Quando vemos nas Escrituras tantas instruções à mulher temente a Deus sobre as prioridades, a atenção e os cuidados especiais que deve dar à sua família e ao seu lar, algumas dúvidas podem surgir, sobretudo para as jovens e seus pais. Como orientar nossas filhas e aconselhar as mais jovens quanto aos estudos? Devemos ensiná-las a se esforçar para adquirir uma profissão diante do fato de que um dia possivelmente se tornarão uma dona de casa?
Convido você a caminhar junto comigo na busca de respostas bíblicas coerentes e relevantes.
A principal finalidade de nossa vida
Quando pensamos em investir tempo e dinheiro nos estudos, nossos ou de nossos filhos, quais são os fatores que mais pesam na escolha do curso?
Geralmente, almejamos profissões que sejam “nobres” aos olhos humanos, que proporcionem um bom status ou notoriedade. Deve ser algo cuja execução promova satisfação. Que dê um bom retorno financeiro – boas colocações no mercado com altos salários. Enfim, sua lista pode ser extensa. Mas faço aqui um desafio para que procuremos um motivo que não esteja centrado apenas em suas próprias necessidades. Algo que nos leve a perguntar: “Em minhas atividades, a prioridade é a glória e o louvor a Deus”?
Esta deve ser a cosmovisão de todo verdadeiro cristão em qualquer área da vida. Mas, infelizmente, nem sempre pensamos assim. Sempre nos esquecemos de que, em santidade, devemos buscar diligentemente a primazia de Deus em tudo o que fizermos, conforme Paulo escreve: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” 1Co. 10.31.
Glorificar a Deus e se alegrar nEle não são coisas distintas. John Piper, ao tratar deste tema, afirma: ”Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nEle” (Sl 16.11, Sl 63.3, Sl 90.14).
Todo saber, qualquer curso profissionalizante, carreira a seguir ou decisões a serem tomadas, dia após dia, devem ser para a glória de Deus, não para a nossa própria.
Se fizermos qualquer esforço esperando apenas ganhar algo com isso, todos os resultados serão em vão. Se os estudos almejam apenas o retorno financeiro, então estamos vivendo meramente por necessidade. Sendo que, por outro lado, poderíamos encarar a vida de uma maneira muito mais profunda, verdadeira e produtiva. Devemos estudar e trabalhar para refletir a imagem e semelhança de Deus restaurada por Cristo, reconhecendo que a inteligência, criatividade e habilidades foram dadas por Deus, por isso devemos ser bons mordomos. Neste caso, o dinheiro torna-se a consequência, não a finalidade.
“Ensina a criança no caminho em que deve andar; e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv. 22.6). Os principais esforços de pais cristãos devem ser na formação de verdadeiros adoradores de Deus. Preparar seus filhos e filhas para viverem neste mundo mal sem se desviarem do bom caminho. Porém, infelizmente, mesmo no meio cristão, a preocupação primária das últimas gerações é de formar profissionais bem sucedidos. Isto é lícito e interessante, mas nunca será o principal a um povo chamado para viver e refletir a santidade.
Identificar e Desenvolver Talentos Natos
Todos nós temos habilidades naturais, áreas nas quais nos identificamos e podemos contribuir. As jovens precisam descobrir quais são seus talentos. Também é muito importante que os pais auxiliem nesta descoberta, estando sempre atentos e buscando incentivá-las e estimulá-las. Tanto os rapazes quanto as moças devem receber a atenção e o acompanhamento de seus pais neste aspecto, mantendo em mente as distinções entre a masculinidade e a feminilidade bíblicas.
Nesse caso, uma jovem de Deus deve fazer uma faculdade ou cursos profissionalizantes?
Sim, sem dúvida! Além de fazer quantos cursos puder, esta jovem cristã deve se esmerar, ampliar e aprofundar seus conhecimentos, buscando a excelência. Tendo sempre em mente e no coração a motivação correta de espelhar o caráter criativo de Deus e glorificá-Lo através de seus talentos e atividades.
Contudo, como se tratam de mulheres, há alguns critérios que devemos atentar. As moças não podem se esquecer da alegria que será desempenhar sua missão de esposa e mãe. Os cursos realizados devem contribuir com esta prioridade doméstica, ou seja, que sejam carreiras possíveis de serem exercidas no interior do lar.
Para ilustrar este ponto, cito um casal que conheço. Quando a filhinha deles completou cinco anos, eles já identificaram a habilidade dela de desenhar. Além do incentivo e das orientações para o aprimoramento desta habilidade, os pais passaram a projetar possibilidades para seu futuro, como o de se formar em Design Gráfico e ter uma profissão que possa ser desempenhada em casa para, por exemplo, fazer gravuras para livros cristãos infantis.
Preparando-se para qualquer situação
Você, jovem, deve ser realista quanto às diversas possibilidades para o seu futuro. Os pais também devem olhar para as filhas de forma responsável, preparando-as para toda circunstância na vida. Não conseguimos saber como será o futuro de cada uma delas – se permanecerão solteiras, se demorarão a se casar, se um dia ficarão viúvas etc. São inúmeras as possibilidades na vida de uma pessoa e os pais não devem ser ingênuos ou negligentes no preparo de suas filhas para as situações que possam lhe ocorrer.
Conheço uma família que perdeu o pai há poucos anos atrás. Neste triste contexto, a viúva, que nunca havia trabalhado fora antes, precisou sair de casa para buscar o sustento dos cinco filhos. Embora as Escrituras ensinem que os irmãos na fé devem sustentar as viúvas e os órfãos de sua comunidade (1Tm. 5.16, Tg. 1.27), para nossa vergonha, infelizmente, isso acontece muito raramente nos dias de hoje.
Por isso, este é dos motivos para afirmarmos que as mulheres devem estudar e ter uma profissão, preparando-se para situações adversas.
Nem todas têm chamado para se casar
Falamos muito dos três chamados da mulher cristã, os quais estão totalmente ligados ao matrimônio. Porém, não podemos deixar de considerar que existem algumas pessoas que têm o dom do celibato. David Powlison e John Yenchko fazem citações interessantes a este respeito: “A Bíblia deixa claro que Deus pode chamar alguns para um ministério frutífero na condição de solteiros ou solteiras. Esta possibilidade é considerada por dois solteiros bem conhecidos – Jesus e Paulo (cf. Mt. 19.11-12; 1Co. 7.1-9 e 7.17-40). As pessoas solteiras podem se dedicar às coisas do reino de Deus, livres das ‘limitações naturais’ das responsabilidades familiares. O casamento tem seu preço: aqueles que se casam enfrentam preocupações com o cônjuge e os filhos (1Co. 7.28)”.
É verdade que a maioria das pessoas tem o chamado para se casar e constituir família para toda vida. Mas não podemos desconsiderar uma parcela a quem Deus atribuiu o dom de permanecer solteiro. Por isso, é importante que se invista tempo para analisar qual é o seu caso ou o de jovens que você acompanha e aconselha.
Não podemos esquecer que a mulher sempre estará sujeita à autoridade de um homem – a casada, ao seu marido; a solteira, a seu pai. Além disso, sempre haverá o pastor e os presbíteros da igreja. Mesmo na ausência do marido ou do pai, a liderança eclesiástica sempre a auxiliará.
Pensando em termos ordinários de sustento, certamente o trabalho da mulher que permanecerá solteira, será o meio usado por Deus para este fim. Lembrando que, possivelmente, esta mulher não estará na casa de seus pais por toda a vida.
Continua…
______________________
Ana Carolina Oliveira é casada há seis anos com o presbítero Eduardo R. Oliveira, membro do Conselho da Igreja Presbiteriana de Poá-SP. É mãe de Sara, hoje com 2 anos de idade. Na igreja, participa do Ministério de Discipulado e Aconselhamento, atua na Sociedade Auxiliadora Feminina, além de realizar palestras para mulheres. Também possui formação em Comunicação Social. Contato:anacarol.s.oliveira@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário