sexta-feira, 26 de julho de 2024

Pastor de Mianmar é libertado da prisão pela 2ª vez em 4 meses

 

Hkalam Samson e sua esposa. (Foto: Reprodução/Baptist Press)

O ciclo de prisões e liberdades experimentado pelo pastor Hkalam Samson começou em dezembro de 2022.

Reconhecido líder cristão e defensor dos direitos humanos da minoria étnica Kachin, em Mianmar, o pastor Hkalam Samson foi libertado da prisão no início desta semana, disse um representante da organização pela paz Kachin na quarta-feira (22).

O ciclo de prisões e liberdades experimentado por Samson começou em dezembro de 2022. Em abril do ano passado, o pastor foi condenado a seis anos de prisão por acusações de “associação ilegal, incitação e contraterrorismo”.

Embora tenha sido libertado em abril deste ano sob uma anistia geral, Samson foi detido novamente apenas algumas horas depois.

Ex-líder da Convenção Batista Kachin, Samson também preside a Assembleia Consultiva Nacional Kachin, uma organização que reúne grupos religiosos e da sociedade civil com organizações políticas que promovem os direitos Kachin, incluindo a autonomia do governo central de Mianmar.

O estado no norte de Mianmar tem sido palco de conflitos intermitentes há décadas, envolvendo o exército e guerrilheiros Kachin, que são bem organizados e armados.

Prisões e libertações

Samson permaneceu detido por 16 meses na prisão de Myitkyina, capital do estado de Kachin, até sua libertação inicial em meados de abril deste ano.

A liberação ocorreu sob uma anistia que beneficiou 3.300 prisioneiros em todo o país, em celebração ao tradicional feriado de Ano Novo Thingyan.

No entanto, poucas horas após sua libertação, ele foi preso novamente.

Dois dias após a segunda detenção de Samson, o Major-General Zaw Min Tun, porta-voz do conselho militar governante, afirmou em uma entrevista ao serviço em língua birmanesa da BBC que Samson não havia sido preso novamente, mas sim levado “para cooperação e discussão sobre o processo de paz.”

Lamai Gwanja, um dos principais membros do Peace-talk Creation Group, com sede em Kachin, informou à Associated Press na quarta-feira que Samson foi libertado do complexo prisional às 11h30 da manhã de segunda-feira.

“Ele foi solto depois de viver em uma casa no complexo da prisão”, disse Gwanja por telefone. “Ele não foi preso novamente, mas foi chamado por um curto período para discutir a questão da paz e, depois de três meses, foi solto.”

Ele acrescentou, no entanto, que Samson não esteve em nenhuma atividade relacionada às negociações de paz durante o período de sua detenção.

Segundo a AP, não foi possível contatar Samson para comentar.

Direitos humanos

Samson é um destacado defensor dos direitos humanos das minorias étnicas e religiosas em Mianmar. Em 2019, ele integrou uma delegação que se encontrou com o então presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, para discutir o abuso militar contra minorias étnicas.

Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, afirmou em um comunicado divulgado na terça-feira que Washington recebeu com satisfação a libertação de Samson.

“Estamos felizes que ele finalmente possa retornar para casa, para sua família e continuar seu importante trabalho”, disse Miller.

Os cristãos representam cerca de 6% da população predominantemente budista de Mianmar, mas constituem aproximadamente 34% da população estimada de 1,7 milhão de Kachin.

Grupos de direitos humanos afirmam que religiões minoritárias, incluindo os cristãos, têm enfrentado uma significativa perseguição em Mianmar desde a tomada do poder pelo exército em 2021. Naquele ano, os militares depuseram o governo eleito de Aung San Suu Kyi e reprimiram protestos pacíficos, o que desencadeou uma resistência armada e deu início a uma guerra civil.

Os guerrilheiros Kachin desempenharam um papel crucial no movimento de resistência, unindo grupos armados de minorias étnicas com combatentes pró-democracia que se organizaram contra o regime militar.

Fonte: Guiame, com informações da AP

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