quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Psicólogos poderão atender homossexuais que querem voltar a ser héteros

Até então, psicólogos poderiam ter seu registro profissional cassado, se atendessem homossexuais que quisessem mudar sua conduta sexual.

Psicólogos eram proibidos de atender homossexuais egodistônicos, conforme a Resolução 01-99, do CFP. (Foto: Reset.me)
Psicólogos eram proibidos de atender homossexuais egodistônicos, conforme a Resolução 01-99, do CFP. (Foto: Reset.me)

Uma decisão recente da Justiça Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal pode significar uma considerável vitória para a liberdade profissional dos psicólogos e também um avanço para homossexuais egodistônicos (aqueles que se mostram insatisfeitos com sua atual conduta sexual e querem ajuda para se reorientar).
Na última sexta-feira (15), a Justiça divulgou uma decisão liminar sobre a Resolução 01/99, autorizando psicólogos a atenderem homossexuais nesta situação de insatisfação com sua atual conduta sexual.
A decisão foi proferida após uma ação popular ter sido apresentada por um grupo de mais de 30 psicólogos, que lutavam pelo direito de atender, também homossexuais egodistônicos. O documento tramitava desde 2014 e citava o caso da paranaense Marisa Lobo e da carioca Rozângela Justino, que foram perseguidas pelos Conselhos Regionais e Federal, acusadas de "promover a cura gay" em seus consultórios.
Confira imagens do documento da ata oficial de audiência, às quais o Guiame teve acesso:




"Sendo assim, defiro, em parte, a liminar requerida para, sem suspender os efeitos da Resolução nº 001/1990, determinar ao Conselho Federal de Psicologia que não a interprete de modo e impedir os psicólogos de promoverem estudos ou atendimento profissional, de forma reservada, pertinente à (re) orientação sexual, garantindo-lhes, assim, a plena liberdade científica acerca da matéria, sem qualquer censura ou necessidade de licença prévia por parte do C.F.P., em razão do disposto no art. 5º, inciso IX, da Constituição de 1988", disse o juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho em sua decisão.
Após a decisão liminar ser proferida, o Conselho Federal de Psicologia (o qual tinha primeiramente formulado primeiramente a Resolução que limitava a liberdade profissional dos psicólogos) publicou uma nota, na qual chamou o posicionamento da Justiça de "equivocada".
"Justiça Federal do DF preserva a íntegra do texto normativo, mas se equivoca ao definir como o Conselho Federal de Psicologia deve interpretar a resolução", destacou o texto publicado no site do CFP.
"A decisão liminar, proferida nesta sexta-feira (15/9), abre a perigosa possibilidade de uso de terapias de reversão sexual. A ação foi movida por um grupo de psicólogas (os) defensores dessa prática, que representa uma violação dos direitos humanos e não tem qualquer embasamento científico", acrescentou a nota do Conselho.
Ao final de sua nota, o Conselho Federal comunicou que ainda irá recorrer dessa liminar.
"O Conselho Federal de Psicologia informa que o processo está em sua fase inicial e afirma que vai recorrer da decisão liminar, bem como lutará em todas as instâncias possíveis para a manutenção da Resolução 01/99", afirmou.

Conquista
Segundo o advogado Leonardo Loiola Cavalcanti, a decisão da 14ª Vara Federal representa uma conquista, não somente para a psicologia, mas para a ciência de forma geral e também para o direito do consumidor.
"Dessa forma, todos os psicólogos podem atender os homossexuais egodistônicos, aqueles que não se aceitam em sua orientação sexual, sem o receio de serem punidos pelo Conselho Federal de Psicologia.
Viva a liberdade científica e o direito do consumidor!", afirmou o advogado em seu comentário sobre esta notícia.

FONTE: GUIAME, POR JOÃO NETO


terça-feira, 19 de setembro de 2017

Aborto: um contrassenso fatal

image from google


A prática do aborto é uma ação recorrente na sociedade. Sua repetição, porém, não a torna livre de controvérsia, mas lança luz sobre a necessidade de se investigar seus subsídios, científicos e filosóficos, que, supostamente, justificam tal atitude.

Inicialmente, Geisler (2010, p. 153) explica que há três posições básicas sobre o aborto. A primeira diz que os nascituros são subumanos, o que possibilita a prática indiscriminada de aborto. Outros entendem que os nascituros são plenamente humanos e não aceitam a prática do aborto. Por fim, há os que argumentam que os nascituros são potenciais humanos, podendo o aborto ser praticado em situações específicas.

No presente texto, contrapor-se-á a primeira posição com a segunda, defendendo-se essa última, de que o feto é um ser humano que ainda não se desenvolveu de todo, mas que não pode ser abortado, isto é, sua vida deve ser preservada.

Em geral, os pró-aborto pressupõem que o nascituro não é uma pessoa humana real. Segundo Geisler (2010, p. 155), argumentam que o bebê não é um ser humano até possuir autoconsciência; que ele é uma extensão do corpo da mãe, de modo que ela tem o poder de decidir sobre seu corpo, inclusive sobre a do feto; que as mulheres devem ser protegidas da precariedade de clínicas abortivas ilegais; que as crianças não planejadas e indesejadas poderiam ser prevenidas de negligência; que fetos de má formação devem ser evitados para a preservação da raça humana; que se é impossível saber quando a vida começa; que o conceito de pessoa é um consenso social, implicando que o indivíduo só se torna pessoa quando a sociedade o aceita assim. Vejamos.

Da vida fetal

É recorrente o argumento que a ciência prova que o feto não é pessoa. Mas qual a validade desse argumento?

Razzo (2016, p. 75) argumenta que o cientista que observa os processos biológicos de um feto não pode julgar, em termos científicos, a pessoalidade ou impessoalidade de um ente, já que esse é um debate filosófico. Ou seja, o feto não pode ser avaliado, em termos qualitativos, pelos processos biológicos que determinam a dignidade do homem ou seu valor como pessoa.

O ponto crítico é a tentativa de se usar da biologia para se legitimar um posicionamento ético-moral. Abortar ou não é uma decisão humana, da bioética (ramo da ética filosófica), não é uma determinação que possa se sustentar sobre argumentos científicos.

Com efeito, esse é um debate de valor, como aponta Razzo (2016, p. 77):
A descrição em termos físicos e biológicos pode explicar como o ser humano funciona em termos físicos e biológicos. Mas não basta para explicar o que o ser humano é. E pela maneira como experimentamos a nós mesmos, podemos concluir que, no que diz respeito ao ser, está implícito um valor.
Nesse sentido, os processos biológicos não abrangem a experiência humana subjetiva (consciência), de modo que reduzir a esfera de debate filosófica à biológica é inadequado. Julgar, biologicamente, que o embrião não tem consciência, enquanto valor antropológico, é inferir além do que os processos empíricos analisados podem oferecer. Por isso, “o alguém (a pessoa humana) nunca será um tema da biologia, mas tão somente da antropologia filosófica” (RAZZO, 2016, p. 81).

Desse modo, é inválido dizer que o bebê não é, cientificamente, uma pessoa e que tal conceito é um consenso social.

Da engenharia social

A prática abortiva constitui-se um elemento importante de uma “engenharia social”, em que se afirma que algumas pessoas são quem controlam a vida e a morte, de acordo com seus próprios parâmetros.

Com efeito, esse pensamento demonstra uma espécie cruel de seletividade. Ilustrativamente, quando, como pontua Platt (2016, p. 85), a princesa britânica Kate ficou grávida, as pessoas não se referiam a ele como uma “célula embrionária não diferenciada”, nem como “uma massa informe gelatinosa” ou “pedaço de tecido”, mas como um bebê “real” (da realeza).

Nessa esteira, pais poderiam ter o direito de abortar caso descubram no ventre da mãe que o filho tem Síndrome de Down, ou alguma doença rara, ou alguma inaptidão física. A permissão de se escolher fetos dentro de um padrão de qualidade tem antecedentes lógicos nas práticas nazistas, eugenista, que pregava uma raça pura, sem imperfeitos ou socialmente inconvenientes.

Essa lógica é perversa. Como Carvalho (2013, p. 386) diz:
Se a condição de ser humano é uma convenção social, nada impede que uma convenção posterior a revogue, negando a humanidade de retardados mentais, de aleijados, de homossexuais, de negros, de judeus, de ciganos ou de quem quer que, segundo os caprichos do momento, pareça inconveniente.

Como meio de controle de natalidade, apoiada, por vezes, pelos responsáveis de clínicas de aborto, que lucram muito onde tal prática é legalizada, a prática abortista serve a interesses escusos que se conglomeram na determinação do direito básico à vida.

Nas palavras de Venâncio (2012, p. 113),
A lógica do aborto é sempre reificadora. No limite, pronunciar sentença de morte sobre um feto ou um idoso por doença é condenar a humanidade inteira, imperfeita, ao aniquilamento. Assim é que, todos os dias, em países que acolheram o aborto e a eugenia, somos postos fora displicentemente, como aparelhos danificados que não prestam mais.

Então, o aniquilamento de fetos mal formados para preservar a raça humana e a propagação de clínicas de aborto para sanar a precariedade do ato abortista são argumentos de finalidade obtusa e que servem a grupos que pensam em: ou remodelar a sociedade ou lucrar às custas de indefesos.

Do Direito Penal brasileiro

Se na modernidade, usando a noção kantiana de dignidade, o homem é um fim em si mesmo, ele tem tal dignidade que não pode ser ameaçada por outrem. Como defende Craig (2010, p. 125), “se o feto em desenvolvimento é um ser humano, então ele é dotado de valor intrínseco e, portanto, possui direitos humanos inerentes, incluindo o direito à vida”. O aborto seria um homicídio, exigindo-se, contra tal prática, a proteção da lei.

O Código Penal Brasileiro, em seus artigos 124 a 128, tipifica o crime de aborto. Apesar de sua pouca aplicação nos dias atuais, é notável que os defensores do aborto defendam a ação do Estado em promover tal prática, em flagrante apologia a um crime.

Bittencourt (2015) explica que o aborto abrange a expulsão prematura do feto e a interrupção do processo de gestação, resultando, necessariamente, na morte fetal. A gravidez deve estar em curso e o feto estar vivo. Com isso, o bem jurídico protegido pela legislação penal é a vida humana em formação.

Por isso, é crime provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem provoque (art. 124). Quando terceiro, propositalmente, provoca o aborto, sem ou com o consentimento da gestante, também incorre em crime (art. 125 e 126).

Uma das grandes críticas feitas pelos favoráveis à descriminalização do aborto é que a normativa não alcança o aborto social, isto é, o abandono por parte dos pais que rejeitam seus filhos. Dirão que essa é uma punição apenas às mulheres. Porém, o fato é que, em caso de haver o aborto, o Estado não poderá punir o pai que pratica esse tipo de “aborto social”, já que não haverá objeto jurídico da relação a ser protegido, a dizer, a criança desassistida.

Então, é relevante que se mantenha a criminalização do aborto, já que o desincentivo a praticar tal ato poderá, por parte do Estado, ensejar em uma proteção legal à mulher e à criança nascida, notavelmente, pela cobrança de pensão alimentícia.

Assim, afora às exceções, em regra, o aborto é um crime contra a vida e dignidade humana. Atenta contra tais valores e princípios desde a concepção que é protegida por lei.

Do direito de escolha


É sabido que o Estado deve intervir em situações de flagrantes ameaças contra a vida da alguém. Com isso, ninguém pode ter o direito de planejar sobre o modo de por fim a vida de outrem.

Com a fecundação já existe um organismo vivo que, se for lhe dada a possibilidade de se desenvolver, tornar-se-á um adulto de sua espécie. Segundo Craig (2010, p. 126), o embrião humano tem autonomia completa do esperma e do óvulo não fertilizado. A combinação entre esses formam uma nova célula viva que é um indivíduo singular que nunca existiu antes e doutro modo jamais existiria.

Conforme Geisler (2010, p. 160), a partir da concepção, o feto passa a ter seu próprio sexo. Dos quarenta dias da concepção, eles possuem as próprias ondas cerebrais individuais. Em poucas semanas da concepção, os fetos possuem seu próprio tipo de sangue e impressões digitais. O bebê em formação é um “totalmente outro” em relação à mãe, ainda que ligado a ela para sua sobrevivência.

Como o desenvolvimento do feto é contínuo, não há ponto em que se possa alegar que o mesmo não é humano e pode ser interrompido. Traçar uma linha que defina um feto já ser humano de um que não é, constitui-se em uma arbitrariedade.

De acordo com Craig (2010, p. 129), “desde o momento de sua concepção e implantação na parede do útero da mãe, o feto nunca é uma parte do corpo da mãe, mas é um ser vivo biologicamente distinto e completo”.

Ilustrativamente, Platt (2016, p. 87) conta a história de Rachel, descrita por Gregory Koukl: Rachel nasceu prematura na 24ª semana de gestação da mãe. De tão pequena cabia na palma da mão de seu pai. Se um médico entrasse no quarto do hospital e tirasse sua vida na hora da amamentação, configurar-se-ia o homicídio. Entretanto, se a mesma menina estivesse no útero de sua mãe, a centímetros de distância, ela poderia ser, de acordo com o pensamento pró-aborto, morta para ser retirada sem que houvesse ilegalidade.

A contradição é que, por vezes, os defensores do aborto não o aceitam se forem aplicados aos animais, especialmente se estiverem ameaçados de extinção.

O aborto é um assassinato silencioso para muitas pessoas. Segundo Platt (2016, p. 81), além dos fetos impossibilitados de se desenvolverem e nascerem sem nenhuma chance de defesa, muitas mães carregam feridas profundas e cicatrizes amargas em sua vida.

De fato, o aborto legalizado é promovedor de mortes, de mães e fetos. Na realidade americana, por exemplo, o doutor Geisler (2010, p. 161) coloca que “o aborto tira a vida de aproximadamente 1.3 milhões de bebês nos Estados Unidos da América a cada ano desde o caso de Roe vs. Wade (1973)”.

Agora, por que quem defende o aborto não se coloca no lugar dos fetos que pretende eliminar? Por que quem defende o aborto esquece que também já foi um feto?

Na verdade, como argumenta Stott (2014, p. 422), “o aborto induzido é o assassinato de um feto, é a destruição deliberada de uma criança que ainda não nasceu, é um derramamento de sangue inocente”.

Portanto, é ilegítimo argumentar que o bebê não é um ser humano por não ter consciência, ou que a mãe pode decidir por abortá-lo, ou que o aborto é um direito pró-liberdade da mãe. Esses argumentos promovem a morte do feto, e, muitas vezes, a morte psicológica ou física da mãe.

In dubio pro fetu: um exercício de abstração

Cientificamente, alguns argumentam que o feto é mera extensão do corpo da mãe, outros que já é um ser humano. Porém, em âmbito científico propriamente, ninguém jamais provou a qualidade existencialdo feto, nem poderá fazê-lo.

Mesmo que a sociedade tenha pensamentos divergentes sobre se o feto é vida, argumenta Carvalho (2013, p. 384), “se há 50% de probabilidades de que o feto seja humano e 50% de que não o seja, apostar nesta última hipótese é, literalmente, optar por um ato que tem 50% de probabilidades de ser um homicídio”. Desse modo, ainda que a sociedade não concorde sobre a humanidade ou inumanidade do feto, extingui-lo do ventre materno é uma decisão moral ou imoral que é tomada em zona cinzenta. Arremata o autor referido (2013, p. 384), “apostar na inumanidade do feto é jogar na cara ou coroa a sobrevivência ou morte de um possível ser humano”.

Desse modo, se diante da incerteza do julgamento segue-se o princípio de “in dubio pro reo”, na dúvida decide-se a favor do réu, quanto à vida de um feto deve-se seguir o liame de “in dubio pro fetu”, isto é, na dúvida o julgamento tem de ser em favor do feto. Consequentemente, a única opção moralmente justificável é não praticar o aborto. Se a inumanidade não pode ser provada, abortar o feto é arriscar um desumano assassinato de uma possível vida.

Feto: a voz do sem voz

O feto é plenamente humano, de modo que as tentativas de tirar sua vida são assassinas e a defesa de tal retirada é uma apologia ao crime.

Os defensores do aborto são pessoas que, obviamente, nasceram e não foram abortadas. Como fruto da relação entre seres humanos, o feto é da mesma espécie, sendo, desde logo, humano.

Para Geisler (2010, p. 159), a “autoconsciência não é necessária para caracterizar um ser humano”. De fato, se o fosse, os que se encontram em estado de coma não seriam humanos. Para além disso,
Todos esses argumentos a favor do aborto também são aplicados a favor do infanticídio e da eutanásia. Se crianças nascituras podem ser mortas por causa de malformação, pobreza ou falta de desejo dos pais, então tanto crianças quanto idosos podem ser descartados pelas mesmas razões. (GEISLER, 2010, p. 178).

O brilhante escritor inglês G.K. Chesterton (1874-1936) escreveu o poema intitulado “By the Babe Unborn” (“O não nascido”) em referência a um bebê que não pode nascer. Da perspectiva do infante, o aborto é de fato uma tragédia. Já na parte final do poema, o bebê não-nascido, ilustrativamente, declara:

Que venham as tempestades: melhor é viver
em meio a luta e lágrimas
que todas as eras em que tenho
governado os impérios da noite
Penso que, se me deixassem
entrar e ficar no mundo,
eu seria bom durante o dia todo
que passasse nesta terra encantada.
Eles não ouviriam de mim uma só palavra
de egoísmo ou de desdém,
se eu apenas tivesse encontrado a porta,
se eu apenas tivesse nascido.¹

_______________________
Notas:
[1] Tradução de Norma Venâncio. A mente de Cristo: conversão e cosmovisão cristã. 2012. p. 215-216.

Referências bibliográficas:
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal 2: parte especial: dos crimes contra a pessoa. – 15 ed. rev., ampl e atual. – São Paulo: Saraiva, 2015.
CARVALHO, Olavo de. O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. Organização Felipe Moura Brasil – 5. Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2013.
CRAIG, Wiliam L. Apologética para questões difíceis da vida. São Paulo: Vida Nova, 2010.
GEISLER, Norman L. Ética cristã: opções e questões contemporâneas. 2ª ed. – São Paulo: Vida Nova, 2010.
PLATT, David. Contracultura: um chamado compassivo para confrontar um mundo de pobreza, casamento com pessoas do mesmo sexo, racismo, escravidão sexual, imigração, perseguição, aborto, órfãos e pornografia. - São Paulo: Vida Nova, 2016.
RAZZO, Francisco. A imaginação totalitária: os perigos da política como esperança. 1. ed. Rio de Janeiro: Record, 2016.
STOTT, John. Os cristãos e os desafios contemporâneos. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2014.
VENÂNCIO, Norma Braga. A mente de Cristo: conversão e cosmovisão cristã. São Paulo: Vida Nova, 2012.

***
Sobre o autor: Anderson Barbosa Paz é seminarista do Seminário Teológico Betel Brasileiro. Bacharelando em Direito pela Universidade Federal da Paraíba. Congrega na Igreja Presbiteriana do Bairro dos Estados em João Pessoa-PB. Atua na área de Apologética Cristã, debatendo e ensinando.
Divulgação: Bereianos

Caso Santander: o que a nota da Mackenzie pode ensinar à arquidiocese de Porto Alegre

A se comparar a nota da universidade evangélica com a nota do arquidiocese gaúcha percebe-se quão omissa foi a manifestação da entidade católica

Pare, leia e Pense!
Foto: divulgação.

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Foto: divulgação.


As manifestações de repúdio à exposição abusiva do Santander Cultural não param e é difícil fazer menção a todas, mas a nota da Universidade Presbiteriana Mackenzie se sobrepõe às outras. É um primor.
Primeiro, por que uma universidade sediada em São Paulo teoricamente não teria a menor obrigação de se manifestar publicamente sobre um caso que, embora escandaloso, ocorreu em outro estado e não tem relação direta com seu campo de atuação. Certamente foi esse o raciocínio dos dirigentes de milhares de instituições “moralmente relevantes” que escolheram não dar um pio sobre toda aquela bizarrice. A espontaneidade da manifestação do presidente do Instituto Mackenzie, portanto, torna o ato muito mais honrado.
Em segundo lugar, por que ela é direcionada ao presidente do Santander. Não é mera ação de marketing trabalhada em redes sociais para acompanhar a maioria revoltada. É um ato que pretende resultado, pois mira em quem tem mais poder dentro daquele que agora é o banco com a pior fama no país.
E terceiro, por que é tremendamente bem escrita, elegante e firme. Traz argumentos sólidos e é dotada de uma clareza invejável.
Todas essas qualidades ficam muito mais evidentes quando se compara com a insossa e confusa nota emitida pela arquidiocese de Porto Alegre. A Igreja Católica, que foi a instituição mais violentada naquela exposição, foi muito mal representada pela arquidiocese da cidade onde ocorreu aquele escárnio. No site da instituição, o texto é sequer assinado pelo arcebispo local, dom Jaime Spengler, e, ao invés de manifestar repúdio, preferiu manifestar “estranheza”.
Parece que para o episcopado da capital gaúcha, hóstias pichadas com as palavras “vagina”, “vulva”, entre outras de mesma conotação, merecem “estranheza”, não repúdio. O mesmo vale para referências à Nossa Senhora com um macaco no colo, ou para uma imagem de Jesus com muitas opções de braços postiços, sendo alguns deles afeminados. A pintura da criança com os dizeres “Criança viada travesti da lambada” ou a que exibia uma dupla fazendo sexo com uma cabra também, não mereciam repúdio. Só “estranheza”.

Leiam as duas e comparem por si mesmos.

Primeiro a nota insossa:

Agora a que merece toda a nossa admiração:
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OBS: Parabéns ao Mackenzie pela coragem em se posicionar diante desta situação. Ao nosso Deus toda glória(Pr. Eli Vieira).

*****
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Por Jônatas Dias Lima

Fonte: Blog da Vida


PRESBITÉRIO DE GARANHUNS- 57 ANOS PROCLAMANDO A GLÓRIA DE DEUS

Foto de Eli Vieira Filho.


Foto de Eli Vieira Filho.

Foto de Eli Vieira Filho.



Foto de Eli Vieira Filho.


 Nos dias 16 e 17 de setembro de 2017 comemoramos o Aniversário do Presbitério de Garanhuns, onde estivemos agradecendo ao Senhor por 57 anos de organização do PGAR, pois o mesmo foi organizado no dia 20 de setembro de 1960. As celebrações foram realizadas no dia 16 às 19:30h com um culto de Ações de Graças no templo da Igreja Presbiteriana Central de Garanhuns com a participação de vários pastores, igrejas do PGAR, do Coral do Presbitério Garanhuns, Grupo Sosanin da Igreja Presbiteriana de Heliópolis. O   pregador  convidado para transmitir a mensagem de Deus para o presbitério nesta data especial foi o pastor Edésio Chequer, ex-presidente do Suplemo Concílio da IPB, sua mensagem foi baseada no livro de números 10:29-32, tendo como tema "Um Convite Abençoador", para transmitir este convite o mensageiro a exemplo de Moisés precisa 1)Precisa ter certeza para onde vai; 2)Precisa ter confiança nas promessas de Deus e 3)Precisa ter disposição para repartir a bênção. Estas são características  marcantes do povo de Deus.Estas características precisam continuar no presbitério de Garanhuns.

 No dia 17 de setembro de 2017 às 09:30 aconteceu a Escola Bíblica Dominical Unificada no templo da Igreja Central de Garanhuns, ainda em comemoração ao aniversário do PGAR e ao dia EBD às 09:30 com o templo da Igreja Central cheio o Rev. Edésio pregou baseado em Marcos 16.25 sobre o tema "A tarefa mais Importante". O Senhor Jesus deu aos seus discípulos uma tarefa. Pregar o Evangelho é a tarefa mais importante. 1) Porque se vincula a eternidade; 2)Porque a palavra de Deus produz efeitos temporais e eternos e 3) Porque é uma tarefa permanente.Assim o mesmo desafiou o presbitério a continuar realizando esta tarefa para a glória de Deus. Estes momentos faram marcantes para o nosso Presbitério. 

O meu desejo é que o nosso Deus continue levantando homens e mulheres para continuarem realizando a sua obra em nossa região, no Brasil e no mundo.

Os Missionários de Cabelos Brancos


Antônio de Carvalho Silva Gueiros, 1950
"O Evangelizador dos Sertões"
Foto:  livro "A História da Família
 Gueiros"  de David Gueiros Vieira.

Os cabelos brancos nas pessoas são indicativos de que elas são idosas, experientes na vida e com outros atributos, tornando-se também invariavelmente um complemento da personalidade e até um adereço de respeitabilidade de quem os tem. Quem tem cabelo branco deve se orgulhar. É prova de bênçãos de Deus, espelhando a idade avançada.

O Missionário William Calvin Porter (1855-1939) foi um dos nomes exponenciais dos primórdios do Presbiterianismo no Brasil. Ele tinha cabelos brancos com uma personalidade tão marcante, que a escritora Aglaia Ximenes ao escrever a sua biografia, deu ao livro o titulo: ”Calvin Porter, o Missionário de Cabelos Brancos”.   Foi um dos missionários destacados que vindo dos Estados Unidos bem jovem, escreveu uma página eloquente no Brasil trabalhando desde 1884, por sessenta anos, falecendo em 1939. 

Exercitou com intensidade o ministério missionário tendo a esposa Katherine como uma grande ajudadora, atuou nos “Campos Missionários” do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, sendo  Garanhuns contemplada com seu trabalho por décadas. Fundou o Jornal: “O Século”. Dir-se-ia que Porter em vida seguiu à risca o ensinamento da Palavra: “Ide e Pregai”...

Outros missionários (de cabelos brancos) dos mais importantes na Historia do Evangelismo do Brasil, foram: George William Butler (1855-1919) que chegou em 1883 e como médico e missionário; trabalhou no Maranhão (São Luiz) e Pernambuco (Recife, Garanhuns e Canhotinho). Foi conhecido como “O médico amado de Canhotinho”. Meu pai recebeu dele forte influência e comentava seu trabalho missionário. 

Quando criança, eu conheci o Missionário Thompson (William McQuown Thompson), uma das mais instigantes figuras dos albores do evangelismo em Garanhuns e do Colégio Evangélico Quinze de Novembro. Lembro-me dele todos os dias pelas quatro da tarde passando em frente à minha casa, seguindo para os Correios. Ele tinha também com cabeça alvíssima.

Assim, neste mês em que a Igreja Presbiteriana das Graças, comemora o Mês das Missões, ficam o destaque e as homenagens aos excepcionais missionários que o Brasil recebeu: Calvin Porter, George Butler, e William Thompson, entre tantos. Para que não fiquem citados apenas estes missionários estrangeiros, registre-se aqui um destaque especial ao brasileiríssimo matuto de Garanhuns, o Reverendo Antônio Gueiros, como uma figura exponencial de missionário e evangelista. Montado em cavalos percorreu “meio mundo” e fundou em Pernambuco, as igrejas presbiterianas de: Águas Belas, Bom Conselho, Salobro, São Bento do Una, Cachoeirinha, Lajedo, Palmerina, Inhumas, Cachoeira Dantas, Catonho, Fama, Neves, Itacatu, Quipapá e Palmares. Além das igrejas de Pão de Açucar, Mata Grande, Palmeira dos Índios e Quebrangulo  em Alagoas. Evangelista e missionário por vocação.

Por seu trabalho missionário mereceu ser chamado pela  Academia Pernambucana de Letras de "O Missionário Evangélico Desbravador do Sertão". Para todos aqui  citados e muitos outros incansáveis na obra do “Ide e pregai”...missionários, dedicados, obreiros, amigos e irmãos, registramos as nossas homenagens e o nosso respeito: “In Memorian”, dando graças à Deus pelas suas vidas. Todos aqueles: “Missionários de Cabelos Brancos”. 

 Marcilio Reinaux 

Fonte:Blog de Anchieta Gueiros  acessado em 19/09/2017 http://blogdoanchietagueiros.blogspot.com.br/2017/06/memorias-de-pernambuco-os-missionarios.html

sábado, 16 de setembro de 2017

Jerônimo Gueiros – “O Leão do Norte”

Biografia
Jerônimo de Carvalho Silva Gueiros (1880-1953)
Pastor, professor, jornalista e poeta – “O Leão do Norte”
Rev. Jerônimo Gueiros

Esse personagem foi um dos mais influentes líderes presbiterianos do Nordeste na primeira metade do século 20, tendo se destacado como ardoroso defensor da ortodoxia. Jerônimo de Carvalho Silva Gueiros nasceu no dia 30 de setembro de 1880, dia dedicado a “São Jerônimo”, na localidade de Queimadas de Santo Antônio (Jurema), município de Quipapá, em Pernambuco. Era o décimo dos 12 filhos e o mais novo dos filhos homens de Francisco de Carvalho da Silva Gueiros (1829-1906) e Rita Francisca da Silva Gueiros (1838-1912). Seu pai descendia de uma antiga família pernambucana com raízes na região de Garanhuns. O avô de Francisco, Manoel da Silva Gueiros, foi o primeiro a ter esse sobrenome, uma possível corruptela de “Queirós”.
O menino viveu até os quatro anos no vilarejo de Salobro, município de Pesqueira, e então por mais dois anos em Palmeira dos Índios, Alagoas. Em 1886, a família retornou para Garanhuns, onde Jerônimo estudou na escola particular do professor João Randal e nas escolas estaduais de Dona Aninha e do professor Joaquim Correia. Posteriormente, também frequentou o Colégio Acioly. Até 1894, sua educação foi pouco além de ler, escrever e fazer contas. Após a abolição da escravatura, ele e o irmão Antônio tiveram de trabalhar como marceneiros para o sustento da família. Também trabalhou como cigarreiro, chegando a fabricar 1.200 cigarros em um só dia. No início da adolescência, tinha uma vida desregrada, entregando-se à bebida e aos jogos de azar.
A vida da família mudou radicalmente com a chegada dos primeiros missionários protestantes a Garanhuns. Em maio de 1894, veio à cidade o jovem pastor Henry John McCall (1868-1960), que havia chegado a Recife no ano anterior, a serviço da missão congregacional “Help for Brazil”. Tendo sido acometido de uma “febre biliosa”, foi levado pelo Sr. David Law e sua esposa, membros da igreja congregacional, a Garanhuns, conhecida por seu clima saudável e ameno. Nessa ocasião, McCall realizou pregações públicas durante uma semana, às quais compareceram Francisco Gueiros e seus cinco filhos. Mais tarde, o missionário lembrou que eles estavam de chapéu na cabeça e, quando ele começou a ler a Bíblia, cada vez que aparecia o nome de Deus, os moços se descobriam em sinal de respeito, porém imediatamente tornavam a pôr o chapéu. Eles e outros jovens tinham sido insuflados pelo pároco local contra o pregador, dizendo que ele era “inimigo de Deus e de Nossa Senhora”.
O Rev. McCall falou tantas vezes o nome de Jesus Cristo e de Deus que os rapazes se cansaram de tirar e pôr o chapéu. Ao contrário do que imaginavam, perceberam que o missionário se revelava amigo de Deus, de modo que, quando a multidão por trás deles começou a gritar e lançar insultos, exigiram silêncio. Quando o adolescente Jerônimo voltou para casa, disse à mãe que o pregador anunciava uma salvação alcançada somente por meio de “Nosso Senhor”, e que ele aceitara essa salvação. Dona Rita respondeu: “Filho, essa é a minha religião. Você não sabe que sempre fui devota de Nosso Senhor?”. Anos antes, quando a família deixou a vila de Salobro, um professor ali residente ofertara a ela um exemplar do Novo Testamento. Desse modo foram convertidos inicialmente o filho mais novo e a genitora da numerosa família.
Jerônimo Gueiros (1880-1953)

Jerônimo só aceitou plenamente o evangelho no ano seguinte, com a chegada do Rev. Dr. George William Butler e sua esposa D. Rena, que foram iniciar o trabalho presbiteriano em Garanhuns por insistência de McCall. Esse casal exerceu forte influência sobre o jovem, que foi batizado em 6 de janeiro de 1895. Passou então a pregar o evangelho aos pais e aos irmãos, até que todos se converteram. Frequentou a escola que D. Rena montou em sua própria residência para os rapazes da igreja nascente, sendo muito dedicado aos estudos e um verdadeiro autodidata. Entre outras matérias, aprendeu inglês, o que lhe abriu novas oportunidades intelectuais. Sentindo a vocação ministerial, tornou-se pregador leigo, ao lado do presbítero Antônio Vera Cruz, como auxiliar do Rev. Butler. Desse trabalho de evangelização resultaram as igrejas de Catonho, Canhotinho, Cachoeira Dantas, Gileá e outras.
A seguir, continuou os estudos no colégio evangélico e na incipiente escola teológica do Rev. Martinho de Oliveira, que substituiu o Dr. Butler quando este se transferiu para a vizinha cidade de Canhotinho. Foi o primeiro aluno do que viria a ser o Seminário Presbiteriano do Norte. Aos 19 anos, foi eleito presbítero da igreja de Garanhuns e, no dia 15 de setembro de 1901, aos 21 anos, foi ordenado ao ministério pelo Presbitério de Pernambuco. Na ocasião, leu perante o presbitério a tese “O destino do homem”.
Desde 1899, vinha dando assistência à igreja de Fortaleza, no Ceará, na ausência do Rev. Reginald P. Baird. Retornando a Fortaleza após a ordenação, manteve por três meses, pela imprensa, uma polêmica com o seminarista José de Arimateia Cisne acerca da Eucaristia. Em 23 de dezembro de 1903, casou-se em Garanhuns com Cecília Barbosa de Frias, que havia conhecido na igreja e no colégio do Rev. Martinho. Logo após o casamento, o presbitério o designou para pastorear a igreja de Natal, onde permaneceu até o início de 1909. Além do pastorado, dedicou-se ao magistério particular e público. Foi redator de O Século, periódico da igreja e da missão norte-americana, fundado em 1895 pelo Rev. William Calvin Porter. Publicou no jornal A Imprensa uma série de artigos sob o título “Estudos de filologia e gramática”.
Por razões de saúde, ausentou-se de Natal em janeiro de 1909, deixando para trás uma igreja com 300 membros e 12 congregações em todo o estado. Regressou a Garanhuns, levando consigo, mediante permissão do presbitério, a tipografia na qual imprimia o jornal O Século. O primeiro número do jornal publicado em Pernambuco saiu em 1º de fevereiro, com o nome modificado para Norte Evangélico, que foi mantido por 50 anos. Esse periódico resultou da fusão de O Século com o jornal Imprensa Evangélica, publicado em Salvador pelo Rev. Matatias Gomes dos Santos. Nessa época, também lecionou no Seminário Teológico de Garanhuns e dirigiu o Colégio 15 de Novembro. Tendo recuperado a saúde, reassumiu em 1912 o pastorado da igreja de Natal. Fundou com o Rev. Calvin Porter uma escola para rapazes chamada Externato Natalense, na qual estudou João Café Filho (1899-1970), futuro Presidente da República. Também fundou a Escola Eliza Reed e reorganizou o Instituto Pestalozzi, onde lecionou português por vários anos. Foi professor da Escola Normal do Rio Grande do Norte, primeiro interinamente e depois como titular, tendo feito concurso para a cadeira de português em fevereiro de 1919. O texto da prova prática resultou no livro Infinito pessoal.
No ano seguinte, sua fama de bom professor levou o governador de Pernambuco, Dr. José Bezerra Cavalcanti, a convidá-lo para dirigir a Escola Normal do Recife, para onde se mudou a fim de assumir o cargo. O convite a um pastor protestante para exercer função tão importante na educação pública causou escândalo nos meios católicos. De imediato, o Rev. Jerônimo se propôs a criar um novo trabalho presbiteriano na cidade, iniciando uma escola dominical em sua residência. No dia 27 de fevereiro de 1921, mediante autorização do presbitério, foi organizada nas dependências do Colégio Agnes Erskine a 2ª Igreja Presbiteriana de Recife, embora, na verdade, já existissem outras três na cidade: a 1ª Igreja, Areias e Campo Alegre. Por algum tempo, o Rev. Jerônimo também assumiu o pastorado da igreja de Campo Alegre e da 1ª Igreja. Iniciou congregações que mais tarde se tornaram as igrejas de Tejipió (1948) e da Madalena (1951). Em 1922, ao falar no Instituto de Ciências e Letras de Pernambuco, demonstrou preocupações sociais, condenando a injusta exploração de trabalhadores por industriais ricos.
A 2ª Igreja passou por vários endereços, até que, em 15 de novembro de 1947, foi inaugurado o majestoso templo da Rua Formosa, depois Avenida Conde da Boa Vista. A construção, supervisionada pelo arquiteto e presbítero Diniz Prado de Azambuja Neto, foi inteiramente concluída em maio de 1949, sendo que, no dia 3 de julho, adotou-se o nome Igreja Presbiteriana da Boa Vista. O Dr. Diniz foi ordenado em 24 de janeiro de 1949, passando a colaborar no pastorado das igrejas de Tejipió e da Boa Vista. Ao lado de outras atividades, o Rev. Jerônimo foi secretário geral da Associação Cristã de Moços (ACM), que oferecia cursos profissionalizantes, entre os quais datilografia, algo muito valorizado na época. Lecionou no Colégio Americano Batista e fundou o Instituto de Assistência e Educação, que mais tarde recebeu o seu nome. Foi membro das diretorias do Seminário do Sul (Campinas) e do Seminário do Norte (Recife). Deste último também foi reitor e professor.
O ilustre ministro caracterizou-se por sua postura doutrinária e eclesiástica fortemente conservadora. Envolveu-se em polêmicas contra o sabatismo, o pentecostalismo, o espiritismo e o liberalismo teológico, combatendo de modo intransigente tudo o que lhe parecia errôneo. Em dezembro de 1937, quando foi aprovada uma constituição para a Igreja Presbiteriana do Brasil, ele se tornou um dos líderes da oposição ao documento. Em especial, objetou contra o diaconato feminino e alegou que a Constituinte havia se reunido de forma irregular. Antevendo um possível desligamento da denominação, levou a igreja da Boa Vista a reformar seus estatutos para adquirir autonomia jurídica. Publicou sobre a questão o livreto “Firmeza doutrinária da Igreja Presbiteriana da Boa Vista”. A situação somente se tranquilizou em 1950, quando foi aprovada a atual Constituição da IPB. À semelhança do seu sobrinho Israel Gueiros, o Rev. Jerônimo nutriu fortes simpatias pelo movimento fundamentalista de Carl McIntire, a quem recepcionou em sua igreja em 1951.
Apesar de seu firme apego à fé evangélica, teve bom relacionamento com católicos de Recife, inclusive com representantes do clero. No final da vida, em um poema dedicado a Maria, descreveu-a em termos evangélicos como a mãe de Cristo. Porém, levado pelos arroubos de poeta afirmou que ela foi “a mãe da salvação”. Algumas freiras da cidade, conhecidas como “Irmãs Doroteias”, com quem mantinha amigável correspondência, imaginaram que ele voltara a encarar a Virgem Maria dentro da perspectiva católica romana. Sabendo-o já bem enfermo, enviaram-lhe um rosário, fazendo votos de que regressasse à igreja católica. Apressou-se então a devolver o rosário às bondosas freiras, escrevendo-lhes uma longa carta na qual agradeceu o gesto de amor cristão e ao mesmo tempo reiterou por completo sua fé evangélica.
Em 15 de setembro de 1951, a igreja da Boa Vista comemorou festivamente o jubileu ministerial de seu ilustre pastor. O Supremo Concílio, reunido em Jandira (SP), enviara uma saudação especial, subscrita por 45 pastores e presbíteros. Seis meses depois, em abril de 1952, sua saúde começou a declinar devido ao coração debilitado e a uma úlcera gástrica. Desobedecendo às ordens médicas, continuou a pregar. Seu último sermão foi proferido na Igreja Presbiteriana de Areias, encerrando uma reunião do Presbitério de Pernambuco. Falou sobre o tema “Tudo novo” (2Co 5.17). No final de março de 1953, pressentindo a morte, convocou pela última vez o conselho da igreja, para uma tocante despedida.
Seu último soneto, “Prece final”, tem os seguintes versos: “Chegou da vida a hora tormentosa / Quando a procela agita o meu batel. / Estende-me, Senhor, mão poderosa! / Ampara-me nesta hora tão cruel! // Por mim já revelaste mão bondosa, / Salvando-me por Cristo, o Emanuel. / Atende, agora, a prece fervorosa / Que te ergo, angustiado, Deus fiel! // Permite-me acabar minha carreira, / E no combate ao mal prevalecer. / Concede-me que a fé eu guarde inteira / Até que o prêmio eu possa receber. // Extingue minha dor, minha canseira / Pois creio em teu amor e teu poder!”. Nos seus últimos dias (30.03.1953), ditou e assinou uma declaração sobre sua firmeza na fé que havia pregado em toda a carreira ministerial.
Faleceu em sua residência às 2 horas da madrugada do dia 7 de abril de 1953 (dia do aniversário da esposa), aos 73 anos. Nos funerais, na igreja e no Cemitério de Santo Amaro, falaram os Revs. Israel Furtado Gueiros, Diniz Prado de Azambuja Neto, Benjamim Moraes (presidente do Supremo Concílio), Othon Guanaes Dourado (deão do Seminário do Norte), Josibias Fialho Marinho e outros oradores. O governador do estado, Dr. Etelvino Lins, esteve presente às cerimônias. O afamado Dr. Munguba Sobrinho, pastor da Igreja Batista da Capunga, proferiu eloquente oração fúnebre que foi publicada no Suplemento Literário do Diário de Pernambuco (19.04.1953). O nome do finado pastor foi dado a diversas escolas e logradouros públicos do Nordeste. Dona Cecília faleceu em novembro de 1963.
O casal Gueiros teve doze filhos: Esdras (advogado e ministro do Tribunal Federal de Recursos), Alda (esposa do pastor batista Adrião Bernardes, falecida antes que o pai), Neemias (brilhante advogado e professor de direito civil conhecido no exterior, tendo representado o Brasil na ONU, na área de direito comercial internacional), Rubem (funcionário do IBGE e assistente da diretoria da Mercedes Benz do Brasil), Helena (esposa do médico Dr. Orlando de Vasconcelos), Álvaro (bancário no Rio de Janeiro), Jerocílio (governador do então Território do Rio Branco), Célia (esposa do advogado e industrial Nilson F. Coelho, da Bahia), Luci (casada com o advogado Evandro Gueiros Leite, ministro do Superior Tribunal de Justiça), Jenílio (funcionário do IBGE), Jerônimo Júnior (bancário no Rio de Janeiro) e Clarindo (gerente da Standard Oil no Rio de Janeiro).
O Rev. Jerônimo Gueiros foi mestre do vernáculo, orador fluente, autor de muitos trabalhos, hinólogo e poeta. Foi membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco e da Academia Pernambucana de Letras (cadeira 11, tendo como patrono o General Abreu e Lima). Colaborou com os diários Jornal do RecifeJornal do ComércioA Província e Diário de Pernambuco. Nos dois últimos, redigiu a seção “Disciplina da Linguagem”, cujas lições foram transmitidas pela Rádio Clube de Pernambuco. Entre elas se incluem seus trabalhos “Filologia e gramática – supostos galicismos” e “O português falado no Brasil”.
Escreveu vários livros, opúsculos e artigos, como O espiritismo analisadoProjeções de minha vida – letras, história e controvérsia (coletânea de estudos, 1952), “Minha conversão”, “Igreja Presbiteriana da Boa Vista (síntese histórica)”, “O destino da mulher”, “Religiões acatólicas em Pernambuco”, “A Reforma e o cristianismo”, “A Bíblia e a cultura humana”, “Influência da Bíblia na cultura nacional” (onde fala de inúmeros personagens do protestantismo brasileiro), “Deus conosco” e “Nós pregamos a Cristo crucificado”. Durante a 1ª Guerra Mundial, escreveu uma pequena peça teatral de caráter pacifista, “A paz e a guerra ante a história e a razão”, publicada no Norte Evangélico e encenada em muitas igrejas.
Produziu também os seguintes escritos de controvérsia: “A eucaristia”, “A pedra fundamental da igreja”, “A Bíblia e a ciência”, “Deus revelado”, “Modernismo teológico e fundamentalismo cristão”, “Razões de meu silêncio”, “Perigos dos últimos tempos”, “Firmeza doutrinária da Igreja Presbiteriana da Boa Vista”, “O Brasil ameaçado”, “Firmeza e ortodoxia”, “A heresia pentecostal” e “O perigo do erro à sombra da verdade”. Neste último trabalho, dirigiu fortes críticas a alguns escritos do colega Miguel Rizzo Júnior, nos quais viu a defesa de um misticismo extrabíblico e a colocação da experiência acima da doutrina. Redigiu várias pastorais do Presbitério de Pernambuco e do Sínodo Setentrional, entre as quais “Mensagem de paz e fraternidade às igrejas presbiterianas do Brasil – a propósito da fé que professamos” (1950).
Jerônimo Gueiros teve atuação contínua e destacada nos concílios da IPB. Foi relator da Comissão do Hinário da Assembleia Geral. Como subsídio, publicou a coletânea Novo Hinário, reunindo produções suas, de Cecília Siqueira, Antônio Almeida e outros. A edição de 1935 chegou a 220 cânticos. O Hinário Presbiteriano tem treze hinos seus, entre os quais “Graças te rendemos” (56), “Eis-me aqui, Senhor bondoso” (344) e “Da Bíblia a luz celeste” (371). No Hinário Evangélico estão dez hinos de sua lavra, dos quais os mais conhecidos são “Redime o tempo” (287) e “Glória sem par” (465). O Rev. Reginaldo José de Pinho Borges, ex-pastor da Igreja Presbiteriana da Boa Vista, publicou muitos poemas de seu digno antecessor.

Fontes
  • Lessa, Anais, p. 536, 542. · Ferreira, História da IPB, I:453, 460-62, 552, 556; II:102, 109, 112, 114s, 209, 252-56, 274s, 282, 328. · O Puritano, 10.11.1951, p. 8; · Despertador, jul 1955, p. 1-3. · Israel F. Gueiros, “Jerônimo Gueiros, o lutador”, Norte Evangélico, abril de 1953. · Braga, Música sacra evangélica no Brasil, p. 337s. · Igreja Presbiteriana do Recife (1878-1978) – anais do centenário. · Brasil Presbiteriano, nov 1959, p. 3; set 1980, p. 1; out 1980, p. 16; nov 1980, p. 16; dez 1993, p. 10; maio 1997, p. 18. · Pierson, Younger church, p. 150, 209. · Reginaldo José de Pinho Borges, A saga do carvalho (Recife, 2001). · Reginaldo José de Pinho Borges e Mirian Machado, Memórias (Recife, 2006). · David Gueiros Vieira, Trajetória de uma família, p. 259-271. · Samuel Gueiros, “Resgatando a memória presbiteriana – Rev. Prof. Jerônimo Gueiros – resenha biográfica”, manuscrito (Fortaleza, 2008). · Alderi Matos, “Família Gueiros”, Brasil Presbiteriano, jan 2011, p. 3.
(Do livro “Os Consolidadores da Obra Presbiteriana no Brasil”, 2014)
© Alderi Souza de Matos – Instituto Presbiteriano Mackenzie – Usado com permissão
Ilustração: Lucas Nasto – © 2016 de hinologia.org

Fonte: ADMINISTRADOR HC · PUBLICADO 04/05/2015 · ATUALIZADO 02/06/2017



A teoria da evolução é a maior mentira que afetou a humanidade, diz Paul Washer

O pastor ressaltou a importância de questionar os ensinamentos que fogem da Bíblia.
Paul conta que um grupo de ateus tentou atrapalhar sua pregação. (Foto: Reprodução).
Paul conta que um grupo de ateus tentou atrapalhar sua pregação. (Foto: Reprodução).

O pastor Paul Washer contou em um vídeo recente como reagiu a uma afronta de jovens ateus durante uma de suas pregações. Sendo ele é um pregador ardente, Washer afirma suas crenças com confiança. Os estudantes ateus participaram de uma de suas pregações em Londres e começaram a rir dele. A paciência do líder cristão foi testada. No vídeo, ele explica como deu uma boa resposta.
"Alguns anos atrás, eu estava pregando em Londres e alguns estudantes universitários apareceram. Eles entraram na congregação quando iniciei a mensagem", explica Washer. "Eu mencionei que eu não acreditava na Evolução. Eles começaram a rir na frente de todos. Eles estavam apontando para mim, estavam perturbando toda a pregação".
Washer continua. "Então eu olhei para eles e disse: ‘Desculpe-me, eu obviamente posso ver que vocês são muito, muito inteligente porque vocês vão para a universidade. Eu já estive em algumas universidades. Mas, como vocês estão rindo, peço-lhes que tenham piedade de mim. Eu, obviamente, não sou tão inteligente assim. Então, o que eu gostaria que fizessem agora? Vou fazer algumas perguntas sobre a Evolução".

Confronto
Washer explicou-lhes passo a passo o motivo de cientificamente não aceitar a Evolução. Então, ele convidou os alunos a responder as perguntas. Quando o pastor fez a primeira pergunta, eles apenas se olharam e não responderam. Paul continuou, mas ainda assim, os alunos continuavam a olhar um para o outro.
"Então eu parei e olhei para eles. Eu disse 'vocês se sentaram lá e zombaram de mim e riram de mim porque acreditam na Evolução e eu não. E, no entanto, eu fiz duas perguntas simples sobre a Evolução. Eu coloco diante de vocês dois problemas, mas vocês não só deixaram de responder às minhas perguntas, como nem sequer fazem ideia do que estou falando’. "É dessa forma que muitos jovens se encontram hoje. Nós apenas acreditamos no que qualquer um diz”, colocou.

Ensino errado
Washer exorta os jovens a pensarem por si mesmo e não apenas aceitar uma teoria científica como fato, porque é o que está sendo ensinado. "Alguns dos maiores cientistas que já viveram não acreditavam nisso", diz Washer sobre a Evolução. "Mais cedo ou mais tarde, será descoberta como a maior mentira que já afetou a humanidade. Toda esperança de que Darwin havia avaliado sua teoria de forma infalivel foi quebrada. Se ainda não há evidências, por que eles continuam ensinando?", indagou. "Porque há apenas uma outra alternativa: Deus. E eles não podem aceitar isso", finalizou.
Confira o vídeo completo (em inglês):



FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO SITE HELLO CHRISTIAN


Pastor é processado após pregar contra “Bíblia Gay”

PARE, LEIA E PENSE!

O pastor Abílio Santana foi processado por crimes de calúnia, injúria e difamação pelos autores da bíblia “Graça Sobre Graça”, popularmente tratada como “bíblia gay”.
(Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)

Depois de divulgar um vídeo nas redes sociais criticando a “Bíblia Comentada Graça Sobre Graça”, popularmente tratada como “bíblia gay”, o pastor Abílio Santana foi processado por crimes de calúnia, injúria e difamação junto à 5ª Vara Criminal do Estado da Bahia.
O processo foi movido pelos autores do livro, o casal de pastores homossexuais Marvel Souza e Raphael Lira, líderes da igreja Comunidade Cristã Incluídos pela Graça, em Brasília.
A Bíblia Gay vem sendo comercializada desde 2015, mesmo sem ter aval da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB ), detentora dos direitos sobre textos bíblicos.
Abílio Santana, líder da Assembleia de Deus Madureira em Salvador, publicou em março um vídeo em que critica a proposta dos pastores gays, retratando alguns trechos originais da Bíblia que foram retirados desta edição.
“Nessa Bíblia não consta Levítico, capítulo 18:22, que está escrito: ‘Não te deitarás com homem como se fosse mulher’. Nessa Bíblia não consta Deuteronômios, capítulo 22, versículo 5, que está escrito: ‘Homem não vestirá vestes de mulher, e nem mulher vestirá vestes de homem’”, disse o pastor, citando outros trechos bíblicos que condenam a homossexualidade.
“Você, pelo amor de Deus, quando for comprar uma Bíblia fique atento, pois você pode estar dando uma bíblia dos gays para as pessoas que você quer evangelizar”, Abílio alertou. “Aqui estou eu de cara limpa dizendo mil vezes ‘não’ a essa desgraça, a essa catástrofe, a essa pouca vergonha”, acrescentou.
A primeira audiência entre o pastor Abílio Santana e os autores do livro Bíblia Comentada Graça Sobre Graça foi marcada para terça-feira (12).
Interpretação única
Segundo o teólogo Augustus Nicodemus, não há outra forma de interpretar alguns versículos que condenam a prática homossexual, como Levíticos 18:22.
“Todas as traduções que eu conheço — francês, holandês, alemão, espanhol, inglês e português — verteram estas passagens de modo a dar a entender que o que está sendo condenado é exatamente as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo”, disse ele.

FONTE: GUIAME


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