segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Uma “pegadinha” para testar Moisés

    MoisésMoisés
    O que seria necessário para chamar a atenção de uma pessoa como Moisés? Ele era um homem com mais de setenta anos, tendo já a experiência de viver no contexto humilde dos escravos hebreus, no Egito; no palácio, como o filho da princesa do Egito e, finalmente, experimentava uma vida de pastor de ovelhas numa terra estranha, Midiã. Essa última fase de sua vida, deveu-se ao fato de ter matado um egípcio, precisando, então, de um asilo político no país vizinho.
    O relato do primeiro encontro de Moisés com o Senhor é apresentado na narrativa de Êxodo a partir da visão da sarça que ardia e não se consumia. Ora, Moisés não era o tipo de pessoa que se impressionaria com qualquer coisa, era preciso algo contundente para despertar nele o interesse de aproximar e verificar o que exatamente estava acontecendo. Este é o princípio básico de uma pegadinha, atrair a atenção e envolvimento de alguém para uma cena que revelará, mais tarde, ter outro significado. Uma boa pegadinha não pode ser muito exagerada, sob pena de tornar-se óbvia; nem muito disfarçada, sob pena de perder seu poder de atração. Com isso em mente, pense na situação de Moisés: como chamar a atenção de um homem como ele? O que ele viu não teria nenhuma ligação direta com a mensagem que ele receberia. Deus poderia, se quisesse, simplesmente aparecer a Moisés e iniciar o diálogo. Foi assim com os patriarcas no passado; ele se apresentou a alguns deles em forma bastante pessoal, como foi o caso da visita do Senhor a Abraão nos carvalhais de Manre (Gn 18-19). Naquele contexto, o Senhor escolheu assumir a forma humana, juntamente com dois anjos que também assumiram a forma humana, e os três se aproximaram do patriarca Abraão. A narrativa bíblica nos diz que Abraão teve uma atitude semelhante à de Moisés diante da visitação do Senhor: Olhou, aproximou-se e prostrou-se (Gn 18.2). No caso de Abraão, o elemento responsável por capturar a atenção do observador foi a surpresa da visita, já que a identidade dos visitantes não foi revelada nem percebida por Abraão antes de um longo período de comunhão. Por que, então, o Senhor resolveu armar esta “pegadinha” para atrair a atenção de Moisés?

    1. Deus queria testar a atenção de Moisés

    Ao contrário do que aconteceu com Abraão, a manifestação de Deus foi extremamente sutil. Moisés estava acostumado a ver fogo, a ver uma sarça pegando fogo, mas ele nunca tinha visto uma sarça pegando fogo sem ser consumida. A primeira ação de Deus, então, foi um teste da atenção de Moisés. Até que ponto Moisés conseguiria perceber a natureza misteriosa daquela visão? Observe que o elemento responsável por capturar a atenção não foi nem o anjo do Senhor (que apareceu no meio da chama) nem o fogo, propriamente dito, mas o fato da chama não afetar a folhagem daquele arbusto. Embora o texto afirme ser o Senhor quem estava aparecendo no meio da sarça, o desenrolar na narrativa mostra que Moisés não percebeu isso imediatamente (reação semelhante à de Abraão). Moisés ficou impressionado com a cena e resolveu aproximar-se para investigar mais de perto. A justificativa, por trás de sua decisão de aproximar-se do fenômeno que ele possivelmente já vinha observando há algum tempo, é resumida na seguinte pergunta: “por que a sarça não se queima?” (Êx 3.1). Obviamente, a distância inicial não despertou em Moisés a hipótese de ser aquilo uma manifestação divina. Sua motivação inicial foi a verificação desse aparente mistério que quebrava a monotonia e a rotina diária de um pastor de ovelhas nas regiões do deserto do Sinai. O Senhor teve até que o proibir de chegar muito perto. Assim sendo, Moisés passou no teste de atenção. O que Deus precisaria para testar a sua atenção hoje?

    II. Deus queria testar a devoção de Moisés

    Após ter sido informado de que o fenômeno se tratava de uma aparição divina do Deus de seus pais, Moisés esconde o seu rosto imediatamente, temendo as consequências de ver o Deus de Abraão, Isaque e Jacó face a face. Dá-se aqui o início de um grande relacionamento que deveria crescer muito, porém vagarosamente, ao ponto de Moisés ser referido, quarenta anos depois, como aquele com quem o Senhor falava face a face, como alguém falando com seu amigo (Êx 33.11). É curioso, então, que a visão que Moisés teve do Senhor no meio da sarça tenha marcado o início de um relacionamento profundo e duradouro, mesmo não tendo sido uma visão em forma humana, como foi no caso de Abraão.
    As primeiras instruções que Moisés recebeu ao aproximar-se da sarça deixaram claro que o fenômeno em si era apenas uma maneira de captar a sua atenção. O Senhor começou a lhe falar do meio da sarça, ou seja, por meio do anjo do Senhor que estava no meio da chama, e o foco de interesse da narrativa muda imediatamente para outra dimensão (3.4-5). A narrativa bíblica não tem qualquer interesse em responder a pergunta inicial de Moisés: “por que a sarça não se consumia?”, muito menos justificar a aparição do anjo do Senhor no meio da chama. O foco de interesse, agora, é a santidade daquele que está falando por meio do anjo do Senhor no meio do fogo, daí a proibição de se aproximar demais. Podemos afirmar, diante disso, que Moisés passou também no teste da devoção; ele respondeu prontamente à instrução daquele que se apresentou como o Deus dos patriarcas. Uma reação possível seria a de incredulidade, como foi o caso de Manoá (Juízes 13) e Zacarias, pai de João Batista (Lucas 1.20).

    III. Deus queria testar a tradição de Moisés

    Eu sou o Deus de vossos pais (Êx 3.6). Para uma pessoa que foi criada por uma mãe hebreia e, posteriormente, adotada por uma egípcia; a expressão “vossos pais” ganha um novo elemento atrativo. Será que, após o período de convivência com a cultura e a tradição egípcia da sua mãe adotiva, Moisés ainda retinha a tradição religiosa de sua mãe hebreia? Com essa simples frase, o Senhor se apresenta como o Deus que guiou os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó e que com eles fez aliança. A referência aos patriarcas não tem a finalidade de ajudar Moisés a se lembrar de quem estava falando, mas, sim, de estabelecer uma conexão necessária e inevitável entre a era abraâmica e a mosaica. Essa conexão é necessária porque o diálogo a seguir poderia ser interpretado de um ponto de vista puramente humano e horizontal, se não tivéssemos essa pequena, porém profunda, apresentação do Senhor. A identificação do Deus de Israel como alguém distinto criou a atmosfera de um diálogo entre duas pessoas; Moisés não estava delirando ou tendo alucinações, no forte calor do deserto, mas, sim, participando de um verdadeiro diálogo entre dois seres pessoais. Na verdade, essa característica se tornou um marco distintivo do Deus de Israel como alguém que fala com os seres humanos, com voz de seres humanos (Dt 5.4, 22).
    Além disso, o Deus que se apresenta demonstrou interesse pelo povo hebreu e não pelo egípcio: “Eis que tenho visto a aflição do meu povo” (Êx 3.7-9). Nesses três versos, o Senhor deixa bem claro que ele havia acompanhado de perto a situação dos hebreus no Egito. Ele garante a Moisés que o clamor dos hebreus (3.7) e a sua aflição por causa dos seus opressores (3.8) não tinham passado despercebidos. A pergunta que comumente tem sido feita nesse trecho da narrativa é o que exatamente motivou a descida do Senhor para livrar o seu povo, Israel. Teria sido o sofrimento do seu povo, a opressão praticada pelos egípcios, ou o clamor que foi levantado? As três situações estão, de certo modo, associadas, mas o motivo apresentado na narrativa precisa ser distinguido claramente. A afirmação, “pois, agora o clamor dos Israelitas chegou a mim” (3.9), parece ser o ponto decisivo quando Deus resolveu agir. Doutra sorte, pareceria que o Senhor havia ouvido e visto o sofrimento e o clamor do seu povo por tanto tempo e só agora resolveu tomar uma atitude.
    A escravidão e opressão do povo precisam ser entendidas do ponto de vista já mencionado, isto é, da perspectiva da promessa abraâmica. Segundo o relato de Gênesis 15, o Senhor foi enfático a respeito do futuro da descendência de Abraão: “Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida a escravidão, e será afligida por quatrocentos anos” (15.13). Nesse texto, encontramos os dois termos utilizados no relato de Êxodo: escravidão e aflição. Se olharmos então para o relato de Êxodo 3 da perspectiva de Gn 15.13-16, a decisão de Deus de agir em favor do seu povo representa o início do cumprimento dos eventos escatológicos prometidos ao patriarca Abraão, pois ele já sabia que após quatrocentos anos o povo sairia do cativeiro. A correlação entre os eventos do êxodo e a promessa abraâmica é indubitavelmente confirmada pelo próprio narrador em Êxodo, quando ele conclui o relato inicial dos eventos no Egito com as seguintes palavras: “ouvindo Deus o seu [do povo hebreu] gemido, lembrou-se da aliança com Abraão, com Isaque e com Jacó” (Êx 2.24). Observe, então, que o fato de o gemido e clamor do povo terem chegado aos ouvidos do Senhor, não é o elemento determinante por si só; mas, sim, o fato de Deus ter se lembrado das promessas feitas aos patriarcas. Mais uma vez, à luz do que já tinha sido dito a Abraão, “lembrou-se de” não significa que o Senhor tivesse se esquecido daquilo que prometera há tanto tempo, mas aponta para o período determinado quando todas essas promessas voltariam a ocupar o centro das atenções de Deus. Aquilo que foi manifestado ao patriarca Abraão numa perspectiva escatológica estava, nos dias do êxodo, começando a se tornar realidade. Mais uma vez, Moisés parece passar no teste da tradição.
    Há três perguntas que resumem o que vimos até aqui:
    1) Como anda a nossa atenção para com o que Deus está fazendo em nosso meio?
    2) Como anda a nossa devoção em resposta àquilo que Deus requer de nós em sua palavra?
    3) Qual tem sido a tradição com a qual temos mais e mais nos identificado?

    A Metáfora do Cabelo Pintado

    image from google


    Está na moda pintar os cabelos com cores diferentes da cor natural. É moda entre os adolescentes, entre as mulheres e principalmente, entre as pessoas da terceira idade. Os motivos que as levam a pintar são os mais diversos: contestação, necessidade de mudança, beleza estética, esconder a velhice dos cabelos brancos etc.

    No ambiente evangélico, chama-nos a atenção o grande número de crentes que aderiram a moda de tingir os cabelos. Ironicamente, em metáfora e símile, os cabelos pintados artificialmente denotam a religião de teatro, isto é, aquela que se preocupa apenas com a aparência. Jesus Cristo, na época do seu ministério, ao combater esse tipo de religião, utilizou-se de uma metáfora semelhante: sepulcros caiados. Podemos, então afirmar que os cabelos pintados denotam a religião teatro ou o farisaísmo no novo milênio.

    Quais os sinais da religião teatro? Quais os sinais que identificam os fariseus do novo milênio?

    O primeiro sinal é o do discurso desligado do exemplo. Dizem e não fazem. Disse Jesus: "Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem". (Mt 23.3). Infelizmente, alguns que se acham grandes líderes na igreja, poderiam ser enquadrados nesta premissa: façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço.

    O segundo sinal é o das exigências legais somente para os outros. Legislam, mas não cumprem. Disse Jesus: "Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto eles mesmos nem com o dedo querem movê-los" (MX 23.4). É como disse um colega: Na igreja, para os amigos tudo, para os inimigos a lei. Os códigos e as leis religiosas são usadas parcialmente, conforme o interesse de quem legisla ou interpreta. Muitas injustiças são cometidas dentro da legalidade. 

    O terceiro sinal é o da ostentação. Fazem para aparecer. Disse Jesus: "Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens" (MX 23.5). A ostentação se manifesta através do exibicionismo, busca frenética pelos lugares de honra ou a luta política pela manutenção dos primeiros lugares, adoração pelo reconhecimento público (saudações) e paixão pelos títulos honoríficos. O marketing eclesiástico tem sido um instrumento poderoso na mão dos atores religiosos.

    Na figura dos cabelos pintados temos a mudança apenas do exterior. Enquanto, o visual se apresenta novo, a raiz é velha. A partir dessa raiz antiga, dá-se a matiz que desejar. É a figura do líder espiritual que apresenta um discurso antigo com aparências de novo. E assim como se muda a coloração da tinta, esse líder muda o seu discurso conforme os seus interesses e espectadores. Eis os sepulcros caiados do novo milênio!

    ***
    Autor: Rev. Arival Dias Casimiro
    Fonte: Resistindo a Secularização, SOCEP 2002. Págs. 46-47.

    domingo, 20 de novembro de 2016

    Eu posso fazer todas as coisas





    No post de hoje, eu gostaria de considerar brevemente um dos versículos mais conhecidos e frequentemente-citado do Novo Testamento. Na verdade, ele é um dos versos mais populares na cultura evangélica americana hoje.

    Foi impresso em cartazes e inspirador de arte de parede. Uma rápida busca na Internet revela que você pode comprar chaveiros, anéis, botões, t-shirt, etiquetas, cartões postais, pulseiras, bolsas, e outras bugigangas cristianizadas com as palavras deste versículo estampada, bordado, ou em relevo sobre eles. 

    Mas a ironia é que, ao tomar este versículo fora de contexto, muitas pessoas têm realmente transformou-o em sua cabeça, tomando por significado o oposto do que ele realmente significa. Eles transformaram-no em um slogan de empoderamento pessoal, declaração de auto-realização, ambição, e realização. Para muitos, este versículo tem sido banalizado em uma espécie de lema motivador para a prosperidade material, progressão na carreira, ou o sucesso atlético.


    Mas, na realidade, não é nada do tipo.

    Até agora, você já deve ter adivinhado que o versículo que estou descrevendo é Filipenses 4:13. Lá, o apóstolo Paulo escreve: "Tudo posso naquele que me fortalece."

    Se lermos Filipenses 4:13 em isolamento, fora de seu contexto, é possível ver porque tantos o tomam como uma declaração de capacitação pessoal. Fora de contexto, "todas as coisas" parece que poderia se referir ao que quer que alguém pode querer realizar em ganhar um jogo de futebol, para perder peso, para conseguir um novo emprego, para ganhar a riqueza material. Fora de contexto, muitas vezes é tratado como um impulso espiritual de auto-confiança que pode ser aplicado a qualquer ambição ou aspiração na vida.

    Mas no contexto, este versículo tem um significado muito específico, definido significado e um que a maioria dos americanos não querem ouvir falar, mas que é muito importante para nós, como crente, nos lembrarmos.

    Fora de contexto, Filipenses 4:13 é usado como uma promessa em branco de check-in para o que é desejado. Mas no contexto, é um versículo acerca do contentamento. Não é sobre os seus sonhos se tornando realidade ou seus objetivos a serem cumpridos. Pelo contrário, é sobre ser alegre, satisfeito, 
    e  firme, mesmo quando a vida é dura e suas circunstâncias parecem impossíveis.

    Você vê, este versículo não é sobre ganhar o jogo de futebol; é sobre como você reage quando você perde o jogo de futebol, ou se machuca para a temporada, ou deixa de fazer parte da equipe completamente. Não se trata de conseguir o novo trabalho, a casa nova, ou aquela roupa nova; É sobre encontrar a sua satisfação no trabalho que você já tem, na casa que você já possui, e no seu guarda-roupa.

    Este não é um versísuclo sobre ter competência para alterar as suas circunstâncias; ao contrário, é um verso sobre confiar no poder de Deus, a fim de se contentar em meio a circunstâncias que você não pode mudar.

    Considere-se, por um momento, o contexto de Filipenses 4:13. Escrevendo aos crentes de Filipos, Paulo diz:

    (10) Alegro-me grandemente no Senhor, porque finalmente vocês renovaram o seu interesse por mim. De fato, vocês já se interessavam, mas não tinham oportunidade para demonstrá-lo.
    (11) Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância.
    (12) Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade.
    (13) Tudo posso naquele que me fortalece.

    Você pode ver lá, que quando o apóstolo diz: Eu posso tudo naquele que me fortalece, ele está falando sobre o contentamento. Em qualquer circunstância, ele tinha aprendido a estar contente por depender de Cristo que lhe deu a força para perseverar em qualquer situação.

    E essa é uma perspectiva que somos chamados a imitar. De fato, imediatamente antes os versos citados acima, Paulo escreve no versículo 9:

    (9) Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês.

    Ele diz a seus leitores a seguir o seu exemplo, e então ele imediatamente fala sobre contentamento. Claramente, a atitude que Paulo possuía é aquele que deve nos caracterizar bem.


    Nathan Busenitz
    Link original: http://www.tms.edu/preachersandpreaching/i-can-do-all-things/


    TRADUZIDO E EDITADO POR LARYSSA LOBO
    https://www.facebook.com/laryslobo

    “Estamos tristes, mas não desesperados”

    IRAQUE

    Faz dois anos que milhares de cristãos tiveram que deixar Nínive por conta da invasão do Estado Islâmico; agora eles realizam uma campanha de oração pela retomada de Mossul
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    Dois anos se passaram desde que as planícies de Nínive foram invadidas pelos soldados do Estado Islâmico, e milhares de cristãos tiveram que fugir da cidade. As forças iraquianas pretendem retomar várias regiões, entre elas Mossul, e a igreja permanece em oração para que isso aconteça em breve. No último fim de semana (dias 6 e 7 de agosto) os cristãos deslocados organizaram uma reunião especial para relembrar o "Dia Negro", ocasião em que deixaram tudo para trás, suas comunidades, suas casas e todos os seus pertences.
    Mesmo que Nínive seja resgatada, nunca mais será a mesma. As marcas de destruição deixadas pelos extremistas islâmicos são imensuráveis. Boa parte da arquitetura não existe mais e isso é uma grande perda até mesmo para os historiadores, que consideravam a cidade como um dos maiores sítios arqueológicos do Oriente, com seus mais de 750 hectares. Uma parte da Universidade de Mossul também foi queimada, em dezembro de 2014. Em fevereiro de 2015, a biblioteca central de Mossul, construída em 1921, foi explodida com milhares de manuscritos e instrumentos usados por cientistas árabes. Nínive foi grande em todos os sentidos, hoje, porém, não abriga mais os que viviam nela.
    Os ninivitas não imaginaram que o tempo de deslocamento seria tão longo. Esse período atual tem sido de grande reflexão para eles. Em vários campos de refugiados houve diversos eventos, discursos emocionados e apresentações que fizeram derramar muitas lágrimas. Mas eles explicaram que todos esses memoriais serviram de esperança nesses tempos difíceis que estão enfrentando. No campo de Karamles, que fica ao Norte do Iraque, muitas cruzes foram espalhadas em meio à multidão e muitas canções foram ouvidas como se fossem orações. "A fé nos liberta, nós estamos tristes, mas não desesperados. Deus está aqui com o nosso povo, o tempo todo e Ele tem nos protegido da violência e está nos mantendo aqui durante um tempo", disse Martin*, um líder cristão perseguido.
    A fé nos acompanha em todos os lugaresDurante os eventos, houve também refeições entre as famílias, e eles puderam compartilhar, uns com os outros, o que Deus tem feito por eles durante esses dois anos. "Mesmo não estando em nossas casas, podemos viver a nossa fé nesse lugar e continuar sendo uma comunidade de amor e de paz", afirmou Martin. "É claro que queremos voltar, destravar nossas portas e começar a reconstruir o que derrubaram. Mas antes disso, Jesus nos alerta para o perdão. Não vamos esquecer o que fizeram, mas vamos perdoar e orar por eles", disse o líder.
    Para reforçar este pensamento de Martin, os aldeões iniciaram uma campanha. Em cada barraca há uma placa dizendo "Liberte Mossul". Outros cristãos espalharam o slogan pela cidade e pediram para fechar lojas e restaurantes, durante uma hora, e então eles caminham pelas ruas com velas, a fim de chamar a atenção de todos para essa campanha. "Isso tem nos ajudado a não parar de lutar. Não queremos ficar sentados e tristes, mas queremos começar a reconstrução aqui mesmo onde estamos. Temos que aceitar a vontade de Deus e mostrar para a sociedade de onde vem a nossa esperança.
    No início das orações, eles começam lendo o salmo 40. "Coloquei toda minha esperança no Senhor; ele se inclinou para mim e ouviu o meu grito de socorro. Ele me tirou de um poço de destruição, de um atoleiro de lama; pôs os meus pés sobre uma rocha e firmou-me num local seguro. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino de louvor ao nosso Deus. Muitos verão isso e temerão, e confiarão no Senhor". (Salmos 40:1-3). Você também pode se juntar aos nossos irmãos iraquianos e orar com eles. Para saber mais, visite:https://doe.portasabertas.org.br/.
    *Nome alterado por motivos de segurança.
    Fonte:Portas Abertas

    Boas notícias do Oriente Médio

    ORIENTE MÉDIO

    Apesar da situação ainda ser delicada em algumas regiões, já se pode ouvir de igrejas da planície de Nínive, no Iraque, o som dos cânticos de adoração e louvores a Deus
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    Nos últimos dias, as notícias vindas do Oriente Médio têm sido animadoras. Apesar da situação ainda ser delicada em algumas regiões, já se pode ouvir de igrejas da planície de Nínive, no Iraque, o som dos cânticos de adoração e louvores a Deus, depois de anos de silêncio. Muitas vilas cristãs já foram liberadas do controle do Estado Islâmico. “Deus ouviu as nossas orações”, é a frase mais comum e dita com mais ênfase por lá.
    Na Síria, jovens cristãos organizam o Natal das crianças e até planejam montar uma árvore e decorar a pequena vila. Em dezembro, sírios de diferentes denominações decidiram organizar reuniões de oração que vão acontecer em Aleppo, Damasco e mais algumas cidades próximas. Os líderes que tomaram essa iniciativa pedem aos irmãos do mundo todo que orem com eles com o objetivo de buscar a face de Deus nesses momentos decisivos, em que a guerra parece dar uma trégua.
     Nossos irmãos e irmãs no Oriente Médio estão enfrentando uma fase complicada. Eles precisam de muita iniciativa e coragem para recomeçar em diversas áreas de suas vidas. Há igrejas para ser restauradas, casas que precisam ser reconstruídas, famílias que vão iniciar do zero, sem contar os traumas psicológicos que precisam ser tratados, emoções e sentimentos que necessitam de cuidados médicos, entre muitas outras carências. A igreja no Oriente Médio permanece firme e perseverante. Aproxime-se dos nossos irmãos perseguidos através de suas orações.

    sábado, 19 de novembro de 2016

    O Feminismo Cristão: Como Tudo Começou

    Por  Augustus Nicodemus Lopes    

    Estudar a história do surgimento do movimento feminista é de grande ajuda para nós. Geralmente uma perspectiva global e ampla do assunto em pauta nos ajuda a entender melhor determinados aspectos do mesmo. No caso do movimento feminista, a sua história nos revelará que a ordenação de mulheres ao ministério, em alguns setores do movimento, é apenas um item de uma agenda muito mais ampla defendido por um setor bastante ativista do feminismo nas igrejas cristãs.

    Origens do Movimento Feminista Fora da Igreja

    Examinemos primeiramente o movimento feminista fora da igreja, focalizando suas principais protagonistas.

    Século 18: A Vindicação dos Direitos da Mulher
    A “Primeira Onda” do feminismo teve início na primeira metade dos anos de 1700 quando uma inglesa, Mary Wollstonecraft (foto), escreveu A Vindication of the Rights of Woman (A Vindicação dos Direitos da Mulher). Um ano depois desta publicação, Olimpe de Gouges publicou um panfleto em Paris intitulado Le Droits de La Femme (Os Direitos da Mulher) e uma americana, Judith Sargent Murray, publicou On the Equality of the Sexes (Sobre a Igualdade dos Sexos). Outras pensadoras feministas surgiram em pouco tempo tais como Frances Wright, Sarah Grimke, Sojourner Truth, Elizabeth Cady Stanton, Susan B. Anthony, Harriet Taylor e também John Stuart Mill. Seus pensamentos e obras foram defendidos com fervor e pouco a pouco foram deitando profunda influência na sociedade moderna contemporânea do mundo ocidental.

    Século 19: A Declaração dos Sentimentos

    Em 1848 cerca de 100 mulheres se reuniram em uma convenção em Seneca Falls, Nova York, para ratificar a Declaração dos Sentimentos escrita para defender os direitos naturais básicos da mulher. As autoras da Declaração dos Sentimentos reclamavam que as mulheres estavam impedidas de galgar posições na sociedade quanto a empregos melhores, além de não receber pagamento eqüitativo pelo trabalho que realizavam. Notaram que as mulheres estavam excluídas de profissões tais como teologia, medicina e advocacia e que todas as universidades estavam fechadas para elas. Denunciavam também um duplo padrão de moralidade que condenava as mulheres a penas públicas, enquanto excluía os homens dos mesmos castigos em relação a crimes de natureza sexual.

    A Declaração dos Sentimentos foi um marco profundamente significativo no movimento feminista. Suas reivindicações eram, em sua grande maioria, justas e consistentes. Por isto, o movimento foi ganhando muitas e muitos adeptos, apesar, e por causa das grandes barreiras que foram impostas às mulheres que se expunham na defesa de suas idéias e ideais. As leis do divórcio foram liberalizadas e drásticas mudanças ocorreram com o status legal da mulher dentro do contexto do casamento. Por volta dos anos 30, como resultado de sua educação qualificada e profissional, as mulheres começaram a entrar no mercado de trabalho como força competitiva. Muitas das barreiras legais, políticas, econômicas e educacionais que restringiam a mulher foram removidas e esta começa a pisar o mundo do homem com paixão e zelo.

    Século 20: Simone deBeauvoir e Betty Friedan

    A primeira fase da construção do feminismo moderno começou com a obra da filósofa francesa Simone deBeauvoir (foto), Le Deuxième Sexe (O Segundo Sexo), em 1949. As mulheres, segundo deBeauvoir, foram definidas e diferenciadas tomando como referencial o homem e não com referência a elas mesmas. Ela acreditava que o sexo masculino compreendia a medida primeira pela qual o mundo inteiro era medido, incluindo as mulheres, sendo elas definidas e julgadas por este padrão. O mundo pertencia aos homens. As mulheres eram o “outro” não essencial. Simone deBeauvoir observa esta iniqüidade do status sexual em todas as áreas da sociedade incluindo a econômica, industrial, política, educacional e até mesmo em relação à linguagem. As mulheres foram forçadas pelos homens a se conformar e se moldar àquilo que os homens criaram para seu próprio benefício e prazer. Às mulheres de seus dias não foi permitido ou não foram encorajadas a fazer ou se tornar qualquer outra coisa além do que o feminino eterno ditava; elas foram cerceadas num papel de “Küche, Kirche, und Kinder” (cozinha, igreja e filhos, em alemão). De acordo com deBeauvoir a mulher estava destinada a existir somente para a conveniência e prazer dos homens.

    No início dos anos 60 uma jornalista americana, Betty Friedan, transformou os conceitos filosóficos de Simone deBeauvoir em alguma coisa mais assimilável para a mulher moderna, ao publicar A Mística Feminina, um livro onde examinava o papel da mulher norte americana. De acordo com Friedan, as mulheres dos seus dias foram ensinadas a buscar satisfação apenas como esposas e mães. Ela afirmou que esta mística do ideal feminino tornou as mulheres infantis e frívolas, quase como crianças, levianas e femininas; passivas; garbosas no mundo da cama e da cozinha, do sexo, dos bebês e da casa. Assim como deBeauvoir, ela afirma que a única maneira para a mulher encontrar-se a si mesma e conhecer-se a si mesma como uma pessoa seria através da obra criativa executada por si mesma. Friedan batizou o dilema das mulheres de “um problema sem nome”. Friedan concordou com deBeauvoir que a libertação das mulheres haveria de requerer mudanças estruturais profundas na sociedade. Para isto, as mulheres precisariam ter controle de suas próprias vidas, definirem-se a si mesmas e ditar o seu próprio destino.

    O Problema sem Nome: Patriarcado

    No final dos anos 60 a autora feminista Kate Millett (foto) usou o termo “patriarcado” para descrever o “problema sem nome” que afligia as mulheres. O termo tem sua origem em duas palavras gregas: pater, significando “pai” e arche, significando “governo”. A palavra patriarcado era entendida como o “governo do pai”, e era usada para descrever o domínio social do macho e a inferioridade e a subserviência da fêmea. As feministas viram o patriarcado como a causa última do descontentamento das mulheres. A palavra patriarcado define o problema que deBeauvoir e Friedan não puderam nomear mas conseguiram identificar. De acordo com as feministas, o patriarcado foi o poder dos homens que oprimiu as mulheres e que era responsável pela infelicidade delas. As feministas concluíram que a destruição do patriarcado traria de volta a plenitude das mulheres. A libertação das mulheres do patriarcado haveria de permitir que elas se tornassem íntegras.

    Surgimento do Movimento Feminista Dentro da Igreja


    Podemos considerar o livro de Katherine Bliss, The Service and Status of Women in the Church (O Trabalho e o Status da Mulher na Igreja, 1952) como o marco inicial do moderno movimento feminista dentro da cristandade. O livro era baseado numa pesquisa sobre as atividades e ministérios nos quais as mulheres cristãs estavam comumente envolvidas. Bliss observou que, embora as mulheres estivessem extremamente envolvidas na vida da Igreja, a participação delas estava limitada a papéis auxiliares tais como Escola Dominical e Missões. As mulheres não participavam em lideranças tradicionalmente aceitas, tais como as atividades de ensino, pregação, administração e evangelismo, ainda que muitas delas pareciam estar preparadas e terem dons para este exercício. Bliss chamou a atenção da Igreja para a reavaliação dos papéis homem/mulher na Igreja, particularmente da ordenação de mulheres.

    Ativistas Cristãos compram a Briga

    A obra de Bliss serviu de munição para ativistas cristãos na luta pelos direitos civis e políticos em 1961. Eles, juntamente com as feministas na sociedade secular, começaram a vocalizar o seu descontentamento com o tratamento diferenciado que as mulheres recebiam por causa do seu sexo, inclusive dentro das igrejas cristãs. Neste mesmo ano, vários periódicos evangélicos publicaram artigos sobre a “síndrome das mulheres limitadas aos papéis da casa e esposa”, onde se argumentava que as mulheres estavam restritas a papéis inferiores na Igreja. Os homens podiam se tornar ministros ordenados, mas às mulheres se lhes impunham barreiras nas atividades ministeriais como ensino, aconselhamento e pastoreamento. As mulheres, afirmavam os ativistas, desejam participar da vida religiosa num nível mais significativo do que costura ou a direção de bazares ou arrumar a mesa da Santa Ceia ou serviços gerais tais como o levantamento de recursos para os necessitados, os quais freqüentemente são designados a elas. Tanto quanto com trabalho físico, elas desejam contribuir com idéias para a Igreja.

    O Concílio Mundial de Igrejas

    A atenção sobre os papéis do homem e da mulher dentro da Igreja se tornou mais intenso na medida em que o movimento secular das mulheres foi ganhando força. Ainda em 1961 o Concílio Mundial de Igrejas distribuiu um panfleto intitulado Quanto à Ordenação de Mulheres, chamando as igrejas afiliadas para um “re-exame de suas tradições e leis canônicas”. Várias denominações começaram a aceitar que o cristianismo havia incorporado em seus valores uma atitude patriarcal dominante da cultura de suas origens. Muitos católicos, metodistas, batistas, episcopais, presbiterianos, congregacionais e luteranos concordaram: a mulher na Igreja precisa libertação. Com esta conclusão em mente, de que a mulher precisava de libertação dentro da Igreja, estabeleceu-se um curso de ação que tinha como alvo abrir as avenidas para o ministério ordenado das mulheres tanto quanto para os homens.

    Nos anos 60 as feministas cristãs se colocaram num curso paralelo àquele estabelecido pelas feministas na sociedade secular. Elas, junto com suas contra partes, buscaram anular a diferenciação de papéis de homem/mulher. O tema dominante foi a necessidade da mulher definir-se a si mesma. As feministas criam que às mulheres se deveria permitir fazer tudo o que o homem pode fazer, da mesma maneira e com o mesmo status reconhecido que é oferecido ao homem. Isto, segundo elas criam, constituía a verdadeira igualdade.

    Os Primeiros Argumentos em Prol da Ordenação de Mulheres

    As feministas cristãs buscaram a inclusão das mulheres na liderança da Igreja sem uma clara análise da estrutura e funcionamento da mesma segundo os padrões bíblicos. Meramente julgaram-na como sexista e começaram a incrementar o curso de ação em resposta a este julgamento. As feministas cristãs, de mãos dadas com suas contra partes seculares, começaram a demandar “direitos iguais”. Na reivindicação destes direitos, àquela altura do movimento feminista cristão, ainda partiam do pressuposto que a Bíblia era a Palavra de Deus. Vejamos seus argumentos.

    Os Pais da Igreja Foram Influenciados pelo Patriarcado

    Segundo as feministas cristãs, Clemente de Alexandria, Origines, Ambrósio, e Crisóstomo, Tomás de Aquino, Lutero, Tertuliano, Calvino e outros importantes teólogos e líderes da Igreja Cristã, influenciados pelo patriarcado, reafirmaram a inferioridade da mulher através da história da Igreja e, assim, proibiram a ordenação de mulheres e cometeram erros quanto aos papéis conjugais. As mulheres foram excluídas das posições de autoridade porque os pais da Igreja as viam, em sua própria natureza, como inferiores e menos capazes intelectualmente do que os homens.

    A Bíblia ensina a Igualdade dos Sexos

    Em segundo lugar, as feministas cristãs passaram a afirmar que a Bíblia dava suporte à plena igualdade das mulheres e que os homens haviam negligenciado estes conceitos bíblicos. As primeiras feministas cristãs afirmam que o registro da criação da mulher no Gênesis tem sido quase que universalmente interpretado de uma maneira equivocada para se ensinar que “Deus impôs a inferioridade e a sujeição” da mulher. Os teólogos (homens) foram acusados pelas primeiras feministas de ignorarem as passagens bíblicas que dão suporte à igualdade feminina, torcendo-as para o seu próprio interesse. A doutrina da liderança da Igreja que excluía as mulheres do ministério foi, portanto, apresentada como um subproduto de um estudo amputado das Escrituras.

    Não há Diferença entre Homem e Mulher

    A tese maior proposta pelas feministas cristãs no início dos anos 60 era idêntica às teses do feminismo secular: não há diferença entre homem e mulher. As feministas argumentaram que concernente às emoções, psique e intelecto, não há demonstração válida de diferenças entre mulheres e homens. Qualquer aparente diferença resulta única e exclusivamente de condicionamentos culturais e jamais de fatores biológicos. Portanto, tendo em vista a igualdade dos sexos, as feministas cristãs reclamam que a mulher deve ser posta em posições de plena liderança dentro de casa e na Igreja em igualdade com os homens.

    O primeiro passo do movimento feminista dentro da Igreja foi a ordenação das mulheres para os ofícios eclesiásticos e este foi somente o primeiro passo. A ordenação das mulheres requer o desenvolvimento de uma nova teologia, de uma nova visão sobre Deus, sobre a Bíblia, o culto e o mundo. A teologia deve se redefinir, alinhando-se com o ponto de vista feminino. Foi o próximo passo dado.

    Desenvolvimentos Posteriores da Teologia Feminista

    Uma teologia inteiramente nova deveria ser buscada, portanto, baseada na experiência e na interpretação da mulher. Um novo desenvolvimento teológico era necessário para dar suporte à ordenação feminina. Esta nova teologia se moveu em várias direções. Veremos que ordenação feminina é apenas um item de uma agenda muito maior e mais radical.

    Reinterpretação da Sexualidade Feminina

    Rejeitando a definição de feminilidade e dos papéis femininos que lhes foram impostos pelos homens e pela mentalidade patriarcal dominante, uma parte significativa das ativistas radicais demandaram uma nova definição destes itens que partisse de outro referencial. A conclusão a que chegaram foi que a própria mulher é o melhor referencial para sua autodefinição. E na caminhada desta nova descoberta, ela deve se descobrir em relação com outras mulheres e não com o homem. É preciso registrar que não foram todas as feministas que concordaram com este novo passo.

    Na década de 70, movimentos radicais em prol do lesbianismo passaram a identificar sua missão e propósito com o movimento feminista em geral. Foi aqui que o lesbianismo entrou no movimento feminista cristão mais radical como elemento chave na reinterpretação da mulher, sua feminilidade, espiritualidade e papéis. A maior contribuição para a entrada do lesbianismo no movimento feminista foi dada pela líder feminista Kate Millet, que publicamente admitiu ser lésbica, após escrever o livro Sexual Politics, best-seller publicado em 1970. O fato ganhou divulgação mundial mediante reportagem da revista Time naquele mesmo ano. Surgiram dentro das igrejas grupos de lésbicas “cristãs” pressionando para a ordenação de mulheres, de lésbicas, a celebração do casamento gay e aceitação de homossexuais e lésbicas ativos como membros comungantes.

    Reinterpretação Feminista da Bíblia

    A teologia feminista veio a ser profundamente afetada pela hermenêutica pós-moderna, a qual ensina que a escrita e a leitura de qualquer texto são irremediavelmente determinadas pelas perspectivas sociais e experiências de vida dos seus autores e leitores. A esta altura, já se havia abandonado o conceito da inspiração e infalibilidade da Bíblia.

    Empregando-se este princípio na leitura da Bíblia, as feministas cristãs concluíram que a mesma é um livro machista e reflete o patriarcado dominante na cultura israelita e grega daquela época. A Bíblia é o livro de experiências religiosas das mulheres e dos homens, judeus e cristãos, mas seu texto foi formado pelos homens, adultos e instruídos. Poucos textos foram escritos por mulheres. Como resultado, os autores freqüentemente enfatizaram somente o papel dos homens. Eles contaram a história de todo o povo a partir de sua expectativa masculina. Desenvolveram a visão patriarcal da religião a ponto de transformar Deus — um puro espírito sem gênero — em um ser masculino! E que este Deus sempre escolheu homens como profetas, sacerdotes e reis porque os homens são melhores ou mais fortes moralmente do que as mulheres!

    As feministas radicais propuseram, assim, uma reinterpretação radical da Bíblia partindo da ótica delas. Propuseram também que as mulheres aprendessem a examinar as leituras feitas na ótica patriarcal e a impugnar qualquer interpretação distorcida pelo machismo. De acordo com elas, a interpretação tradicional da Bíblia sempre foi masculina pois o masculino era tido como universal. Hoje, essa leitura ideológica incomodava muitas mulheres e homens nas igrejas.

    Elas passaram ainda a defender a publicação de versões bíblicas onde o elemento masculino fosse tirado da linguagem. Estas versões, chamadas de “linguagem inclusiva” não deveriam mais se referir  a Deus como Pai e deveriam chamar Jesus de “a criança de Deus” em vez de Filho de Deus. Já existem dezenas de versões bíblicas assim no mercado mundial. Algumas feministas ainda mais radicais declararam que a Bíblia não é confiável e que as histórias das mulheres de hoje precisam ser adicionadas ao cânon da Bíblia.

    Reinterpretação do Cristianismo

    Como resultado desta nova leitura da Bíblia, orientada contra todo elemento masculino e contra o patriarcalismo, as feministas propuseram uma reforma radical no Cristianismo tradicional. A ordenação de mulheres é apenas um pequeno aspecto deste projeto. Na concepção delas, a verdadeira religião deve conter elementos que reflitam o poder e a cooperação das mulheres, cuja principal característica é gerar a vida. Assim, mui naturalmente, as feministas adotaram e “cristianizaram” os antigos cultos pagãos da fertilidade, que celebram os ciclos da natureza, as estações do ano, a fertilidade da terra, as colheitas e a geração da vida. Os cultos seguem temas litúrgicos relacionados com as estações do ano. Este novo Cristianismo feminino entende que a mulher é mais apta que o homem para estabelecer e conduzir a religião, pois enquanto o homem, guerreiro, mata e tira a vida, a mulher gera a vida. Aquela que conduz a vida dentro de si é mais adequada para definir a religião e conduzir seus cultos.

    Reinterpretação de Deus

    O passo mais ousado dado pelo movimento feminista cristão radical foi a "reinvenção de Deus". Mais de 800 feministas, gays e lésbicas do mundo inteiro reuniram-se nos Estados Unidos em 1998 num Congresso chamado Reimaginando Deus. Os participantes chegaram a conclusões tremendas: o verdadeiro deus de Israel era uma deusa chamada Sofia, que os autores masculinos transformaram no deus masculino Javé, homem de guerra. Jesus Cristo não era Deus, mas era a encarnação desta deusa Sofia, que é a personificação da sabedoria feminina. Esta deusa pode ser encontrada dentro de qualquer mulher e é identificada com o ego feminino (na foto, capa de livro publicado sobre o assunto). No Congresso celebraram uma “Ceia” onde o pão e o vinho foram substituídos por leite e mel, e conclamaram as igrejas tradicionais a pedir perdão por terem se referido a Deus sempre no masculino. Amaldiçoaram os que são contra o aborto e abençoaram os que defendem os gays e as lésbicas.

    Conclusão

    A leitura das origens e desenvolvimentos do movimento feminista, tanto o secular quanto o cristão, deixa claro que a ordenação de mulheres ao ministério é apenas um item da agenda muito mais ampla dos feministas radicais dentro da igreja cristã.

    É claro que nem todos os que defendem a ordenação de mulheres concordam com tudo que se contém na agenda do movimento feminista cristão. É preciso deixar isto muito claro. Conheço pessoalmente diversos irmãos preciosos que são a favor da ordenação de mulheres ao pastorado mas que repudiam as demais teses do movimento feminista radical. O que estou descrevendo aqui principalmente é a postura dos radicais dentro do feminismo evangélico.

    Entretanto, não se pode deixar de notar a semelhança notável entre muitos dos argumentos usados para defender a ordenação feminina e aqueles empregados na defesa do homossexualismo nas igrejas, das versões feministas da Bíblia e mesmo da reinvenção de Deus e do Cristianismo.

    [Este artigo é reprodução da primeira parte de um Caderno sobre Ordenação Feminina que publiquei algum tempo atrás, que por sua vez utilizou a pesquisa histórica da tese de mestrado do Rev. Ludgero Morais sobre o tema.]
    Augustus Nicodemus Lopes

    Postado por Augustus Nicodemus Lopes.

    Sobre os autores:
    Dr. Augustus Nicodemus (@augustuslopes) é atualmentepastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana doBrasil e presidente da Junta de Educação Teológica da IPB.
    O Prof. Solano Portela prega e ensina na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, onde tem uma classe dominical, que aborda as doutrinas contidas na Confissão de Fé de Westminster.
    O Dr. Mauro Meister (@mfmeister) iniciou a plantação daIgreja Presbiteriana da Barra Funda.

    sexta-feira, 18 de novembro de 2016

    3 Razões para o Cristão ser Absolutamente Contrário ao Aborto


    Estima-se que mais de 50 milhões de abortos são realizados no mundo, por ano. Isso é mais de 8 vezes o número de judeus que morreram no holocausto nazista, que foi de 6 milhões. O genocídio nazista foi uma mancha na história da humanidade, sem dúvida. Mas o que dizer do assassinato de milhões de crianças indefesas? Mais: o que dizer de cristãos que se dizem discípulos de Jesus e fazem apologia do aborto? Para responder estas questões exponho abaixo 3 motivos pelos quais o cristão deve ser radicalmente contrário ao aborto:
    1º A Sacralidade da Vida
    A vida humana é sagrada. Não pertence a nós, pertence ao Criador. Deus fez homem e mulher de modo singular, diferente do restante da criação. Primeiro, soprando em suas narinas o fôlego da vida (Gn 2.7). Nenhum animal teve este privilégio. Segundo, colocando toda a criação debaixo do domínio do homem: Tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, etc (Gn 2.26). Terceiro, criando homem e mulher à sua própria imagem e semelhança (Gn 1.26,27). Os animais foram criados “segundo a sua espécie”, todos de uma só vez. Já o ser humano foi uma criação única, à imagem e semelhança do Criador. No momento da criação do homem a Trindade se reúne e delibera (no plural): Façamos o homem à nossa imagem. Veja os textos abaixo. Eu grifei as expressões que dignificam e sacralizam a vida humana.
    “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Gênesis 1.26,27
    “Este é o livro da genealogia de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez; homem e mulher os criou, e os abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão, no dia em que foram criados.” Gênesis 5.1,2
    “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.” Gênesis 9.6
    “... que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste.” Salmo 8.4,5
    “... o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus” 1 Coríntios 11.7
    “Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.” Tiago 3.9
    Repare em Gênesis 9.6 o motivo pelo qual nós não podemos tirar a vida de alguém: “porque Deus fez o homem segundo a sua imagem”. Por isso, não podemos tirar a vida do próximo. Atentar contra a vida do meu semelhante é, em primeira instância, atentar contra Deus, pois o meu próximo carrega consigo a imagem e a semelhança do Criador.
    Por consequência, quando um aborto é realizado, a vítima do assassinato é uma criança que traz em si a imagem e semelhança de Deus. Isso é sério.
    2º A Antiguidade da Vida
    Este assunto sempre suscita a pergunta: Quando começa a vida? A ciência não tem uma resposta consensual. Há aqueles que admitem começar na fecundação; há os que apontam para o período entre o 7º e o 10º dia, quando ocorre a fixação do óvulo fecundado no útero; há os que defendem começar na 3ª semana de gestação, quando o embrião pode se dividir dando origem a outros indivíduos e, por fim, há os que marcam o início da vida somente após a 8ª semana de gravidez, com o início da atividade cerebral.
    O curioso é que quando a ciência encontra uma bactéria na lua a considera como vida, sem hesitar. Curioso também é que a ciência não tem valores absolutos. O que é verdade hoje pode não ser amanhã. Portanto, é necessário cautela.
    Neste assunto, o referencial mais seguro é a Palavra de Deus. Nela nós temos evidências de que a vida começa na fecundação. Veja os textos abaixo que mostram vida já no ventre das mães:
    Os filhos lutavam no ventre dela; então, disse: Se é assim, por que vivo eu? E consultou ao Senhor.” Gênesis 25.22
    “Respondeu-lhe o Senhor: Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão...” Gênesis 25.23
    “... porquanto o menino será nazireu consagrado a Deus desde o ventre de sua mãe; e ele começará a livrar a Israel do poder dos filisteus” Juízes 13.5
    “... porque o menino será nazireu consagrado a Deus, desde o ventre materno até ao dia de sua morte” Juízes 13.7
    “Nunca subiu navalha à minha cabeça, porque sou nazireu de Deus, desde o ventre de minha mãe...” Juízes 16.17
    “As tuas mãos me plasmaram e me aperfeiçoaram, porém, agora, queres devorar-me. Lembra-te de que me formaste como em barro; e queres, agora, reduzir-me a pó? Porventura, não me derramaste como leite e não me coalhaste como queijo? De pele e carne me vestiste e de ossos e tendões me entreteceste. Vida me concedeste na tua benevolência, e o teu cuidado a mim me guardou.” Jó 10.8-12
    “Aquele que me formou no ventre materno não os fez também a eles? Ou não é o mesmo que nos formou na madre?” Jó 31.15
    “A ti me entreguei desde o meu nascimento; desde o ventre de minha mãe, tu és meu Deus” Salmo 22.10
    “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” Salmo 51.5
     “Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre seu galardão” Salmo 127.3.
    “Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe. Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem; os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram a substância ainda informe” Salmo 139.13-16.
    “Assim diz o Senhor, que te criou, e te formou desde o ventre, e que te ajuda: Não temas, ó Jacó, servo meu, ó amado, a quem escolhi.” Isaías 44.2
    “Assim diz o Senhor, que te redime, o mesmo que te formou desde o ventre materno: Eu sou o Senhor, que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus e sozinho espraiei a terra...” Isaías 44.24
    “Ouvi-me, ó casa de Jacó e todo o restante da casa de Israel; vós, a quem desde o nascimento carrego e levo nos braços desde o ventre materno.” Isaías 46.3
    “... porque eu sabia que procederias mui perfidamente e eras chamado de transgressor desde o ventre materno.” Isaías 48.8
    “Ouvi-me, terras do mar, e vós, povos de longe, escutai! O Senhor me chamou desde o meu nascimento, desde o ventre de minha mãe fez menção do meu nome.” Isaías 49.1
    “Mas agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para ser seu servo...” Isaías 49.5
    Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações. Jeremias 1.5
    “Por que não me matou Deus no ventre materno? Por que minha mãe não foi minha sepultura? Ou não permaneceu grávida perpetuamente?” Jeremias 20.17
    No ventre, pegou do calcanhar de seu irmão; no vigor da sua idade, lutou com Deus” Oséias 12.3
    “Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno.” Lucas 1.15
    “Ouvindo esta a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre; então, Isabel ficou possuída do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre! E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor? Pois, logo que me chegou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criança estremeceu de alegria dentro de mim.” Lucas 1.41-44
    Repare que os textos não deixam dúvida de que a vida começa no ventre materno. Portanto, pílulas do dia seguinte ou qualquer outro método abortivo atentam contra uma vida que já está presente, conhecida e criada por Deus.
    3º A Prioridade da Vida
    Não matarás” Êxodo 20.13
    Se homens brigarem e ferirem uma mulher grávida, e ela der à luz prematuramen­te, não havendo, porém, nenhum dano sério, o ofensor pagará a indenização que o marido daquela mulher exigir, conforme a determinação dos juízes. Êxodo 21.22 (NIV)
    Quem matar alguém será morto. Mas quem matar um animal o restituirá: igual por igual” Levítico 24.17,18
    Dentro deste tema encontramos a atual legislação brasileira autorizando o aborto em 3 situações específicas:
    1. Risco de morte da mãe.
    Creio que esta seja a única possibilidade de um cristão verdadeiro concordar com o aborto. Todavia, os casos desta natureza são raríssimos hoje em dia, por conta do avanço da medicina.
    A medicina atual já tem condições de retirar, de forma prematura, o feto que oferece risco à vida da mãe e dar a ele boas condições de sobrevivência. Em 2009, em Pernambuco, uma menina de 9 anos de idade ficou grávida e, imediatamente, as autoridades médicas da região indicaram e promoveram o aborto dos gêmeos de 4 meses de vida que estavam no ventre da menina. A alegação era de que a menina gestante corria risco de morrer por ter apenas 9 anos de idade. Se eles tivessem pesquisado um pouco antes de assassinar os gêmeos indefesos teriam descoberto a história da peruana Lina Medina que deu à luz ao seu primeiro filho aos 5 anos de idade e isso em 1939. Há registros de muitas outras meninas de 8, 9 e 10 anos, em situações semelhantes, que não abortaram e não morreram.
    2. Gestação proveniente de estupro.
    O movimento feminista insiste que a mulher é dona do seu próprio corpo e que tem total direito sobre ele. Isso lhe dá total direito ao aborto, principalmente, no caso de um estupro. A cristã verdadeira saberá que, primeiro, o corpo não pertence a nós. O corpo e a vida são propriedades de Deus. Eis a razão porque o suicídio é um pecado (e crime em alguns países).
    Mesmo na situação crítica de um estupro, a mãe não tem o direito de assassinar a criança inocente que não tem culpa alguma do ato violento sofrido pela mãe. Em casos assim, o melhor caminho é dar prosseguimento à gravidez, cuidando desta mãe e, se no nascimento da criança ela não tiver condições de cuidar deste filho, submetê-lo a alguém que queira cuidar.
               
    Sei que as feministas que leem este texto devem estar revoltadas dizendo: Mas e a vida da mulher que foi estuprada? Ela não tem direitos? Como ela vai viver com esta dor? Ora, a resposta é que uma dor emocional é menor que um assassinato. Ambos são difíceis, mas assassinar uma criança inocente nunca será o caminho.
    Cuidemos do trauma emocional da mãe, vítima de um estupro, mas não cometamos um mal ainda maior que é assassinar uma criança que não tem nada a ver com este mundo violento.
    Aliás, pensando nesta argumentação feminista de que o que importa é o sentimento emocional desesperador da mulher, eu gostaria de propor um teste:
    Imagine que você tem na sua frente uma mesa com 2 botões e, do outro lado da mesa, uma mulher e uma criança. Você, obrigatoriamente, tem que apertar um dos botões. Se você apertar o botão azul a mulher é estuprada. Se você apertar o botão vermelho a criança leva um tiro na cabeça. Qual botão você apertaria?
    É óbvio que o mal menor é o estupro. Não podemos assassinar crianças, nem em situações críticas assim. Nosso Deus é Deus vingador. Ele vingará as crianças assassinadas, não importam os motivos.
    3. Gravidez de feto anencefálico.
    Ultimamente a justiça tem autorizado a interrupção da gestação de feto anencefálico. A argumentação é a de que uma criança com este diagnóstico será natimorta, isto é, nascerá morta. A experiência tem mostrado o engano deste argumento. O caso mais conhecido é o da Marcela. Ela nasceu anencéfala, mas sentia, ouvia e tinha consciência. Viveu durante 1 ano e 8 meses contrariando o que vinha sendo dito sobre os anencéfalos. Teríamos outros casos assim se lhes fossem dados o direito à vida.
    O que está por trás desta autorização judicial é o pensamento evolucionista (feto não é vida), materialista (esta criança atrasará a sociedade) e eugenista (precisamos melhorar a raça). O nazismo começou assim. Hoje em dia não é incomum vermos médicos orientando suas pacientes ao aborto ao constatarem que o filho em gestação terá alguma deficiência física ou mental. Fico imaginando o que um médico desta linha diria a um pai sifilítico e uma mãe tuberculosa que tiveram quatro filhos: o primeiro, cego de nascença; o segundo, morto logo após o parto; o terceiro, surdo-mudo; o quarto, tuberculoso, e que, agora, a mãe está grávida do quinto filho. O que um médico abortista recomendaria? O aborto, por óbvio. Se este médico tivesse existido no passado, teria matado Beethoven.
     A palavra de Deus nos ensina que toda a vida é sagrada e bem de Deus, mesmo a dos deficientes. “Quem fez a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?” (Êx 4.11)
    Não são poucos os casos de sobreviventes de aborto que hoje mostram o seu valor à sociedade. Talvez o caso mais conhecido seja da jovem Gianna Jessen (link abaixo), todavia, dia desses, por ocasião das paraolimpíadas, apareceu na mídia a história de Eliza McIntosh, uma atleta de 21 anos que só está hoje entre nós por graça divina e zelo dos pais. Na sua gestação, os médicos recomendaram o aborto aos pais porque, com “dysgenesis espinhal”, a  garota, na melhor das hipóteses, viveria em estado vegetativo e que seria necessário um tubo de respiração durante toda a vida. Agora ela é uma atleta.
    Histórias assim confirmam o que a Bíblia nos orienta: Não matarás. A vida é sagrada e não pertence a nós. O feto, por menor que seja, já é portador da imagem e semelhança de Deus e tem de ser preservado. Que Deus nos dê coragem para defendermos estas vítimas inocentes.
    Fonte: http://resistenciaprotestante.blogspot.com.br/


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