quarta-feira, 14 de novembro de 2012

“Igreja brasileira se tornou rica, mas sem visão”, afirma estudioso


Missiólogo David Botelho faz uma avaliação negativa da Igreja brasileira.
por Jarbas Aragão



“Igreja brasileira se tornou rica, mas sem visão”, afirma estudioso“Igreja brasileira se tornou rica, mas sem visão”, afirma estudioso
Com a experiência que acumulou ao longo de décadas divulgando o trabalho missionário transcultural no Brasil e no mundo, o missiólogo e estudioso de missões, David Botelho faz um novo apelo à igreja brasileira.
“Em 20 anos a igreja quase quadruplicou em tamanho, prosperou em finanças, junto com o Brasil que se tornou a sexta economia mundial, será a quinta até o final do ano que vem e a quarta em 2020”, lembra ele em uma carta aberta divulgada pela missão Horizontes América Latina, a qual ele lidera.
Porém, o crescimento da igreja no país não o anima. Afinal, o Brasil era apontado como um dos “celeiros missionários” da igreja mundial. Pelo contrário, na avaliação de David e da Missão Horizonte, as missões parecem estar regredindo no país.
Ele aponta um estudo feito com o foco na realidade da igreja no Brasil nos próximos anos e revela: “Em 2005 fizemos um planejamento estratégico de 10 anos para avaliar a igreja brasileira em 2015… Para isto usamos os fatos listados que afetaria na conclusão”.
Os fatores apontados por ele são:
• Vida Espiritual
• Discipulado
• Denominacionalismo
• Visão Missionária
• Economia Brasileira
• Renda per Capita e Distribuição de Renda
• Indústria
• Relações Internacionais do Brasil
• Inclusão Digital
O resultado foi uma situação bem familiar para quem conhece o livro de Apocalipse. Para o líder missionário, a situação do Brasil hoje poderia ser comparada à Igreja de Laodiceia.
“Estima-se que 1/4 da população brasileira é evangélica e é superficial na vida cristã, a igreja se tornou rica e abastada, mas sem visão. A mídia evangélica tem influenciado com a teologia da prosperidade, formando uma mentalidade materialista e mundanista, aumentando a estrutura de poder das denominações. O discipulado é fraco e não atende a todas as necessidades da igreja, que tornou-se intelectualizada voltada para os seus próprios interesses. A falta de espiritualidade resultou no desinteresse e falta compromisso com missões. Os missionários têm sido negligenciados em todas as áreas de apoio”, enfatiza o relatório da missão.
As críticas de Botelho são conhecidas. Diversas vezes ele já falou sobre isso em congressos eencontros que debateram missões. Ele ressalta que, em 2012, a igreja ainda ignora a sua responsabilidade de envio, sustento e cuidado missionário.
“Há uma diminuição considerável pela procura de treinamento missionário por duas razões: a zona de conforto e a falta de sustento. O treinamento tornou-se a curto prazo e com procura por cursos a distância. Esta situação tem limitado o número de candidatos e obreiros de base nas agências missionárias causando um aumento no custo de formação. Há menor busca por especialização, literaturas bíblicas e cursos de missões, afetando o ministério de mobilização e investimento missionário”.
Isso tudo colabora para que o país envie proporcionalmente menos missionários do que 20 anos atrás. Uma situação que inspira uma mudança drástica.
Por fim, a carta enviada pelo líder de missões traz uma reflexão em forma de ilustração:
“Imagine se contratássemos um auditor de planejamento para analisar e dar seu parecer sobre a igreja para onde ela deveria ir, a fim de cumprir o seu propósito máximo. Ele faria algumas perguntas com o objetivo de chegar a uma conclusão. Sua primeira pergunta talvez fosse: Qual é a tarefa principal da igreja?
Responderíamos que é tornar Cristo conhecido por toda criatura, em todo o mundo.
Em seguida perguntaria com quem a igreja conta atualmente?
Responderíamos que a igreja possui mais de 800 milhões de cristãos verdadeiros. Ele ficaria surpreso!
A terceira pergunta seria: Quais são os recursos com os quais contamos hoje?
Responderíamos que mais de 50% dos cristãos no mundo são classificados como ricos e que somente 13% são verdadeiramente pobres. Temos todas as estratégias e os melhores treinamentos para evangelizar todos os povos, tribos, e nações. Temos métodos de tradução da bíblia para as línguas que nada têm do livro sagrado e condições de terminar a tarefa em nossa geração. Sua admiração seria ainda maior.
Uma última pergunta: Vocês sabem onde se encontram as pessoas não seguidoras de Cristo, alvos da pregação?
Orgulhosos, responderíamos com riquezas de detalhes que a maioria delas, ou 95% dos menos alcançados da terra, está concentrada numa região do mundo que denominamos Janela 10-40. Lá estão aproximadamente 2.3 bilhões de pessoas que chamamos de os menos alcançados, pelo evangelho, da terra.
Nosso interlocutor a essa altura estaria em êxtase com grande admiração pelo conhecimento demonstrado, recursos financeiro e pessoal que possuímos. E sua conclusão seria: Vocês não são sérios naquilo que creem e fazem”.

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