Por John Stott
“...pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!” - Romanos 1.25
De muitas maneiras a igreja de Corinto dava evidência da graça atuante de Deus. Alguns de seus membros, “lavados”, “santificados, “justificados”, haviam sido libertos das profundezas do pecado (1Co 6.11), e outros foram maravilhosamente “enriquecidos” por Cristo “em toda palavra e em todo conhecimento”, de modo que não lhes faltava nenhum dom (1Co 1.5-7). No entanto, a vida interior da igreja parecia estar tristemente contaminada pelo pecado, levando-a a se dividir em muitas facções. “Há contendas entre vós” – Paulo foi obrigado a escrever. “Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo” (1Co 1.11-12). Não há evidência na epístola de que essas divisões fossem de caráter doutrinário, fundadas em posições teológicas divergentes.
Em vez disso, o apóstolo liga as rixas na igreja de Corinto ao que chamaríamos de “culto da personalidade”. Os crentes estavam demonstrando predileção exagerada por um ou outro líder eclesiástico famoso e fazendo comparações ultrajantes entre eles. Paulo ficou horrorizado com a história que ouviu. Aqueles coríntios estavam dando a homens uma lealdade devida somente a Cristo. “Foi Paulo crucificado em favor de vós?” – ele pergunta, atônito, querendo dizer: “Vocês estão pondo a confiança em mim, como se eu tivesse morrido para salvá-los?” “Fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?” (1Co 1.13). Ou seja: “Será que o batismo de vocês colocou-os em união comigo?” Tanto a conversão quanto o batismo cristão tem como foco o próprio Cristo.
Como ousam aqueles coríntios falar e agir como se homens mortais, pecadores, fossem o objeto de sua fé e batismo? E como podiam usar esses slogans que implicavam “pertencerem” a líderes humanos como Paulo, Pedro e Apolo? (...) O vergonhoso culto às personalidades humanas que manchou a vida da igreja de Corínto no primeiro século ainda persiste entre os cristãos, e alguns líderes da igreja ainda recebem dos crentes uma atenção exagerada e inadequada. (STOTT, John. O perfil do Pregador. Ed. Vida Nova. 2005, p. 95,6)
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John Stott foi pastor emérito da Igreja All Souls Langham Place, em Londres, é mundialmente conhecido como teólogo, pastor e evangelista. Desde 1970 viajou pelo mundo inteiro, em especial pelos países do Terceiro Mundo, participando de conferências e palestras para pastores, líderes e estudantes de teologia.
Divulgação: Púlpito Cristão
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