segunda-feira, 15 de maio de 2017

“ELES” NÃO SÃO “NÓS”

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“Eu tenho uma vida com Deus e Ele nunca me impôs algum tipo de rótulo ou de padrão” – Priscilla Alcantara no programa do Bial
Não quero nem começar a descrever todo o conteúdo desnecessário que veio a calhar durante a entrevista vexatória realizada por Pedro Bial à Priscilla Alcantara, Ton Carfi e Jacinto Manto (quem diabos tem a coragem de assumir um pseudônimo desse?)
Por mais que seja sofrido para os cristãos genuinamente piedosos, que procuram desenvolver uma caminhada de fé autêntica, perceber que estas três figuras pitorescas são destacadas em rede nacional como representantes inequívocos de um cristianismo protestante descendente da reforma (como foi apontado durante o programa), a verdade é que duas coisas acontecem aqui:
1. Eles não são filhos da reforma. 
O discurso dos mesmos jamais poderia se harmonizar com o que encontramos nos tratados teológicos resultantes da reforma protestante. Westminster e as demais confissões de fé, bem como os Escritos de Calvino, Lutero e demais contribuintes do período histórico, em nada possuem similaridades com o discurso de tais ventríloquos.
2. Portanto, “eles” não são “nós”.
Pode parecer uma conclusão separatista, mas afirmo, na verdade, o que os três deixaram bem claro quando, repetidas vezes ao longo da entrevista, fizeram pouco caso da herança tradicional do protestantismo, chegando ao ponto de concordarem fazer parte de um movimento à parte (para não dizer contra) a igreja tradicional reformada (os tais “religiosos” que eles chamaram pejorativamente).
Logo, queridos leitores, descendentes e concordantes com o que há de mais ortodoxo e histórico no Evangelho, fiquem em paz. Por algum motivo, que jamais compreenderemos (ironia on), Pedro Bial e sua turma quiseram falar de uma herança que é nossa, convidando para elucidar o caso pessoas que não são nossas.
Para rebater apenas uma das inúmeras afirmações que despontou por entre as chocarrices desnecessárias com o movimento neo-pentecostal (aliás, nenhuma daquelas piadas foi engraçada), vamos focar em uma frase de Priscilla:
“Eu tenho uma vida com Deus e ele nunca me impôs algum tipo de rótulo ou de padrão”
No afã de não se parecer conosco, os quadrados tradicionais religiosos crus, Priscilla vem com esta afirmativa bizarra. Ela realmente não queria ser confundida com esse povo estranho e antiquado. Me lembra muito Pedro, fazendo de tudo para não ser relacionado com o homem de dores que sabe o que é padecer.
Priscilla, quando você se cansar de sua “não-religião”, desprovida de rótulos (o que é impossível, uma vez que “não ter rótulos” é um rótulo) que eu preferiria chamar de anarquismo, busque conhecer o precioso Evangelho de Cristo. Ele está recheado com os mais preciosos rótulos que um ser humano poderia sustentar em seu peito! Somos, por causa deste Evangelho, “filhos do Reino do seu amor”, eis um rótulo que deve ser defendido com unhas e dentes. Esse rótulo é o contrário de “filhos da ira”. As implicações de se sustentar este título são inúmeras.
Curiosamente, você e os demais participantes deste programa, foram convidados para dar entrevista, por que o Pedro Bial e sua equipe pensaram que vocês tinham o rótulo “Reformados”. Fico feliz que você tenha deixado claro não ser uma de nós, por outro lado, quando esta vida sem significado e sem direcionamento claro, lhe cansar, procure saber sobre o valioso rótulo de “protestante”. Você irá se surpreender!
Por último, vamos falar sobre a religião sem padrões estabelecidos que o seu deus lhe propôs. Não quero te assustar, garota, mas me lembrou muito a proposta da serpente no jardim quando quis destruir com o padrão de relação construído por Deus e anunciado ao primeiro casal. A mulher ficou confusa com a pergunta sagaz do astuto animal. Como assim? Quer dizer que posso desobedecer este limite? Quer dizer que posso viver em um padrão mais largo de existência? Saberei mais? Experimentarei mais? Serei como Deus? Sem limites e sem dever à ninguém? Infelizmente, a proposta de uma vida sem padrões pareceu convidativa à Eva, e o final desta, que é a nossa história, você deve conhecer muito bem, embora você não seja uma de nós, como deixou claro em seu discurso.
Ao contrário desta proposta, o Deus dos Cristãos sempre foi um Deus de elevados padrões. Seu padrão foi posto diante de nós de maneira tão mais elevada do que a nossa própria capacidade em corresponder à ele, que foi preciso o próprio Deus vir e assumir nosso lugar diante do Pai, cumprindo, finalmente, todas as exigências do divino. O mais curioso é que, estando entre nós ele disse algo que, certamente, seu movimento “anti-padrões” não deve se sentir confortável em saber: “Eu não vim revogar a lei”.
Para nós, Cristãos, ainda existe um alto padrão de comportamento a ser seguido. A diferença é que agora, pela graça de Deus, obra de Cristo e força do Espírito Santo, é possível andar em maior acordo com seu próprio padrão e exigência. Ser manso, moderado, humilde, sensível à causa da justiça, apto ao sofrimento, sal da terra, luz do mundo, amar os inimigos, perdoar, ler a bíblia com afinco, orar incessantemente… tudo isso reflete um pouco sobre o padrão que devemos assumir diante de Deus e da sociedade. Mas isso, Priscilla, é para nós, os quadrados tradicionais. Fique tranquila.
Fica aqui meu contraponto sobre este acontecimento. Mais uma “oportunidade” de se ter um “cristão” em rede nacional para defender o “evangelho” desperdiçada.

Por M. T. Belohuby
Igreja Presbiteriana do Brasil em João Pessoa
Músico cristão e seminarista no Betel BrasileiroPúlpito Cristão

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