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Por Felipe Sabino de Araújo Neto
Perdão pelo título desse artigo, mas poderíamos negar essa afirmação? Deus usa os bostas, caro leitor!
Pensemos nos primórdios do cristianismo. Como se deu o seu avanço? Era um movimento obscuro, marginal, com ninguém ilustre em seu meio. É claro que havia Paulo, homem erudito e com uma cultura invejável. Mas, em sua maioria, os seguidores de Cristo eram pessoas humildes, iletrados, mas que foram poderosamente usados por Deus. O cristianismo tornou-se uma força dominante logo nos primeiros séculos de existência. A sua influência na cultura ocidental foi gigantesca, a despeito de hoje seus inimigos negarem tal coisa. O triunfo do cristianismo, tornando-se assim a maior religião do mundo, foi alcançado pela instrumentalidade de pessoas comuns.
Na história da igreja é a mesma coisa. Quem era Lutero? Um medroso, que fez um voto tolo a uma “santa” por causa de uma simples tempestade. E Calvino? Um jovem tímido, introvertido, que precisou ser alvo de uma imprecação para agir. John Wesley? Um tonto, que achava pecado pregar ao ar livre. Ainda bem que Deus usou outro tonto, Whitefield, que não somente conduziu Wesley a essa linda prática, mas alcançou milhares para Cristo. Percorra a história da Igreja e constate a mesma coisa: homens comuns, às vezes relutantes, teimosos, mas usados por Deus.
Sempre quando o Senhor abençoa algo que eu faço, penso: “Deus usa os bostas!”. É claro que não posso comparar os meus feitos ínfimos e limitados com os exemplos que citei até aqui. Contudo, a despeito do trabalho pequeno e restrito, o Senhor tem se servido de usar o sítio Monergismo para abençoar os seus filhos. Não são poucos os que me escrevem dizendo que descobriram a beleza do Evangelho por meio do sítio. Além disso, grandes pensadores da tradição reformada, que nunca falaram em português, mesmo existindo inúmeras editoras protestantes no Brasil (e em Portugal), só passaram a ser conhecidos em nossa terra por causa do sítio e da Editora Monergismo. É algo que me alegra e ao mesmo tempo me assombra!
Já que eu toquei no nome da Editora, consideremos o caso de Gordon Clark. Se você é um visitante assíduo do Monergismo, provavelmente sabe de quem estou falando. Mas não era assim há uns 10 anos. Clark era praticamente desconhecido no Brasil, pelo menos pelo público em geral (sempre há um Wadislau ou Solano, que já leram de tudo). Assim, pela graça de Deus, tornei esse filósofo e teólogo calvinista conhecido traduzindo artigos e mais artigos. Mas eu não consegui autorização para publicar os seus livros no sítio. Precisava de uma editora! E não é que, mesmo com inúmeras dificuldades (financeiras, inclusive), até mesmo a sua obra-prima, Uma Visão Cristã do Homem e das Coisas, está disponível? Esse livro importantíssimo foi publicado em 1952 e só agora, em 2013, é vertido para o português. E por uma editora sem prestígio, pequena, de “fundo de quintal”. Você pode achar ridícula essa argumentação, e até continuar reclamando do título desse artigo, mas não vejo outra conclusão a não ser esta: Deus usa os bostas!
Tem sido assim desde o começo da história do cristianismo, da história do mundo. E vai continuar sendo assim, até a consumação dos séculos. O Reino de Deus avança, não por haver super-homens ao seu serviço, mas porque Deus está no controle de todas as coisas. Não nos esqueçamos do que o Senhor mesmo nos ensinou, por meio do apóstolo aos gentios: a nossa suficiência vem de Deus!
E você? Vai ficar aí parado dizendo que não pode fazer nada? Você se acha importante e especial? Então faça alguma coisa! Considera-se um trapo, imprestável? Anime-se, pois Deus usa os bostas, meu caro!
“Irmãos, observai o vosso chamado. Não foram chamados muitos sábios, segundo critérios humanos, nem muitos poderosos, nem muitos nobres.” (1 Coríntios 1.26, A21)
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- Sobre o autor: O autor é Bacharel em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Mato Grosso (2001). Além de cursar o Master of Arts (Religion) no Reformed Theological Seminary (Charlotte, EUA), é Bacharelando em Filosofia pela Universidade do Sul de Santa Catarina, Mestrando em Teologia Filosófica pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (Instituto Presbiteriano Mackenzie) e Mestrando em Filosofia (Conceito CAPES 3) pela Universidade de Brasília (UnB). Presbiteriano por convicção, é membro da IPB desde 2002. É atualmente Presbítero da Igreja Presbiteriana Semear (Brasília-DF).
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Fonte: Monergismo
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