Compartilho aqui algumas lições aprendidas nos vinte anos de ministério estudantil1 completados no início desse ano. Não foi rápido nem fácil aprendê-las. Mas espero que esse breve resumo possa ser útil aos que talvez estejam iniciando uma vida de serviço ao Senhor:
1. É preciso ter mentores. Sempre devemos ter pessoas de referência que nos ajudem no caminho. É essencial prestar contas. Ser pastoreado e cuidado são requisitos obrigatórios para quem quer pastorear e cuidar.
2. É preciso trabalhar em equipe. O que é guiado por estrelismo não gera um ministério sadio; pelo contrário, alimenta a vaidade. Necessito de um ambiente de equipe para trabalhar. E quanto mais capacitados forem os membros de minha equipe, melhor. Ganho mais quando me cerco de pessoas mais inteligentes e capazes do que eu. Temê-las seria minha fraqueza e uma receita para a mediocridade.
3. É preciso ter amigos no caminho. Relações no ministério não devem ser apenas relações formais e profissionais. Dou o melhor de mim quando tenho ao meu lado pessoas em quem confio e que confiam em mim. Afeto, amizade, transparência e cuidado mútuo rimam com um ministério frutífero e saudável.
4. Devo tomar cuidado com os elogios que me fazem. Podem ser reais, merecidos ou exagerados. Não importa o que de fato são. Se acredito em todas as coisas boas que dizem a meu respeito, e se me acomodo na ilusão dessas projeções, a tentação será grande, e o abismo que o segue maior ainda.
5. As críticas servem para crescer. Devo prestar atenção em todas as críticas que me fazem. Elas me ajudam a crescer, a manter um espírito humilde e a cultivar uma atitude disposta para a revisão e correção.
6. As críticas não são o foco principal de minha motivação. Não devo prestar atenção em todas as críticas que me fazem. Se fico obcecado com elas, ou se procuro atender a agenda de todos, é quase certo que perderei o foco principal daquilo a que sou chamado para fazer.
7. Consenso é sempre melhor que votação. Quando há dissensão, não há melhor remédio do que o diálogo e a construção comunitária de um consenso. É melhor conversar, orar, esperar, voltar a dialogar do que precipitar-se e provocar uma divisão e feridas difíceis de serem curadas.
8. Se errar é comum, reconhecer o erro também deveria sê-lo. Não só imagine que você talvez possa errar. Você vai errar! Mas o que fazemos após o erro é sempre a parte mais importante. O melhor é sempre admitir o erro, assumir responsabilidade e estar disposto a voltar atrás ou a reparar o erro, se estiver ao seu alcance.
9. Trabalhar é bom, mas não com o sacrifício da família. Se você não tem prazer algum no seu trabalho, avalie se é possível redirecionar o foco e o rumo daquilo que você faz. Mas se você ama o que faz, ou é pressionado no trabalho com demandas extras e pouco realistas, nessas duas situações há riscos. Porque em ambas é necessário cuidar-se para não se dedicar ao trabalho de tal modo que sacrifique o tesouro mais precioso que Deus lhe deu: sua família e seus amigos.
10. Aprender e continuar crescendo são metas para toda a vida. Pense sempre em como você pode continuar realizando sua vocação de maneira melhor do que a realiza hoje. Prepare-se, busque novos desafios, aperfeiçoe os talentos que você já tem e encare a aventura de buscar desenvolver novas capacidades. A acomodação o leva à morte, sendo que gratidão, humildade e iniciativa são chaves que nos abrem portas para as novas etapas da vida.
Celebro esses vinte anos buscando aplicar essas dez lições em minha vida e vocação. Espero que com sua ajuda eu possa aprender tantas outras mais para os próximos anos.
Nota
1. Felizes anos de trabalho na Aliança Bíblica Universitária (ABU), na Comunidad Bíblica Universitaria (CBU Uruguai) e na Comunidade Internacional de Estudiantes Evangélicos (CIEE/IFES).
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