segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O “voto do cajado” e o presente grego



Deu no 
O Estado de São Paulo e no O Estado de Minas deste fim de semana. Mas já havíamos publicado aqui no dia 30 de agosto. A campanhapromovida pela Rede FALE “Igreja não é curral” que pretende levantar a discussão sobre o chamado “voto do cajado” vem ganhando espaço na mídia secular, em especial na internet. As páginas que divulgam a iniciativa já receberam milhares de visualizações.
O problema da manipulação política no meio evangélico, infelizmente, não é recente. Ultimato já vem falando sobre isso há anos. Em setembro de 2000, por exemplo, nosso colunista, o sociólogo Paul Freston dizia no artigo A campanha eleitoral: raiz de todos os males:
“O privilegiamento institucional será um presente de grego para as igrejas, criando dependências, incentivando hipócritas, amarrando a boca profética. O candidato precisa educar os ingênuos e frear os sedentos de poder e de benesses”.
Freston escreveu um livro só sobre a relação entre a Igreja e Estado, no qual ele discute, entre outras coisas, a ética política no meio evangélico:
“Se alguém me pergunta se confio em algum político evangélico, respondo que não. Aliás, biblicamente, não devemos confiar nos príncipes, mesmo que sejam evangélicos e tenhamos ajudado a colocá-los no poder. É por termos um ensino superficial do pecado que nos damos mal politicamente e criamos ídolos”.
Em 2008, o (já falecido) bispo Robinson Cavalcanti, autor do clássico Cristianismo e Política, também criticava veementemente a duvidosa compreensão do evangélico sobre o assunto no artigo A Participação dos Evangélicos na Política Brasileira: 
“Para o evangélico médio, política é sinônimo de partidos e eleições. Daí o “avivamento” cíclico da profusão de candidaturas, desde as “oficiais” às resultantes de “profecias”, de níveis aquém do desejado e de resultados eleitorais cada vez mais escassos. Se o crente comum não recebe ensino sobre como fazer diferença na vida em sociedade, aqueles que ocupam posições nos poderes do Estado são, em geral, carentes de uma proposta diferenciadora ou de uma ética superior”.
O que se vê hoje parece algo ainda mais estranho, porque a manipulação religiosa já superou a lógica “irmão vota em irmão”. Agora é “irmão vota em quem o pastor indicar, seja o candidato evangélico ou não”. 
A campanha da Rede FALE também inclui a realização de eventos e debates em várias cidades do Brasil. Clique aqui e saiba mais.

Equipe Editorial Web

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