Hoje, quando falamos sobre jejum nós temos dois lados. O primeiro é a ausência, ou seja, pessoas que nunca jejuaram e nem se preocupam com isso. O outro, pessoas que jejuam constantemente, mas não sabem como fazer e o porquê fazer. Os dois estão errados. Jesus diz que devemos sim fazer jejum, mas também diz que existe o jeito correto e o jeito errado de se fazer jejum.
Primeiramente entendamos o que é jejum. A Bíblia apresenta que jejum está relacionado em buscar ao Senhor. Josafá, por exemplo, apregoou jejum em todo Judá para buscar ao Senhor (2º Cr 20.3). Neste texto fica claro que a forma que eles escolheram para buscar ao Senhor foi o jejum. Jesus, ao iniciar seu ministério foi ao deserto para ser tentado e lá jejuou por 40 dias (Mt 4.1-11). Qual teria sido o propósito de Jesus jejuar, senão, ter um maior relacionamento com o Pai (algo que fez durante todo o seu ministério) e permanecer firme diante da tentação de Satanás? O mesmo tempo, Jesus afirma que o jejum deve ser apenas para receber a recompensa do Pai e não dos homens (Mt 6.16-21).
O outro lado do jejum é a questão da tristeza. Não é difícil de entender isso se você já passou por profunda tristeza. Parece que a comida realmente não quer descer pela garganta. Dario ficou em jejum pela preocupação com Daniel (Dn 6.18). Mas, o jejum do cristão não é causado por uma tristeza qualquer, e sim pelo desejo ardente de estar ao lado do seu Senhor. Foi esta a explicação que Jesus dá aos que o questionam em Mateus 9.14-17. A resposta de Jesus é que só faz sentido jejuar se houver tristeza, que por enquanto não era o caso dos discípulos. Isso porque para o cristão existe um alimento melhor que ele deve buscar e esse vem apenas do Pai (Is 55.1,2). Esse era o alimento de Cristo durante o seu ministério: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4.34). Nesse sentido é que Piper explica que o jejum deve ser constituído em nossas vidas como uma maneira de buscarmos “a plenitude de Deus”.[1]
Portanto, desde já, fica claro que jejum é para se obter uma maior comunhão com o Senhor e não favores terrenos. Infelizmente temos crentes tentando barganhar com o Senhor para obter “bênçãos materiais” e se esquecem do bem maior! Por isso que o jejum deve vir sempre acompanhado de oração.
É verdade também, que se buscarmos ao Senhor em primeiro lugar, as coisas que andamos ansiosos (e.g comer, beber e vestir - Mateus 6.25), ela nos serão acrescentadas pelo o Pai (Mateus 6.33). Mas, é muito diferente buscar ao Senhor PARA que essas coisas nos seja acrescentadas, pois isso não é colocar o Senhor em primeiro lugar.
É interessante observar que o jejum é citado muitas vezes em contexto de arrependimento diante do pecado. Embora esse ponto seja um extenso, é interessante fazer uma pequena menção aqui. Foi por causa do pecado que a cidade inteira de Nínive jejuou. O mesmo acontece no livro de Joel. Por causa do pecado, a ordem foi dada a todo o povo jejuar (Jl 1.14; 2.15). Outro caso interessante é a maneira que o povo confessou seus pecados em Neemias 9.1,2 logo após o jejum.
Não é difícil entendermos a relação entre confissão de pecado e o jejum. Afinal o pecado é o que nos afasta do Senhor. Por isso, a tristeza pelo pecado e o afastamento do Senhor nos leva ao arrependimento e a buscar mais a Deus. Aqueles que se entristecem e se humilham pelo pecado, Jesus promete que serão consolados e deles é o reino do céu (Mt 5.3,4).
Jejum, portanto, não é um auto-sacrifício. Deixar de comer isso ou aquilo não é fazer jejum para uma maior comunhão com o Senhor. Não estou dizendo que sou contra deixar de tomar coca-cola, café, comer chocolate, etc. De certa forma, isso é bom, pois esses alimentos, apesar de agradar o paladar, fazem mal ao corpo que Deus nos deu. Isso é louvável, mas isso não é o jejum que a Bíblia nos ensina.
Quero encerrar com uma observação. Jejum não é apenas “ficar sem comer”. Muitas vezes mistificamos o jejum, como se apenas ficar sem comer já aumentasse nossa comunhão com Deus. Será? Será que ficar sem comer e ficar na frente da televisão aumenta nossa comunhão com Deus? Por que Jesus vai para o deserto para jejuar? Por que Jesus trata de jejum no contexto de oração em Mateus 6? Jejum sem leitura bíblica e oração serve apenas para exames médicos e nada mais.
Jejum é quando buscamos ao Senhor e nos alimentamos espiritualmente dEle. É quando estamos tão famintos desse alimento espiritual que é fruto de uma comunhão maior com o Senhor que não queremos comer ou fazer outra coisa. Nosso desejo é só o Senhor e nada mais. É o desejo de estar cada dia mais ao lado do nosso Deus. É dizer: Maranata, vem Senhor Jesus!
Nota:
[1] PIPER, John. Jejuando pela recompensa do Pai.
- Sobre o autor: Felipe Camargo é Pastor da Igreja Presbiteriana do Estoril no Riacho Grande São Bernardo do Campo em SP. Formado no Seminário JMC e cursando mestrado em Divindade(M.Div)
Divulgação: Bereianos
Primeiramente entendamos o que é jejum. A Bíblia apresenta que jejum está relacionado em buscar ao Senhor. Josafá, por exemplo, apregoou jejum em todo Judá para buscar ao Senhor (2º Cr 20.3). Neste texto fica claro que a forma que eles escolheram para buscar ao Senhor foi o jejum. Jesus, ao iniciar seu ministério foi ao deserto para ser tentado e lá jejuou por 40 dias (Mt 4.1-11). Qual teria sido o propósito de Jesus jejuar, senão, ter um maior relacionamento com o Pai (algo que fez durante todo o seu ministério) e permanecer firme diante da tentação de Satanás? O mesmo tempo, Jesus afirma que o jejum deve ser apenas para receber a recompensa do Pai e não dos homens (Mt 6.16-21).
O outro lado do jejum é a questão da tristeza. Não é difícil de entender isso se você já passou por profunda tristeza. Parece que a comida realmente não quer descer pela garganta. Dario ficou em jejum pela preocupação com Daniel (Dn 6.18). Mas, o jejum do cristão não é causado por uma tristeza qualquer, e sim pelo desejo ardente de estar ao lado do seu Senhor. Foi esta a explicação que Jesus dá aos que o questionam em Mateus 9.14-17. A resposta de Jesus é que só faz sentido jejuar se houver tristeza, que por enquanto não era o caso dos discípulos. Isso porque para o cristão existe um alimento melhor que ele deve buscar e esse vem apenas do Pai (Is 55.1,2). Esse era o alimento de Cristo durante o seu ministério: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4.34). Nesse sentido é que Piper explica que o jejum deve ser constituído em nossas vidas como uma maneira de buscarmos “a plenitude de Deus”.[1]
Portanto, desde já, fica claro que jejum é para se obter uma maior comunhão com o Senhor e não favores terrenos. Infelizmente temos crentes tentando barganhar com o Senhor para obter “bênçãos materiais” e se esquecem do bem maior! Por isso que o jejum deve vir sempre acompanhado de oração.
É verdade também, que se buscarmos ao Senhor em primeiro lugar, as coisas que andamos ansiosos (e.g comer, beber e vestir - Mateus 6.25), ela nos serão acrescentadas pelo o Pai (Mateus 6.33). Mas, é muito diferente buscar ao Senhor PARA que essas coisas nos seja acrescentadas, pois isso não é colocar o Senhor em primeiro lugar.
É interessante observar que o jejum é citado muitas vezes em contexto de arrependimento diante do pecado. Embora esse ponto seja um extenso, é interessante fazer uma pequena menção aqui. Foi por causa do pecado que a cidade inteira de Nínive jejuou. O mesmo acontece no livro de Joel. Por causa do pecado, a ordem foi dada a todo o povo jejuar (Jl 1.14; 2.15). Outro caso interessante é a maneira que o povo confessou seus pecados em Neemias 9.1,2 logo após o jejum.
Não é difícil entendermos a relação entre confissão de pecado e o jejum. Afinal o pecado é o que nos afasta do Senhor. Por isso, a tristeza pelo pecado e o afastamento do Senhor nos leva ao arrependimento e a buscar mais a Deus. Aqueles que se entristecem e se humilham pelo pecado, Jesus promete que serão consolados e deles é o reino do céu (Mt 5.3,4).
Jejum, portanto, não é um auto-sacrifício. Deixar de comer isso ou aquilo não é fazer jejum para uma maior comunhão com o Senhor. Não estou dizendo que sou contra deixar de tomar coca-cola, café, comer chocolate, etc. De certa forma, isso é bom, pois esses alimentos, apesar de agradar o paladar, fazem mal ao corpo que Deus nos deu. Isso é louvável, mas isso não é o jejum que a Bíblia nos ensina.
Quero encerrar com uma observação. Jejum não é apenas “ficar sem comer”. Muitas vezes mistificamos o jejum, como se apenas ficar sem comer já aumentasse nossa comunhão com Deus. Será? Será que ficar sem comer e ficar na frente da televisão aumenta nossa comunhão com Deus? Por que Jesus vai para o deserto para jejuar? Por que Jesus trata de jejum no contexto de oração em Mateus 6? Jejum sem leitura bíblica e oração serve apenas para exames médicos e nada mais.
Jejum é quando buscamos ao Senhor e nos alimentamos espiritualmente dEle. É quando estamos tão famintos desse alimento espiritual que é fruto de uma comunhão maior com o Senhor que não queremos comer ou fazer outra coisa. Nosso desejo é só o Senhor e nada mais. É o desejo de estar cada dia mais ao lado do nosso Deus. É dizer: Maranata, vem Senhor Jesus!
Nota:
[1] PIPER, John. Jejuando pela recompensa do Pai.
- Sobre o autor: Felipe Camargo é Pastor da Igreja Presbiteriana do Estoril no Riacho Grande São Bernardo do Campo em SP. Formado no Seminário JMC e cursando mestrado em Divindade(M.Div)
Divulgação: Bereianos
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