Chegando aos 100 anos de idade, Alice
Green ainda vive na ilha que ela mesma evangelizou e é vista por todos os
moradores como uma mulher trabalhadora e temente a Deus.
Alice Green aos 100 anos (esquerda) e à direita, ainda atuando como
missionária em Savoonga. (Imagem: Arquivo pessoal)
A missionária Alice Green ainda se lembra do
dia em que chegou a Savoonga (Alasca). O navio 'North Star' visitou a aldeia na
Ilha St. Lawrence depois de uma longa ausência durante a Segunda Guerra
Mundial.
A aldeia permanece uma das mais
remotas do Alasca. Naqueles dias, as correspondências chegavam de trenó puxados
por cães de Gambell no inverno e um navio com suprimentos chegava duas vezes
por verão.
Green chegou à ilha em um avião
militar anfíbio para trabalhar como missionário presbiteriana, depois de uma
viagem de um mês.
Green, que completará 100 anos no mês
que vem, hoje vive no 'Anchorage Pioneer Home', mas ela se lembra de todo o seu
passado em detalhes. E ela deve se lembrar tão bem, porque acabou amando o
lugar e a população.
Green cresceu em Denver (EUA),
ouvindo histórias sobre o Alasca, contadas por suas duas tias que haviam
trabalhado na Faculdade Sheldon Jackson, em Sitka, no ano de 1914. Ainda
criança, Alice já tinha o desejo de ir para o Alasca.
Embora sua família não pudesse pagar
sua faculdade, um amigo pagou sua inscrição no seminário para ser treinada como
uma missionária da Igreja presbiteriana. Naquela época, uma mulher não podia
ser uma pastora, mas poderia ser missionária. (Quando as regras mudaram na
denominação norte-americana, Green se tornou a primeira mulher presbiteriana
ordenada no Alasca, em 1972).
A guerra ainda estava em vigor quando
Green chegou a Savoonga. Seu alojamento tinha de 4 a 5 metros quadrados. Não
havia igreja na ilha, então ela realizava os cultos no sótão da escola e nas
casas.
Ela se lembra do dia em que a guerra
terminou. Os homens da Guarda Territorial do Alasca - bem disciplinados - foram
até a escola e dispararam suas armas para o alto em um gesto de comemoração.
Então a vila compartilhou bolinhos de maçã entre soldados e moradores para
celebrar o tempo de paz.
Um incêndio acabou destruindo a
escola no ano seguinte e como um dos principais locais de culto não existia
mais, Green acabou liderando a construção da primeira igreja da ilha, com a
ajuda de voluntários. O templo ainda está sendo usado 70 anos depois.
Alice Green pregou em funerais, deu
aulas para crianças, viajou de trenó e barco para evangelizar as aldeias
daquela região. A igreja estava cheia todos os domingos, porque praticamente
todos os moradores da vila (cerca de 250 pessoas) acabaram sendo evangelizados
e se convertendo.
A palavra "missionário"
tornou-se negativa para muitos nativos do Alasca, que foram criados ouvindo
histórias de idosos da vila sobre as conversões forçadas. Mas uma moradora
chamada Jenny Alowa disse que Green era diferente e mudou a mentalidade daquele
povoado sobre os missionários. Ela sempre cuidou que os cultos fossem
traduzidos para o Yupik siberiano (dialeto local), com o objetivo de preservar
a cultura daquela vila.
"Nós a moldamos e ela nos
moldou. Ambos os caminhos. Ela era parte de nós. Não havia discriminação cores,
raças. Porque seu coração estava no lugar certo. Ela não era aquele tipo de
missionários típicos dos quais ouvíamos falar. Ela nos ensinou sobre Deus, o
Espírito Santo e sobre Jesus, que é amoroso e compreensivo", disse Alowa.
Certa vez, um pai chegou a Green um
dia para pedir-lhe para falar com a filha, que se recusava a aceitar casamento
arranjado com um menino da aldeia. Green sentou-se com a garota em particular
para conversar com ela.
Na aldeia, era comum que uma dúzia de
membros da família extensa vivesse em uma pequena casa, como era a de Green. A
menina disse que não conseguiria viver com a mãe do noivo. Além disso, ela
estava apaixonada por outro garoto, que vivia em Gambell.
Green explicou a situação ao pai da
menina. Poucas semanas depois, ele desistiu de forçar sua filha ao casamento
arranjado e já estava fazendo contato com a família do garoto de Gambell.
Angela Larson, cujos pais adotaram
Green em sua família, disse que ela era uma mulher forte e trabalhadora, que
nunca se queixou, apesar de compartilhar as dificuldades dos aldeões.
Ambos estão envelhecendo agora, mas
Larson ainda liga para Green, informando a ela quando ela está viajando e
quando ela está em casa com segurança.
Green ficou em Savoonga até 1955,
trabalhou como capelã no Centro Médico Nativo do Alasca, em Anchorage até 1970,
depois retornou a Savoonga e trabalhou novamente como missionária até 1982,
quando ela teve que se aposentar oficialmente.
Ela também serviu congregações
presbiterianas nativas coreanas e do Alasca em Anchorage. Mesmo estando
aposentada Green continuou ministrando estudos bíblicos e só parou há dois
anos, quando começou a ter problemas de vista.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO ALASKA DISPATCH NEWS
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