que o evangelho jamais prometeu, e profetizando aquilo que Deus jamais mandou profetizar.
O lado ridículo e lamentável desse quadro fatídico é o povo que acredita, ou melhor, decide acreditar em fábulas e historinhas como de Alice no país das maravilhas, estando sempre hipnotizados pelo engano, tornando-se os próprios mantenedores desse processo diabólico, que procura apenas manter a luxuria e as idiossincrasias de lobos vestidos de ovelhas.
O resultado disso é o crescimento do engano, ao mesmo tempo em que cresce a ignorância e a alienação de um povo que declara Deus com seus lábios, mas que O negam em suas escolhas egoístas e carnais.
O Evangelho da Cruz não coaduna com o evangelho da ostentação humana, o Evangelho do Servo sofredor não coabita com a avareza transvestida de espiritualidade pagã, o Evangelho do Cordeiro imolado não compactua com o evangelho de homens amantes de si mesmo.
De modo que, de fato os dias hodiernos são tenebrosos, onde os homens buscam a glória da ostentação material, enquanto que, a glória para o maior missionário da historia da Igreja (o apóstolo Paulo) era o significado da cruz de Cristo -" Mas longe de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo”. (Gálatas 6.14).
Tem alguma coisa muito dissimulada, sutil, diabólica, mortal, e engenhosamente arquitetada para o mal acontecendo dentro dos muros do contexto igreja. Num tempo onde sobram meninos e faltam homens, numa geração de cegos guiando cegos, e loucos governando enlouquecidos, que Deus na sua grandiosa misericórdia e bondade ajude os eleitos a permanecerem com a consciência e a esperança somente no Evangelho da cruz de Cristo Jesus.
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Samuel Torralbo é colaborador do Púlpito Cristão.
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