Por Antônio Carlos Costa.
Há uma diferença muito grande entre preocupar-se com a lei e ser legalista. As escrituras aprovam -a preocupação movida pelo amor- com o cumprimento da vontade moral de Deus; e, ao mesmo tempo, condenam a obsessão neurótica com a lei, movida pelo medo. Qual a diferença entre ser santo e ser legalista?
1. O santo se relaciona com Deus em amor. O moralista procura cumprir a lei em temor servil.
2. O santo vive em liberdade sob o espírito da lei, e não no claustro do detalhismo ético. Ele vê a moral cristã à luz do conjunto mais amplo de preceitos morais e do seu escopo principal: a glória de Deus e a felicidade humana; em vez de vê-la sob as trevas da meticulosidade ética, capaz de conduzi-lo à negligência do propósito essencial da lei.
3. O santo submete sua vida ao que as Escrituras revelam. O legalista procura impressionar a Deus com tolices criadas pelo homem. Para o santo, boa obra é apenas aquela que é praticada em amor e sujeição a preceito ético claramente revelado.
4. O santo sabe que entrará no reino dos céus pelo sacrifício de um outro que foi espancado e morto em seu lugar. O moralista não consegue entender uma relação com Deus que não seja baseada em desempenho.
5. O santo cai e se levanta, confiando mais na misericórdia de Deus do que na sua inocência. O moralista só se perdoa depois de haver expiado pessoalmente a sua culpa.
6. O santo se relaciona com Deus através de Cristo. O moralista se relaciona com Deus através da lei.
7. O santo ficou viúvo da lei e casou com Cristo. O moralista mantém o matrimônio com a senhora lei.
8. O santo é cara de pau. Participa da festa do amor do Pai como se nada tivesse acontecido. O moralista recusa-se ir para o salão de festa sem antes passar pela senzala.
9. O santo usa as Escrituras para revelar o amor gracioso de Deus pelos pecadores. O moralista usa a Bíblia para justificar a sessão de apedrejamento do que pecou.
10. O santo surpreende-se com a doçura da graça de Deus. O moralista espanta-se com a estreiteza do caminho que leva ao céu.
11. O santo é bom e justo. O moralista costuma ser apenas justo. Em suma, o santo é justo, o legalista é justiceiro.
12. As crianças adoram a companhia do santo. O moralista as espanta.
13. O santo não se sente livre para ser mau porque Deus é bom. O moralista tende a ser tão mau quanto o seu Deus.
14. O santo tem sempre alguém na vida com quem pode falar sobre suas fragilidades morais. O moralista procura ocultá-las até de si mesmo.
15. O santo encontrou na vida um Deus amável a quem cultua em amor. O moralista encontrou na vida um justiceiro celestial a quem cultua de olhos secos.
16. O santo é progressista. O moralista é conservador. O santo conserva o que ainda é útil, santo e bom. O moralista conserva o que é relativo, temporal e anacrônico.
17. O santo celebra a vida. O moralista só se sente bem quando está mal.
18. O santo não busca uma santificação que o desnaturalize. O moralista tenta viver como anjo.
19. O santo surpreende-se com a condescendência divina face à sua fraqueza moral. O moralista não entende como não é mais abençoado face ao seu desempenho ético.
20. O santo se relaciona com Deus através de Cristo. O moralista se relaciona apenas com Deus. Por isso, o santo encontra o Pai, o moralista, o Diabo.
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