sábado, 10 de agosto de 2013

Sobre jugos desiguais

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Por Milton Jr. 

Jugo, ou cangalha, como se diz aqui no Espírito Santo, é o nome dado àquela peça de madeira que é colocada sobre dois animais para que possam puxar a carroça, o arado, etc.

Quando se colocam animais para puxar uma carga, deve-se ter o cuidado para que não sejam de tamanho ou força “desigual” a fim de que um deles não fique sobrecarregado, ou seja, para que não seja um “jugo desigual”.

A Bíblia fala sobre jugos desiguais e é bastante clara ao afirmar que os crentes não devem se prender a jugo desigual com os incrédulos. Na segunda epístola aos Coríntios Paulo escreveu: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo?” (2Co 6.14-15).

O ensino diz respeito a qualquer associação entre um crente e um incrédulo, apesar de ser mais comumente usado para se referir ao chamado “casamento misto”.

A razão para essa ordenança, creio ser bem simples de se compreender. Tendo princípios e motivações diferentes, sempre haverá uma carga mais pesada para uma parte que para a outra e, geralmente, pesando para o lado do crente. Ouvi certa vez, de alguém que não via problemas no casamento misto, que a ordem de Paulo se referia apenas a sociedades civis, mas pense na implicação dessa posição: você pode casar com um incrédulo e dividir com ele a grande responsabilidade de educar os filhos, mas não pode abrir um negócio com o cônjuge. Isso chega a soar de forma ridícula.

Um cristão comprometido com o Senhor deve ponderar muito bem sobre essa questão, pois as dificuldades certamente virão e, ainda que fosse possível garantir que elas não fossem surgir, a desobediência continua existindo. Eu sei que existem, e conheço alguns, casamentos assim, em que os cônjuges vivem bem e outros em que a parte incrédula acabou se convertendo, mas isso é pura graça e misericórdia do Senhor, e constituem-se exceções. A regra continua sendo o ensino de Paulo, que simplesmente ecoa o que outras passagens das Escrituras ensinam (Gn 6.1-3; Ex 34.12-17; Ne 13.23-27; 1Co 7.39).

São várias as razões que levam um crente a buscar relacionamento com um incrédulo e por trás de todas elas, indubitavelmente, está a vontade de satisfazer os próprios sentimentos em vez de obedecer ao Senhor e esperar nele. Por vezes, a ansiedade de conseguir um cônjuge torna-se um peso tão grande que a paciência em “esperar” alguém com a mesma fé dá lugar ao afoito desejo de fazer as coisas do seu próprio jeito e, assim, estabelece-se o jugo desigual, tão claramente desautorizado pela Palavra.

Mas, se por um lado a Escritura proíbe o jugo desigual com os incrédulos, por outro lado, ela nos ordena entrar numa relação que também é de jugo desigual, porém com o Senhor Jesus. Foi ele mesmo quem disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30).

No relacionamento com Cristo Jesus ele assume todo o peso, em nosso favor.

A Bíblia nos mostra que, além do peso do pecado, o homem tem sobre si outro grande fardo, pois para que ele seja salvo Deus requer dele o cumprimento da Lei. O problema é que, por ser pecador, o homem não tem condições de guardá-la de forma plena e tem sobre si o peso da condenação do Senhor.

Jesus guardou a Lei de forma perfeita, tomou sobre ele os nossos pecados e recebeu sobre si o peso da nossa condenação. Descrevendo o sofrimento do Servo do Senhor, Isaías afirmou que “certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si [...] ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.4-5).

O apóstolo Pedro, citando o texto de Isaías, nos ensina como deve ser a nossa vida, após sermos aliviados pelo Senhor, do peso da condenação: “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas fostes sarados”(1Pe 2.24).

Por carregar o peso por nós, Jesus pode então ordenar e afirmar: “Tomai sobre vós o meu jugo [...] porque o meu jugo é suave.” Sem o peso da condenação o crente pode cumprir os mandamentos, não para auto-justificação, mas para honrar aquele que o justificou, entendendo que “os seus mandamentos não são penosos” (1Jo 5.3).

O cristão pode ainda lançar todo o peso causado pelas ansiedades (incluindo a busca pelo cônjuge) sobre aquele que o carrega por nós, como exortou Pedro:“Lançando sobre ele a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe 5.7).

Não insista em buscar um jugo que o Senhor afirma ser sobremodo pesado, antes, tome sobre você o jugo suave daquele que suporta o peso por nós, honrando-o em todo tempo no cumprimento dos seus mandamentos.

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