por Jarbas Aragão
Existe uma disputa histórica sobre o descobrimento da Austrália. Uma das teorias mais conhecidas é que o navegador português Pedro Fernandez de Queirós chegou até ali em 1606, batizando a enorme ilha de “Austrialia do Espirito Santo”. Somente em 1768, o capitão James Cook aportaria no local, decretando-a propriedade da coroa da Inglaterra.
Desde o final dos anos 1990, uma igreja que começou na periferia de Sydney, passou a influenciar o louvor em todo o mundo. Dentro de poucos anos, o nome Hillsong passou a ser conhecido no meio evangélico. Diferentes versões de suas músicas foram gravadas em várias línguas. No Brasil, ganhou muita popularidade graças as canções adaptadas pelo ministério Diante do Trono.
Cassandra Langton, diretora do ministério criativo da Hillsong, afirma que, toda semana, mais de 45 milhões de pessoas cantam canções escritas pela Hillsong em inglês. Impossível contabilizar quantas seriam em todas as línguas. Além disso, mensamente chegam pedidos de autorização e de licenciamento do material produzido por eles.
Na comemoração de seus 30 anos, a Hillsong Church contempla um alcance global, não apenas dos diferentes grupos musicais nascidos desse ministério. Hoje, além de ser a maior igreja da Austrália, a Hillsong é uma denominação, com igrejas espalhadas por cidades importantes em países como Estados Unidos, Inglaterra, França, Suécia, Holanda, Espanha, Ucrânia e África do Sul.
Além disso, possui uma forte influência na formação da teologia pentecostal, lembrando as origens de seu nome de “terra do Espírito Santo”. Oriundos de uma divisão na Assembleia de Deus da Austrália e mantendo a linha pentecostal, ela já foi chamada por teólogos de “sensação global”. Quando seus fundadores, Brian e Bobbie Houston, começaram a reunir cerca de 70 pessoas em uma escola, certamente não imaginavam que seria assim.
Embora amplamente conhecidos e admirados, os líderes da Hillsong sabem que são observados de perto dentro e fora dos círculos religiosos. Por um lado, geraram polêmica ao consagrarem mulheres como pastoras. São criticados por grupos conservadores sobre sua posição que nega a criação do mundo em 6 dias literais. Outros pedem uma maior clareza em sua postura sobre a homossexualidade e o casamento gay.
A igreja tem um relacionamento complicado com a imprensa australiana. O ministério já foi acusado de ser uma “máquina de fazer dinheiro”. Divulgadores da teologia da prosperidade, o livro mais famoso de Brian chama-se “You need more Money” [Você precisa de mais dinheiro].
Tanya Levin, que foi parte da igreja escreveu um “livro denúncia” em 2007, chamado “People in Glass House”, algo como “Pessoas com o telhado de vidro” mostrando o que considera os abusos dos líderes da Hillsong.
No último ano fiscal, a sede da Hillsong arrecadou 28 milhões de dólares ente dízimos e ofertas. O ministério de louvor recebeu mais 7 milhões referentes a venda de CDs, DVDs e música digital. Foram mais 4 milhões do departamento de “Conferências e eventos” e 10 milhões referentes a “Seminário e cursos teológicos”. O total declarado é de 55 milhões de dólares anuais.
Como se trata de uma organização religiosa, com status de instituição de caridade enviou sem pagar impostos 5.5 milhões para fora da Austrália a titulo de “missões” e quase o mesmo valor para obras de caridade. Como a lei da Austrália não exige a prestação pública de contas, não se sabe ao certo quanto a igreja movimenta.
Scott Thumma, professor do Seminário Hartford, especialista em megaigrejas analisa: “Sei que existe preocupação com a pregação da prosperidade pela Hillsong, mas ela diminuiu nos últimos tempos”.
Recentemente, o pastor Brian Housto explicou “Defendemos uma teologia pentecostal clássica, mas não estamos preocupados em fazer teologia. Fazemos tudo ser sobre Jesus, sobre a graça de Deus, e precisamos de uma rede ampla para isso, o que custa caro… Acho que a mensagem é atemporal, mas os métodos precisam mudar se quisermos continuar atingindo a sociedade”.
O que preocupa os teólogos é a força da teologia ensinada nas músicas de louvor. Apesar das controvérsias, é consenso que as letras dos louvores torna-se a base teológica em igrejas que não dão ênfase ao discipulado bíblico. Sobre isso, a posição de Brian Houston é clara: “Eu sempre quis fazer parte de uma igreja que influenciasse a maneira como as outras pessoas vivem em suas igrejas… As pessoas podem se dividir quanto o assunto é doutrina, teologia e outras coisas, mas a experiência do culto transcende tudo isso”.
O fato é que o ministério de louvor da Hillsong, que inclui o grupo United, é o grupo evangélico que mais vende CDs e música digital no mundo. Seu álbum mais recente ficou durante semanas em primeiro lugar global na categoria gospel do iTunes.
Além disso, é o ministério de louvor que mais tem seguidores, contando com 4 milhões de fãs no Facebook e cerca de 700 mil de seguidores no Twitter.
O presidente da LifeWay Research, Ed Stetzer, afirma: “No momento, acho que a Hillsong está entre os 10 ministérios evangélicos mais influentes do mundo. Se eu tivesse que resumir tudo, diria que a Hillsong acrescenta profissionalismo e positividade em seu pentecostalismo, combinada com uma dedicação a querer mudar o mundo”. Com informações de Huffington Post e Religion News.
Fonte:gp
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