quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

CRISTIANISMO NA UNIVERSIDADE (15) O desafio da Academia para os jovens cristãos


Os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” (Romanos 1.19).
Considerando as últimas estatísticas sobre o perfil religioso do brasileiro, podemos supor que um grande número de jovens cristãos entra nas universidades a cada novo vestibular. Os evangélicos representam mais de 25% da população brasileira e a igreja evangélica no Brasil é conhecida no exterior por ser uma igreja jovem, com um grande número de moços que professam a fé em Jesus Cristo.
Todavia, os anos de experiência na academia, em contato com os jovens e seus problemas, me ensinaram que muitos deles são abalados em sua fé durante o tempo da universidade. Eu não tenho os números desta constatação aqui no Brasil, mas tenho os números de uma pesquisa feita nos Estados Unidos pelo renomado Instituto Barna (Novembro de 2011) entre jovens que nasceram em lares cristãos e que deixaram de frequentar as suas igrejas. Guardadas algumas proporções, acredito que estes números refletem de maneira geral a realidade brasileira.
De acordo com a pesquisa, um de cada nove alunos perdem a fé quando entram na universidade, e se tornam ateus ou agnósticos. Quatro de cada dez deixam de frequentar igreja, embora ainda se considerem cristãos. Dois de dez assumem uma frequência irregular, incertos de como relacionar sua fé com a sociedade e o mundo. E três de cada dez jovens criados na igreja permanecem firmes na sua fé durante a universidade.
A pesquisa Barna identificou alguns fatores que contribuíram para que somente 30% dos jovens permanecessem firmes em suas convicções. Apenas uma pequena minoria de jovens cristãos havia sido ensinada a pensar sobre questões de fé, vocação e cultura. Menos de um em cada cinco tinha alguma ideia de como a Bíblia deveria informar os seus interesses escolares e profissionais. E a maioria não tinha mentores adultos ou amizades significativas com os cristãos mais velhos, que pudessem orientá-los através das inevitáveis perguntas que surgem durante o curso de seus estudos.
Em outras palavras, de acordo com o Instituto Barna o ambiente universitário não costuma causar a desconexão dos jovens cristãos para com o Cristianismo, apenas expõe o problema da fé rasa de muitos jovens discípulos. Muitos deles já haviam se desconectado emocionalmente do Cristianismo antes dos 16 anos de idade. Quando entram na universidade, a pressão dos colegas, a influência de professores ateus ou agnósticos e o ambiente geral da academia influenciado pelo naturalismo filosófico terminam por sepultar o que antes já era uma fé moribunda.
Jovens cristão entrando na universidade deveriam estar preparados para enfrentar os desafios que a incredulidade generalizada representa para as suas convicções. O que torna este desafio tão grande é que a incredulidade vem, muitas vezes, travestida de ciência. O jovem cristão deveria ficar consciente dos limites da ciência – ela se pronuncia sobre a realidade visível e mensurável mas não pode definir os limites da realidade. O materialismo que hoje é o pressuposto maior de muitos que fazem a ciência sempre produzirá modelos reducionistas da realidade. Ele deveria lembrar também que o problema não é a ciência, mas a filosofia materialista e naturalista que domina a academia hoje – ideologia esta oriunda do Iluminismo e do racionalismo. Conforme já vimos em outras postagens dessa série, diversos dos ramos da moderna ciência tiveram como fundadores ou divulgadores cientistas cristãos como Louis Pasteur, Isaac Newton, Johannes Kepler e Robert Boyle, para mencionar uns poucos.
Outro ponto a lembrar é que sempre houve cientistas cristãos de renome – embora representando uma minoria dentro da academia moderna – que não viram conflito entre sua fé e sua labuta científica. Entre eles, vários ganhadores de prêmios Nobel, como por exemplo:
Max Planck (1858-1947), ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1919. “Desde a infância a fé firme e inabalável no Todo Poderoso e Todo Bondoso tem profundas raízes em mim. Decerto Seus caminhos não são nossos caminhos; mas a confiança Nele nos ajuda a vencer as provações mais difíceis.”
Albert Einstein (1879-1955), ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1921. “A todo cientista minucioso deve ser natural algum tipo de sentimento religioso, pois não consegue supor que as dependências extremamente sutis por ele vislumbradas tenham sido pensadas pela primeira vez por ele. No universo incompreensível revela-se uma razão ilimitada.”
Werner Heisenberg (1901-1976), ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1932. “O primeiro gole do copo das ciências naturais o torna ateu; mas no fundo do copo Deus o aguarda.”
Nevill Mott (1905-1996), ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1977. “Os milagres da história humana são aqueles em que Deus falou aos homens. O supremo milagre para os cristãos é a ressurreição. Alguma coisa aconteceu àqueles poucos homens que conheciam Jesus que os levou a acreditar que Jesus estava vivo, com tal intensidade e convicção que esta fé permanece a base da igreja cristã dois mil anos depois.”
Arthur L. Schawlow (1921-1999), ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1981. “... eu encontro uma necessidade por Deus no universo e em minha própria vida... Somos afortunados em termos a Bíblia, e especialmente o Novo Testamento, que nos fala de Deus em termos humanos muito acessíveis, embora também nos deixe algumas coisas difíceis de entender.”
William Daniel Phillips (1948-), ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1997. “Muitos cientistas são também pessoas com uma fé religiosa bastante convencional. Eu, um físico, sou um exemplo. Creio em Deus como Criador e como Amigo. Isto é, creio que Deus é pessoal e interage conosco.”
Para os cristãos, Deus é a melhor explicação para determinados aspectos da nossa vida e da realidade que nos cerca, tais como a origem do mundo e da vida e da inteligência, o propósito e a intenção (design) que se percebe na natureza, a complexidade da realidade, a existência de ordem e coerência no universo, a realidade da moralidade, ética e valores humanos. Ele é a melhor resposta para nosso anseio por perdão. É assim que pensa Arthur Holly Compton (1892-1962), ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1927. “Para mim, a fé começa com a constatação de que uma inteligência suprema chamou o universo à existência e criou o homem. Não me é difícil crer isso, pois é inegável que onde há um plano, há também inteligência - um universo ordenado e em desdobramento atesta a verdade da declaração mais poderosa que jamais foi proferida: 'No princípio Deus criou'.” Na mesma linha vai outro vencedor do Nobel de Física de 1974, Antony Hewish (1924-): “Eu creio em Deus. Não faz o menor sentido para mim supor que o universo e nossa existência são apenas um acidente cósmico, que a vida emergiu por processos aleatórios em um ambiente que apenas por acaso tinha as propriedades certas.”
Atualmente há muitos cientistas de renome que professam acreditar no Deus da Bíblia, como Francis Collins, que durante 15 anos foi diretor do projeto Genoma, que mapeou o DNA humano em 2001. Alvo de críticas de seus colegas, cuja maioria negava a existência de Deus, Collins lançou como resposta, em 2006 nos Estados Unidos, o livro A Linguagem de Deus, com o subtítulo, “Um cientista apresenta evidências para a fé”. Nas quase 300 páginas da obra, o biólogo conta como deixou de ser ateu para se tornar cristão protestante aos 27 anos e narra as dificuldades que enfrentou no meio acadêmico ao revelar sua fé.
Por fim, muitos dos que tentam desconstruir a fé em Deus em nome do cientificismo e do conhecimento não têm nada melhor para colocar no lugar.
Termino este capítulo numa nota positiva, todavia. Nestes anos de contato com a academia vi também casos de jovens que encontraram a Deus na universidade. Na grande maioria dos casos, esta conversão se deu através de colegas cristãos ou do interesse despertado pela leitura da Bíblia. O ideal das universidades confessionais é torna-las em um ambiente onde fé e ciência podem coexistir e evitar que se tornem um cemitério para as convicções cristãs.
Augustus Nicodemus Lopes

Postado por Augustus Nicodemus Lopes.

Sobre os autores:
Dr. Augustus Nicodemus (@augustuslopes) é atualmentepastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana doBrasil e presidente da Junta de Educação Teológica da IPB.
O Prof. Solano Portela prega e ensina na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, onde tem uma classe dominical, que aborda as doutrinas contidas na Confissão de Fé de Westminster.
O Dr. Mauro Meister (@mfmeister) iniciou a plantação daIgreja Presbiteriana da Barra Funda.

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