sexta-feira, 22 de março de 2024

A Igreja e a Grande Comissão

 

Em um mundo em constante transformação, onde as fronteiras são apagadas pelos avanços tecnológicos e as culturas se entrelaçam em uma dança intrincada, a igreja se encontra diante do desafio extraordinário da missão global. Nessa jornada, somos convocados pelo eco inegável das palavras de Jesus em Mateus 28.19-20: “Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações…” A Grande Comissão não é apenas uma incumbência, mas uma oportunidade única de testemunhar a transformação de vidas e o nascimento de igrejas, através da pregação Evangelho.

Devemos conhecer as complexidades contemporâneas da missão, compreendendo alguns desafios e estratégias necessárias para levar a mensagem do Evangelho a todas as culturas. Descobriremos o chamado à responsabilidade da igreja local em unir forças para cumprir a Grande Comissão. A Grande Comissão deve continuar ecoando em nossos corações, instigando-nos a fazer discípulos de todas as nações.

A Urgência do Chamado Missionário

A urgência do chamado missionário, delineada nas palavras do Senhor Jesus, deve ainda ressoar vigorosamente nos corações e mentes dos crentes como um imperativo incontestável. Na grande comissão de Cristo aos seus discípulos, encontramos não apenas uma sugestão, mas um mandato divino que continua relevante através dos séculos e permanece como um chamado urgente para a Igreja Contemporânea: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.” Essa ordem convoca a igreja a uma ação incessante.

O cenário moderno, caracterizado por rápidas mudanças sociais e tecnológicas, destaca a atualidade e a urgência desse chamado. A rapidez com que as ideias se propagam e as culturas se entrelaçam exige uma resposta diligente da Igreja.

João Calvino, teólogo reformador, expressou a imperatividade do envolvimento missionário ao afirmar que os cristãos carregam a responsabilidade de espalhar o Evangelho. Ele escreve “porque é nossa obrigação proclamar a bondade de Deus para todas as nações… a obra não pode ser escondida em um canto, mas proclamada em todos os lugares”. Embora Deus pudesse ter usado outros meios, Ele escolheu “empregar a ação de homens” para a pregação do Evangelho.

As palavras de Calvino ressoam a essência do chamado missionário de Cristo, sublinhando que a fé cristã não é uma jornada solitária, mas uma missão compartilhada. A urgência não está apenas na preservação da própria fé, mas na propagação do Evangelho para além das fronteiras familiares e culturais. A ordem de Jesus é clara e incontornável: “Indo.” Esse imperativo transcende barreiras geográficas, culturais e temporais, convocando a Igreja a mover-se em direção àqueles que ainda não ouviram a mensagem transformadora do Evangelho.

Ao refletir sobre a urgência do chamado missionário, somos desafiados a considerar o contexto de uma sociedade em constante transformação. As mudanças nas dinâmicas familiares, avanços tecnológicos e as rápidas mudanças nas normas culturais destacam a relevância contínua do mandato de Cristo. A urgência não está enraizada apenas na necessidade de salvação, mas na resposta ativa à crescente escuridão espiritual que envolve muitas comunidades ao redor do mundo. Calvino, entendendo a profundidade dessa ordem, enfatizou que a fé não deve ser guardada egoisticamente, mas compartilhada generosamente. A Igreja, então, deve encarar a urgência do chamado missionário como parte integrante de sua identidade e propósito.

A obra missionária não é uma opção para a Igreja; é uma resposta inevitável ao chamado de Cristo. A grande comissão em Mateus 28.19-20 não é uma sugestão, mas uma ordenança divina. Os demais evangelistas também deram ênfase a essa ordem: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura.” (Marcos 16.15, ARA); “Disse-lhes, então, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.” (João 20.21, ARA); “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1.8).

Desafios contemporâneos na Missão

À medida que a Igreja responde ao chamado, é imperativo considerar e abordar os desafios contemporâneos que permeiam o cenário global. Os desafios enfrentados pela missão hoje são multifacetados, exigindo uma compreensão profunda e uma resposta sábia.

Um dos desafios urgentes é a pluralidade religiosa, uma característica marcante do mundo contemporâneo. Em muitas regiões, as religiões são diversas e profundamente enraizadas nas tradições culturais. Lidar com essa diversidade requer uma abordagem respeitosa enquanto se apresenta a singularidade e exclusividade do Evangelho. Num contexto de secularização crescente, e questionamento das verdades absolutas, os missionários enfrentam a tarefa de comunicar uma mensagem que, muitas vezes, é considerada contracultural. Faz-se necessário apresentar o Evangelho de forma relevante, que responda as perguntas e inquietações contemporâneas.

A globalização também desempenha um papel central nos desafios contemporâneos da missão. Embora conecte o mundo de maneiras sem precedentes, ela também traz consigo complexidades culturais e sociais. A rápida disseminação de ideias e valores pode impactar a receptividade da mensagem cristã, exigindo uma compreensão profunda do contexto local e uma abordagem flexível, sem abrir mão da verdade inalienável do Evangelho.

Navegar pelos desafios contemporâneos na missão é um chamado à adaptação, humildade e perseverança. E, principalmente, exige uma compreensão profunda das Escrituras, uma busca constante pela orientação do Espírito Santo e uma abordagem estratégica fundamentada na verdade do Evangelho.

A Escritura fornece orientações claras sobre a comunicação da mensagem em diferentes contextos. Em Colossenses 4.5-6 (NVI), Paulo instrui os crentes: “Comportem-se com sabedoria para com os que são de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades. O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um.” Essa instrução destaca a necessidade de sabedoria na interação com diferentes culturas, comunicando o Evangelho de maneira temperante e relevante. A missão persiste, apesar dos desafios, pois a luz do Evangelho brilha ainda mais intensamente nas trevas contemporâneas.

A Responsabilidade da Igreja Local na Execução do Mandato

Ao considerarmos a responsabilidade da igreja local na execução do mandato missionário, somos chamados a um entendimento profundo da importância do envolvimento ativo. A grande comissão de Cristo é uma incumbência que recai sobre cada pessoa que um dia foi regenerada por esse Evangelho. A participação da igreja local na missão global não é uma opção, mas sim a resposta natural ao chamado de Jesus para fazer discípulos de todas as nações.

Essa cooperação ressoa com a necessidade de parcerias sólidas entre as igrejas locais e organizações missionárias, promovendo uma abordagem eficaz na execução da missão. É crucial que a igreja local compreenda a magnitude do desafio missionário e a urgência de uma resposta coletiva. A obra missionária não é uma responsabilidade apenas dos vocacionados (missionários, obreiros, evangelistas, pastores), mas uma expressão intrínseca da identidade da Igreja. À medida que nos envolvemos na missão, não estamos apenas cumprindo um mandato, estamos participando da história redentora de Deus, sendo instrumentos nas mãos do Criador para trazer salvação a lugares onde muitas vezes a mensagem ainda não fora pregada.

A igreja local deve sentir-se diariamente desafiada a despertar para a missão global com renovado zelo e compromisso. É hora de se unir, compartilhar recursos, talentos e chamados em prol da expansão do Reino de Deus. As palavras de Jesus em Mateus 28 não são um fardo pesado, mas uma oportunidade sublime de participar da obra mais significativa da história humana.

Que cada cristão veja a missão não como uma obrigação, mas como uma honra. Ao nos engajarmos na Grande Comissão, experimentaremos a alegria de ver vidas transformadas, comunidades restauradas e o nome de Jesus glorificado em lugares onde Ele ainda não foi conhecido. Que a Igreja, fortalecida pela convicção de sua responsabilidade na execução do mandato missionário, avance com coragem, confiança e amor, sabendo que o Senhor da colheita está conosco em cada passo da jornada. O desafio é grande, mas a promessa de Cristo é maior: “E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28.20, ARA).

Rev. Daniel Bovo

Fonte:https://apmt.org.br/blog/10744-a-igreja-e-a-grande-comissao?

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