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quinta-feira, 20 de junho de 2013

#VemPraRua: Lideranças cristãs listam motivos para que fiéis se juntem aos protestos sociais por melhorias no Brasil

#VemPraRua: Lideranças cristãs listam motivos para que fiéis se juntem aos protestos sociais por melhorias no Brasil

A convocação de algumas lideranças cristãs para que os fiéis saiam às ruas durante os protestos e engrossem o coro contra a corrupção e mazelas sociais tem se intensificado, apesar da postura conservadora de algumas igrejas.
Entretanto, a convocação sintetizada na hashtag #vemprarua tem sido bastante objetiva por parte de alguns dos mais ativos líderes evangélicos do Brasil. O pastorGuilherme de Carvalho, da Igreja Esperança, em Belo Horizonte, publicou um artigo em seu site no portal da revista Ultimato, convidando fiéis a se juntarem às manifestações.
“No princípio foi disso que a chamaram: ‘baderna!’ Foi assim que a ‘imprensa vendida’ descreveu o movimento [...] Quanto crente estava lá, nas redes sociais, nos blogs, no twitter, chamando todo mundo para descer pra rua? Desceu foi muita gente: abeuenses, Rede Fale, missões urbanas, a turma underground, membros da minha igreja, o líder do departamento de educação cristã, até a minha mulher queria descer, e não foi porque não podia mesmo. E tinha pastor também: batista, presbiteriano, pentecostal, e quem não foi ficou é orando pela manifestação, tentando entender o que se passava”, escreveu Carvalho, relatando a experiência de um dos protestos na capital mineira.
Em São Paulo, o deputado estadual Carlos Bezerra Jr. (PSDB), afirmou que a hora é de se manifestar e mostrar que a igreja de Cristo tem desejo de promover a justiça: “Que a igreja se mantenha mobilizada como foi em Brasília há poucos dias, e vá para as ruas nesses dias de junho. Que a igreja brasileira não se isole: igreja que não se mistura, fala sozinha. Ao invés de cair na graça, cai na desgraça do povo. Opor Igreja e sociedade só interessa a quem quer gado no curral. Igreja não é patrimônio político de ninguém. Não pertence a ninguém senão Jesus. É tempo de oração e de ação profética de denúncia da igreja evangélica, movida por fome e sede de justiça”, escreveu no Twitter.
O pastor Levi Araújo, da Igreja Batista de Água Branca também usou o Twitter para convocar os fiéis: “Quem tem o outro como causa não precisa de novas causas. #ProtestantesSempreProtestando #VemPraRua”.
O pastor Ricardo Gondim, líder da Betesda e que esteve pessoalmente nas manifestações do dia 18 de junho na Avenida Paulista, publicou um artigo listando as injustiças cometidas contra os menos favorecidos da sociedade, e frisou que é preciso continuar com as manifestações até que aconteçam mudanças.
“O leque de desmandos que precisam ser consertados é amplo. Diante de tamanha desarrumação, corre-se o risco de não chegar a lugar nenhum. A pressão popular, entretanto, deve continuar. O povo deve permanecer nas ruas. Chegou a hora de outros setores se envolverem. Partidos que mantém algum idealismo, pastores, teólogos e crentes progressistas das igrejas católica e protestante – e de outras religiões -, terceiro setor que amarga o dia a dia dos pobres e outros movimentos sociais devem se engajar. Nas ruas, os jovens gritaram: O gigante acordou, o gigante acordou. Resta provar que este refrão é verdadeiro. Continuemos”, incentivou Gondim.
Augustus Nicodemus Lopes, reverendo presbiteriano, publicou no site Guia-me um texto em que abordou as manifestações a partir do ponto de vista bíblico, e ressaltou que a Igreja de Cristo deve ir às ruas: “Por mais que as manifestações populares pareçam um poder independente e soberano estão, todavia, debaixo do governo divino. Através delas Deus realiza seu propósito maior, que é promover a sua glória e o bem do seu povo, ainda que, no momento, não percebamos de que forma estas coisas se materializam na história [...] Vejo como legítima a participação dos cristãos em manifestações públicas que sejam ordeiras e pacificas, que não sejam tumultos e que tenham em mente o bem da sociedade e não somente os privilégios dos crentes e evangélicos. Não faz sentido as igrejas se organizarem em passeatas e manifestações e marchas para reivindicar privilégios para os crentes. Estas manifestações são civis, expressões sociais e não um culto”, pontuou.
O blogueiro e missionário Marcos Botelho publicou um diálogo fictício em que lista situações e motivos para se juntar aos protestos. Confira:
A pergunta que não quer se calar para os seguidores de Jesus Cristo: Jesus iria para as manifestações que aconteceram nos últimos dias no Brasil?
Fui lá perguntar para ele:
Eu – Oi mestre, tudo bem?
Jesus – Mais ou menos, Marcos, o Brasil muito antes das manifestações estava me deixando muito triste.
Eu – Por que dessa tristeza?
Jesus – Por vários motivos, tenho visto vários erros que já tinha falado para evitar como nação, mas que foram ignorados.
Eu – Dê alguns exemplos mestre.
Jesus – São vários, a injustiça aos desamparados que Isaías já tinha denunciado para Judá, um discurso desconexo com a prática, que meu irmão Tiago já tinha falado para tomar cuidado, a corrupção generalizada que o boiadeiro Amós profetizou , a promiscuidade do povo que Oseias sofreu na própria pele para o Brasil entender com clareza, o desprezo com o menor que eu mesmo falei pra nunca deixar acontecer, pois seria melhor amarrar uma pedra no pescoço e ser jogado ao mar.
Eu – E o que podemos fazer para mudar essa realidade?
Jesus – Primeiro, sonde a própria vida para ver se lá dentro a corrupção, a idolatria e o sentimento de levar vantagem a qualquer custo já não tomou conta da sua alma e já está nos seus pequenos atos. Pois, se você não consegue ser justo no pouco, é só questão de circunstancia para ser parte desse sistema corrupto.
Eu – E se fizermos isso, fazemos o que depois?
Jesus – Lute contra a injustiça, não se cale, fale por aqueles que não tem voz, faça isso na internet, na escola, na igreja e nas ruas. Mas faça sempre em amor, nunca use a violência, nunca!
Eu – Então o Senhor iria para as ruas protestar.
Jesus – Não, eu não iria nas manifestações!
Eu – Mas por quê?
Jesus – Ah meu jovem, eu vou subir o morro para amparar aqueles que não tem consciência nem para entender o que está acontecendo, vou encorajar o policial novato que está apavorado, mas que foi escalado para estar em um ponto crítico dos protestos. Vou ao hospital acudir a menina que tomou um tiro de bala de borracha no olho de um policial inconsequente. Eu vou ficar consolando a sua mãe, que vai ficar orando pela insegurança de um filho que saiu pra protestar sem ter certeza que vai voltar. Não vou pra manifestação para você poder ir!
Por Tiago Chagas
Fonte:Gospel+

Por que a IPB não cresce? A 'reforma' que precisamos!



Por Luciano Sena

O que fez com que a maior igreja evangélica da década de 60 não figure mais hoje em dia entre as denominações evangélicas de expressão numérica? Quais razões levaram a Igreja Presbiteriana do Brasil a não chegar em todo território nacional, apesar de ser uma das mais antigas? Por que a IPB está vergonhosamente atrás mesmo de muitas seitas?

Vou expressar aqui a minha opinião, baseando-me na observação e na conversa com antigos presbiterianos. Acho que incomodarei alguns, nem serei aceito por todos os fieis. Adianto-me dizendo que temos um problema denominacional de nível espiritual e não teológico.


1. A vocação pastoral foi profissionalizada. A vocação ministerial na IPB está sendo revestida, espuriamente em muitos contextos, de direitos trabalhistas, interesses financeiros, exigências advinda de Conselhos nada espirituais, (do tipo crescimento financeiro para o orçamento da Igreja, etc.) gabinetes pastorais virando centro de negociações de interesses estranhos ao evangelho, pastores que se relacionam com representantes políticos e comerciais como se fosse ele mesmo um ‘empresário da igreja’. O Espírito Santo não usa tais ministérios adúlteros.


2. A vocação pastoral foi ‘academizada’. Para muitos ministros presbiterianos a região do “Mackenzie-Andrew Jumper” virou uma Meca Acadêmica. A desculpa de ‘especializar-se em uma área teológica para melhor servir ao Senhor’ na verdade camufla o especializar para ‘melhor SERVIR-SE’. Tais especializações deixam de ser um desejo simples de conhecer mais, para rapidamente dar a conhecer o status. A ânsia de títulos causa euforia nesses ministros.
Pobres reverendos ‘erudólatras’, que deixaram de colocar o ministério sob a bancada da Trindade e que as notas fossem extraídas de lágrimas, evangelizando, amando o rebanho da Igreja Presbiteriana, o seu povo. Por isso, igrejas assim, sob o comando de obreiros secos, não pode fluir vida.


3. A vocação pastoral foi multifacetada.
“Tenho chamado de mestre”, “Meu chamado não é para evangelizar”, “Sou pastor não ovelha”... assim vai. O que acho interessante é que tais desculpas convenceram muitas igrejas e conselhos. Usam até Efésios 4.11 para isso, como que se o dom fosse exclusão da obrigação, e não apenas uma melhor capacitação divina para uma área no ministério!Já pensou em um profeta dizendo: “Não vou ensinar, pois meu ministério não é de mestre”!?... Veja o texto de II Tm 4.1-5.
A Constituição da IPB diz que o ministro recebe tais títulos, pois são funções do ministro: “Os títulos que a Sagrada Escritura dá ao ministro, de bispo, pastor, ministro, presbítero ou ancião, anjo da Igreja, embaixador, evangelista, pregador, doutor e despenseiro dos mistérios de Deus, indicam funções diversas, e não graus diferentes de dignidade no ofício.” Art. 30 Parágrafo único.

Pastor que não evangeliza, em qualquer forma e método, é um pastor incompleto, fraco e infiel. Visto que várias igrejas estão sob o comando de obreiros nestas condições no ministério, o Espírito Santo não usa mais a tais, e ali não pode ser uma agência salvadora dos eleitos.


4. Os Presbíteros estão negligenciando a vocação. Infelizmente muitos presbíteros não estudam a Bíblia profundamente, nem teologia*. Não estudam os Símbolos de Fé, nem mesmo depois da eleição deixam a superficialidade do conhecimento doutrinário. A fama de presbíteros é mais conhecida como: ‘Donos/Patrões’ da igreja local. Algozes de Pastores. Não são conhecidos como pastoresjunto ao pastor docente, na visitação, consolo e evangelização.

*Não seria difícil preparar melhor os presbíteros. Se o pastor, ou no máximo Presbitérios, [sabemos que quando sai desse ambiente, a letargia mata rapidamente!!!], local fizer 1) uma classe de liderança/oficiais, 2) providenciasse para todo líder e oficial – A Constituição da IPB, A Confissão de Fé, um manual teológico (Teologia Concisa, J. I. Packer, ou Manual de Doutrina L. Berkof), bem como algum livro de aconselhamento e histórico um que aborde uma breve história da IPB. E trabalhasse por pelo menos dois anos com esses oficiais, teríamos um resultado rápido e prático.

Para muito pastores, os presbíteros são apenas um item eclesiástico. Por um lado, isso é culpa dos próprios presbíteros. Precisamos de um despertamento por parte dos presbíteros da IPB. Quando isso acontecer, muita coisa entrar nos trilhos.


5. A IPB passou a envolver-se com aquilo que não é a sua missão. A maneira prática de a Igreja Glorificar a Deus é cumprir sua missão de pregar o Evangelho. Quando a igreja começou asubstituir e pregação por projetos sociais, cursinhos profissionalizantes, interesses ‘humanistas’, ela dilui o seu poder. A Igreja deve fazer o bem a todos, como resultado do evangelho e da evangelização, não PARA evangelização!!!
Seria muito mais conveniente a IPB, igrejas locais, e até Mackenzie (não sei se já o fez), doar dinheiro para instituições filantrópicas! Seria muito mais conveniente e efetivo. Dar pão com mortadela e suco de saquinho para crianças carentes não é obra social. Imagine se a IPB doasse dinheiro para o Hospital do Câncer, a AACD, etc.? Assim, a Igreja faria o bem, com qualidade, sem colocar as suas energias vocacionais para outros fins.
“A Igreja Presbiteriana do Brasil tem por fim prestar culto a Deus, em espírito e em verdade, pregar o evangelho...” Art. 2º CI- IPB. O título do 5º capítulo do livro “Plante Igrejas” do Rev. Arival diz: “A pregação é o meio escolhido por Deus para promover a obra missionária.”


6. As igrejas locais não são unidas. ‘Cada um por si’, é quase o lema em muitas comunidades nas federações de igrejas locais da IPB. Não existe estimulo suficiente para isso. Isso está sob a responsabilidade dos presbitérios. Igrejas de uma cidade ou de um presbitério poderiam unir-se na missão. Compras de terrenos, construções de Templos, plantações de trabalhos novos, sustento de obreiros para iniciar trabalhos, etc. Isso não acontece, existe uma capitalização anticalvinista – ajuntar para outros não é feito, e sim para apresentar um saldo no orçamento!

E a obra missionária local é negligenciada por uma idolatria financeira local. Uma confiança errada e não cristã na estranha sensação de estabilidade financeira!

‘Cada um por si’, acabou em ‘Deus contra todos’. Na falta de unidade, de ‘gentileza entre igrejas’, nos esquecemos do princípio de Mt 12.25... parece que o diabo é mais inteligente do que agente!


7. O pecado. O que é mais destrutivo para uma igreja do que o pecado? É triste saber como está sendo tratado esse assunto em muitas igrejas presbiterianas. Não por falta de doutrina. OCatecismo Maior expõem o pecado em todos os seus quadrantes, com precisão milimétrica (perguntas 91 – 152). Mas por falta dadenúncia na pregação e disciplina. Notamos mensagens, livros, estudos, sites, mais preocupados com o neopentecolatlismo e arminianismo do que em denunciar o pecado. Obviamente, preferiria o Arminianismo de Wesley a um Calvinismo pecador. Claro, isso é auto excludente, mas está se alastrando, mesmo com a incoerência patente.

· Quando uma igreja deixa de denunciar o pecado ela sela a sua morte (Ap 2,3). Ou matamos o pecado por meio da pregação ou o pecado nos matará! Não existe sobrevivente nesta luta.


8. O Domingo revela que não damos prioridade na vida prática ao que é do Senhor. Escrevo essas palavras como um hipócrita. Não iria incluir, mas o Senhor me apontou isso, se eu quisesse que tal exposição fosse honesta em minha consciência. Não tenho guardado o Dia do Senhor como deveria. Tenho feito algo, mas não o necessário. Acredito que conseguirei, pela graça de Deus... O fato é que não temos o Dia do Senhor como DO SENHOR, em nosso arraial. Eu mesmo fui saber disso, não observando Igrejas Presbiterianas, mas quando comecei a ler os Símbolos de Westminster.

A Igreja Presbiteriana do Brasil não está, em sua a maioria, e em sua exatidão, guardando o Dia do Senhor (Ap 1.10). Infelizmente até mesmo eventos da IPB estão sendo realizados no Dia do Senhor, fazendo com que pessoas trabalhem nesse dia por nossa causa. Apesar de questionamentos práticos que precisam ser respondidos (será que uma recreação em um contexto de cidade grande, não seria salutar e necessária para a família?), o fato teológico é inquestionável, este é o Dia DO Senhor. Talvez você me pergunte, o que isso tem isso com a evangelização e reforma? Antes de te responder , leia o que ‘profetizou’ o Catecismo Maior:

“Pergunta 121: Por que se acha a palavra “lembra-te”, colocada no princípio do quarto mandamento? Resposta: A palavra “lembra-te” acha-se colocada no princípio do quarto mandamento( Ex 20. 8) , em parte pelo grande benefício que há em nos lembrarmos dele, sendo nós assim ajudados na nossa preparação para guardá-lo( Ex 16. 23; Lc 23. 54,56; Ne 13. 19); e porque em o guardar somos ajudados a guardar todos os mais mandamentos( Ez 20. 12,20), e a continuar uma grata recordação dos dois grandes benefícios da criação e da redenção, que contêm em si um breve compêndio da religião( Gn 2. 2,3; Sl 118. 22,24; Hb 4. 9); e em parte porque somos propensos a esquecer-nos deste mandamento( Ex 34. 21) , visto haver menos luz da natureza para ele e restringir a nossa liberdade natural quanto a cousas permitidas em outros dias( Ex 34. 21;; porque este dia vem somente uma vez em cada sete, e muitos negócios seculares intervêm e muitas vezes nos impedem de pensar nesse dia, seja para nos prepararmos, seja para santificá-lo( Nm 15. 38,38,40) , e porque Satanás, com os seus instrumentos, se esforça para apagar a glória e até a memória desse dia, para introduzir a irreligião e a impiedade( Lm 1. 7; Ne 13. 15-23; Jr 17. 21-23).”

Desde quando deixamos o Senhor não ser mais o dono de nosso tempo, não temos mais tempo para ele, isso também reflete na oração, no jejum, por fim, não cumprimos a missão que Ele nos deu. O Domingo é um dia evangelístico, o Senhor Ressurgiu dos mortos:“... a observância do primeiro dia da semana é um sinal evidente que a igreja sempre creu na ressurreição de Jesus Cristo.” (Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo, p. 317). O eixo da evangelização e salvação está em crer que Jesus Ressuscitou dentre os mortos (Rm 10.9,10).


CONCLUSÃO


Não crescemos mais por esses motivos. Não precisamos do 'movimento das Comunidades Presbiterianas', nem do 'Novo Calvinismo'. Concluo essa postagem com as introspectivas palavras do Catecismo Maior, na pergunta e resposta 104, e digo, é disso que precisamos!

“Pergunta 104: “Quais são os deveres exigidos no primeiro mandamento?
Resposta: Os deveres exigidos no primeiro mandamento são: Conhecer e reconhecer Javé como o único verdadeiro Deus e nosso Deus ( I Cr 28. 9; Dt 26. 17; Is 43. 10; Jr 14. 22); adorá-lo e glorificá-lo como tal( Sl 95. 6,7; Sl 29. 2; Mt 4. 10); pensar( Ml 3. 16) e meditar nele( Sl 63. 6); lembrar-nos dele( Ec 12. 1); altamente apreciá-lo( Sl 18. 1,2), honrá-lo( Ml 1. 6), adorá-lo( Is 45. 23), escolhe-lo)( Js 24. 22), amá-lo( Dt 6. 5), desejá-lo( Sl 73. 25) e temê-lo( Is 8. 13); crer nele( Ex 14. 31), confiando( Is 26. 4), esperando( Sl 130. 7), deleitando-nos( Sl 37. 4) e regozijando-nos nele(Sl 32. 11); ter zelo por ele( Rm 12. 11); invocá-lo, dando-lhe todo o louvor e agradecimento( Fp 4. 6), prestando-lhe toda a obediência e a submissão do homem todo( Jr 7. 23; Tg 4. 7); ter cuidado de agradá-lo em tudo( I Jo 3. 22), e tristeza quando ele é ofendido em qualquer coisa( Ne 13. 8; Sl 119. 135; Jr 31. 18); andar humildemente com ele( Mq 6.8).”

Fonte:MCA

A Mentira de que tudo é Verdade

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Por Jorge Fernandes

“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” [Jo 17.17]

Este versículo derruba qualquer expectativa dos pós-modernistas de santificação. Também lança por terra as esperanças dos relativistas. Dos liberais. Dos mentirosos, e, sobretudo, daqueles que amam a mentira. Não há possibilidade de santificação fora da verdade; e sendo a palavra de Deus a verdade, fora dela o homem permanece morto em seus delitos.

A Escritura desmente as afirmações e tendências teológicas modernas de que é possível a salvação sem Cristo, sem a Palavra. Baseados no sentimentalismo suicida da alma natural eles creem não ser necessário nem um nem outro para se alcançar a intimidade com Deus. Na verdade, esse homem está depositando todas as suas fichas num prêmio que acredita ser capaz de obter por seus próprios meios, mas que o deixará exatamente no mesmo estado em que se encontra: condenado.

É interessante que as religiões, mesmo o “cristianismo” humanista, proclama que qualquer caminho pode levar a Deus. De que a importância está naquilo que o homem tem no seu íntimo, no seu desejo de encontrá-lo. Mais surpreendente ainda é que a cosmovisão desse mesmo homem o levará à destruição, pois o que há nele além do mal? “Porque não há retidão na boca deles; as suas entranhas são verdadeiras maldades, a sua garganta é um sepulcro aberto”[Sl 5.9].

A falácia de que se o homem for sincero Deus se apiedará dele, não passa de uma desculpa esfarrapada para a autopreservação do pecado. Não há garantia de que a sinceridade na mentira produzirá a santidade. Pelo contrário, a santidade é possível apenas na verdade. E se não houver santificação, não há salvação. Por toda a Escritura este conceito está delineado, podendo ser resumido da seguinte forma: “Como está escrito: Sede santo, porque eu sou santo” [1Pe 1.16]; e, “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” [Hb 12.14]. Cristãos professos, mas que acreditam possível manter uma vida impiedosa, sem arrependimento, sem frutos para a glória de Deus, estão esquentando os bancos das igrejas, enganam-se a si mesmos, pois sobre eles permanece a ira do Senhor [Jo 3.36].

Igualmente, os que não crêem na Bíblia como a fidedigna palavra de Deus, considerando-a um livro moral como outro qualquer; ou aqueles que a interpretam equivocadamente [guiados por suas mentes carnais e não pelo Espírito]; ou os que a negligenciam, relativizam, duvidando de sua historicidade; em suma, os que não a têm por fiel, inerrante, infalível e, portanto, verdadeira, jamais verão a Deus. Podem ser sinceros o quanto for. Podem ser eruditos o quanto for. Podem apresentar as mais plausíveis e convincentes argumentações para desacreditá-la. Podem mesmo tê-la à cabeceira da cama como um adorno, como um amuleto, ou como um livro de “máximas humanas”; podem admirá-la, e considerá-la com respeito; porém, se não for a verdade absoluta, o próprio Deus falando com o Seu povo, de nada servirá todo o seu esforço; porque está direcionado à mentira, à insensatez, de tal forma que manterá o pecado intocado, intacto, em seu efeito de produzir o homem morto para Deus.

Então, o ponto é: qualquer que seja o padrão da mentira, sua eficácia anula o conhecimento de Deus; e seus frutos permanecem latentes, à espera de se abrir as portas do Inferno.

Por isso, na oração, o Senhor não está a falar de todos os homens. O contexto de João 17 é delineado pelas palavras de Cristo: “para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste” [v.2]; “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste” [v.6]; “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” [v.9]; “Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu” [v.12]; e outras citações mais no texto sagrado. O que se evidencia e se torna patente na intercessão de Jesus é que não está a pedir por todos os homens, mas o Seu alvo é definido, claramente delimitado: os que foram predestinados eternamente para serem conforme a Sua imagem. O fato da oração acontecer imediatamente após falar com os discípulos [v.1], não deixa dúvidas de por quem pedia: os eleitos, os salvos.

Como os réprobos não podem e jamais poderão ser santificados [não depende deles, mas de Deus], ainda que ouvindo a palavra, o resultado será o oposto ao produzido nos eleitos: a rejeição à verdade. O Evangelho gera salvação no eleito, e condenação no réprobo porque a palavra “há de julgar no último dia” [Jo 12.48]. O fato é que, como verdade, ele condena a mentira; e todo aquele que não pratica a verdade, “não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas” [Jo 3.21], já está condenado.

Dizer que tudo é verdade, é mentira. Acreditar nela, levará a uma verdade: a morte eterna.

Não se pode esquecer que Cristo é a verdade [Jo 14.6], e também a palavra [1Jo 5.7]. Logo a santificação somente é possível por Ele. E qualquer que diga o contrário é mentiroso, ainda que sincero; porque a mentira sincera é a mais extrema manifestação de estupidez e ignorância.

Sem entrar em todos os pormenores envolvidos na santificação, o que o verso introdutório está a dizer é muito claro: ninguém pode ser santificado no engano, no erro, na falácia. Apenas a palavra de Deus é a verdade; e nela, o novo-homem, o eleito, será santificado, em obediência a ela.

Sem nos esquecer de que a salvação e a santidade foram determinadas na eternidade, e ambas acontecerão infalivelmente, aos eleitos, pelo poder de Deus.

E isto é a mais pura verdade.

“NÃO É POR VINTE CENTAVOS!”



Sou da geração Cara-Pintada que saiu às ruas gritando: "Fora Collor" em 1992. Foi emocionante ver estudantes com as cores do Brasil pintadas no rosto revoltada contra a corrupção que então tomara conta do Governo. O resutlado: a queda do presidente Collor. E daí, o que mudou? A corrupção acabou? O Brasil ficou socialmente mais justo? Há maior distribuição de renda? O Congresso e o Governo estão mais moralizados? NÃO! Não estão. Os mesmos políticos continuam no poder – inclusive Collor. Muitos, como eu, que vibraram com o movimento que culminou com o impeachment de Collor, ficaram meio desiludidos com  a falsa esperança que se seguiu nos anos seguintes. Porém, tenho que admitir que os protestos populares ainda é a armas mai poderosa contra um Governo inerte e corrupto. É a única coisa que faz um governo tremer. A voz do povo gritando por mudanças. Infelizmente, em meio aos manifestantes há aqueles que não passam de baderneiros, esquerdistas e anarquistas que aproveitam a situação para manifestar seus instintos marginais.
Fora isso, o que temos visto é o despertar de um gigante, quiçá, semelhante ao que se levantou no anos de 1960, nos Estados Unidos, que foi o estopim do grande movimento pelos direitos civis nos EUA encabeçado pelo pastor batista Martin Luther King. Tudo começou com uma crise entre a população negra de uma cidade e as empresas de ônibus que se recusavam a transportá-los de forma digna e culminou com uma grande revolução social que transformou os Estados Unidos.
A igreja tem um papel fundamental nisso tudo. Não podemos ficar omissos, pois a voz do evangelho nunca é omissa. Mas para isso, é necessário cautela. Como pregadores das boas novas do Reino, não podemos deixar de se posicionar. E a igreja jamais pode se posicionar ao lado dos poderosos, dos que oprimem a população, dos empresários de ônibus e dos governos corruptos e hipócritas que só lembram do povo em época de eleição.  Seria como se os discípulos de Jesus se posicionassem por Herodes, Pilatos ou mesmo por César. Precisamos estar ao lado dos oprimidos, dos explorados, que cansados saem às ruas em busca de justiça. Mas precisamos ter cuidado:
Primeiro: não podemos estar ao lado dos baderneiros. Violência. Nunca é justificada.
Segundo: Cuidado com os aproveitadores. Na maioria das vezes os movimentos são usados com fins políticos e os manifestantes, como massa de manobra. Fico imaginando se não há alguma "força oculta" por detrás desses episódios.
Terceiro: as revoltas populares recentes tem resultado em governos ainda mais autoritários e intransigentes, principalmente em relação ao evangelho. Espero que essa "primavera tupiniquim" não tenha o mesmo destino.
Quarta: a oração ainda é a maior e mais poderosa arma da igreja. Precisamos orar como ensina a Palavra de Deus: “E procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz. Jeremias 29:7.
Por fim, os ativistas acreditam que as manifestações podem ser o início de uma mudança de postura da sociedade em relação ao governo. Não podemos ser ingênuos a ponto de acreditar que mudaremos o Brasil de uma hora pra outra, ou que todos temos o mesmo sentimento, que todos os que foram as ruas acreditam nas mesmas coisas, esses movimentos aglutinam forças opostas dentro de si, e isso deve ser ressaltado. A esperança da igreja é Cristo. Só o poder de Deus pode causar uma revolução nesta Nação que ultrapasse as fronteiras políticas e sociais e mude o homem de dentro para fora – alma e corpo. Que façamos nossas as palavras do profeta Isaías:
“Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniquidade, raça de malignos, filhos corruptores; abandonaram o Senhor, blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás.”  Isaías 1:4


REV. EMANUEL CLEMENTINO

Pastor da IPB Canhotinho

HISTÓRIA DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL EM CANHOTINHO

Hoje, esteve com os alunos do 3º do Instituto Bíblico do Norte conhecendo a IP de Canhotinho e revendo um pouco da História do médico amado e analisando os pilares do ministério do Dr. Butler ou o triângulo do  serviço Cristão: 1)A Igreja  para dar vida espiritual. 2)O hospital  para dar vida física e 3)Escola para dar vida moral. Na oportunidade fomos recebidos pelo pastor Emanoel e um presbítero da IP Canhotinho. Abaixo você poderá conferir um pouco da História da IP Canhotinho pelo pastor Emanoel.




VERA CRUZ, O 1º MISSIONÁRIO
Em 1898 Dr. Butler e família mudaram-se de Garanhuns para Canhotinho. O evangelho já tinha sido levado para Canhotinho pelo presbítero Vera Cruz, embora a população local houvesse resolvido não permitir que a "nova seita" entrasse nos seus limites.
A chegada de Vera Cruz foi verdadeiramente dramática.   Certo dia, quando estava na sua plantação de café, Caetano Vidal ouviu um grande vozoeiro na estação ferroviária.
- Que é que está acontecendo na estação? Gritou ele a um dos criados.
- Chegou uma "nova seita" no trem de Garanhuns e o povo quer apedreja-lo.
-   Neste caso, eu vou também jogar a minha pedra! Disse ele e montou a cavalo.
            Ao chegar lá, porém ficou profundamente surpreso com a atitude de Vera Cruz que, sentado e de Bíblia aberta nas mãos, esperava pacientemente a morte. Seu coração se encheu de piedade e mudou rapidamente de idéia: ao invés de apedrejar, defenderia. Tomando a frente da multidão, dirigiu-se ao estranho visitante.
-    Ei, levante-se e venha comigo!
- O senhor representa as autoridades deste lugar? Perguntou o pregador.
-    Não, eu não represento nada, mas é melhor vir.
            Certo de que nada, exceto a violência, o aguardava, Vera Cruz se levantou e o seguiu.
            Caetano, ainda que de origem humilde, pois fora um garoto que não recebera educação, que jamais tinha conhecido o cuidado de um pai, ou o carinho de uma mãe, era agora um homem de influencia em Canhotinho, um dos seus ricos plantadores de café e cana. Isto o ajudou naquele momento de decisão.
            Enquanto os dois se apressavam em chegar à casa de Caetano, subindo a ladeira do Alto da Parasita, a multidão os seguia, pronta a entrar em ação. Quando alcançaram a residência, Caetano empurrou Vera Cruz portão adentro, postou-se de frente para a turba e gritou:
 -  Alto lá! Este homem agora é meu hóspede e eu vou defende-lo enquanto tiver forças. É melhor ninguém avançar. Atrás de mim estão meus cachorros e atrás dos cachorros minhas armas.
            Quando a multidão se dispersou, já no interior da casa, Caetano perguntou-lhe o que tinha ido fazer ali. Vera Cruz respondeu:
-   Eu vim pregar o evangelho de Jesus Cristo.
-   Pois bem! Retrucou Caetano: Se foi isto que veio fazer, pode começar e não precisa se preocupar com o tempo.
             A situação estava praticamente ganha. À noite Vera Cruz falou para a família toda. Ao recolher-se ao quarto de hospedes, gastou ainda alguns minutos lendo a Bíblia em voz alta, no que foi ouvido pela esposa de Caetano. Para melhor escutá-lo ela se aproximou do quarto e disse depois ao esposo: "Isto parece ser coisa de Deus".
           
 Dr. Butler
Naquela mesma casa ainda no ano de 1898, realizaram-se os primeiros cultos e daquela família saíram baluartes do trabalho iniciante. Quando o Dr. Butler foi para lá, um mês depois, encontrou já as portas abertas e um pequeno núcleo de crentes pronto a recebe-lo.










A CIDADE DE CANHOTINHO  
 
Vista parcial de Canhotinho

Canhotinho, que serviu de morada ao Dr. Butler, pelo resto da vida, é uma cidade do agreste pernambucano, situada a 210km do Recife, na direção sudoeste. Está a 467 m de acima do nível do mar, oferece graças à sua altitude, clima saudável e ameno, ainda que quente úmido, caracteriza-se por uma topografia acidentada, o que dá lugar a dois níveis na cidade: cidade alta e a baixa.
            A região começara a ser povoada em 1812, Habitava, nesta época, dois irmãos, a margem do rio canhoto, que ate então não tinha nome. Um deles se estabeleceu no local onde ora se estende a conhecida rua da Estação, e o outro, mais acima, ao norte, no lugarejo chamado Canhoto, para as bandas do Lajeiro e da Serra dos bois. Sucede que este último ficou conhecido, por todos que o cercavam, pelo apelido de Canhoto, que mais tarde se transmitiu ao rio, como este fosse de propriedade do referido senhor que ocupava um ponto único em todo o seu curso. O primeiro, já mencionado, que era de estatura baixa foi apelidado de Canhotinho, para que fossem diferenciados. Canhotinho, extremamente devotado a São Sebastião, erigiu uma capela que serviu de atração para outras pessoas.
            Daí por diante, as casas começaram a aparecer ao redor, e, com as casas, as ruas. Formara-se um pequeno povoado. Pouco a pouco o progresso se fez sentir. Em 1822, o lugar foi elevado à categoria de distrito, pertencendo ao Município de São Bento.
            Em setembro de 1885, foi concluída a estação ferroviária, chegando também ali a primeira locomotiva. Em julho de 1890 o povoado foi elevado à categoria de vila e, em outubro, com a nova divisão geopolítica, passou a fazer parte do município de Lajedo. Canhotinho se nivelava agora a Calçado e a Glicério, partes da mesma unidade. O primeiro Conselho Municipal foi eleito a 23 de janeiro de 1893, cinco anos antes da chegada do Dr. Butler. Pouco depois, a 14 de maio de 1903, a vila adquiriu o nível de cidade, chamando-se São Sebastião.

AS DIFICULDADES DOS PRIMEIROS DIAS
            Fixar residência, em Canhotinho não foi fácil. Ninguém queria vender ou alugar uma casa ao Dr. Butler. O mesmo lhe havia acontecido em Garanhuns. Depois de muita luta, conseguiu uma casa no Alto da Parasita, o Alto que haveria de testemunhar toda a sua ação cristã de médico-pregador. Ficava perto de onde morava Caetano Vidal.    Somente o desafio do lugar o levou a aceitar as condições dessa primeira casa onde morou. Na verdade, ela não oferecia as mínimas condições de moradia: era de taipa (sopapo, como diziam); o teto gotejava quando chovia; o assoalho era de terra batida, sujo e negro; a cozinha havia sido improvisada ao ar-livre, no quintal, à chuva e ao sol; a água potável era de má qualidade e quase não havia água para banho; tinha só três cômodos, que eram usados continuamente como sala de cultos, de recepção, quartos de dormir e hospital. A pequena entrada era iluminada por uma lâmpada a querosene e mobiliada com bancos que o Dr. Butler mesmo fez. O púlpito era uma mesa redonda, também usada como laboratório, durante o dia. E para completar o desconforto, o teto era freqüentemente visitado por pequenas cobras, que nele procuravam aninhar-se. Certa vez, quando Da. Rena ensinava às crianças, uma dessas cobras lhe caiu sobre a cabeça, causando-lhe terrível susto, e criando-lhe um medo de serpentes nunca mais vencido.
            Assim o Dr. Butler estabeleceu-se em Canhotinho, como médico e pregador. Apesar da pobreza das instalações, foi fácil obter grande êxito no trabalho desde o inicio em virtude da carência da região.
            A situação de moradia tomou depois outro aspecto, com a construção de novas casas. Em Canhotinho, começou edificando casas, atendendo às necessidades locais. Com as próprias mãos, ajudou nas construções.
            Primeiro levantou uma casa de estilo simples na qual se destaca ainda hoje o sótão, seu quarto de oração. Depois, edificou outra casa ao lado, com melhores instalações, e aspecto mais agradável, onde a família passou a morar. Para atender às necessidades médicas, levantou mais uma casa onde fez funcionar a farmácia e o laboratório. Mais tarde, construiu um edifício para o hospital. Duas outras construções foram muito importantes para ele, porque preencheram as lacunas que ainda existiam: a escola e a Igreja. Elas completaram o seu trabalho, dando à ação cristã um caráter mais completo: religião, saúde e educação.


A MORTE DO MÁRTIR NÉ VILELA
            O ambiente da região de Canhotinho estava tornando mais alegre para os Butler até que algo terrível aconteceu. No dia sete de fevereiro de 1898, triste noticia abalou os meios evangélicos pernambucanos.
             O coronel Joaquim Vitalino havia convidado o Dr. Butler para fazer cultos na Baixa e em São Bento. O convite foi aceito com alegria, tanto por ele como pelo grupo de crentes que costumava acompanha-lo nessas viagens. Foram, então, montados a cavalo, para a vila de São Bento, onde, durante cerca de três dias, realizaram cultos especiais e conferências. Ao mesmo tempo, o Dr. Butler receitava o povo.
            Na manhã do quarto dia, prepararam-se para voltar. Um dos companheiros, Manuel Corrêa Vilella, conhecido como Né Vilella, foi um dos últimos a montar bem ao lado do Dr. Butler. De repente, surgiu um homem cavalgando em disparada, dirigindo-se para os dois. "Alguma noticia de emergência!" pensaram. Na verdade, tratava-se de um carteiro, o conhecido Negro Velho, que se caracterizava pelo fanatismo anti-evangélico. Desta vez, porem a mensagem que deveria entregar era a morte, endereçada ao Dr. Butler, remetida pelo vigário local, o Pe. Joaquim Alfredo.
            A cena foi rápida e inesperada. Negro Velho atacou primeiro o Dr. Butler a cacetadas. Avançando em sua direção, Né Vilella aparou a pancada e, descendo do animal, em gestos rápidos e fortes, tomou-lhe o cacete. Houve quem segurasse o cruel estafeta, mas ele conseguiu soltar-se e voltou a atacar com fúria ainda maior. O seu aspecto era verdadeiramente diabólico: os olhos esbugalhados, o rosto arroxeado pela cólera. Arremessou ema pedra no medico e de punhal na mão. Vilella rápido como uma serpente, tomou a dianteira e recebeu a punhalada, que o atingiu no peito esquerdo. Em menos de cinco minutos expirou.
            Naquele exato momento, quando o assassino estava ainda mergulhado na indecisão de que não sabe se vai adiante no seu ato ou foge, Dr. Butler saltou do cavalo e ajoelho-se ao lado do amigo que rendia o espírito. Levantou-se em lagrimas e exclamou:
-  Mata-me também! Satisfaze tua sede de sangue! Não sou melhor do que o irmão que tu mataste.
            Mas Negro Velho fugiu. O Coronel Vitalino ainda o perseguiu, mas em vão.Recobrando o animo e o auto-controle o Dr. Butler pregou ali mesmo.
            A morte de Né Vilella, porém resultou na conversão de muitas pessoas que, a partir daquela data, começaram a se interessar pelos ensinos da nova igreja. Poucos meses a 26 de julho o Dr. Butler batizou 34 pessoas em Catonho, no mesmo município de São Bento, e mais 16, daí a dias, em Vitória, no vizinho Estado de Alagoas.
            A inauguração no dia 20 de junho de 1915, foi profundamente tocante. O Dr. Butler proferiu o sermão inaugural, entre lágrimas de grande emoção. Depois de relembrar os fatos relacionados com a morte de Né Vilella em seu lugar, concluiu lembrando que Jesus também morrera por ele. Após, convidou os companheiros de viagem, testemunhas dos acontecimentos, para depositarem a urna, com os ossos do mártir, sob o púlpito. Uma lapide de mármore traz os dizeres: "Em memória de Né Vilella, assassinado em São Bento por causa do Evangelho - 1898". (hoje os ossos de Né Vilella se encontram no mesmo tumulo onde estão os do Dr. Butler.).

A história da Igreja Presbiteriana em Canhotinho se confunde com a história da própria cidade. Algumas das famílias de renome de Canhotinho – Vidal, Reinaux, Victalino, Costa e Canuto – tornar-se-iam evangélicas. Incorporadas à Igreja Presbiteriana, passariam a formar uma endogamia grupal protestante, à qual se juntariam os Gueiros e os Leites.

No entanto, antes da chegada dos Presbiterianos a Canhotinho, e mesmo por muito tempo depois, a cidade passara por uma série de problemas de lutas políticas, tendo, inclusive, testemunhado uma hecatombe semelhante à de Garanhuns. Emboscadas, violências e mortes eram parte do ambiente local.
                                                                Foi essa uma das razões que fizeram com que o médico missionário norte americano dr George W. Butler mudasse para Canhotinho, dentro de sua visão missionária de ir onde havia maior necessidade de seus serviços.
            A chegada do médico e pastor foi um marco na história da cidade. Se a ferrovia trouxera o progresso, dr Butler trouxe saúde, educação e civilização. Ele transformou Canhotinho num importante centro médico, construindo o único hospital da região, que atraia gente de toda a vizinhança e até de outros Estados.
            Para se ter uma idéia da dimensão do trabalho do dr Butler, e da importância dos seus serviços prestados, não só em Canhotinho, mas no Estado de Pernambuco e Alagoas, basta ler o relatório da missionária Eliza M. Reed, publicado na revista The Missionary, de agosto de 1908.
           
“...um amigo nosso seguiu o dr. Butler por 46 dias – de 05 de janeiro a 20 de fevereiro de 1908, e esse é o resultado de seus relatório: enfermos tratados, 1.192 pessoas que vieram de distâncias de 30 a 180 milhas; procedimentos médicos, 190 – consistindo de limpeza de feridas, úlceras, olhos etc. Cirurgias, 34 – cânceres, tumores, ossos quebrados, pedras nos rins, etc. Consultas por meio de cartas, 53, visitas domiciliares, 26 – feitas por trem e a cavalo, por todo o Estado de Pernambuco e de Alagoas, cobrindo distâncias entre 30 a 180 milhas; pessoas que ouviram o evangelho pela primeira vez, entre 200 a 300 pessoas.

            O trabalho do dr. Butler não se limitava apenas ao campo médico. A escola paroquial que ele fundou, em 1912, dirigida pela professora Cecília Rodrigues Siqueira e seu marido, o pastor Cícero Siqueira, foi um marco no sistema educacional da cidade.
            O templo foi construído, boa parte, graças ao esforço de Da. Rena, que resolveu comprar uma vaca que ordenhava diariamente. O leite era vendido e o dinheiro entregue para compra de material. Quando a venda do leite se tornou insignificante, ela resolveu vender a vaca e empregar o dinheiro na construção. Assim, se completou o seu trabalho, dando à ação cristã um caráter mais completo: religião, saúde e educação.

            A Igreja Presbiteriana completou 108 anos (20 janeiro 2008) de muita história e evangelização. Suas duas torres ainda se destacam imponentes no Alto da Parasita. Ao lado do templo, o mausoléu onde está enterrado o médico e pastor, dr. George W. Butler.
            A comunidade que hoje ali se reúne, se sente orgulhosa de fazer parte dessa história, contada de forma muito reduzida acima.




DADOS ATUAIS DA IPB CANHOTINHO


IGREJA PESBITERIANA DE CANHOTINHO
Rua Alto da Parasita, 296, Centro Canhotinho – PE
CEP 55428-000 – Fone (087) 3781-1913
End. Eletrônico: www.ipcanhotinho.org. br

Presbitério Agreste de Pernambuco – PAPE
Sínodo Agreste-Sul de Pernambuco - SASP

Número de Membros atual = 185 (Sendo 32 da Congregação e 153 da Igreja sede)
Congregações – 01 (Congregação Presbiteriana de Angelim)

PROJETOS:

ÁREA DE ESPORTES
Atualmente temos um terreno, ao lado do templo, murado, mas sem nenhuma utilidade. É nosso desejo fazer ali uma área de laser para os jovens, com campo de futebol, voleibol, e um espaço para as crianças. Com isso, pretendemos atrair jovens que não têm opção de laser na cidade.

ESCOLA
É um sonho antigo reformar o antigo hospital, que atualmente está totalmente abandonado. Há uma proposta para se criar uma extensão do Colégio XV de Novembro, o que seria excelente para a cidade e também para a igreja, que estaria resgatando sua importância na área de educação que já teve um dia.
O espaço poderia ser aproveitado, também, nos horários ociosos, para oficinas de reciclagem de embalagem pet, ou cursos profissionalisantes, como corte e costura, informática etc.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O sucesso da não-violência


Especialista em ética social lembra que Martin Luther King Jr. resistia aos sistemas injustos com o firme compromisso de nunca atingir a dignidade humana do oponente 

Aos 41 anos, o salvadorense Raimundo César Barreto Jr. já conseguiu muita coisa na vida. O pulo inicial aconteceu quando ele tinha 5 anos e entregou sua vida a Jesus, decisão que ele faz questão de renovar todos os dias. O outro pulo importante foi quando abandonou a universidade e um bom emprego na Petrobrás e se matriculou no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, em Recife. Depois de ser ordenado pastor batista, aos 26 anos, Raimundo teve o privilégio de fazer doutorado em ética social no Seminário Teológico de Princeton. Casado, dois filhos, hoje ele é pastor da Igreja Batista Esperança, em Salvador, BA, professor do Seminário Batista de Recife e da Universidade Regional da Bahia, e coordenador-geral do Centro de Ética Social Martin Luther King Jr. do Brasil, em Salvador. Por ser uma das maiores autoridades em Martin Luther King Jr., Ultimato fez com ele a seguinte entrevista, a propósito do 40º aniversário do assassinato do mais notável defensor cristão de mudanças sociais por vias não-violentas dos Estados Unidos, agora em abril. 

Ultimato — Quem fez mais pelos direitos civis dos norte-americanos: o presidente Abraham Lincoln ou o pastor batista Luther King? 
Raimundo César —
 Não gosto de fazer comparações valorativas entre pessoas que viveram em épocas e mundos diferentes. Estamos diante de dois dos mais importantes líderes que os Estados Unidos já tiveram. E arrisco dizer que eles se complementam. A emancipação proclamada por Lincoln, pondo fim à escravidão, não se materializou totalmente, especialmente no sul do país, até que a luta pelos direitos civis, liderada por Martin Luther King Jr., conseguisse banir a segregação e sua afirmação de “iguais, mas separados”, um terrível regime de apartheid racial, comparável ao que a África do Sul conheceu. Vale salientar, porém, que se trata de dois tipos diferentes de liderança. Lincoln foi um político, um presidente, que teve a coragem de liderar a nação num dos períodos mais críticos de sua história. A liberdade de todos era, a seu ver, um fator sine qua non para o avanço do país. Luther King, apesar de ser um líder de um vasto movimento social que lutava pelos direitos civis dos negros norte-americanos, via a si mesmo antes de tudo como profeta e pastor. Referia-se a si mesmo como um pastor tentando salvar a alma de sua nação. Recusou ofertas para se candidatar a cargos públicos, preferindo o papel que o marcou na história, o de líder moral, ou, no dizer de alguns, de consciência moral da nação. Cornel West diz que ele foi o maior profeta da história dos Estados Unidos e se tornou uma inspiração para muitos outros líderes na luta contra a injustiça ao redor do mundo. 

Ultimato — Os historiadores dizem que o ensaio do americano Henry David Thoreau sobre o dever da desobediência civil, a política pacifista do indiano Mahatma Gandhi e a teologia existencialista do alemão Paul Tillich exerceram grande influência sobre o jovem Luther King. Como o senhor vê essa tríplice influência? 
Raimundo César —
 Antes de comentar essa tríplice influência, devo lembrar que a mais marcante influência no pensamento do dr. King foi a tradição profética da igreja negra (Black Church) nos Estados Unidos. Não podemos entender Luther King se perdermos isso de vista. Ele é fruto dessa tradição, na qual se vê totalmente imerso, como neto, filho e genro de pastores batistas negros. A Black Church é tida como a mais importante instituição dos negros norte-americanos, pois foi a primeira instituição fundada por eles, onde estavam fora dos auspícios e da vigilância dos brancos. Por isso, todas as lutas por direitos civis e sociais, especialmente no sul do país, tiveram a igreja como base. Quando Rosa Parks foi presa, causando comoção à população negra de Montgomery, no Alabama, foi numa igreja que os líderes negros da cidade se reuniram e tomaram a decisão de fazer um boicote ao sistema de transporte público, que durou mais de onze meses. Foi nesse contexto que Luther King foi escolhido como porta-voz do movimento, aos 26 anos, tornando-se, assim, o seu líder até o seu assassinato, treze anos depois. Por outro lado, ele foi um estudioso. Fez doutorado numa excelente universidade, entrando em contato com diversas escolas de pensamento. Uma de suas características era a preocupação de pôr os pensamentos que lhe impactavam em suas leituras em diálogo com sua realidade. A capacidade de traduzir conceitos abstratos numa linguagem compreensível pelas pessoas mais simples lhe possibilitou funcionar como um intelectual orgânico, catalisando em torno do movimento pessoas de todas as classes. O pensamento de Henry David Thoreau foi uma importante influência nesse contexto, pois forneceu a King o conceito de desobediência civil, que ele passou a usar como estratégia das suas lutas. A idéia de que há um imperativo moral que nos obriga à não-cooperação com o mal foi chave para ele. Todos os passos dados por King na liderança do movimento foram fundamentados numa boa dose de reflexão. Ao liderar, por exemplo, boicotes, ele queria deixar claro que estava usando meios justos para alcançar um fim justo. Influenciado por Thoreau e Tomás de Aquino, ele concluiu que temos o dever moral de obedecer a leis justas, mas quando se trata de uma lei injusta, que viola a dignidade humana, somos chamados a resisti-la. Paul Tillich foi outra influência importante sobre King; afinal, ele escreveu sua tese de doutoramento sobre Tillich. A principal influência talvez tenha vindo de um livro em que Tillich relaciona os conceitos de amor, justiça e poder. Tillich enxergava o amor como fundação do poder, não sua negação. Essa concepção da relação entre amor e poder se tornou essencial no pensamento de King. Além do mais, Tillich afirmava a primazia de Deus sobre todas as outras coisas no universo, o que certamente contribuiu para o conceito de “companhia cósmica” desenvolvido por King, quando afirmava que aquele que luta pela justiça nunca está sozinho, tem companhia cósmica. Ele dizia que o arco do universo é longo, mas se inclina na direção da justiça. Essa primazia do divino contribuiu muito para os momentos mais críticos e desesperadores da caminhada. Gandhi também exerceu forte influência sobre King através de sua estratégia de resistência não violenta, inspirada no conceito desatyagraha, força da verdade ou força da alma, em diálogo com os ensinamentos de Jesus no Sermão do Monte. Para Gandhi, a força física dos opressores deveria ser enfrentada com a força da verdade daqueles que lutam por justiça. King viu nesse método a aplicação prática da doutrina cristã do amor de uma maneira que ele nunca tinha encontrado em nenhum pensador cristão. Foi nesse contexto que ele afirmou: “Jesus me deu a inspiração e Gandhi me deu o método”. King acreditava que por trás de todas as coisas existe uma força benevolente no universo, um Deus justo e amoroso. Sendo assim, a sua luta deveria se dirigir na direção da realização desse propósito amoroso. As armas de sua luta deveriam ser coerentes com este propósito. O amor se transformava em instrumento de transformação social. A resistência não violenta significava o compromisso de nunca atingir a dignidade humana do oponente, de resistir aos sistemas injustos sem, porém, se permitir descer ao ponto de odiar o próximo, mesmo que ele estivesse do outro lado da luta sendo travada. É interessante como Gandhi, não-cristão, teve uma percepção acurada dos ensinamentos de Jesus. King percebeu isso. Perguntado certa vez sobre qual seria o maior inimigo do cristianismo na Índia, Gandhi teria respondido: os cristãos! 

Ultimato — O teólogo inglês John Stott ensina que o verdadeiro líder não é individualista e, por isso, inspira as pessoas a seguir sua liderança, pois entende que sua função depende da cooperação de todos (A Bíblia Toda, O Ano Todo, p. 131). Luther King se enquadra nessa perspectiva? 
Raimundo César —
 Tive a oportunidade de ouvir pessoalmente alguns líderes que trabalharam junto com King, inclusive Andrew Young, um de seus auxiliares mais próximos. É muito claro que King foi um líder que não apenas trabalhou em equipe, mas inspirou seus liderados. Ele tinha a coragem moral de não se omitir diante do perigo. Um de seus biógrafos conta que numa das marchas eles foram informados que haveria um atentado contra a vida dele. Seus companheiros lhe deram a oportunidade de não prosseguir à frente da marcha, mas ele se recusou, seguindo à frente. Sabendo do risco, um de seus auxiliares convidou todos os pastores negros que participavam da marcha que estavam usando terno na mesma tonalidade do de King para se juntarem a ele, formando uma parede de pessoas, que marchavam ao seu lado, de braços dados, colocando-se também em perigo, a fim de confundir um possível atirador. Esse episódio fala muito sobre o tipo de líder que o dr. King era. Por não fugir dos momentos difíceis, tendo, inclusive, sido preso inúmeras vezes, ele ganhava autoridade moral para liderar o movimento, inspirando seus seguidores. Ele também assumiu posições difíceis, mesmo quando isso significava a perda de apoio e admiração, como foi o caso de seu protesto contra a guerra no Vietnã. Por achá-la moralmente equivocada e por entender que não podia se calar diante de um mal que tinha ligações com o mal do racismo e da pobreza que combatia em casa, ele abriu a boca denunciando o erro dessa guerra, mesmo contra a vontade de seus companheiros. Eles achavam que perderiam o apoio — conseguido a duras penas — do governo e até mesmo de parte da população ao movimento. Em resposta a eles, King afirmou: “Passei toda a minha vida lutando contra a segregação de espaços públicos; como poderia segregar a minha consciência agora?” 

Ultimato — Em Para Onde Vamos Daqui: caos ou comunidade?, seu último livro, Luther King esboçou uma agenda com três objetivos: a queda do racismo, a queda da guerra e a queda da pobreza. A humanidade já alcançou esses alvos? 
Raimundo César —
 King via no racismo, na pobreza e no militarismo três faces de um mesmo mal. Não adiantaria lutar contra o racismo apenas, esquecendo o problema da pobreza, da injustiça social. E esses dois problemas também estavam ligados ao problema do militarismo, em que seu país exercia um papel extremamente negativo tanto no Vietnã quanto nas alianças que fazia com as elites latino-americanas. King via tanto a justiça quanto a injustiça como sendo indivisíveis. Isso o levava a associar os problemas domésticos aos internacionais. Costumava dizer que “o mal que afeta a um diretamente afeta a todos indiretamente”, “a injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todos os lugares” e “ou nós aprendemos a viver juntos como irmãos e irmãs, ou pereceremos todos juntos, como tolos”. Claro, esses males continuam existindo. A pobreza extrema ainda é a realidade de grande parte da população mundial. Não por coincidência, em âmbito mundial as populações de pele mais escura estão, em sua maioria, na parte inferior da escala social e econômica, e as de pele mais clara, em regra, no topo dessa escala. Ou seja, a pobreza e o racismo continuam de braços dados. Não basta combatermos a pobreza. Precisamos nos dar conta do elemento racista que ela esconde. E o militarismo continua em voga sob a liderança dos Estados Unidos. King criticava o fato de seu país estar matando os vietnamitas morenos do outro lado do mundo. Hoje podemos dizer o mesmo dos afegãos e iraquianos, atuais vítimas do militarismo norte-americano. A visão ético-teológica de King pode nos ajudar no enfrentamento desses males, que ele chamava de irmãos gêmeos, além de outros que ele não percebeu em sua época, como o sexismo e os problemas ambientais. Todos estão interligados. 

Ultimato — O legado de Luther King ainda é relevante, quarenta anos depois de sua morte? 
Raimundo César —
 A partir do que acabo de dizer, fica claro que o legado de King continua sendo relevante hoje. Em alguns casos, ele teve uma percepção adiante do seu tempo. Para mim, ele teve uma visão tão profunda da inter-relação da vida e da comunhão geográfica que o processo de globalização nos leva a experimentar, que parece que ele estava falando em alguns momentos não para a sua própria geração, mas para a nossa. Mais ainda, ele continua sendo uma grande inspiração para líderes e movimentos em várias partes do mundo, o que mostra a sua atualidade. O historiador afro-americano Vicent Harding, falando dessa significância de King para as lutas atuais, escreveu: “King vive... nós o vimos enfrentando os tanques na praça de Tiananmen, dançando sobre o muro trêmulo em Berlim, cantando em Praga, vivo nos olhos de Nelson Mandela... Ele vive dentro de nós, aqui mesmo... onde quer que suas batalhas não concluídas são retomadas por nossas mãos”. James Cone, outro pensador negro americano, diz que o legado de King, que sempre se identificou com os marginalizados, pertence especialmente ao chamado “terceiro mundo”, ao mundo dos pobres e deserdados. Especialmente para estes, seu legado continua sendo inspirador. 

Ultimato — Quarenta anos depois do assassinato de Luther King num hotel em Memphis, no Tennessee, no dia 4 de abril de 1968, os Estados Unidos têm um candidato negro à presidência do país. Trata-se de mais uma dívida da democracia com a pessoa e a obra de Luther King? 
Raimundo César —
 Não é a primeira vez que os Estados Unidos têm um candidato negro à presidência. Há registros de que o próprio King teria sido convidado a concorrer como uma alternativa a Johnson e Nixon, em 1968, mas recusou. Jesse Jackson e Arl Sharpton, ambos ligados ao movimento pelos direitos civis, foram candidatos, mas sem chances reais de ganhar. Barack Obama talvez seja o primeiro candidato negro com chances reais de ganhar uma corrida presidencial nos Estados Unidos. Apesar de ele não ter raízes no movimento liderado por King, como os outros dois, ele resgata muito mais os ideais pelos quais King lutou que qualquer outro líder desde a sua morte. Sua capacidade de energizar o público como um dos melhores oradores na política norte-americana contemporânea, sua origem inter-racial e seu apelo ao resgate do sonho perdido (depois de oito anos de uma presidência que dividiu o país no meio, instaurando o medo como norma e isolando a nação do resto do mundo) o aproximam muito de King. O fato de ter pai africano, de já ter vivido fora dos Estados Unidos, de ter inclinação para mediar e unir, mais do que dividir, também coloca Obama dentro do legado de King, com sua visão de conexão entre os problemas internos e as questões internacionais. Mas ainda resta ver se o país está pronto para eleger um negro com essas características como presidente. 

Ultimato — Em outubro de 1962, Luther King, negro e protestante, com 33 anos, e John Kennedy, branco e católico, com 45, se encontraram na Casa Branca para uma conferência sobre direitos civis. No ano seguinte, Kennedy foi assassinado e, menos de seis anos depois, o mesmo aconteceu com Luther King. O democrata Barack Obama também corre o risco de ser assassinado, como se diz à boca pequena? 
Raimundo César —
 Eu gostaria de crer que desde os anos 60 as coisas mudaram e que não haveria espaço para esse tipo de conspiração hoje nos Estados Unidos. No entanto, o fundamentalismo e os extremismos estão mais vivos do que nunca. Normalmente, os loucos e fanáticos produzidos por esses movimentos se sentem ameaçados por líderes mais inovadores, de mentalidade menos beligerante e mais conciliadora, como John Kennedy e Martin Luther King. O próprio Gandhi também foi assassinado assim. Nos anos 60, muitos foram os líderes negros assassinados nos Estados Unidos. Quando Kennedy morreu, King teria dito à sua esposa que sabia que não sairia vivo daquela revolução. Mas nem isso o deteve. Ele trabalhou intensamente por mais seis anos, deixando marcas profundas na vida de sua nação, como o Civil Rights Act, de 1964, lei que garantia o direito de votar dos negros, alcançado graças ao movimento liderado por King. Não dá para dizer o que aconteceria se Obama fosse eleito, mas caso isso ocorra, devemos pedir a Deus que ele possa completar seu mandato e venha a ser um presidente menos arrogante que o atual e mais sensível para com as relações e necessidades da comunidade internacional, especialmente na América Latina. 

Ultimato — Se estivesse vivo hoje, Luther King se oporia à guerra do Iraque? 
Raimundo César —
 Sem dúvida alguma. Além de sua visão não violenta de mundo (King não era doutrinariamente pacifista, mas adotava a não-violência como estilo de vida e estratégia de mudança social), ele jamais aceitaria a falácia da guerra justa vendida pelo governo Bush. Ele se empenharia para mostrar a injustiça desta guerra. Aliás, suas palavras têm constado entre as mais inspiradoras declarações lidas por aqueles que têm se mobilizado contra a guerra. Quando a invasão ao Iraque aconteceu, eu estava nos Estados Unidos e participei de algumas marchas com milhares de pessoas, em Washington, contra a guerra. Muitos dos líderes desse movimento pela paz que conheci, que se tornou o maior movimento desse tipo desde os movimentos contra a guerra no Vietnã, eram pastores, que se colocavam dentro do legado de King. Seus filhos e sua esposa, que já morreu, também participaram de alguns desses protestos, e suas palavras têm permeado o movimento. 

Ultimato — Qual é a sua opinião sobre as acusações de que Luther King teria tido casos extraconjugais? 
Raimundo César —
 Eu não posso dizer com convicção que estas acusações sejam verdadeiras, pois as fontes não são isentas. Tais informações vêm, na sua maior parte, de tapes postos pelo FBI nos quartos de hotel onde King se hospedava, nos últimos anos de sua vida. Nesse período, especialmente por causa de sua posição contra a guerra no Vietnã, o governo norte-americano se mostrava profundamente incomodado com suas críticas. Por isso o FBI passou a persegui-lo, tentando encontrar evidências que o desmoralizassem ou inibissem a sua liderança. Independentemente disso, é possível que casos extraconjugais tenham acontecido, sim. Se de fato aconteceram, isso evidenciaria, talvez, uma fraqueza moral em King. No entanto, isso jamais deve ser usado como justificativa para que olvidemos as importantes contribuições que ele nos deixou através de sua vida e de seu compromisso com o evangelho e com a transformação da sociedade. Devemos lembrar que a própria Bíblia não esconde as fraquezas morais de grandes líderes como Abraão e Davi, e nem por isso eles perdem o valor como personagens cujas vidas e palavras nos inspiram a caminhada. Para concluir, uma pergunta que sempre me faço quando penso nesse tema é a seguinte: se o serviço de inteligência mais poderoso do mundo estivesse na nossa cola dia e noite, por vários anos, o que encontraria na nossa intimidade? 

Ultimato — Qual é o propósito do Centro de Ética Social Martin Luther King Jr. do Brasil, com sede em Salvador? 
Raimundo César —
 O Martin Luther King Jr. do Brasil é uma organização sem fins lucrativos inspirada no legado de King, que se propõe a acompanhar de forma solidária e profética o povo brasileiro, suas igrejas e organizações populares no desenvolvimento de uma participação social consciente, organizada e crítica que vise construir uma sociedade mais justa e igualitária. A organização realiza e propicia processos educativos de ação-reflexão e de comunicação, bem como de acompanhamento e articulação de atores sociais e de solidariedade em âmbito local, nacional e internacional. Pretende capacitar pessoas, igrejas e outras organizações populares para que possam responder eticamente aos desafios cruciais da realidade contemporânea. Entre as atividades em que o Martin Luther King Jr. do Brasil atua ou apóia estão a pesquisa, a reflexão, o treinamento, a comunicação e a práxis em áreas relacionadas à justiça social, pobreza, racismo, sexismo, meio ambiente, violência urbana, saúde, educação e direitos civis e humanos em geral.
Fonte:Ultimato

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