Introdução
O Que é Calvinismo?
Quando nós nos referimos ao calvinismo, estamos falando daquela compreensão da mensagem das Escrituras Sagradas que conclui que Deus é soberano sobre todas as coisas. (1)
A Palavra de Deus foi habilmente estudada e assim exposta por João Calvino, seguindo as pegadas de Agostinho e do apóstolo Paulo. Nos escritos de Calvino temos não novas doutrinas, mas o ensino cristalino, procedente da Bíblia, de várias doutrinas da fé cristã que refletem essa soberania de Deus em todos os aspectos da nossa vida. Esta compreensão tem sido às vezes rotulada de As Doutrinas da Graça e resumida nos conhecidos Cinco Pontos do Calvinismo. (2)
Ela esteve presente nos escritos e ensinamentos dos grandes expoentes da Reforma do Século XVI, e é encontrada nas históricas confissões do período, inclusive na Confissão de Fé de Westminster, adotada pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Aqueles que aceitam que a Bíblia apresenta com essa perspectiva a pessoa de Deus, e as limitações conseqüentes do homem, têm sido chamados de calvinistas , entre os quais nos incluímos.
Esclarecimentos Sobre o Tema
Alguns podem pensar que vamos lidar com “Os Cinco Pecados do Calvinismo” . Apesar dessa idéia possivelmente trazer entusiástica reação de aprovação da parte de certos setores da igreja, quero esclarecer que não estaremos tratando dos “Pecados do Calvinismo” nem iremos escrever contra o calvinismo. Nossa preocupação é com os pecados que ameaçam os calvinistas. Esses, vale esclarecer, não são pecados que caracterizam os calvinistas. Eles podem ser encontrados em muitos campos de persuasão cristã e, nesse sentido, o alerta é generalizado. Nossa preocupação é, entretanto, a de que os calvinistas não se considerem imunes a esses perigos pois os pecados que vamos mencionar também representam séria ameaça ao seu testemunho como cristãos eficazes na Igreja de Deus.
É importante ressaltar, em adição, que o nosso tema não é “Os Cinco Pecados que Ameaçam os Calvinistas”. Infelizmente existem mais de cinco pecados que nos ameaçam, mas, com a graça de Deus, vamos abordar apenas cinco destes e não todos eles. As pessoas que compartilham uma apreciação pelo calvinismo representam um solo fértil a esse estudo, o qual procede de um intenso desejo de que, como calvinistas, sejamos conhecidos tanto pelas nossas firmes convicções como pela ampla demonstração do Fruto do Espírito em nossas vidas.
Pecados que Não Abordaremos
O Intelectualismo Estéril
A nossa tentativa é a de dar um passo além de alertar aos perigos do intelectualismo estéril. Parece-nos que muitos avisos já foram soados a este respeito. Registro, como exemplo, um artigo na revista Banner of Truth no qual W. J. Seaton diz:
Nosso sistema educacional está próximo de educar pessoas acima de sua inteligência e nossa igrejas reformadas devem ter cuidado para não produzir novas gerações educadas teologicamente acima do nível de sua espiritualidade… Podemos ter uma geração que abraça o status da fé reformada mas que nunca se acha confrontada com o estigma de ser merecedora das chamas do inferno, salva apenas pelo exercício da livre graça de Deus, tão claramente expostas pelo calvinismo. (3)
Esse é o alerta contra o intelectualismo estéril que, em algumas ocasiões, encontramos em nosso meio. Devemos ter pleno convencimento que não existe aquilo que é chamado de ortodoxia morta, pois ela é nada mais, nada menos, do que heterodoxia viva. Que Deus nos preserve de retirar a vida de sua mensagem e ensinamentos.
Pecados relacionados com caráter pessoal
Não vamos, em adição, tratar de pecados ou atitudes pessoais, como: avareza, egoísmo, maledicência e outras situações pecaminosas, das quais oramos para que Deus nos livre sempre. Nossa proposição, portanto, é a de examinar alguns pecados adicionais que, corporativamente, podem estar rondando os calvinistas e que podem prejudicar tanto a nossa vida espiritual, quanto a de outros. Geralmente estes pecados ocorrem a partir de distorções de nossas próprias e corretas persuasões. É Satanás, utilizando a alavancagem dessas convicções, procurando confundir os nossos corações, objetivando levar a ruína, de uma forma toda especial, a fé reformada que tanto desejamos propagar e vê-la aceita.
(1) Benjamin Breckinridge Warfield indica que o princípio fundamental do calvinismo é “uma profunda compreensão de Deus e de Sua majestade, acompanhada da constatação, inevitável e precisa, da natureza exata do relacionamento mantido entre Ele e Suas criaturas, mui especialmente entre Ele e as criaturas caídas em pecado” – Calvin and Augustine (Philadelphia: Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1956/1971) 288.
(2) (1) A depravação ou corrução total da natureza humana, caída em pecado; (2) a eleição incondicional, dos que constituirão a Igreja de Cristo; (3) a expiação limitada, do nosso Senhor Jesus Cristo, que deu o Seu sangue por Sua igreja; (4) a graça irresistível do Espírito Santo, chamando os eleitos à salvação; (5) a perseverança dos santos até a glorificação, preservados pelo poder e pelas promessas de Deus.
(3)W. J. Seaton, Are We Outgrowing the Five Points of Calvinism? Em Banner of Truth (166/167, July/August 1977). |
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