Lucas 22.39-46
Nas palavras de George Morrison: “Toda vida tem seu Getsêmani e todo Getsêmani tem seu anjo”. Que grande estímulo ao povo de Deus, quando está em lutas e em oração por decisões difíceis, pelas quais se deve pagar um alto preço!
A agonia do Senhor Jesus no Jardim do Getsêmani contém elementos que os mais sábios expositores não puderam expor plenamente. Ninguém jamais passou pelo que Jesus experimentou no Getsêmani. Seu sacrifício vicário, em completa obediência à vontade do Pai, era o único tipo de morte que poderia salvar os pecadores. O inferno, como ele é, veio até Jesus no Getsêmani e no Gólgota, e o Senhor desceu até ele, experimentando todos os seus horrores. Moisés Ribeiro diz: “que aquela era a batalha decisiva de Jesus”.
O evangelista João nos informa que Jesus saiu do cenáculo para o jardim (Jo 18.1). Não foi uma saída de fuga, mas de enfrentamento. Ele não saiu para esconder-se, mas para preparar-se. Ele não saiu para distanciar-se da cruz, mas para caminhar em sua direção.
Jesus sabia que a hora agendada na eternidade havia chegado (Mc 14.35). Não havia improvisação nem surpresa. Para esse fim, ele havia vindo ao mundo. Sua morte estava determinada desde a fundação do mundo (Ap 13.8).
No decreto eterno, no conselho da redenção, o Pai o entregou para morrer no lugar dos pecadores (Jo 3.16; Rm 5.8; 8.32), e ele mesmo, voluntariamente, dispôs-se a morrer (G1 2.20).
Vamos destacar as lições centrais desse drama doloroso de Jesus no Getsêmani.
1- JESUS NOS ENSINA A ENFRENTAR AS AFLIÇÕES DA VIDA DE JOELHO (22.39,40, 41)
Jesus buscou esse lugar de oração não apenas na hora da agonia. Lucas nos informa que este lugar secreto de oração era caro para Jesus. Ir a esse lugar de oração era o seu costume (22.39). Porque Judas conhecia o hábito de Jesus de ir ao Getsêmani à noite, dispôs-se a liderar a turba para prendê-lo nesse jardim.2 Lucas, diferentemente dos
A oração triunfante (26.36,39,42,44) – Nas Palavras do pastor Hernandes Dias Lopes, “no Getsêmani, Jesus orou humildemente, agonicamente, perseverantemente e triunfantemente. O tempo todo é Jesus quem vigia, quem ora e, também, por isso, quem é preservado. Por causa da sua condição de testemunhas é que os discípulos deveriam ficar com ele, orando por si mesmos (26.41)”.
Mounce é oportuno quando escreve: “No mais cruento e importante conflito da existência humana, Jesus demonstrou a vitória do espírito sobre a carne, enquanto seus discípulos demonstraram a vitória da carne sobre o espírito”.8
Jesus não apenas orou no Getsêmani, mas também ordenou que os discípulos orassem e apontou a vigilância e a oração como um modo de escapar da tentação (26.41). Consideremos a seguir alguns aspectos especiais dessa oração de Jesus.
Neste momento quando olhamos para jesus no Jardim do Getsmani, contemplamos o filho de Deus de joelhos (26.39). O Verbo eterno, o criador do universo, o Sustentador da vida, está de joelhos, com o rosto em terra, prostrado em humílima posição. Jesus se esvaziou, descendo do céu à terra. Agora, aquele que sempre esteve em glória com o Pai está de joelhos, prostrado, angustiado, orando com forte clamor e lágrimas.
2- JESUS NOS ENSINA A SERMOS OBEDIENTE AO PAI (22.41,42)
Jesus orou: Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres (26.39). Lucas registra assim: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua (Lc 22.42). Tanto a “hora” como o “cálice” se referem à mesma coisa: o derramar da ira de Deus! E a entrega do filho do homem nas mãos dos pecadores, à mercê da ação deles.
Aquele que estava ligado a Deus como nenhum outro haveria de tornar-se alguém abandonado por Deus como nenhum outro.
“Samuel, porém, respondeu: “Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros”.(1 Samuel 15:22)
O “seja feita a minha vontade, e não a tua” levou o primeiro Adão a cair. Mas “o seja feita a tua vontade, e não a minha” abriu a porta de salvação para os pecadores.
Jesus não apenas teve de sofrer, mas no fim também quis sofrer. Sua cruz foi, a cada momento, apesar das lutas imensas, sua própria ação e seu caminho trilhado conscientemente (Jo 10.18; 17.19). Ele foi entregue, mas também entregou a si mesmo (G1 1.4; 2.20).
No Getsêmani podemos ver a perseverança. Jesus orou três vezes, sempre focando o mesmo aspecto. Ele suou gotas como de sangue não para fugir da vontade de Deus, mas para fazer a vontade de Deus. Oração não é buscar que a vontade do homem seja feita no céu, mas desejar que a vontade de Deus seja feita na terra. O evangelista Lucas esclarece que a persistência de Jesus era dupla: ele orou não apenas três vezes, mas mais intensamente (Lc 22.44).
Neste momento de oração de Jesus, ele foi marcado pela agonia. Jesus não apenas foi tomado de pavor e angústia (26.37), não apenas disse que sua alma estava profundamente triste até a morte (26.38), mas o evangelista Lucas registra: E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que 0 seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra (Lc 22.44).
3-JESUS NOS ENSINA, QUE HÁ CONSOLAÇÃO RESTAURADORA PARA AQUELES QUE SE SUBMETEM AO PAI
0 triunfo da oração (26.45,46). Depois de orar três vezes e mais intensamente pelo mesmo assunto, Jesus se apropriou da vitória. Ele encontrou paz para o seu coração e estava pronto a enfrentar a prisão, os açoites, o escárnio, a morte.
Marcos registra o que Jesus disse a seus discípulos: Basta! Chegou a hora (Mc 14.41). Jesus se levantou não para fugir, mas para ir ao encontro da turba (Jo 18.4-8). Ele estava preparado para o confronto. Jesus não mais falará de seu sofrimento. A preparação para o sofrimento e a morte de Jesus está concluída; a paixão começa.
Nesse momento, as mãos de Deus se retiram, e os pecadores põem as mãos nele (26.57; Mc 14.46). Spurgeon, nessa mesma linha de pensamento, escreve: “O esmagamento na prensa de azeite estava acabado. A longa espera pela hora da traição terminou; e Jesus se levantou calmamente, divinamente fortalecido para passar pelas terríveis provações que ainda esperavam por ele antes que cumprisse plenamente a redenção do seu povo eleito”.
Os discípulos de Jesus não oraram nem vigiaram, por isso dormiram. Os seus olhos estavam pesados de sono, porque o seu coração estava vazio de oração. Porque não oraram, caíram em tentação e fugiram (26.56). Sem oração, a tristeza nos domina (Lc 22.45). Sem oração, agimos na força da carne (Jo 18.10). Pedro, aquele que acabara de se apresentar para o martírio, não possui nem mesmo a força de manter os olhos abertos. A queda de Pedro passou por vários degraus: a justiça própria, o sono, a fuga e a negação.
Jesus entrou cheio de pavor e angustiado no jardim de Getsêmani e saiu consolado. Sua oração tríplice e insistente trouxe-lhe paz depois da grande tempestade. Ele se dirigiu ao Pai, clamando: Aba, Pai (Mc 14.36). Lucas menciona o suor de gotas como de sangue e também a consolação angelical (Lc 22.43).
Jesus se levanta da oração sem pavor, sem tristeza, sem angústia.
A partir de agora, ele caminha para a cruz como um rei caminha para a coroação. Ele triunfou de joelhos no Getsêmani e está pronto a enfrentar os inimigos e a morrer vicariamente na cruz por seus eleitos para glória do Pai.
Diante do exposto, eu e você somos desafiados a seguir o exemplo de Jesus diante das aflições que muitas vezes chegam até nós. Jesus buscou o Pai de Joelhos, se submeteu a sua vontade e foi consolado e fortalecido, pois importa obedecer a Deus do que aos homens. Você está disposto a obedecer a Deus hoje? Só em obediência ao Pai poderemos enfrentar os nossos inimigos e triunfar sobre a morte. Jesus morreu por mim e por ti para sermos mais que vencedores. Na cruz podemos ver a morte, da morte, na morte de Cristo.
Pr. Eli Vieira
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