segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Nós podemos julgar a moralidade de Deus?

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Por James R. White


O debate entre monergistas e sinergistas tem de ser lutado mais uma vez em cada geração, pois não há nada mais oposto à exaltação inerente do homem de seus próprios poderes da vontade do que o reconhecimento da liberdade soberana da graça. Enquanto nós podemos, e fazemos, nos beneficiar muito dos esforços daqueles que foram antes de nós, o fato que permanece é que cada geração de crentes enfrenta essa questão e deve vir aos apertos com as ramificações das respostas dadas.

Quando Roger Olson anunciou que ele estava lançando um livro, parte de um contra-ponto de dois livros com Michael Horton, intitulado contra o calvinismo, havia esperança para algo que poderia comprometer a força real da teologia reformada a clara e consistente exegese do texto bíblico que o “jovem, agitado e reformado” tem descoberto tão convincente. Mas mesmo antes do seu lançamento, o Dr. Olson deu clara indicação de que seu foco não era ser exegético. Em vez disso, como o livro fundamentou, seu argumento pode ser sumarizado com bastante facilidade: o Deus do calvinismo é um “monstro moral”, e os calvinistas simplesmente precisam pensar em suas crenças o bastante para ver o que Olson tem sido capaz de ver.

Há duas razões primárias porque eu acredito que a abordagem do Dr. Olson terá de pouco a nenhum impacto sobre os crentes calvinistas como eu, mesmo pessoas que não nasceram e se desenvolveram em uma tradição reformada e por isso não mantém seus pontos de vista fora de um compromisso com a tradição. Primeiro é a ausência de força exegética por trás da apresentação de Olson, e o segundo é o fundamento auto-professado de Olson por fazer a “grande decisão” quanto à bondade e a soberania de Deus. Eu comentarei brevemente sobre o primeiro e focarei no segundo.

Não há argumentação a ser feita contra a afirmação de que a escola de pensamento da reforma tem produzido uma quantidade monumental de material exegético. Sua profundidade e amplitude são, simplesmente, surpreendentes. Mas o Dr. Olson escolheu focar unicamente em alguns representantes modernos, e propositalmente evitar outros (eu mesmo entre outros) “no princípio”. Isto resultou em uma apresentação profundamente enviesada que não se comprometeu com respostas exegéticas a textos chaves como 1 Timóteo 2.4, um texto repetidamente usado como uma proteção do seu argumento. Olson foi tão longe a ponto de insistir que a linguagem original do texto “não pode ser interpretada de qualquer outra maneira do que se referindo a cada pessoa sem limite” (uma afirmação muito facilmente refutada, mas que Olson não ofereceu nenhuma evidência ou autoridade). Neste nível, a apresentação de Olson deixou muito a desejar.

Mas o mais importante foi a fundamental conclusão tirada de suas próprias palavras: realmente não importaria mesmo se estes textos consistentemente atestassem ao que os calvinistas acreditam. Dr. Olson não adoraria este Deus de nenhuma maneira, não importa o que a Bíblia diz sobre o assunto. Como ele expressou de si mesmo (p.85 ênfase original):

Um dia, no fim de uma sessão de aula sobre as doutrinas da soberania de Deus do calvinismo, me fez uma pergunta que eu tive que parar de levar em consideração. Ele perguntou: “se fosse revelado a você de uma forma que você não pudesse questionar ou negar que o Deus verdadeiro na verdade é como o calvinismo diz e os preceitos como o calvinismo afirma você ainda o adoraria?” Eu sabia que a única resposta possível sem um momento de reflexão, embora eu soubesse que isto chocaria muitas pessoas. Eu disse não, que eu não o adoraria porque eu não podia. Tal Deus seria um monstro moral. É claro, eu tenho consciência de que os calvinistas não pensam que os seus pontos de vista da soberania de Deus fazem dele um monstro moral, mas eu posso simplesmente concluir que eles não têm pensado nisso através de sua conclusão lógica ou mesmo levado suficientemente a sério as coisas que dizem sobre Deus e o mal e o sofrimento inocente no mundo.

Este parágrafo me paralisou e assim tem sido a experiência da maioria dos outros leitores reformados. É incrível que Dr. Olson acredita que ele tem sondado as profundidades da teologia reformada ao mais profundo nível do que fez Calvino, Beza, Zanchius, Turretini, Owen, Edwards, Warfield ou Hodge. Mas o mais marcante foi a ousadia da postura de Olson. A pergunta do estudante foi clara, e Olson enfatiza seu ponto. A questão se reduz a se Olson, confrontado com a clara revelação de que os calvinistas estão certos, e Deus existe, e age como os calvinistas dizem que ele faz, adoraria aquele “Deus calvinista” ou não. Sua resposta é clara: ele não adoraria. Tal Deus seria um “monstro moral.” Este é o cerne de rejeição de Olson da posição reformada, e isso é algo que ele tem afirmado em seu diálogo com Michael Horton que aconteceu em Southern California seguindo o lançamento do seu livro. A mais alta autoridade para Roger Olson na questão de determinar a natureza de Deus não é a revelação da escritura, é seu próprio entendimento do que deve constituir a “bondade”.

É aqui que o crente reformado convicto deve romper com Roger Olson. É uma separação fundamental que vai ao mais profundo nível do que a acusação de Olson de “seu Deus é um monstro moral.” Isto vai a se nós, como criaturas, temos o direito de estabelecer padrões que determinam o que é aceitável e inaceitável para Deus. A revelação de Deus de sua própria natureza e ações no universo determina a verdade sobre o Deus que nós adoramos, ou nós colocamos os limites do que será “aceitável” para nós antes de nós estarmos dispostos para se render a adoração? Arão ficou em silêncio diante de Deus quando Deus destruiu os seus filhos (Lv 10). Jó aprendeu que o homem não tem direito de questionar a Deus e estabelecer padrões fora de sua revelação (Jó 40.3-5).

As objeções de Roger Olson a bondade de Deus á luz de seu decreto soberano tem sido respondido, a um mais profundo nível do que ele parece estar ciente, muitas vezes. Mas é sua afirmação fundamental que ele estabelecerá um padrão pelo qual Deus deve ser julgado que é mais preocupante. Ele deveria se lembrar das palavras de Dn 4.34-35 de um rei pagão que ao receber de volta a sua razão e mente sã proferiu estas palavras:

Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonozor, levantei ao céu os meus olhos, e voltou a mim o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre; porque o seu domínio é um domínio sempiterno, e o seu reino é de geração em geração.
E todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?

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- Sobre o autor: James White é Pastor da Igreja Batista Reformada em Phoenix/Arizona,  diretor do Alpha e Ômega Ministries, um importante ministério de Apologética Cristã. É autor de mais de vinte livros, professor e um debatedor talentoso.

Tradução: Francisco Alison Silva Aquino
Divulgação: Bereianos
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