terça-feira, 29 de outubro de 2013

OS EVANGÉLICOS E O RELATIVISMO PROMOVIDO POR ALGUNS SOBRE O CASAMENTO


Renato Vargens

Tenho acompanhado nas Redes Sociais, blogs, vlogs e afins, a desconstrução por parte de alguns evangélicos quanto a importância do casamento. 

Outro dia, alguém me escreveu dizendo que o casamento segundo vemos nas igrejas não é bíblico, mesmo porque não encontramos nenhuma orientação nas Escrituras para oficializa-lo. Outra pessoa me disse que o casamento entre um homem e uma mulher acontece com a primeira relação sexual protagonizada pelos dois e que o fato de um casal terem "dormido juntos" os torna casados. Portanto, afirmou o meu interlocutor,  casar na Igreja ou  no civil não possui base bíblica, visto que para Deus o que vale é a relação sexual.

O meu amigo Augustus Nicodemus contrapondo-se a essa febre liberal tem escrito sobre o tema em seu excelente blog. (leia aqui) além disso, em seu perfil no Facebook Nicodemus fez alguns comentários extremamente interessantes sobre o casamento os quais concordo plenamente e compartilho abaixo:

1) Relações sexuais diante de Deus não é bem o conceito de casamento que encontramos na Bíblia. O quadro que temos é muito mais complexo. Envolve responsabilidade pública e legal, pois tinha a ver com a herança e a proteção da esposa e os direitos dos filhos. Quando não há um compromisso oficial, mas apenas um viver juntos, como se pode falar em adultério, divórcio, herança de filhos, propriedade de terras, sustento para a desamparada, etc.? 

2) Israel era uma teocracia, isto é, Estado e Igreja estavam juntos. As festas de casamento representavam a legalização “civil” da união. Hoje, nas modernas democracias, o estado é laico, e não se precisa da cerimônia religiosa, e sim a legalização pelo poder público. Igreja não casa, pastor não casa, padre não casa. Quem casa é o juiz, representando o Estado. A Igreja faz um culto e invoca a bênção de Deus sobre o casal. No chamado “casamento religioso com efeito civil,” o pastor está agindo como se fosse o juiz, tudo acertado antes no cartório, e ratificado depois, senão perde a validade.

3) O “casamento” de Adão e Eva não pode ser tomado como padrão para a humanidade. Eles nem tinha umbigo! Não havia ainda estado, igreja, sociedade, pessoas. O que aprendemos com o episódio é que a vontade de Deus que a humanidade se organize em famílias, compostas de um homem e de uma mulher, e que vivam unidos para sempre, criem seus filhos e dominem a terra. A legalização e a oficialização disto é uma decorrência natural e lógica quando o pecado entrou no mundo e apareceram outras mulheres e outros homens, a luta pelas terras e propriedades, o egoísmo do homem que desampara a mulher depois de abusar dela, e assim por diante. Por este motivo encontramos leis sobre divórcio, leis sobre herança de filhos, leis sobre os filhos de uma mulher que não é a esposa legítima, etc. etc.

4) É evidente que as festas de casamento, com véu e grinalda, etc. são coisas absolutamente culturais e que mudam de acordo com os tempos e épocas. O que vale é que aquele momento em que os dois, diante do representante do governo (pode ser o pastor fazendo o casamento com efeito civil), prometem fidelidade, suporte, apoio e amor mútuos até que a morte os separe e assinam o contrato, que haverá de garantir os direitos deles e dos filhos, para o bem da sociedade e da família. Era isto, guardadas as devidas proporções, que acontecia nos tempos bíblicos em Israel, com os patriarcas fazendo as vezes, e depois os sacerdotes, juízes, anciãos, etc. 

5) União civil não é casamento, mas um mecanismo para garantir os direitos dos que vivem juntos a um tempo, como se casados fossem.  

Concluo essa breve reflexão lembrando de Paulo que ao escrever a Timóteo disse:   

 "... Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento..." (1Tim 4.1-3).  

Que Deus nos livre deste relativismo pernicioso que tanto mal tem feito a igreja brasileira. 

Pense nisso! 

Renato Vargens

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