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Por A. W. Pink
“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada”. (Romanos 8:18)
Ah,
alguém diz, que essa passagem deve ter sido escrita por um homem que não
conhecia o sofrimento, ou por alguém familiarizado com nada mais do que
as leves irritações da vida. Não é isso. Estas palavras foram escritas
sob a direção do Espírito Santo, e por alguém que bebeu profundamente do
cálice do sofrimento, sim, por alguém que sofreu aflições em suas
formas mais intensas. Veja o seu próprio testemunho: "Recebi dos judeus
cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com
varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e
um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios,
em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos
gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no
mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em
vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e
nudez"(2 Coríntios 11:24-27). “Porque para mim tenho por certo que as
aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em
nós há de ser revelada”.
Esta,
então foi a firme convicção, não de alguém "favorito da sorte", não de
alguém que encontrou na jornada da vida um caminho atapetado, rodeado
com rosas, mas, ao contrário, de alguém que foi odiado por seus
parentes, que foi muitas vezes espancado, que sabia o que era ser
privado não só do conforto, mas também das necessidades básicas da vida.
Como, então explicar o seu alegre otimismo? Qual foi o segredo da sua
dignidade sobre seus problemas e provações?
A
primeira coisa com a qual o apóstolo penosamente provado consolou-se era
que os sofrimentos do cristão são de curta duração - que estão
limitados ao "tempo presente". Isto está em nítido e em solene contraste
com sofrimentos dos que rejeitam a Cristo. Seus sofrimentos serão
eternos: para sempre atormentados no Lago de Fogo. Mas muito diferente é
para o crente. Seus sofrimentos são restritos a esta vida na Terra, que
é comparado a uma flor que sai e é cortada, a uma sombra que foge e não
permanece. Uns poucos anos no máximo, e vamos passar deste vale de
lágrimas para aquele país abençoado, onde lamentos e choros nunca mais
serão ouvidos.
Em
segundo lugar, o apóstolo olhou além, com os olhos da fé para "a
glória". Para Paulo "a glória" era algo mais do que um sonho lindo. Era
uma realidade prática, exercendo uma poderosa influência sobre ele,
consolando-o nas horas mais críticas e difíceis da adversidade. Este é
um dos verdadeiros testes da fé. O cristão tem um sólido suporte na hora
da aflição, quando o incrédulo não tem. O filho de Deus sabe que na
presença do Pai "háfartura de alegrias", e que à sua mão direita "há
delícias perpetuamente". E a fé se apodera deles, apropria-se deles, e
vive na alegria reconfortante deles até agora. Assim como Israel no
deserto foi encorajado por uma visão do que os esperava na terra
prometida (Nm 13:23,26), assim, aquele que hoje caminha pela fé, e não
por vista, contempla o que os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, mas o
que Deus pelo Seu Espírito Santo tem revelado a nós (1 Cor. 2:9,10).
Em
terceiro lugar, o apóstolo se regozijou "com a glória que em nós há de
ser revelada". Tudo isso significa que ainda não somos capazes de ter
uma compreensão plena dessas coisas. Mas mais do que uma dica foi
concedida a nós. Haverá:
(a) A
"glória" de um corpo perfeito. Naquele dia esta corrupção se revestirá
da incorruptibilidade, e isto que é mortal, da imortalidade. O que foi
semeado em ignomínia será ressuscitado em glória, e o que foi semeado em
fraqueza será ressuscitado em vigor. Assim como trouxemos a imagem do
terreno, devemos trazer também a imagem do celestial (1 Coríntios.
15:49). O conteúdo dessas expressões é resumido e amplificado em
Filipenses 3:20,21: "Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também
esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Que transformará o nosso
corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu
eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”.
(b)
Haverá a glória de uma mente transformada. "Porque agora vemos por
espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em
parte, mas então conhecerei como também sou conhecido" (1 Cor 13:12).
Oh, que envolvimento de luz intelectual com que cada mente será
glorificada! Que faixa de luz vai envolvê-la! Que capacidade de
entendimento vai deleitá-la! Então todos os mistérios serão desvendados,
todos os problemas resolvidos, todas as discrepâncias reconciliadas.
Então cada verdade da revelação de Deus, cada evento de Sua providência,
cada decisão de seu governo, ficará ainda mais transparentemente clara e
resplandecente como o próprio sol. Você, em sua busca presente pelo
conhecimento espiritual, lamenta a escuridão da sua mente, a fraqueza de
sua memória, as limitações de suas faculdades intelectuais? Então nos
regozijemos na esperança da glória que está para ser revelada em você -
quando todos os seus poderes intelectuais serão renovados,
desenvolvidos, aperfeiçoados, de modo que você conhecerá como você é
conhecido.
(c)
Melhor de tudo, haverá a glória da santidade perfeita. A obra da graça
de Deus em nós, então, será completada. Ele prometeu que aperfeiçoará "o
que me toca" (Salmo 138:8). Então será a consumação de pureza. Fomos
predestinados para sermos "conformes à imagem de Seu Filho" (Rm 8:29), e
quando O veremos "seremos semelhantes a ele" (1 João 3:2). Então,
nossas mentes não serão mais contaminadas por imaginações do mal, nossas
consciências não serão mais manchadas por um sentimento de culpa,
nossas afeições não serão mais enganadas por objetos indignos. Que
perspectiva maravilhosa é esta! A "glória" que será revelada em mim
agora dificilmente pode refletir um raio solitário de luz! Em mim - tão
desobediente, tão indigno, tão pecador, vivendo tão pouco em comunhão
com Aquele que é o Pai das luzes! Pode ser que em mim esta glória seja
revelada? Assim afirma a infalível Palavra de Deus. Se eu sou um filho
da luz por estar "nele", que é o resplendor da glória do Pai, mesmo que
agora habite em meio a tons escuros do mundo, um dia irei ofuscar o
brilho do firmamento. E quando o Senhor Jesus retornar a esta terra ele
deve ser "admirável naquele dia em todos os que creem" (II Tes. 1:10).
Finalmente,
o apóstolo aqui pesa o "sofrimento" do tempo presente em oposição a
"glória", que deverá ser revelada em nós, e como ele declarou que uma
"não é digna de ser comparada" com a outra. Uma é transitória, outra é
eterna. Como, então, não há proporção entre o finito e o infinito, não
há comparação entre os sofrimentos da terra e a glória do céu. Um
segundo de glória superarão uma vida de sofrimento. O que são os anos de
labuta, de doença, de lutar com a pobreza, de tristeza em qualquer
forma, quando comparados com a glória da terra de Emanuel! Beber do rio
da vida na mão direita de Deus, uma respiração no paraíso, um instante
em meio ao sangue lavado ao redor do trono, será mais do que compensador
do que todas as lágrimas e gemidos da terra. “Porque para mim tenho
por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com
a glória que em nós há de ser revelada”.
Que o
Espírito Santo permita que tanto o escritor quanto o leitor se agarrem a
isso e apropriem-se com fé e vida na posse presente e gozo disso para o
louvor da glória da graça divina.
Da
obra "Comfort for Christians" de A.W. Pink – Consolo nas Aflições,
sofrimentos compensados, capítulo 3 - Traduzido por Edimilson de Deus
Teixeira – Li em: Discernimento Bíblico.
Fonte: Reformando-me
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