quarta-feira, 13 de julho de 2022

Igreja da Inglaterra se recusa a dar “definição oficial” do que é uma mulher

 


Catedral de Chester. (Foto representativa: Pxhere)

Pare e Pense!!! a que ponto a Igreja da Inglaterra chegou.

Um dos membros participantes do Sínodo disse que a definição já existe na Biologia e na Bíblia e que não deveria haver dúvidas.

Qual a definição de “mulher”? Essa foi a pergunta feita durante um Sínodo Geral — assembleia periódica entre os bispos para tratar de assuntos relacionados à Igreja. 

Em resposta, a Igreja da Inglaterra disse que não existe “nenhuma definição oficial” de mulher. A resposta foi dada por escrito por um bispo sênior. 

Ele tentou justificar dizendo que “embora o significado da palavra mulher fosse anteriormente ‘pensado como auto-evidente’ e de que ela necessitava de ‘cuidados adicionais’, agora tudo isso é desnecessário. 

Esse tipo de discussão é apresentada enquanto as instituições lidam com o debate em torno dos direitos trans e tudo o que diz respeito à comunidade LGBT. 

Sobre a resposta da Igreja

Esse tipo de postura pode agradar e ser bem vinda pelas alas liberais da Igreja, porém, a suposta falta de definição do que seja uma mulher provocaram críticas e questionamentos.

Afinal de contas, independente de qual seja o ponto de partida para a resposta que define uma mulher, tanto a Biologia quanto a Bíblia são capazes de responder. O problema é que a resposta, certamente, não agradará a todos. 

A Rev. Angela Berners-Wilson — primeira mulher a ser ordenada ao cargo de sacerdotisa da Inglaterra, em 1994 — disse que “não está totalmente satisfeita” com a resposta e disse que se trata de uma “questão sensível”.

Até que ponto devemos ser sensíveis?

Conforme a Rev. Angela, é necessário ter sensibilidade “sobre essa questão”. Isso porque os oficiais da Igreja estão engajados no Living in Love and Faith (LLF) — um projeto institucional que tem como objetivo abordar questões sobre identidade, sexualidade e relacionamentos.

Dentro dos temas abordados, uma questão muito importante é sobre “os casamentos que se encaixam na Igreja”. Por isso, o representante da Marinha Real, Adam Kendry, que foi identificado como um membro leigo do Sínodo, fez as perguntas.

“Qual o objetivo da Igreja da Inglaterra?” e “Qual a definição de mulher?”. Quem deu a resposta foi o Bispo da Europa, Robert Innes: “Não há definição oficial”. Innes estava respondendo dentro de seu papel de presidente da Comissão de Fé e Ordem.

Ele ainda disse que “até recentemente se pensava que definições desse tipo eram evidentes dentro da liturgia matrimonial”.

Envolvimento da Igreja com a militância LGBT

O projeto LLF, conforme citou o veículo de comunicação The Telegraph, começou a explorar as complexidades do casamento associadas à identidade de gênero. Com isso, “aponta para a necessidade de cuidados e pensamentos adicionais a serem dados na compreensão de nossas semelhanças e diferenças como pessoas feitas à imagem de Deus”. 

A Rev. Angela, que se aposentou recentemente, fez uma observação: “Acho que certas coisas são óbvias, como o fato de que os homens não podem ter filhos”, disse ao apontar para a necessidade de “reexaminar nossos limites”. 

‘Homem e mulher já foram definidos pela Biologia e pela Bíblia’

Apontando para a resposta que o bispo deu sobre “não haver uma definição oficial para mulher”, Maya Forstater, diretora executiva do grupo de campanha Sex Matters, disse que “é uma resposta chocante”.

Maya lembra que os conceitos de masculino e feminino não precisam ter uma definição oficial formal, já que “são mais antigos que a própria vida humana”.

“Quando o governo redefiniu as mulheres através da Lei de Reconhecimento de Gênero, a Igreja da Inglaterra poderia ter mantido seu entendimento há muito estabelecido, o que faz sentido se o seu ponto de partida é a Biologia ou a Bíblia”, destacou.

“É chocante que eles tenham desistido tão prontamente da definição de homem ou mulher depois que o Estado fez essa alteração, como se a verdade fundamental não importasse”, disse ainda.

Representante LGBT disse que a pergunta é “agressiva”

Jayne Ozanne, outro membro do Sínodo e fundadora da Ozanne Foundation — que trabalha com organizações religiosas em todo o mundo para combater o preconceito e a discriminação de pessoas LGBTQI — descreveu a pergunta feita como “agressiva”.

“Infelizmente, a pergunta do Sr. Kendry é um excelente exemplo de uma pergunta passivo-agressiva projetada para perturbar a comunidade LGBTQI e particularmente os membros trans em nosso meio”, atacou a mulher que se assumiu gay em 2015.

Jayne é uma cristã anglicana britânica que tem feito campanhas para “proteger as pessoas LGBTQI de abusos”. 

“Está na hora desses ataques anti-LGBT acabarem e aprendermos a reconhecer que a vida não é tão preto e branco quanto alguns pensam que deveria ser”, ela disse.

Jane Hamlin, presidente da instituição beneficente Beaumont Society, que apoia pessoas trans, acrescentou: “Estou intrigada por que algumas pessoas são tão obcecadas em definir ‘mulher’. Por que isso pode ser um problema para a Igreja da Inglaterra? Será que as mulheres devem ser tratadas mais favoravelmente ou menos favoravelmente? Por que importa para a Igreja da Inglaterra se alguém é mulher ou não?”, ela questionou. 

“Chegamos ao ponto de ter que defender o óbvio”

Nesta semana, foi levantada a polêmica sobre pessoas trans “de sexo biológico masculino” usarem o banheiro feminino. 

Por defender o que considera “óbvio” — que homem use banheiro de homem e mulher use banheiro de mulher  — o vereador de Belo Horizonte, Nikolas Ferreira, está sendo investigado

Ele destaca que o uso dos banheiros deve ser definido por uma questão de anatomia e não de gênero. “Ser homem ou mulher não é uma questão de sentimento”, destacou.

“É necessário colocar os ‘pingos nos is’, pois quando indivíduos ‘se sentem’ homens ou mulheres, estamos expondo as crianças”, alertou. “Chegamos ao ponto de ter que defender o óbvio”, ressaltou em suas redes sociais. 

“Se hoje eu me sinto homem ou me sinto mulher, vocês são obrigados a aceitar a minha realidade? Isso não é uma questão de aceitação, mas de imposição. Se não aceitamos o que vocês estão falando, somos transfóbicos ou homofóbicos?”, ele levantou a questão. 

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DE THE TELEGRAPH

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