(Foto: Baker Publishing Group)
Série Mulher Cristã
Durante a 2ª Guerra Mundial, enquanto os nazistas perseguiam e exterminavam os judeus, Corrie e sua família ajudaram a salvar muitos deles.
Cornélia Arnolda Johanna ten Boom, mais conhecida como Corrie ten Boom, foi uma heroína da fé, juntamente com sua família. Eles testemunharam a verdadeira fé em Cristo, uma fé que transbordou em amor ao salvar a vida de outros que estavam em perigo. Durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto os nazistas perseguiam e matavam os judeus, Corrie e sua família ajudaram a salvar muitos judeus, escondendo-os em um compartimento secreto em sua própria casa.
Corrie ten Boom nasceu em 15 de abril de 1892, sendo a mais nova de quatro irmãos, em uma família cristã reformada, em Amsterdã, Holanda. Após alguns meses, sua família se mudou para Haarlem. Seu pai, Casper ten Boom, era relojoeiro. Sua mãe morreu de um ataque cardíaco aos 63 anos. Sua irmã mais velha, Elisabeth, nasceu com anemia perniciosa. O irmão delas, Willem, formado em uma escola teológica, afirmava que, se a Holanda não tomasse uma atitude, cairia sob o domínio dos nazistas. Ele se casou e teve quatro filhos. Corrie e Betsie nunca se casaram. Corrie começou a aprender relojoaria em 1920 e, em 1922, após um romance frustrado, tornou-se a primeira mulher relojoeira licenciada na Holanda. Na década seguinte, ela iniciou um clube de moças para ensino religioso, além de turmas para educação artística, costura e trabalhos manuais.
Em 1940, o exército alemão invadiu a Holanda e outros Países Baixos. Em 1942, Corrie e sua família tornaram-se ativos na resistência ao nazismo na Holanda, e a vida dos ten Boom mudou para sempre. Eles usavam a fachada da relojoaria para esconder refugiados em sua casa, na rua Barteljorisstraat 19, em Haarlem, Holanda. Uma pequena passagem secreta foi construída atrás do guarda-roupa, na parede do quarto de Corrie, capaz de esconder até seis pessoas durante as frequentes inspeções nazistas. Foi instalado um duto de ar nesse local secreto para permitir ventilação aos fugitivos.
Nessa busca pela sobrevivência, alguns judeus ficavam na casa dos ten Boom por apenas algumas horas, enquanto outros permaneciam por meses até serem realocados para outros esconderijos de membros da Resistência. Corrie tornou-se uma das líderes do movimento, ajudando a encaminhar vários judeus para esconderijos seguros. Calcula-se que a atividade desse grupo de holandeses ajudou a salvar mais de 800 judeus.
Através de uma denúncia, a ação da família ten Boom foi descoberta pelo exército nazista em fevereiro de 1944. Como resultado, os nazistas prenderam um grande número de pessoas da Resistência, incluindo a família de Corrie. Todavia, os seis judeus que estavam no esconderijo secreto não foram descobertos e permaneceram lá por três dias até serem resgatados por outros membros da Resistência. O pai de Corrie, Casper ten Boom, morreu com apenas 10 dias de prisão no campo de concentração de Scheveningen, aos 84 anos.
As irmãs ten Boom, Corrie e Betsie, passaram os 10 meses seguintes em três prisões diferentes até chegarem ao temido campo de concentração de Ravensbrück. Durante esse tempo, elas realizaram um trabalho de evangelismo nos alojamentos femininos, levando esperança em meio à dor, consolo em meio às lágrimas e fé em meio à tribulação.
As reuniões eram realizadas secretamente, e muitas mulheres entregavam suas vidas a Jesus, o Criador dos céus e da terra. Em meio ao caos, elas encontravam a salvação eterna para suas almas. Os alojamentos eram infestados por pulgas, o que impedia os soldados de entrarem, permitindo que Corrie e Betsie tivessem maior liberdade para realizar as reuniões com frequência e proclamar o Evangelho.
Como eram aquelas noites: “Por fim, Betsie ou eu abria a Bíblia. Como apenas as holandesas entendiam o texto lido, traduzíamos em voz alta para o alemão e, então, escutávamos as palavras de vida sendo transmitidas pelos corredores em francês, polonês, russo, tcheco e holandês. Aquelas noites eram como vislumbres do céu.”
Com o tempo, Betsie adoeceu e não resistiu, devido aos maus-tratos, à fome e ao frio do inverno alemão. Dez dias após a morte de sua irmã e amiga de uma vida inteira, Corrie foi libertada da prisão. Anos depois, ela soube que sua soltura foi um erro administrativo e que, uma semana após sua libertação, todas as mulheres de sua idade foram executadas em Ravensbrück.
A missão de Corrie não parou. Após o término da guerra, a expansão de sua missão foi ainda mais longe, levando o Evangelho do perdão e da reconciliação. Com o fim da guerra, Corrie fundou um centro de reabilitação para ajudar os sobreviventes do Holocausto e recebeu honrarias como “Heroína de Guerra” da rainha da Holanda. Aos 53 anos, iniciou um ministério mundial que a levou a percorrer mais de 60 países, testemunhando sobre o amor e o perdão de Cristo. Sua mensagem contínua era: “Jesus é Vencedor!”
No período de prisão, Corrie sentiu ódio pelos soldados nazistas, mas não quis que esse sentimento permanecesse e orou a Deus, pedindo que, no lugar daquele ódio, colocasse amor. Tempos depois, ela estava falando em uma igreja em Munique, na Alemanha. Quando a reunião terminou, um dos mais cruéis oficiais se aproximou e disse que havia encontrado Jesus e pedido perdão pelos seus pecados e pelas atrocidades que havia cometido. Ele sabia que Jesus o havia perdoado, mas ele queria o perdão de Corrie.
Inicialmente, ela sentiu ódio, mas sabia que aqueles que não perdoassem seus adversários também não seriam perdoados. Naquele instante, Corrie foi tomada pelo amor de Deus e teve a graça de perdoar o homem que havia feito tanto mal. Mais tarde, Corrie testemunhou que foi “o poder do Espírito Santo” que derramou o amor de Deus em seu coração. Corrie ten Boom visitou mais de 60 países em seis continentes, levando a mensagem do Evangelho cristão do perdão e da reconciliação.
Em 1968, o Museu do Holocausto, em Jerusalém, pediu que Corrie plantasse uma árvore na Avenida dos Justos entre as Nações, como homenagem às muitas vidas de judeus salvas pelos membros da Resistência. No início da década de 1970, Corrie escreveu o livro “O Refúgio Secreto,” que conta a trajetória de sua família e se tornou um best-seller. Além desse, Corrie escreveu outros livros inspiradores..
Corrie chegou à velhice pregando o Evangelho e encorajando outros a crerem em Jesus. Aos 85 anos de idade, em 1977, ela se mudou para Placentia, Califórnia, EUA. No ano seguinte, sofreu uma série de derrames cerebrais que a deixaram paralisada e incapaz de falar. Ela morreu aos 91 anos, no dia de seu aniversário, 15 de abril de 1983.
Corrie ten Boom, uma mulher cristã de fé generosa e altruísta, nos deixou um legado que transcende seu próprio martírio. Sua vida nos ensina a amar a Cristo, mesmo quando as circunstâncias são totalmente desfavoráveis. Ela considerou as palavras de Paulo aos Filipenses 3:13-14: “esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Às vezes, esquecemos que um coração próximo de Deus é um coração generoso, disposto a perdoar e dependente do Espírito Santo.
Contudo, durante a nossa trajetória cristã, sempre passaremos por conflitos, mas não devemos ter medo de confiar todo o nosso futuro ao SENHOR JESUS. Como disse Corrie ten Boom: “Nenhum poço é tão profundo que Ele não possa alcançar. Com Jesus, mesmo nos momentos mais difíceis e sombrios, o bem permanece e o bem maior há de vir.” Deus está no controle de tudo, e nós precisamos vivenciar as experiências que Ele nos proporciona. Sejamos mulheres cristãs generosas, no amor, na fé, na oração e compartilhando o Evangelho de Cristo.
Referências:
Dias de Renovo, mulheres de fé. Corrie Ten Boom. Disponível em: <https://www.diasderenovo.com/post/corrie-ten-boom >. Acesso em 21 mai de 2024.
Fhop Blog. Corrie Ten Boom: Uma história de amor, coragem e fé. Disponível em: <https://fhop.com/mulheres/ >. Acesso em 21 mai 2024.
Ministério Pão Diário. Ame a Deus, Ame aos outros. Disponível em: <https://paodiario.org/autores-classicos/corrie-ten-boom/?gad_source=1&gclid=EAIaIQobChMImdmelYmfhgMVk1RIAB2M2ApxEAAYASAAEgJAqfD_BwE> Acesso em 21 mai 2024.
Caroline Fontes é formada Bacharel em Teologia; com pós- Ciência da Religião, formada em Pedagogia – UERJ, pós-graduação em Neuropsicopedagogia – FAMEESP. Reside no Rio de Janeiro, casada com pr. Ediudson Fontes, mamãe de Calebe Fontes.
FONTE: GUIAME, CAROLINE FONTES