O mimimi nasce no descontentamento. É o resmungar de uma barriga cheia. É o choramingar dos Israelitas que queriam os peixes, pepinos, e melões da escravidão ao invés de desfrutar a liberdade (Nm 11.5).
A atual “geração mimimi”1 reclama de tudo exceto suas próprias falhas. E este sentimento vem corrompendo o meio cristão. O povo de Deus – digo, o povo vitorioso que tem todo motivo para celebrar a esperança e glória em Cristo – se contenta em estar descontente. Nada está bom o suficiente para expressar gratidão. As obras de Deus não são tão maravilhosas assim; tudo está medíocre. E tudo é culpa dos outros.
Quando nos comparamos com outros. Para odiar sua vida basta idolatrar a vida de outrem. Quão rápido esquecemos que toda boa dádiva vem do alto. E assim a inveja alimenta nossa ingratidão. “Cobiçais e nada conseguis. Matais e invejais, e não podeis obter; brigais e fazeis guerras” (Tg 4.1).De fato, as Escrituras não condenem o choro em si. Tudo tem o seu tempo determinado, inclusive o tempo de chorar. Mas as Escrituras condenam a insatisfação por trás dos nossos mimimis. Ela surge de diversas formas:
- Quando esperamos um tratamento especial por sermos cristãos. O simples fato de sermos seguidores de Cristo não nos dá direito as melhores faculdades ou os melhores empregos. O mundo não nos deve tratamento vip por sermos filhos do Rei. Muito pelo contrário. Os mártires descritos em Hebreus 11 dão testemunho que são as tribulações que produzem a perseverança (Rm 5.3).
- Quando não reconhecemos nossas próprias falhas. Tantas vezes bancamos o ‘perseguido’, dizendo ser vitima do preconceito, quando na verdade as pessoas nos detestem, não por sermos cristãos, mas por sermos cristãos chatos, preguiçosos e arrogantes. Queremos tanto apontar o pecado alheio sem lidar com a trave em nosso próprio olho.
- Quando somos insatisfeitos com o Oleiro. Com quanta facilidade reclamamos do que Deus tem feito em nossas vidas! Criticamos a forma que Ele utiliza nós, os seus vasos de barro. “Eu queria mudar o mundo mas estou aqui liderando uma pequena aula mediocre de EBD.” Veja: não pertençamos a mesma massa? Não fomos formados pelas mesmas Mãos Santas? E no fim, não diremos em uma só
voz , “Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer” (Lc 17.10)? Logo, confie na sabedoria soberana do nosso Olheiro. Somos fruto das suas mãos e do seu amor. - Quando tentamos fazer o papel do Espírito Santo. Quantas discussões teológicas se tornam contenciosas porque um quer convencer o outro? E se esquece que é o Espírito Santo que convence da verdade. É Ele que nos edifica na maturidade cristã. Não devemos chorar pitangas quando alguém não concorde conosco. Calma, respire. Ore.
Cristão, da próxima vez que aparece uma oportunidade para fazer mimimi, escolha chorar pelas razões corretas:
- Chore com aqueles que chorem.
- Chore pelos seus próprios pecados. Ao invés de se comparar com os irmãos da sua igreja, compare-se com as Escrituras. E chore em arrependimento.
- Chore pelos pecados do seu país. “O príncipe e o juiz exigem suborno; os nobres impõem seu próprio desejo. Todos eles tramam o crime” (Miquéias 7.3).
- Chore em adoração. Considere o quão grande preço Cristo pagou na cruz; quão maravilhosa esperança é nossa; quão misericordioso é o nosso Deus. Somos co-herdeiros com Jesus Cristo “para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8.17). Pare e pense na eternidade que é reservada para você, pequeno vaso de barro. Viveremos no resplendor daquele que é Santo, Santo, Santo!
1 -A era dos direitos: geração “mimimi” acha que basta bater pé no chão para ganhar tudo de graça, Rodrigo Constantino, veja.abril.com.br
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Do blog pessoal de Daniel Gardner
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