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As cartas dirigidas as sete igrejas da Ásia (Ap 2.1 – 3.22) contém ensinamentos valiosíssimos para a igreja brasileira, sobretudo no atual momento. Acredito ser possível estudar especificamente as cartas à Laodicéia, Éfeso e Esmirna e
Contexto histórico
Em seu livro “Ouça o que o Espírito diz às igrejas” [1] o Rev. Hernandes Dias Lopes comenta que Laodicéia era uma cidade importante por ficar no meio de importantes rotas comerciais da época. Segundo ele, era ainda uma cidade rica e soberba. Um exemplo em especial nos ajuda a ter dimensão de sua riqueza. Em 61 d.C. ela foi devastada por um terremoto, mas foi inteiramente reconstruída pela população, sem a ajuda do imperador. Imagine, por exemplo, que uma cidade seja inteiramente destruída por um terremoto como o que recentemente afetou o Nepal e consiga se reerguer sem nenhuma ajuda do governo nacional ou de agentes internacionais; somente por sua riqueza. Seria um feito considerável, não? Aliás, isso nos ajuda a compreender uma característica do povo da cidade. Era uma nação que se orgulhava demais de sua própria capacidade e riqueza.
Além disso, o Rev. Hernandes nos conta que lá se produzia uma espécie de lã especial que era mundialmente famosa e dois unguentos para ouvidos e olhos que eram quase milagrosos e contribuíam para Laodicéia ser vista como um centro médico importante. Em suma, a cidade era muito importante e famosa cuja população era bastante rica e capaz.
Todavia, a
Análise bíblica
“Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas são as palavras do Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus. Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem
Tendo entendido o contexto histórico podemos fazer agora uma análise bíblica mais assertiva. Inicialmente Cristo se apresenta e demonstra que Ele está presente na comunhão dos crentes ao afirmar que conhece as obras da igreja. Como profundo conhecedor o diagnóstico que Cristo faz é preciso e tenebroso. Fazendo menção às águas terapêuticas ele diz à igreja que ela era tão insossa e inútil quanto as águas de sua cidade. A água fria de Colossos servia para trazer refrigério ao cansado e a quente de Hierápolis, para trazer cura ao doente. Todavia, as águas mornas de Laodicéia não serviam para nada – assim como a própria igreja.
Então, Cristo faz a crítica de
Na minha limitada imaginação, penso que tal igreja era somente um local onde todos se reuniam eventualmente. Era um clube social como muitos que temos hoje. Os crentes conversavam
Olhe para as igrejas brasileiras e veja quantas estão exatamente assim! Olhe para a sociedade brasileira e veja o estado em que nos encontramos! Caminhamos a passos largos para o mundanismo, abraçamos abertamente o relativismo moral, a cada dia aparece uma nova “bizarrice gospel”, cantamos músicas que não falam de Deus, fazemos orações que dão ordens a Deus e tratamos Cristo como um curandeiro espiritual ou um gênio da lâmpada, que só existe para nos curar ou fazer “prosperar” materialmente. Ainda, o pior nisso tudo é que a larga maioria da igreja, ao invés de se posicionar contra esses absurdos e travar o debate público, ou se mostra a favor dessas pautas ou se mostra covarde e incapaz de protestar – o que em termos práticos “dá no mesmo”. É urgente que acordemos para a realidade, despertemos em nossos corações uma sede verdadeira pelo evangelho e passemos a viver como cristãos que dependem única e exclusivamente de Cristo.
Caminhando para o final do texto, vemos que Cristo traz exatamente essa palavra aos crentes de Laodicéia. Ele diz que a verdadeira riqueza está Nele, as vestes mais belas se encontram Nele e o melhor remédio para a cegueira espiritual está Nele. Ainda hoje o conselho de Cristo segue o mesmo: busquem a minha presença e eu os responderei!
Aplicação e Conclusão
Agora que compreendemos a mensagem de Cristo, precisamos entender o “como”. Como podemos busca-lo mais ao ponto de ter uma vida de total dependência Dele? Como podemos ter uma vida cristã tal que impacte a nossa família, nossa igreja, nosso bairro e nosso país?
Respondendo à primeira pergunta, entendo que o caminho é fazer o mais simples e óbvio, i.e., dedicar pelo menos 30 min. do seu dia para devocional diária, pautada em oração e estudo bíblico. E, por estudo bíblico, me refiro a ler, entender e escrever um resumo do que absorveu do texto. Por mais que você não consiga ler mais de meio capítulo por dia, se esforce para compreender o que está lendo. Procure o contexto, pois isso o ajudará a entender melhor a mensagem e no final ore novamente agradecendo a Deus pelo ensino, pedindo que ele fortifique o seu relacionamento com Ele.
E para a segunda pergunta, acredito que a resposta seja esta: após ter uma vida devocional estabelecida e em crescente desenvolvimento, posicione-se contra as pautas imorais que são levantadas na sociedade e até mesmo dentro da igreja. Os cristãos não podem confundir bondade e mansidão com covardia. Não peço a ninguém que fique “batendo boca” e arrumando confusão na rua ou em redes sociais, mas peço sim que não deixem de se posicionar. Uma boa estratégia é defender o oposto do que o mundanismo defende. Por exemplo, é crescente na sociedade a defesa do sexo livre e do aborto. Como podemos lutar contra isso? Podemos defender o sexo dentro do casamento e o direito inegável à vida. Por mais que não seja travado um embate direto, é importante que disseminemos os valores cristãos na sociedade.
Que a mensagem de Cristo à Laodicéia desperte a igreja brasileira. Que tenhamos mais cristãos genuínos que reconhecem a voz do bom pastor, buscam sinceramente a santificação e são agentes transformadores do meio onde estão inseridos!
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Notas:
1. Hernandes Dias Lopes. Ouça o que o Espírito diz às igrejas, 2010. Editora Hagnos.
2. Paul Washer. O chamado ao evangelho e a verdadeira conversão, 2014. Editora Fiel.
Sobre o autor: Pedro Franco, 23 anos, é estudante de farmácia pela UFRJ e diácono na Igreja Presbiteriana Adonai (RJ).
Divulgação: Bereianos
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