por Jarbas Aragão
O papa Francisco pediu que todos os católicos romanos do mundo fizessem neste 7 de setembro um dia de oração e jejum pela paz na Síria. De maneira surpreendente, pediu que as pessoas de todas as religiões se juntassem à iniciativa. Deixou o convite aberto à todas as “pessoas de boa vontade”, mesmo aquelas que não têm religião.
Enquanto isso, os moradores de Maaloula, uma pequena aldeia cristã no norte de Damasco, são forçados a abandonar sua cidade. A antiga cidade fica a 50 km da capital é, possivelmente, o maior símbolo do cristianismo na Síria, no local ainda se fala aramaico, a língua de Jesus.
Nos últimos dias, 80% dos 3.000 moradores do vilarejo abandonaram suas casas e fugiram para Damasco. Desde a quarta-feira (4), grupos armados de rebeldes, muitos deles ligados aos extremistas da Al-Qaeda tomaram o local, que é considerado um dos mais antigos centros do cristianismo no mundo.
Dentro de poucas horas, a cruz que ficava na cúpula do milenar mosteiro ortodoxo foi derrubada. Igrejas foram saqueadas e queimadas, todos os cristãos foram avisados que se não se converterem ao islamismo serão mortos. Algumas dezenas já foram executados. Não é o primeiro relato de assassinato de cristãos em meio a essa guerra, mas talvez seja o mais simbólico.
O Patriarca Gregório III, da igreja Ortodoxa, lançou um apelo “à comunidade internacional, à consciência do mundo inteiro, para salvarem o pequeno vilarejo… que é um símbolo cristão muito importante da história”. Ele conta que há dois anos e meio os cristãos estão no meio dessa guerra politica-religiosa entre dois grupos muçulmanos, os alauitas, que apoia o ditador Bashar al-Assad e a maioria sunita, que tenta derrubá-lo.
Diante do cenário de guerra civil, a mídia internacional tem dado pouca atenção aos massacres de cristãos, similar ao que acontece no Egito, onde centenas de cristãos foram mortos e dezenas de igrejas, destruídas.
A conquista confirmada hoje da aldeia de Maaloula envia duas fortes mensagens ao mundo: os rebeldes estão mais próximos que nunca de tomarem a capital e os rebeldes extremistas muçulmanos tentarão eliminar os cristãos da Síria.
O avanço dos rebeldes na área foi liderado por Jabhat al-Nusra, ligado a grupos jihadistas islâmicos dentro das fileiras rebeldes. Segundo Rami Abdul-Rahman, que dirige o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido, a liderança da Frente de Libertação Qalamon se mudou para a aldeia, e que cerca de 1.500 rebeldes estão em Maaloula.
Segundo o jornal inglês Daily Mail, os moradores do vilarejo foram surpreendidos pela entrada de centenas de rebeldes que gritavam “Alá é grande”, enquanto atacavam casas de cristãos e igrejas durante a noite, executando pessoas no meio da rua. Ele diz que os soldados falavam árabe com diferentes sotaques, o que indica que são extremistas tunisianos, libaneses, marroquinos e chechenos, o que comprovaria sua ligação com o grupo terrorista da Al-Qaeda. Outro cristão relatou que esses soldados rebeldes agarraram moradores e os levaram a locais públicos gritando “Ou você se converte ao islamismo ou será decapitado”.
Tropas do exército leais a Assad interditaram a estrada que liga a aldeia a capital. A agência de notícias estatal da Síria, SANA, disse que “As operações militares continuam na vizinhança de Maaloula e suas entradas” e que lutavam para reconquistá-la. Um dos grandes impasses dos EUA para um ataque à Síria é justamente o fato de soldados americanos terem de lutar ao lado do exército rebelde ligado à Al-Qaeda. Com informações BBC e Daily Mail.
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Fonte:GP
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