segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A Utilidade e Importância dos Credos e Confissões - parte 1

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O caráter e situação de alguém que está se preparando para o Ofício Sagrado são interessantes além da capacidade de expressão. Essa pessoa, como o Mestre a quem professa amar e servir, está “destinada tanto para a ruína como para levantamento de muitos em Israel”. Em tudo o que é e em tudo o que faz, o bem-estar temporal e eterno, não apenas de si mesmo, mas de milhares pode estar envolvido. Ele é assaltado por perigos de todos os lados. Quaisquer que sejam seus talentos e conhecimento, se não tiver genuína piedade, provavelmente será não uma bênção, mas uma maldição para a Igreja. Mas esse não é o único perigo ao qual está exposto. Ele pode ter genuína piedade, bem como talentos e conhecimento, e, ainda assim, devido à indiscrição habitual, a algum defeito na sobriedade de mente – que é tão preciosa a todos os homens e especialmente àquele que ocupa uma posição pública –, ao amor pela novidade e inovação, ou ao amor pela distinção, que é tão natural aos homens, enfim, por isso tudo, em vez de edificar o “corpo de Cristo”, pode-se tornar um perturbador de sua paz e um corruptor de sua pureza. De modo que poderíamos quase dizer, qualquer que seja o desfecho com respeito a ele próprio, que “seria melhor para a Igreja se ele jamais tivesse nascido”. 

Por conseguinte, cada parte do caráter daquele que se adianta rumo ao sagrado ministério: suas opiniões, seu temperamento, suas conquistas, suas enfermidades, e, acima de tudo, seu caráter como um cristão prático são de importância inestimável para a comunidade eclesiástica a qual ele está destinado a se tornar ministro. Nada que lhe diga respeito é sem importância. Se lhe fosse possível, estritamente falando, “viver para si mesmo” ou “morrer para si mesmo”, a situação seria outra. Mas isso não é possível. Seus defeitos e suas excelências, seus dons e graças, bem como os pontos fracos em seu caráter devem ter e terão seu efeito apropriado em cada coisa que tocar.

Vocês podem se espantar, então, que, empregados para conduzir a educação de candidatos a este alto e santo ofício, sentimo-nos postos sob uma responsabilidade não apenas solene, mas temível? Podem se espantar que, estando pouco mais que vocês avançados em nossa experiência relativa a este ofício, acalentamos a mais profunda preocupação a cada passo que damos? Podem se espantar que diariamente os exortemos que “tenham cuidado de si mesmos e da doutrina” e que não cessemos de lhes rogar e de orar para que tenham toda diligência em se apresentar a Deus e à Sua Igreja como servos idôneos e fiéis? Independentemente de toda obrigação oficial, se não sentíssemos e agíssemos dessa maneira, manifestaríamos insensibilidade aos interesses da Igreja e ao próprio bem-estar de vocês, coisas igualmente indesculpáveis e deploráveis. 

É em consequência dessa profunda preocupação com o aprimoramento de cada espécie de habilitação ministerial que não apenas nos esforçamos para conduzir o curso regular de sua instrução, da maneira que achamos melhor adaptada a promover o grande propósito de todos os seus estudos, mas que também agarramos a oportunidade que a Preleção Geral, que fazemos como introdução a cada período escolar, nos dá de chamar sua atenção para uma série de assuntos que não são tratados no curso comum de nossa instrução.

Um assunto desses tomará nossa atenção na presente ocasião, isto é, a importância dos credos e confissões para a manutenção da unidade e pureza da Igreja visível.

Esse é um assunto que, embora pertença propriamente ao departamento de Governo da Igreja, sempre foi, por falta de tempo, omitido nas preleções geralmente dadas nessa divisão de nossos estudos. Sou induzido agora a chamar sua atenção para ele porque, como disse, pertence propriamente ao departamento de minha responsabilidade; porque é, em si, um assunto altamente interessante e importante; porque foi, por muitos anos no passado, e ainda é objeto de muita e severa crítica por parte dos latitudinários e hereges; e porque, embora abundantemente justificado pela razão, pela Escritura e pela experiência universal, os sentimentos espontâneos de muitos, especialmente sob o governo livre que felizmente desfrutamos, pegam em armas contra o que consideram e às vezes agradam-se de denominar o “rigor” excessivo e mesmo a “tirania” de se exigir subscrição aos Artigos de Fé.

É meu propósito primeiramente oferecer algumas observações sobre a utilidade e importância de credos escritos e depois afastar algumas das mais comuns e plausíveis objeções que têm sido levantadas contra eles pelos adversários.

I. Por um credo ou uma confissão de fé tenho em mente uma apresentação, em linguagem humana, daquelas grandes doutrinas que seus idealizadores creem que sejam ensinadas nas Sagradas Escrituras e que são apresentadas em ordem regular, com o propósito de verificar até onde aqueles que desejam se unir na comunhão da igreja realmente concordam quanto aos princípios fundamentais do cristianismo. Credos e confissões não reivindicam ser, em si mesmos, leis da casa de Cristo ou decretos legislativos, pelos quais qualquer conjunto de opiniões sejam constituídas verdades e que requeiram, por esse motivo, ser recebidas como verdades entre os membros da família de Cristo. Eles apenas professam ser sumários, extraídos das Escrituras, de algumas daquelas grandes doutrinas evangélicas que são ensinadas pelo próprio Cristo e que aqueles que fazem esse sumário, em cada caso particular, concorrem em considerar importantes e concordam em deles fazer o teste de sua união religiosa. Eles não têm nenhuma pretensão, ao formular esse sumário, de tornar verdade algo que antes não o era, ou de assim contrair uma obrigação de crer naquilo a que não estavam obrigados pela autoridade de Cristo a crer anteriormente. Mas eles simplesmente o consideram como uma lista de verdades principais que a Bíblia ensina e que, evidentemente, todos os homens devem crer, porque a Bíblia assim os ensina. São coisas que uma certa porção da igreja católica visível concorda em considerar como uma fórmula, por meio da qual podem conhecer e entender uns aos outros. 

Dito isso, afirmo que a adoção desses credos é não apenas lícita e oportuna, mas também indispensavelmente necessária para a harmonia e pureza da Igreja visível. Para o estabelecimento dessa posição, peço sua atenção para as seguintes considerações.

1. Sem um Credo explicitamente adotado não é fácil ver como os ministros e membros de qualquer igreja particular, e mais especialmente de uma grande denominação de cristãos, podem manter a unidade entre si.

Se cada cristão fosse um mero indivíduo isolado, que investigasse, sentisse e agisse por si mesmo, sozinho, nenhum credo de formulação humana seria necessário para seu progresso no conhecimento, conforto ou santidade. Com a Bíblia em seu gabinete e com seus olhos abertos para ver as “coisas maravilhosas” que ela contém, ele teria tudo o que é necessário para sua edificação. Mas a situação é muito diferente. A igreja é uma sociedade; uma sociedade que, conquanto extensa, é “um corpo em Cristo”, e todos que a compõem são “membros uns dos outros”. Não se requer que essa sociedade seja meramente uma em nome ou reconheça uma união meramente teórica, mas também que cuidadosamente mantenha “a unidade do Espírito no vínculo da paz”. São exortados a “permanecer firmes em um único espírito, com uma mente”; são ordenados a “falar a mesma coisa” e ser “de um só acordo, de uma mente”. E essa “unidade de espírito” é tão essencial para o conforto e edificação daqueles que estão unidos na comunhão da igreja como o é para que haja conformidade com o mandamento do Mestre: “Como dois podem andar juntos a menos que concordem?” Pode um corpo de adoradores, composto de calvinistas, arminianos, pelagianos, arianos e socinianos, todos orar, pregar e ter comunhão íntima com proveito e conforto, cada um retendo os sentimentos, afeições e linguagem apropriados à sua denominação? Isso faria da casa de Deus uma infeliz Babel. Como podem aqueles que creem que o Senhor Jesus Cristo é Deus, igual ao Pai, adorando-o conformemente à sua crença, e aqueles que consideram esse culto como idolatria abominável; aqueles que cordialmente renunciam a toda dependência de suas próprias palavras ou mérito para justificação diante de Deus, confiando inteiramente em sua rica graça, “através da redenção que há em Cristo Jesus”, e aqueles que declaram que essa confiança é fanática e a justiça-própria humana, a única base de esperança; podem pessoas que cultivam esses sentimentos e afeições irreconciliavelmente opostos sobre os mais importantes de todos os assuntos se unirem com edificação nas mesmas orações, ouvirem de domingo a domingo as mesmas instruções, e se sentarem confortavelmente juntas na mesma mesa sacramental? Se sim, judeus e cristãos também poderiam adoram juntos no mesmo templo. 

Eles ou serão perfeitamente indiferentes aos grandes assuntos sobre os quais estão assim divididos ou todas as suas relações produzirão discórdias e aflições. Essa assembleia discordante poderia falar sobre comunhão eclesiástica, mas que pudesse realmente desfrutar daquela comunhão que a Bíblia descreve como tão preciosa e que os piedosos tanto se deleitam em cultivar é impossível. É tão impossível quanto os justos terem comunhão com os injustos, ou a luz ter comunhão com as trevas, ou Cristo ter acordo com Belial.

Tendo essas coisas como autoevidentes, como, pergunto, alguma igreja pode se guardar dessa sinistra discórdia, dessa perpétua luta de sentimentos - se não de palavras e conduta - que necessariamente sucederá, quando for composta de tão heterogêneos elementos? Ou melhor, como uma igreja evitará a culpa de abrigar em seu seio e de admitir em sua comunhão as piores heresias que já desgraçaram os cristãos?

Não é o suficiente para alcançar esse fim que todos que sejam admitidos professem concordar em receber a Bíblia, pois muitos que se chamam cristãos e professam ter a Bíblia por seu guia têm opiniões e falam uma língua como estrangeiros e até mesmo como opositores das opiniões e línguas de muitos outros, que igualmente reivindicam ser cristãos e igualmente professam receber a Bíblia. Eles distam tanto como o oriente está para o ocidente. 

Daqueles que concordam com essa profissão geral, a maior parte reconhece como de autoridade divina todo o cânon sagrado, como nós o recebemos, enquanto outros descartariam capítulos inteiros, e outros, um número de livros inteiros do volume da vontade revelada de Deus. Os ortodoxos defendem a inspiração plenária das Escrituras, enquanto alguns, que insistem ser cristãos, negam completamente a inspiração. Resumindo, há multidões que, professando crer na Bíblia e tê-la por seu guia, rejeitam cada doutrina fundamental que ela contém. Assim foi no princípio e assim é agora. Um apóstolo inspirado declara que alguns em sua época, que não apenas professavam crer nas Escrituras, mas mesmo diziam “pregar Cristo”, pregavam, na verdade, “outro evangelho”. Ele ordena que os seus destinatários considerassem esses mestres como “malditos” e lhes assegura que há algumas heresias tão profundas e radicais que devem ser consideradas “condenadas”. Certamente aqueles que defendem o verdadeiro evangelho não podem “andar juntos” na “comunhão da igreja” com aqueles que são “malditos” por pregarem “outro evangelho” e que defendem “heresias condenadas”, cujos defensores os discípulos de Cristo não podem sequer “receber em suas casas” ou “dar as boas-vindas”. Como, então, pergunto novamente, os membros de uma igreja cuidarão para que sejam, de acordo com o mandamento divino, “de uma só mente” e “de um só caminho”? 

Eles poderiam requerer que todos que entram na sua comunhão professem crer na Bíblia. E mais, poderiam requerer que essa profissão fosse repetida diariamente. Ainda assim, essa igreja poderia ser corrompida e dividida por todo tipo de erro grosseiro. Essa profissão, é claro, não determina qualquer concordância; não é uma ligação de qualquer união real; não é um juramento de qualquer comunhão espiritual. Ela deixa tudo dentro do alcance do cristianismo nominal, perfeitamente indefinido, e tão exposto a discórdia total como antes.

Mas talvez seja proposto como um remédio mais eficiente que haja um entendimento privado, vigilantemente cultivado, para que nenhum pastor ou membro seja admitido, senão os que se souber, por conversa privada com eles, quesubstancialmente concordam com o corpo original, com respeito tanto à doutrina como à ordem. Dessa forma, alguns alegam, a discórdia pode ser banida e uma igreja, mantida pura e pacífica, sem um odioso arranjo de credos e confissões. 

A essa proposta respondo, em primeiro lugar, que ela, para todos os intentos e propósitos, exibe um credo e lhe requer subscrição, ao tempo que insinua e professa o contrário. Ela faz uso de um teste religioso, na maneira mais rigorosa, sem ter a honestidade ou hombridade de admiti-lo. Pois que importa, quanto ao real espírito do procedimento, se o credo for reduzido à forma escrita ou estiver registrado apenas nas mentes dos membros da igreja e aplicado por eles como um corpo, se igualmente exclui os aspirantes que não sejam aprovados?

Mas a essa solução proposta, respondo, em segundo lugar, perguntando: o que é ter uma fé sadia? Conquanto seja explicitamente concordado pelos membros da igreja entre si mesmos, isso não pode ser confiado com segurança ao entendimento e memória de cada indivíduo que pertence ao corpo em questão. Acaso poderia a constituição civil de um Estado, em vez de confiada à escrita, ser abandonada às vagas e sempre inconstantes impressões de cidadãos individuais que vivem sob ela? Nessa constituição, qualquer um percebe que não pode haver nem certeza nem estabilidade. Dificilmente dois divulgadores de seus artigos concordariam perfeitamente, e as mesmas pessoas as exporiam diferentemente em tempos diferentes, à medida que seus interesses ou paixões fossem influenciados. Tão insensato e inseguro, para dizer o mínimo, seria deixar o instrumento da comunhão de uma igreja com uma base similar. Um credo oral, quando mais necessário como meio de aquietar agitações ou de excluir corrupções, seria considerado duvidoso e, é claro, inútil, por ter suas mais importantes provisões reivindicadas por cada parte. Em semelhante situação, se o credo fosse utilizado, seria muito mais provável que fosse pervertido em instrumento de opressão popular que empregado como meio de governo sóbrio e sadio.

A inferência, então, claramente é que nenhuma igreja pode esperar manter um caráter homogêneo; nenhuma igreja pode ser assegurada com a pureza ou paz, sequer por um ano; nenhuma igreja pode eficazmente se guardar contra os mais altos graus de corrupção e contenda sem algum teste da verdade, explicitamente concordado e adotado por ela, em sua condição eclesiástica; algo registrado, publicamente conhecido, capaz de se fazer referência quando necessário, que não apenas este ou aquele membro privado tenha supostamente recebido, mas ao qual a igreja como tal concordou em aderir, como um laço de união. Em outras palavras, uma igreja, a fim de manter a “unidade do Espírito no vínculo da paz e amor”, deve ter um credo – um credo escrito – o qual ela tenha formalmente reconhecido e a cuja conformidade suas ministrações estejam comprometidas. Enquanto esse teste for fielmente aplicado, ela não falhará em ser, em algum bom grau, unida e harmônica, mas quando nada do tipo for empregado, não vejo como ela possa esperar, sem um milagre, escapar de todos os males da discórdia e corrupção.

Continua...

***
Sobre o autor: Rev. Samuel Miller nasceu em Dover, Delaware, em 31 de outubro de 1769. Seu pai foi o Rev. John Miller (1722-1791). Miller frequentou a Universidade da Pennsylvania e se graduou em 1789. Obteve sua licença para pregar em 1791 e a Universidade da Pennsylvania concedeu-lhe o grau de doutor em divindade (D.D.), em 1804. De 1813 a 1849, serviu como professor de História Eclesiástica e Governo da Igreja no Seminário Teológico de Princeton e foi também integrante na fundação da instituição.
Por toda a sua vida, Miller foi um vigoroso participante em muitas das controvérsias que ocorreram no interior da Igreja Presbiteriana, incluindo a que resultou na divisão da Igreja na nova e velha escolas. Também foi considerado uma autoridade em muitos dos assuntos enfrentados pelos cristãos, especialmente os presbiterianos de seu tempo. Miller é, talvez, mais bem conhecido por seus escritos teológicos, polêmicos e biográficos, que publicou em vida, incluindo Um Breve Retrospecto do Século Dezoito (1803, 1805), Memória do Rev. John Rogers (1813), Cartas sobre o Unitarismo (1821), Um ensaio sobre o ofício dos presbíteros regentes (1831) [publicado no Brasil pela Editora Os Puritanos], Uma defesa da ordem primitiva e apostólica da igreja de Cristo (1840), Cartas de um pai para um filho na faculdade (1843) e Reflexões sobre a oração pública (1849). Também foi responsável pela publicação, em 1814, da memória e escritos de seu irmão mais velho, Edward Miller, um médico e professor proeminente em Nova Iorque, que morreu em 1812. 
Miller morreu em Princeton, New Jersey, em 7 de janeiro de 1850, deixando uma esposa e um filho, que escreveu a biografia do pai, em dois volumes (Vida de Samuel Miller, D.D.), publicada em 1869.

Fonte: The Utility And Importance of Creeds And Confessions - Samuel Miller, D.D. - 1824
Tradução: Tiago Cunha (Seminarista do Seminário JMC)
Divulgação: Bereianos

sábado, 28 de outubro de 2017

A legitimidade da ordenação dos reformadores

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I. A principal causa eficiente deste chamado é Deus, quem chama o ministro internamente, e provendo-o com seus dons. O corpo que pode compor os ministros é toda a igreja, ou no mínimo a igreja representativa, pastores e presbíteros, ou o conjunto de pessoas da igreja [plebs], e não apenas bispo ou pastor. Os apóstolos não restringiram o privilégio de escolha somente a eles (At 1:23, 6;14:23).

II. Três atos são necessários para um legítimo chamado [para o ministério]: exame, eleição e confirmação.

III. O exame envolve tanto a vida como a doutrina. A vida precisa examinada antes da doutrina; se o comportamento é imoral, ele não pode ser admitido para um exame na doutrina.

IV. O procedimento para eleição é este: pessoas são nomeadas após sincera oração à Deus, do número daqueles que são escolhidos, e dentre eles é selecionado pelo voto da maioria, se votando por viva voz ou pelo levantar das mãos.

V. A confirmação é a indução da pessoa eleita, em que ele é designado para a igreja com oração pública, e seus chamado será confirmado pela imposição das mãos. Bispos não têm um poder superior e autoridade pelo direito divino.

VI. Os papistas ensinam falsamente que este chamado não é legítimo, se o último é feito pelos presbíteros e não pelo bispo.

VII. A igreja reformada aceitou o chamado dos que reformaram a igreja no tempo de nossos pais, não porque ele veio do papado, que foi um câncer na igreja, mas porque eles eram divinamente chamados por Deus e habitados com dons necessários. É objetado que eles eram chamados sob a autoridade papal, então, que deveriam ser rejeitados, pois o seu chamado expirou. Replicamos que é falso acusa-los de rejeição; eles não rejeitaram o evangelho, pelo qual foram chamados para pregar mesmo estando sob o papa, mas eles rejeitaram a corrupção do evangelho. Nem há alguma razão para afirmar que eles foram chamados para pregar a doutrina da igreja romana; se Roma coloca a sua doutrina sob o nome de evangelho, um ministro que encontrando contrária à real verdade do evangelho, poderia falar contra ela pelo privilégio de seu chamado. 

VIII. Nem podem apresentar algum fundamento sobre qual eles são capazes de desafiar o chamado dos nossos ministros de acordo com as regras acima. Antes de tudo respondemos àqueles que nos questionam por qual autoridade ensinamos no modo que Cristo respondeu a quem lhe perguntou: “o batismo de João, de onde vem, do céu ou da terra?” (Mt 21:25). Similarmente dizemos “a doutrina de nossos antepassados, que ouvimos entre nós até os dias de hoje, de onde procede? Se ela está em desacordo, deixamos que mostrem em que artigos; se ela está concordando, então eles não podem atacar o chamado de nossos ministros. Onde quer que a verdadeira doutrina seja encontrada, há ali verdadeiro chamado. E o chamado que corresponde ao exemplo dos apóstolos e a igreja primitiva é legítimo. É óbvio que o nosso chamado é desta natureza.

3. O direito de tomar decisões em matéria de doutrina é que, através dele, o entendimento da igreja em questões de doutrina e resolve controvérsias que perturbam a igreja.

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Autor: Johannes Wollebius
Fonte: Extraído de Texto de Johannes Wollebius, "Compendium Theologiciae Christianae" in: John W. Beardslee III, Reformed Dogmatics: seventeenth-century Reformed Theology through the Writings of Wollebius, Voetius, and Turretin (Grand Rapids, Baker Books, 1977), pp. 144-145.
Tradução: Rev. Ewerton B. Tokashiki, em 25 de Agosto de 2016.

Cristãos que se converteram do Islamismo estão sendo presos, no Irã

Há relatos de que os cristãos estão sendo espancados na prisão e forçados a deixar o país.
O governo do Irã declarou guerra contra o cristianismo e está prendendo os crentes pela pregação do Evangelho (Foto: Walid Shoebat).
O governo do Irã declarou guerra contra o cristianismo e está prendendo os crentes pela pregação do Evangelho (Foto: Walid Shoebat).

Um número crescente de cristãos que se converteram do Islamismo estão sendo presos pelo governo iraniano, que por sua vez advertiu que eles serão obrigados a deixar o país ou então serão espancados até a morte por causa da fé em Jesus Cristo. O site Mohabat News informou na última segunda-feira (23) que Abdol-Ali Pourmand, membro da igreja de Payam-e Aramesh (Mensagem de Paz) em Dezful, foi preso na semana passada depois que agentes de segurança invadiram sua casa e encontraram Bíblias e CDs cristãos.
Ele foi transferido para a cidade de Ahwaz e recebeu autorização para fazer um rápido telefonema para sua família, compartilhando o que havia acontecido. A preocupação com os cristãos no Irã continua crescendo após as recentes prisões de outros três crentes em Jesus.
"A Mohabat News obteve relatórios que confirmam a informação de que os cristãos estão sendo espancados na prisão. Além disso, ameaçaram que se eles não renunciarem à fé em Cristo e se afastarem do cristianismo, eles seriam forçados a deixar o país ou espancados até a morte", observou o artigo.

Preso no trabalho
Mohammad Ali Torabi, também membro da Igreja da Mensagem da Paz, foi preso em seu local de trabalho no dia 10 de outubro. Ele também foi informado de que será libertado em breve, mas ainda permanece sob custódia.
O regime iraniano negou que esteja perseguindo os cristãos, apesar de numerosos relatos de prisões, assédio e penas pesadas nos últimos anos e décadas, visando os crentes em particular. O governo não permite que as igrejas domésticas operem e por isso continua a realizar invasões em casa, acusando os membros de incitarem atividades anti-governamentais indo contra a segurança nacional.
Em agosto, a Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional nomeou o Irã entre os cinco países com pior pontuação quando se trata de leis de blasfêmia que protegem a religião do Estado, mas discrimina as minorias. "Os defensores das leis de blasfêmia podem argumentar que são necessários para proteger a liberdade religiosa, mas essas leis não fazem isso. As leis da blasfêmia estão erradas, em princípio, e muitas vezes invocam abusos e levam a ataques e assassinatos", disse o presidente do USCIRF, Daniel Mark.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO CHRISTIAN POST



Mais de 50 mil pessoas se unem para orar pelo Brasil, em Pernambuco

PARABÉNS A IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS EM PERNAMBUCO PELO SEU CENTENÁRIO
O pastor Ailton José Alves, presidente da Convensão da Assembleia de Deus de Pernambuco ministrou no evento. (Foto: Divulgação).

Cristãos de mais de 500 igrejas diferentes comemoraram o centenário da Assembleia de Deus
O pastor Ailton José Alves, presidente da Convensão da Assembleia de Deus de Pernambuco ministrou no evento. (Foto: Divulgação).
Milhares de fiéis celebraram os 100 anos da Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Pernambuco. O evento, que se deu na Arena Governador Carlos Wilson Campos, mais conhecida por Arena de Pernambuco, reuniu mais de 50 mil pessoas, de acordo com os diretores do equipamento. O centenário agora é considerado o maior evento realizado na história da arena.
Localizado em São Lourenço da Mata, região metropolitana do Recife, a arena teve seu estacionamento lotado de ônibus que vieram de todas as regiões do estado. Foram mais de mil que chegaram em horários distintos para que não houvesse congestionamento na área.
“Jesus me livrou da morte. É a razão de estar aqui participando dessa grande festa”, disse um dos fiéis para a reportagem da Rede Globo Nordeste. Para receber toda essa gente, foi preciso 6 mil voluntários na organização. Centenas de pessoas, vestidas com cores diferentes formaram um enorme painel da bandeira de Pernambuco.
“Nós queremos dizer que a igreja existe para abençoar Pernambuco. Esta multidão ora pelo Brasil. Esta multidão ora por Pernambuco. E o interesse desse povo não é partidário. O interesse desse povo é o bem estar das famílias”, disse Aílton Júnior que é vice-presidente da Assembleia de Deus da região.

Dados impressionantes
“A Arena de Pernambuco está completamente lotada de gente. São evangélicos de 500 igrejas da Assembleia de Deus de todo o estado”, disse a repórter Cacyone Gomes. O evento que começou às 18h com o pastor Aílton, contou com a participação da Orquestra da Igreja Central do bairro Santo amaro, composta por 200 músicos. A cerimônia também contou com a presença do governador Paulo Câmara e do prefeito Geraldo Júlio, além de deputados.
O pastor Ailton José Alves, presidente da Convensão da Assembleia de Deus de Pernambuco, ressalta a jornada a igreja. "Nestes 99 anos de atuação, Deus tem aprovado a conduta irrepreensível desta Igreja, manifestando, por meio dela, grandes milagres, a efusão do Espírito Santo e a luz do Seu Evangelho para as nações, cumprindo cabalmente, em nós, a Sua promessa: 'Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me- eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra'", coloca ele citando Atos 1:8.
Confira a reportagem:
FONTE: GUIAME



terça-feira, 24 de outubro de 2017

Saiba quais empresas estão promovendo a ideologia de gênero no Brasil

PARE, LEIA E PENSE!


Algumas empresas, instituições e meios de comunicação estão investindo em campanhas que promovem a doutrinação da ideologia de gênero. Confira a lista.
Ninguém nasce homem ou mulher, mas cada indivíduo deve construir seu próprio gênero ao longo da vida. Esse é o conceito que define a ideologia de gênero, defendida por militantes e empresas de grande alcance no Brasil em suas campanhas publicitárias.
Diante da insistência de instituições e meios de comunicação em impulsionar uma ideologia que fere os principais valores morais e sociais da população brasileira, o Guiame listou as marcas que investiram seus recursos para promover esta doutrinação:

Avon
A mais recente vem sendo promovida pela empresa de cosméticos Avon, através do documentário “Repense o Elogio”, que mostra ser um "erro" chamar meninas de princesas, lindas e fofas, enquanto os meninos são chamados de fortes, espertos e corajosos.

Com direção e roteiro de Estela Renner, o documentário exibe adultos, adolescentes e crianças expressando suas opiniões a respeito dos elogios que recebem ao longo da vida. O projeto levou 10 meses para ser produzido e foi lançado em 17 de outubro de 2017.


No entanto, o argumento utilizado pela campanha gerou um grande movimento de insatisfação por parte do público que se posiciona contra a ideologia de gênero. No total de sua série de vídeos no YouTube, a Avon já coleciona mais de 113 mil dislikes (sinalizações de reprovação), além de dezenas de milhares de críticas nos comentários, em comparação com a avaliação positiva de apenas 4 mil likes (sinalizações de aprovação).

Omo
Outra empresa que utilizou a imagem de crianças para promover a ideologia de gênero foi a Omo, marca de sabão em pó da multinacional Unilever. A campanha “Momentos que Marcam”, promovida para celebrar o Dia das Crianças, convocou os pais a repensarem alguns conceitos sobre gênero.

“Omo convoca pais e mães a fazerem um recall de todas as brincadeiras que reforcem clichês sobre gênero, com o objetivo de ressaltar da experiência e do desenvolvimento das crianças”, diz parte do vídeo, produzido em um formato de comunicado.


“Não existe brincadeira de menino e brincadeira de menina. Toda criança tem o direito de se sujar e se divertir livremente, sem cores, regras ou padrões. Junte-se à OMO nesta campanha. Não deixe o Dia das Crianças passar em branco. Compartilhe o vídeo e seus #MomentosQueMarcam com a gente”, diz a legenda do vídeo publicado no canal oficial da marca.
Prontamente, a campanha recebeu respostas negativas do público nas mídias sociais. Somente no canal da marca no YouTube, o vídeo é marcado por mais de 252 mil dislikes, em comparação com apenas de 13 mil sinais de aprovação.

Carrefour
A rede de supermercados Carrefour também apostou no Dia das Crianças para promover a ideologia de gênero, através de uma publicação feita na página da marca no Facebook.
“Depois que viram adultos, meninos que brincam de boneca ou casinha tornam-se mais conscientes e responsáveis com a família. Brincadeiras não têm gênero. Brincadeiras têm diversão e aprendizado”, disse a publicação, que contava com a imagem de um menino segurando um urso de pelúcia.


A publicação foi retirada da página do Carrefour após a polêmica. (Foto: Reprodução/Facebook)

A publicação foi retirada da página do Carrefour após a polêmica. (Foto: Reprodução/Facebook)
A publicação logo gerou respostas negativas do público, mas o Carrefour, diferentemente de outras empresas, decidiu retirar a imagem do ar. Além disso, a opção de avaliação da página no Facebook ficou indisponível, depois que inúmeros protestos surgiram nas mídias sociais.

Santander
Uma das campanhas mais polêmicas foi promovida pelo Santander Cultural, que patrocinou a exposição “Queermuseu — Cartografias da diferença na arte brasileira” no mês de agosto, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
A controvérsia começou quando foram publicados vídeos das obras de Adriana Varejão e Bia Leite na internet, com imagens sexuais dentro de um contexto histórico e uma pintura de duas crianças com as frases “criança viada deusa das águas” e “criança viada travesti da lambada”.


Exposição Queer Museu no Santander Cultural em Porto Alegre. (Foto: Reprodução/Facebook)
Exposição Queer Museu no Santander Cultural em Porto Alegre. (Foto: Reprodução/Facebook)

Segundo o visitante que denunciou a mostra em um dos vídeos, a exposição “incita a pornografia e a pedofilia”. Também foi denunciado o caráter zoófilo da mostra, devido à obra “Cena de Interior 2” (2013) de Varejão, na qual é retratada a relação sexual de duas pessoas com um animal.
Devido aos protestos contra a exposição, o Santander Cultural decidiu cancelar a mostra em Porto Alegre e devolver à Receita Federal os R$ 800 mil captados via Lei Rouanet para sua realização.
Em sua página no Facebook, o Santander recebeu mais de 37 mil avaliações negativas desde a polêmica do Queermuseu. Além disso, muitos clientes decidiram encerrar suas contas no banco, como a Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba, que anunciou sua decisão em um comunicado oficial.

TV Globo
Sendo um dos meios de comunicação que mais defende a ideologia de gênero, a Rede Globo têm utilizado sua programação para levar seus conceitos sobre sexualidade para o lar de milhões de brasileiros.

Na última edição do programa “Criança Esperança”, foi promovido um debate com o tema “sua esperança não está sozinha”, abordando questões como transexualidade, diversidade de gênero e outras que estão sendo tratadas nas escolas atualmente.

A novela “A Força do Querer”, que foi encerrada na última sexta-feira (20), também foi um meio utilizado pela emissora para promover a ideologia de gênero através da personagem Ivana (Carol Duarte), que passou pelo processo de transição de gênero. Embora a novela tenha batido recorde de audiência, os índices de rejeição também foram altos.

O programa Fantástico, caracterizado por um discurso parcial diante de diversos temas, exibiu casos de crianças transgêneros em diversas edições. No último mês, uma reportagem sobre o assunto provocou uma reação contrária do público, que registou a hashtag #Globolixo nos trend topics do Twitter durante todo o dia 9 de outubro.

Para tentar se justificar, a emissora utilizou o Fantástico para lançar sua nova campanha institucional e ironizar seus críticos. “A gente sabe que não fala com esse tal de 100 milhões; a gente fala com 100 milhões de uns. Uns diferentes dos outros. Uns se emocionam. Uns se informam. Uns gostam da gente. Uns dizem que não”, diz o texto da campanha, que é estrelada pela atriz Eliane Giardini.


Não apenas a ideologia de gênero tem sido defendida pela Globo, como também a pedofilia em nome da arte. No programa Encontro, apresentado por Fátima Bernardes, a idosa Dona Regina foi confrontada por artistas da emissora presentes no palco por não concordar com a performance apresentada durante a abertura do 35º Panorama da Arte Brasileira – 2017, no Museu de Arte Moderna (MAM), onde um artista permaneceu nu sendo tocado por crianças.

Na ocasião, o pastor e deputado federal Roberto de Lucena, conhecido por apoiar a luta contra a pedofilia, propôs à Câmara dos Deputados uma moção de repúdio “à toda forma de expressão que possa expor as crianças à erotização”.

“O episódio recente do MAM — para o qual também protocolei uma representação para que o Ministério Público Federal acompanhe e tome providências — traz a tona uma série de questões que não estão restritas aos museus e sim estão dentro de nossas casas através da televisão e da música”, disse o parlamentar.

O deputado ainda afirma que é preciso refletir sobre o filtro de idades para determinados tipos de exposição. “Precisamos com urgência repensar a questão da classificação etária na cultura e no entretenimento. Da mesma forma, continuo ressaltando que este debate deve ser nos limites do respeito às diferenças e nas formas legais e civilizadas”.


Artista nu durante a performance “La bête”, onde foi tocado por crianças. (Foto: Atraves\\)

“Filtrando o lixo”
Segundo o pastor e colunista do Portal Guiame, Edmilson Mendes, estes casos recentes são apenas ilustrações de um contexto mais complexo que as famílias brasileiras têm enfrentado ultimamente.
“Nossa geração tem permitido muito lixo adentrar em sua casa numa boa, não reage, não se incomoda, apenas vai aceitando tudo como se estivesse anestesiada, o problema é que um dia o efeito da anestesia passa”, destacou o escritor.
“Penso que precisamos desenvolver urgentemente filtros capazes de ajudar-nos a fazer boas escolhas. Estes filtros precisam passar pelos testes da Palavra. Precisa passar no teste do 'quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, façais tudo para a glória de Deus'. Mais direto impossível”, acrescentou.
Por mais que estas marcas e instituições tentem negar, o efeito negativo que suas campanhas e “expressões artísticas” refletem sobre suas imagens é evidente. Os pais se sentem invadidos quando ouvem dizer, por exemplo, que “não devem chamar suas filhas de princesas” ou que “é errado ensinar os meninos a brincarem de um jeito e as meninas, de outro”.
Diferente do que alegam os promotores destas campanhas, os protestos não partem somente de cristãos ou da chamada “Bancada da Bíblia” no Congresso. Partem também de adeptos de outras religiões e até mesmo de pessoas que não confessam fé alguma. São protestos de pessoas que cresceram aprendendo a importância dos valores da família e entendem como estes pilares são importantes para a manutenção de uma sociedade saudável.
Conforme destacou Edmilson em outro de seus textos: “A boa lição que a dona Regina nos dá é a de que para defendermos nossas convicções não precisamos de fã clube, milhões de seguidores ou mesmo impérios de comunicação, basta respondermos com simplicidade, autenticidade e verdade de coração, essas virtudes milenares que tanto incomodam os poderosos e seus seguidores, alguns conscientes, alguns cegos, alguns manipulados”.
FONTE: GUIAME, LUANA NOVAES E JOÃO NETO

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Feiticeiro se rende a Cristo e 30 igrejas são fundadas em sua aldeia

Depois de passar 20 anos longe da família por causa de sua fé, Binora retornou para evangelizar sua aldeia através de um filme.
Igrejas foram abertas na aldeia depois que o povoado foi evangelizado por filme. (Foto: Jesus Film Project)
Igrejas foram abertas na aldeia depois que o povoado foi evangelizado por filme. (Foto: Jesus Film Project)

Filho primogênito das 21 mulheres de seu pai, Binora era o mais velho entre 65 irmãos e irmãs. “Foi meu destino seguir meu pai, que era um feiticeiro. Eu acreditei em muitas mentiras”, disse ao projeto Jesus ​​Film.
Quando Binora decidiu seguir a Cristo, ele sabia que enfrentaria a rejeiição de sua família. “Eu fiz uma coisa que é imperdoável para meu pai. Ele certamente vai me matar”, ele pensou, na época.
Por causa de sua nova fé, Binora viveu mais de 20 anos separado de sua família. Mas com o passar do tempo, Deus despertou em seu coração o desejo de retornar e compartilhar o Evangelho com seus parentes.
“Agora vai ser diferente. Vou contar tudo a eles”, Binora decidiu. “A feitiçaria traz a morte. Meu povo precisa de vida. Mesmo que eu morra, tenho que dizer que eles devem conhecer Jesus”.
Mesmo colocando sua vida em risco, Binora voltou para sua aldeia a fim de compartilhar o conteúdo do filme “Jesus”. O longa não estava disponível em sua língua nativa, então ele mesmo fez a tradução da história de Cristo para seu povo.

Binora faz a tradução simultânea do filme para a língua de seu povo. (Foto: Jesus Film Project)

Binora mostrou o filme sete vezes e o resultado de sua iniciativa foi surpreendente. O pai de Binora, o feiticeiro, se rendeu a Jesus, assim como muitos outros que viviam no povoado.
Como resultado das exibições do longa, 30 igrejas foram plantadas na aldeia e hoje existem mais de 7 mil discípulos na região.
Mesmo com todo o impacto da mensagem, nenhuma das pessoas conseguiu assistir o filme ​em sua própria língua. “Eles querem o filme e querem treinamento. Imagine como a igreja poderia se multiplicar. Imagine o que Deus poderia fazer”, diz Binora.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DE GOD REPORTS



Martinho Lutero: lições a partir de sua vida e labores (Parte 2)

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(Leia a Parte 1)

Por que os pastores devem ouvir Lutero?
Então, Lutero foi um professor universitário de teologia por toda a sua vida profissional. Isso faz com que levantemos a questão de saber se ele realmente pode servir como qualquer tipo de modelo para pastores, ou mesmo entender o que os pastores enfrentam em nosso tipo de ministério. Mas isso seria um erro. Pelo menos três coisas unem Lutero ao nosso chamado.

  1. Ele foi mais um pregador do que qualquer um de nós é pastor.
Lutero conhecia o peso e a pressão da pregação semanal. Havia duas igrejas em Wittenberg, a igreja da cidade e a igreja do castelo. Lutero era um pregador regular na igreja da cidade. Ele disse: “Se eu pudesse me tornar rei ou imperador hoje, não desistiria do meu ofício como pregador” (39). Ele era movido por uma paixão pela exaltação de Deus na Palavra. Em uma de suas orações ele diz: “Querido Senhor Deus, desejo pregar para que tu sejas glorificado. Quero falar sobre ti, louvar-te e exaltar o teu nome. Embora eu provavelmente não consiga fazê-lo bem, tu não podes fazeres com que isso seja bem feito?” (Meuser, 51).
Para sentir a força desse comprometimento, você deve perceber que na igreja de Wittenberg naqueles dias não havia programas, mas apenas adoração e pregação. Domingo, às 5:00 da manhã havia adoração com um sermão baseado em uma epístola; às 10:00 da manhã um sermão com base em um evangelho; à tarde, uma mensagem no Antigo Testamento ou catecismo. Os sermões de segunda e terça-feira eram baseados no catecismo; às quartas-feiras em Mateus; às quintas e sextas-feiras nas cartas apostólicas; e sábado em João (Meuser, 37-38).
Lutero não era o pastor da igreja da cidade. Seu amigo, Johannes Bugenhagen, foi o pastor de 1520 a 1558. Mas Lutero compartilhava a pregação praticamente todas as semanas em que ele estava na cidade. Ele pregava porque os habitantes da cidade queriam ouvi-lo e porque ele e seus contemporâneos entendiam o seu doutorado em teologia como um chamado para ensinar a Palavra de Deus a toda a igreja. Então, Lutero sempre pregava duas vezes no domingo e uma vez durante a semana. Walther von Loewenich disse em sua biografia: “Lutero foi um dos maiores pregadores da história da cristandade… Entre 1510 e 1546, Lutero pregou cerca de 3.000 sermões. Frequentemente ele pregava várias vezes por semana, muitas vezes duas ou mais vezes por dia” (353).
Por exemplo, em 1522 ele pregou 117 sermões em Wittenberg e 137 sermões no ano seguinte. Em 1528, ele pregou quase 200 vezes e, a partir de 1529, temos 121 sermões. Assim, a média desses quatro anos foi um sermão a cada dois dias e meio. Como Fred Meuser diz em seu livro sobre a pregação de Lutero: “Nunca ficou um fim de semana sem pregar — ele sabe tudo sobre isso. Nem mesmo deixou de pregar em um dia de semana. Nunca houve alguma pausa na pregação, ensino, estudo privado, produção, escrita e aconselhamento” (27). Esse é o primeiro vínculo com os nossos pastores. Ele conhece o fardo da pregação.

  1. Como a maioria dos pastores, Lutero era um homem de família, pelo menos desde os 41 anos até a morte, aos 62 anos.
Lutero conheceu a pressão e o sofrimento de ter, criar e perder filhos. Katie deu-lhe seis filhos em rápida sucessão: João (1526), ​​Elisabete (1527), Madalena (1529), Martinho (1531), Paulo (1533) e Margarete (1534). Faça uma pequena análise sobre isso. O ano entre Elizabete e Madalena foi o ano em que ele pregou 200 vezes (mais de uma vez a cada dois dias). Acrescente a isso que Elizabete morreu naquele ano aos oito meses de idade, e ele prosseguiu sob essa dor.
E para que não pensemos que Lutero negligenciava os filhos, considere que nas tardes de domingo, muitas vezes após pregar duas vezes, Lutero liderava as devoções domésticas, que eram praticamente outro culto de adoração durante uma hora, incluindo convidados e os filhos (Meuser, 38). Então, Lutero conhecia as pressões de ser um homem de família público e atarefado.

  1. Lutero era um homem da igreja, não um erudito teológico.
Ele não apenas era parte de quase todas as controvérsias e conferências de seu dia, mas geralmente também era o líder. Houve a Disputa de Heidelberg (1518), o encontro com o Cardeal Cajetan em Augsburg (1518), a Disputa de Leipzig, com John Eck e Andrew Karlstadt (1519), e a Dieta de Augsburg, embora ele não estivesse lá pessoalmente (1513).
Além do envolvimento pessoal e ativo nas conferências da igreja, havia o incrível fluxo de publicações que estão relacionadas à orientação da igreja. Por exemplo, em 1520, ele escreveu 133 obras; em 1522, 130; em 1523, 183 (uma a cada dois dias!), e muitas 1524 (Meuser). Ele era uma espécie de para-raios de todas as críticas contra a Reforma. “Todos se voltam para ele, cercando a sua porta a cada hora, cidadãos, médicos e príncipes. Enigmas diplomáticos deveriam ser resolvidos, pontos teológicos complicados deveriam ser esclarecidos, a ética da vida social precisava ser estabelecida” (Martyn, 473).
Com a ruptura do sistema medieval da vida da igreja, um novo modo de pensar sobre a igreja e a vida cristã precisava ser desenvolvido. E na Alemanha, a tarefa coube, em grande medida, a Martinho Lutero. É surpreendente como ele se dedicou aos assuntos terrenos da vida paroquial. Por exemplo, quando foi decidido que “visitantes” do estado e da universidade seriam enviados para cada paróquia para avaliar a condição da igreja e fazer sugestões para a vida da igreja, Lutero aceitou escrever as diretrizes: “Instruções para visitantes de pastores paroquiais no Eleitorado da Saxônia”. Ele abordou uma ampla gama de questões práticas. Quanto à educação das crianças, ele chegou a determinar como as classes infantis deveriam ser divididas em três grupos: pré-leitores, leitores e leitores avançados. Então ele fez sugestões sobre como ensiná-los.
As crianças devem primeiro aprender a ler a cartilha na qual está o alfabeto, a oração do Senhor, o credo e outras orações. Quando eles o aprenderem, receberão Donatus e Cato, para ler Donatus e expor Cato. O professor precisa expor uma ou duas frases de cada vez, e as crianças devem repeti-las em um momento posterior, para que assim construam um vocabulário (Conrad Bergendoff, editor, Church and Ministry II, vol. 40, Luther’s Works, (Philadelphia: Muhlenberg Press, 1958), 315–316).
Menciono esse fato simplesmente para mostrar que este professor universitário estava intensamente envolvido na tentativa de resolver os problemas de ministério mais práticos, desde o berço até ao túmulo. Ele não estudava em período de lazer ininterrupto de verões sabáticos e longos. Ele era constantemente solicitado e estava constantemente trabalhando.
Então, concluo que embora ele fosse um professor universitário, há razões pelas quais os pastores deveriam olhar para o seu trabalho e ouvir as suas palavras, de modo a aprenderem e se inspirarem para o ministério da Palavra — a “Palavra externa”, o Livro.

Lutero no estudo: a diferença feita pelo Livro
Para Lutero, a importância do estudo estava tão entrelaçada com sua descoberta do verdadeiro evangelho que ele nunca poderia tratar do estudo como qualquer outra coisa que não fosse absolutamente crucial, vital e formadora da história. Para ele, o estudo tinha sido a porta de entrada para o evangelho, para a Reforma e para Deus. Nós presumimos tanto hoje sobre a Palavra que dificilmente podemos imaginar o que custou a Lutero lutar pela verdade e defender o acesso à Palavra. Para Lutero, o estudo é importante. Sua vida e a vida da igreja dependiam disso. Precisamos perguntar se todo o terreno conquistado por Lutero e por outros reformadores pode ser perdido ao longo do tempo se perdermos essa paixão por estudar, ao presumirmos que a verdade permanecerá óbvia e disponível.
Para ver esse entrelaçamento entre o estudo e o evangelho vamos voltar aos primeiros anos em Wittenberg. Lutero data a grande descoberta do evangelho em 1518 durante a sua série de estudos nos Salmos (Dillenberger, xvii). Ele conta a história em seu Preface to the Complete Edition of Luther’s Latin Writings [Prefácio à Edição Completa dos Escritos de Lutero em Latim]. Essa descrição da descoberta é extraída do prefácio escrito em 5 de março de 1545, ano anterior à sua morte. Observe as referências aos seus estudos das Escrituras (em itálico).
Eu realmente fui cativado com um extraordinário ardor por entender Paulo na Epístola aos Romanos. Mas, até então, foi… uma única palavra no Capítulo 1 [.17]: “Porque nele se descobre a justiça de Deus”, que permaneceu em meu caminho. Pois, eu odiei aquela expressão “justiça de Deus”, que, segundo o uso e o costume de todos os professores, fui ensinado a compreender filosoficamente a justiça formal ou ativa, como a chamavam, com a qual Deus é justo e castiga o pecador injusto.
Ainda que como monge eu tinha uma vida irrepreensível, sentia que era um pecador diante de Deus, e tinha uma consciência extremamente perturbada. Não podia crer que Deus era aplacado com as satisfações que eu lhe dava. Eu não amava, mas sim, odiava a justiça de Deus que pune pecadores e, secretamente, se não com blasfêmia, com certeza murmurando muito, estava irado contra Deus e disse: “Como se não bastasse que miseráveis pecadores, eternamente perdidos por causa do pecador original, sejam esmagados por toda espécie de calamidade pelo Decálogo, Deus tivesse de acrescentar dor sobre dor pelo evangelho, e também com o evangelho nos ameaçando com sua justa ira!”. Assim, me irava, com uma consciência furiosa e perturbada. Contudo, persistentemente golpeei aquela passagem de Paulo, desejando ardentemente entender o que ele quis dizer com “a justiça de Deus”.
Por fim, pela misericórdia de Deus, meditando dia e noite, observei o contexto das palavras, a saber: “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé”. Ali, comecei a entender que a justiça de Deus é aquela pela qual o justo vive por meio de um dom de Deus, ou seja, pela fé. E este é o significado: a justiça de Deus é revelada pelo evangelho, ou seja, a justiça passiva com a qual [o] Deus misericordioso nos justifica pela fé, como está escrito: “o justo viverá pela fé”. Senti que nasci de novo e entrei no próprio paraíso através de portões abertos. Nessa passagem, uma face totalmente diferente de toda a Escritura se revelou a mim. Então, de memória, percorri as Escrituras…
E considerei a palavra amabilíssima com um amor tão grande quanto o ódio que tinha antes ao odiar a expressão “justiça de Deus”. Assim, essa passagem em Paulo foi para mim verdadeiramente o portão do paraíso (Dillenberger, 11).
Observe como Deus estava trazendo Lutero para a luz do evangelho da justificação. Todas as seguintes seis frases revelam a intensidade do estudo e da luta com o texto bíblico:
  • Eu realmente fui cativado com um extraordinário ardor por entender Paulo na Epístola aos Romanos.
  • Segundo o uso e o costume de todos os professores, fui ensinado a compreender filosoficamente (Uma abordagem ao estudo da qual ele estava sendo liberto).
  • Persistentemente golpeei aquela passagem de Paulo, desejando ardentemente entender o que ele quis dizer.
  • Por fim, pela misericórdia de Deus, meditando dia e noite, observei o contexto das palavras.
  • Então, de memória, percorri as Escrituras.
  • Essa passagem em Paulo foi para mim verdadeiramente o portão do paraíso.
As sementes de todos os hábitos de estudo de Lutero estão aqui ou são claramente implícitas. O que, então, distinguia o homem Lutero no estudo?

  1. Lutero elevou o próprio texto bíblico acima de todos os comentaristas ou pais da igreja.
Esta não foi a conclusão feita a partir da preguiça. Melancthon, amigo e colega de Lutero em Wittenberg, disse que Lutero conhecia tão bem a sua dogmática nos primeiros dias que ele poderia citar todas as páginas de Gabriel Biel (o texto padrão da Dogmática, publicado 1488) de cor (Oberman, 138). Isso não era falta de interesse pelos pais e filósofos; era uma paixão primordial pela superioridade do próprio texto bíblico.
Ele escreveu em 1533: “Por vários anos, tenho agora lido anualmente a Bíblia duas vezes. Se a Bíblia fosse uma árvore grande e poderosa e todas as suas palavras fossem pequenos ramos, tenho tocado em todos os ramos, desejoso de saber o que havia ali e o que cada ramo tinha para oferecer” (Plass, 83). Oberman diz que Lutero manteve essa prática por no mínimo dez anos (173). A Bíblia passou a significar mais para Lutero do que todos os pais e comentaristas.
“Aquele que conhece bem o texto da Escritura”, disse Lutero em 1538, “é um teólogo distinto. Pois, uma passagem ou texto bíblico tem mais valor do que os comentários de quatro autores” (Plass, 1355). Em sua Carta Aberta à Nobreza Cristã, Lutero explicou a sua preocupação:
Os escritos de todos os santos pais devem ser lidos apenas por um período, para que possamos ser conduzidos às Sagradas Escrituras. Conforme ocorre, no entanto, nós os lemos apenas para sermos absorvidos neles e nunca chegamos às Escrituras. Somos como homens que estudam essas placas sinalizadoras e nunca viajam pela estrada. Os queridos pais, por meio de seus escritos, desejavam que fôssemos levados às Escrituras, mas nós os usamos para sermos afastados das Escrituras, embora somente as Escrituras sejam nossa vinha onde devemos trabalhar e nos esforçar (Kerr, 13).
A Bíblia é a vinha do pastor, onde ele deve trabalhar e se esforçar. Mas, Lutero se queixou em 1539: “A Bíblia está sendo enterrada pela abundância dos comentários, e o texto está sendo negligenciado, embora em cada ramo de aprendizagem os melhores são aqueles que conhecem o texto” (Plass, 97). Para Lutero, isso não é uma mera pureza e fidelidade às fontes. Este é o testemunho de um homem que encontrou a vida na fonte da montanha, não no córrego secundário no vale. Para Lutero, era uma questão de vida e morte se alguém estudava o texto da própria Escritura ou passava a maior parte do tempo lendo comentários e literatura secundária. Lembrando dos primeiros dias de seu estudo das Escrituras, ele disse:
Quando eu era jovem, lia a Bíblia repetidamente, e era tão familiarizado com ela, que, em um instante, eu conseguiria apontar para qualquer versículo que fosse mencionado. Depois, li os comentaristas, mas logo os deixei, pois encontrei neles coisas que minha consciência não poderia aprovar, por serem contrárias ao texto sagrado. É sempre melhor ver com os próprios olhos do que com os de outras pessoas (Kerr, 16).
Lutero não quis dizer que não há lugar para ler outros livros. Afinal, ele escreveu livros. Mas ele nos aconselha a torná-los secundários e considerar poucos deles. Para mim, como um leitor lento, acho esse conselho muito encorajador. Ele diz:
Um aluno que não deseja que seu esforço seja desperdiçado, deve ler e reler um bom escritor de modo que o autor se integre, por assim dizer, em sua carne e sangue. Pois, uma grande variedade de leitura confunde e não ensina. Isso torna o aluno semelhante a um homem que mora em todos os lugares e, portanto, em nenhum lugar específico. Assim como não desfrutamos diariamente da comunhão com todos os nossos amigos, mas apenas de alguns amigos especiais, assim também deve ser em nossos estudos (Plass, 112).
A quantidade de livros teológicos deve… ser reduzida, e deve ser feita uma seleção do melhor deles; pois muitos livros e muitas leituras não tornam os homens muito sábios. Mas ler algo bom e ler com frequência, por pouco que seja, é a prática que torna os homens sábios nas Escrituras e que também os torna piedosos (113).

  1. Este foco radical no texto da própria Escritura, com a literatura secundária em um lugar secundário, conduz Lutero a uma luta intensa e séria com as próprias palavras de Paulo e outros escritores bíblicos.
Em vez de voltar-se aos comentários e aos pais, ele diz: “persistentemente golpeei aquela passagem de Paulo, desejando ardentemente entender o que ele quis dizer. Esta não foi uma ocorrência isolada.
Ele disse aos seus alunos que o exegeta deveria tratar uma passagem difícil de modo semelhante a como Moisés fez com a rocha no deserto, ferindo-a com sua vara até que jorrasse água para as pessoas sedentas (Oberman, 224). Em outras palavras, golpeie o texto. “Persistentemente golpeei aquela passagem de Paulo”. Há um grande incentivo nesta luta com o texto: “A Bíblia é uma fonte impressionante: quanto mais alguém tira água dela e a bebe, mais a sede é estimulada” (Plass, 67).
No verão e no outono de 1526, Lutero assumiu o desafio de expor Eclesiastes ao pequeno grupo de estudantes que permaneceu em Wittenberg durante a praga. “Salomão, o pregador”, ele escreveu a um amigo, “está me dando trabalho, como se ele aborrecesse alguém que leia sobre ele. Mas ele deve se render” (Heinrich Bornkamm, trans. by E. Theodore Bachmann, Luther in Mid-Career, 1521–1530, (Philadelphia: Fortress Press, 1983, orig. 1979), 564.).
O estudo era isso para Lutero — tomar um texto como Jacó tomou o anjo do Senhor e dizer: “Ele deve se render. EU IREI ouvir e conhecer a Palavra de Deus neste texto para a minha alma e para a igreja!”. Foi assim que ele entendeu o significado de “justiça de Deus” na justificação. E foi assim que ele rompeu com a tradição e com a filosofia repetidas vezes.

  1. O poder e a preciosidade do que Lutero viu quando golpeou persistentemente a linguagem de Paulo o convenceu para sempre de que a leitura do grego e do hebraico era um dos maiores privilégios e responsabilidades do pregador reformado.
Novamente, o motivo e a convicção aqui não são compromissos acadêmicos para a erudição de alto nível, mas compromissos espirituais para proclamar e preservar um evangelho puro.
Lutero falou contra mil anos de trevas da igreja sem a Palavra, quando afirmou com ousadia: “Certamente, a menos que as línguas permaneçam, o evangelho finalmente perecerá” (Kerr, 17). Ele pergunta: “Você pergunta qual é a utilidade de aprender as línguas? Você diz: ‘Podemos muito bem ler a Bíblia em alemão?’”. E ele responde:
Sem as línguas não teríamos recebido o evangelho. As línguas são a bainha que contém a espada do Espírito; são a caixa que contém as inestimáveis ​​joias do pensamento antigo; são o vaso que contém o vinho; e como o evangelho diz, são os cestos nos quais os pães e os peixes são guardados para alimentar a multidão.
Se negligenciarmos a literatura, acabaremos por perder o evangelho… Assim que os homens cessaram de cultivar as línguas, a Cristandade declinou, até que caiu sob o domínio incontestável do papa. Mas, logo que essa tocha reacendeu, aquela coruja papal fugiu com um grito em uma escuridão congenial. Em tempos passados, os pais se equivocaram frequentemente, porque ignoraram as línguas e, em nossos dias, há quem, como os valdenses, não pense que as línguas têm qualquer utilidade; mas, embora a sua doutrina seja boa, muitas vezes erram quanto ao verdadeiro significado do texto sagrado; eles estão sem armas contra erros, e temo muito que a sua fé não permanecerá pura (Martyn, 474).
A principal questão era a preservação e a pureza da fé. Onde as línguas não são apreciadas e buscadas, o cuidado na observação bíblica e no pensamento bíblico e a preocupação com a verdade diminuem. Isso porque as ferramentas para pensar de outra forma não são presentes. Esta era uma possibilidade intensamente real para Lutero porque ele sabia disso. Ele disse,
Se as línguas não me deixassem confiante quanto ao verdadeiro significado da Palavra, eu ainda poderia continuar sendo um monge agrilhoado, empenhado em pregar silenciosamente os erros romanistas na obscuridade de um claustro; o papa, os sofistas e o império anticristão teriam permanecido inabaláveis (Martyn, 474).
Em outras palavras, ele atribui o avanço da Reforma ao poder penetrante das línguas originais. O grande evento linguístico do tempo de Lutero foi a aparição do Novo Testamento grego editado por Desidério Erasmo. Assim que essa versão em grego apareceu em meio ao verão de 1516, Lutero a obteve e começou a estuda-la e usa-la em suas aulas sobre Romanos 9. Ele fez isso apesar de Erasmo ser um adversário teológico. Ter as línguas originais era um tesouro para Lutero; se fosse o caso, ele teria ido à escola com o próprio Diabo para aprendê-las.
Ele estava convencido de que haveriam muitos obstáculos no estudo sem a ajuda das línguas originais. “Santo Agostinho”, ele disse, “é obrigado a confessar, quando escreve em De Doctrina Christiana, que um professor cristão que deve expor as Escrituras também precisa das línguas grega e hebraica, além do latim; caso contrário, é impossível para ele não enfrentar obstáculos em toda parte” (Plass, 95).
E ele estava persuadido de que conhecer as línguas traria frescor e força à pregação. Ele disse:
Embora a fé e o evangelho possam ser proclamados por pregadores simples sem as línguas originais, tal pregação é superficial e fraca; os homens, no mínimo, se tornam enfadados e aborrecidos, e esta pregação acaba caindo por terra. Mas, quando o pregador é versado nas línguas, seu discurso tem frescor e força, toda a Escritura é considerada, e a fé é constantemente renovada por uma variedade contínua de palavras (Kerr, 148).
Agora, essa é uma afirmação desencorajadora para muitos pastores que negligenciaram o grego e o hebraico. O que eu diria é que conhecer as línguas originais pode fazer de qualquer pregador dedicado um pregador melhor — mais vigoroso, mais fiel, mais confiante e mais incisivo. Porém, é possível pregar fielmente sem elas — pelo menos por um tempo. A prova da nossa fidelidade à Palavra, se temos negligenciado as línguas, é a seguinte: temos um grande interesse que a igreja de Cristo promova a sua preservação, ensino e uso generalizados nas igrejas? Ou nós, por autoproteção, minimizamos a sua importância porque agir de outra forma seria ruim? Suspeito que, para muitos de nós hoje, as palavras fortes de Lutero sobre nossa negligência e indiferença são precisas quando ele diz:
É um pecado e uma vergonha não conhecer nosso próprio livro ou não entender o discurso e as palavras de nosso Deus; é um pecado e uma perda ainda maiores que não estudamos as línguas originais, especialmente nestes dias, quando Deus está concedendo e nos dando homens, livros e todas as facilidades e incentivos para este estudo, e deseja que a Bíblia seja um livro aberto. Ah, quão felizes os queridos pais teriam se tivessem a oportunidade de estudar as línguas e chegarem assim preparados para as Sagradas Escrituras! Que grande labor e esforço custou-lhes reunir algumas migalhas, enquanto nós, com metade do trabalho — sim, quase sem trabalho algum — podemos obter todo o pão! Ah, como o esforço deles envergonha a nossa indolência (Meuser, 43).
Essa referência à “indolência” nos leva à próxima característica de Lutero no estudo.

Por: John Piper. © Desiring God Foundation.Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Martin Luther: Lessons from His Life and Labor.
Original: Martinho Lutero: lições a partir de sua vida e labores. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Camila Rebeca Teixeira. Revisão: William Teixeira.

John PiperJohn Piper é doutor em Teologia pela Universidade de Munique e fundador do desiringGod.org e chanceler no Bethlehem College & Seminary. Ele serviu por 33 anos como pastor principal da Bethlehem Baptist Church em Minneapolis, Minnesota. Piper é autor de diversos livros, incluindo Uma Glória Peculiar (Fiel) e Em busca de Deus (Shedd).


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