segunda-feira, 2 de março de 2020

Jesus não era uma mulher negra e nem foi um jovem baleado


Jesus não era uma mulher negra, nem foi um jovem pobre morto à bala. Isso não faz de Jesus menos sensível à causa dos que sofrem e são oprimidos nos grandes centros urbanos contemporaneamente. Só não faz a imagem do Deus invisível compatível com as imagens selecionadas pela escola de samba Mangueira para desfilar na Sapucaí.


E não vou entrar no mérito de discutir sobre a compatibilidade ou não da perseguição que Cristo sofreu pelo Império Romano com as perseguições cotidianas nas ruas de nossas cidades — outro tema presente no enredo da escola. Há quem defenda que existem estruturas imperiais análogas em vigência atualmente. Sendo anacronismo ou não, a intenção foi selecionar figuras de vítimas contemporâneas e pateá-las com o sofrimento de Cristo.

Vale dizer que, no fundo, a questão não é o instrumento nem as circunstâncias. Ao lado de Jesus foram crucificados outros dois indivíduos (ou seja, mesmo instrumento e mesmas circunstâncias), e ainda assim ninguém faz carro alegórico para eles. No fundo, a questão toda é sobre a imagem. E é isso que vou me ocupar aqui brevemente.

Existe um grande problema quando se pensa que a imagem de Jesus enquanto um homem hebreu pode ser alterada aleatoriamente. Até mesmo o caso mais sensível e a vulnerabilidade mais urgente de uma sociedade não tem essa autoridade de ser compatibilizado integralmente com a imagem do servo sofredor crucificado. Isso porque, quando se muda a imagem do Jesus homem por uma mulher, uma pessoa trans, ou quem quer que seja, mudamos toda a religião cristã.

Parece hiperbólica essa afirmação, mas quem chegou a essa conclusão foi C. S. Lewis em um importante artigo contra a ordenação de mulheres pela igreja anglicana na década de 50 do século passado. O núcleo de seu argumento é que, ao contrário do que dizem, gênero, sexualidade, contexto histórico são importantíssimos para o cristianismo. Não são para aqueles que, a semelhança da escola de samba, trocam homens por mulheres como se movessem formas geométricas. Mas para nós, cristãos, tais diferenças são incontornáveis.

Para entender isso, Lewis propõe um exercício muito simples. Basta responder se podemos orar à “Mãe nossa que está nos céus” tanto quanto ao “Pai nosso”,se a segunda Pessoa da Trindade poderia muito bem ser chamada de Filha ou de Filho, se o casamento místico poderia ser invertido — que a Igreja fosse o noivo e que Cristo fosse a noiva, ou mesmo duas noivas. É claro que, apesar de tais trocas estejam sendo feitas cotidianamente, elas alteram sensivelmente a estrutura toda da narrativa bíblica.

Nesse caso, a pergunta se nós podemos alterar esses quadros sem mexer com toda a estrutura da religião cristã revelada nas Escrituras, recebe uma resposta, obviamente, negativa. Os cristãos levam muito em consideração a sexualidade humana, a posição concreta de cada um na história e a violência dos impérios. Mas sabemos também que uma criança que aprendeu a orar a uma mãe nos céus teria uma vida religiosa radicalmente diferente de uma criança cristã. Justamente porque gênero importa.

Nesse caso, diante de tudo isso, não estamos sendo fiéis ao espírito da religião cristã quando compatibilizamos o sacrifício de Cristo com a morte de qualquer outra pessoa em nossas sociedades atuais. Estamos mudando toda a religião. Estamos sendo fiéis ao espírito do nosso tempo.

Rejeitarmos essa tentativa de compatibilização por parte da escola de samba não nos faz insensíveis aos dados alarmantes de violência no Brasil. Mas mostra que na agenda política genuinamente cristã existem outras expectativas, outras confianças e outras formas de amar. Não corrigimos um homem ou um marido ruim mandando ele se tornar uma mulher. Não existe cura na desconstrução.



Autor: Pedro Lucas Dulci é pastor, filósofo, teólogo e escritor. É graduando em teologia pelo Seminário Presbiteriano Brasil Central, doutorando em filosofia pela Universidade Federal de Goiás e pastor auxiliar na Igreja Presbiteriana Bereia, em Goiânia (GO).

Fonte: Voltemos ao Evangelho

O falso evangelho na Sapucaí




Não, o Evangelho não estava na Sapucaí e o que a Mangueira mostrou não é o Cristo das Escrituras. O fato de Cristo ser mostrado entre os pobres não faz disto um retrato do que temos nos evangelhos canônicos. De fato, Jesus se fez carne e se fez pobre. Ele pregou para “periféricos” e escolheu 12 homens comuns para dar continuidade ao seu ministério. Mas…

Não podemos santificar a pobreza e confundir as ideologias sociais com o Evangelho. Cristo foi rejeitado pelos “periféricos” de Nazaré (Veja Marcos 6.1-6). Foi abandonado pela multidão que tinha sido alimentada com pães e peixes quando ele começou a pregar aquilo que eles não desejavam ouvir (Veja João 6). Os pobres estavam na turba dos zombadores no momento da crucificação. Os pobres também gritaram o nome de Barrabás…

Diante do Cristo que é divino e humano, ninguém é justo (Romanos 3.23). Pobres e ricos serão condenados caso não se convertam ao Jesus crucificado e ressurreto para perdoar pecados. Agora não é conversão a discurso ideológico que usa Jesus como um verniz para mascarar a ideolatria que salvará. Isso é auto-engano e só piora a condição de cegueira espiritual do pecador.

Não houve Evangelho na Sapucaí. Houve sincretismo, houve sensualidade, houve blasfêmia e caricatura do Messias. Quem acha que Jesus estava no desfile da Mangueira e se diz cristão está precisando rever se está vivenciando seu cristianismo com as lentes da canonicidade ou das ideologias deste século.

Jesus não pertence a nenhuma ideologia. Ele não está em sambódramos, assim como não está em slogans de governo. Os cristãos no Brasil precisam dar um basta na ideologização da fé. As ideologias passarão. O SENHOR e a sua Palavra jamais passarão.

Ao cristão não compete adotar nenhuma visão ideológica. Ao invés disso, ele deve se portar como peregrino neste mundo, envolvendo-se naquilo que é convergente à ética cristã e desprezando o que fere os princípios bíblicos. A tal denúncia feita ao “sistema capitalista” pela Mangueira pode ter seus pontos legítimos, o problema é a forma como tenta dar as respostas ao sistema econômico vigente.

É importante endossar que as mazelas do capitalismo são oriundas da natureza adâmica e que a alternativa não seria a troca de regime, ou como dizem os socialistas, a revolução. Mudar as estruturas de poder não resultará numa sociedade perfeita, pois o pecado ainda residirá nos corações humanos. Além do mais, a solução sugerida pelo marxismo, quando posta em prática, gerou muito mais injustiças e opressão.

Governos tirânicos assassinaram milhões de pessoas e cercearam a liberdade dos seus cidadãos. Não há um registro positivo na história onde quer que o socialismo tenha sido implantado. A Revolução não é o caminho. A engenharia social é uma tremenda cilada. Biblicamente falando, é possível ter posses – até mesmo enriquecer – e mesmo assim ser alguém justo e que promove o bem para o próximo. Não devemos esquecer o princípio da mordomia cristã que, grosso modo, afirma que o que temos não pertence a nós mesmos.

Com este tipo de mentalidade podemos viver o desapego material, procurar uma vida modesta, sem esbanjar futilidades e fugir do consumismo desenfreado. É possível que um empresário bem-sucedido seja ético e com seu empreendimento promova os valores cristãos, pagando dignamente aos seus funcionários, honrando com seus compromissos fiscais, gerando mais empregos e doando parte dos lucros da empresa para incentivar pesquisas científicas que serão socialmente benéficas, organizações beneficentes e até agências missionárias. Mas isso é assunto para outra hora…

Só seremos sal e luz se vivenciarmos as Escrituras. Misturar Jesus com elementos de esquerda ou da direita só vai custar caro para a Igreja, no futuro. Isso não é salgar, é deixar insosso achando que salgou. Que a Luz de Cristo resplandeça em cada cristão e o torne peregrino rumo a Cidade Celestial, e não sambista rumo a linha de chegada da Sapucaí.


Fonte: Voltemos ao Evangelho.


Autor: Thiago Oliveira é pastor da Igreja Evangélica Livre no Brasil e Professor de Teologia no STPN-Recife. É graduado em Teologia, em História e tem especialização em Ciência Política. É casado com Samanta e pai de Valentina.

domingo, 1 de março de 2020

Deltan Dallagnol diz que cristãos podem ajudar a combater cultura da corrupção no Brasil




O coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, falou sobre o combate à corrupção na 22a edição da Consciência Cristã, em Campina Grande.


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Deltan Dallagnol falou a milhares de evangélicos em Campina Grande, na Paraíba. (Foto: Wellington Junior/Consciência Cristã)


O procurador e coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, falou na sexta-feira (21) sobre o combate à cultura da corrupção no Brasil na 22a edição da Consciência Cristã, evento realizado em Campina Grande, na Paraíba.

Diante do contexto do Brasil, que chegou a ser considerado 4º país mais corrupto do mundo pelo Fórum Econômico Mundial em 2016, Dallagnol disse que é motivado a lutar contra a corrupção por causa do “sofrimento humano que ela causa”.

“Doenças pela falta de tratamento de esgoto, saneamento básico, longas filas em hospitais, mortes em estradas ruins, desigualdade de oportunidade, educação pobre, falta de segurança pública e tantos outros problemas”, afirmou o procurador. 

Dallagnol, que é membro da Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba, indicou comportamentos que os cristãos podem adotar para combater a “cultura da corrupção” instalada no país.

Uma delas é a criação de uma cultura que incentive a honestidade e o comportamento ético dentro das organizações religiosas. Ele sugeriu aos pastores a criação de mecanismos como a prestação de contas e transparência de gastos e receitas em suas igrejas, segundo o jornal Gazeta do Povo.

Dallagnol esclareceu que essa não é uma causa exclusivamente religiosa, mas “tem tudo a ver com o que os cristãos acreditam”. Ele acredita que o combate à corrupção faz parte da cosmovisão do cristianismo, que tem como pilares a integridade, a luta pela justiça social e o serviço ao próximo.

“O cristão é um agente de transformação da sociedade. Por isso, é preciso sofrer junto com as pessoas que sofrem pelo descaso no serviço público por conta de desvios de dinheiro”, disse.

Para o procurador, “lutar contra a corrupção é uma questão de compaixão, de amor ao próximo, de serviço à sociedade e de realização de direitos humanos. Tem tudo a ver com a parábola do bom samaritano”.



Deltan Dallagnol falou sobre ética e combate à corrupção no evento Consciência Cristã. (Foto: Wellington Junior/Consciência Cristã)

Baseado em experiências científicas como o "teste de conformidade" do psicólogo Solomon Asch, Dallagnol explicou que um grupo de pessoas pode influenciar nossas próprias decisões, mesmo quando temos consciência dos erros. "Somos influenciáveis à desonestidade”, afirmou.

Ele mencionou estudos que indicam fatores que afetam o comportamento ético das pessoas, como a ausência de regras, ambiente de competição excessiva ou humilhação e estabelecimento de metas irrealistas.

“A Operação Lava Jato fez uma tomografia, um exame de ressonância magnética e expôs as entranhas do mecanismo da corrupção política brasileira. As pessoas se corromperam porque, se não se corrompessem, não estariam mais lá”, disse ele. “Corrupção não é um problema partidário, é estrutural”.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA GAZETA DO POVO



Índia: pastores são presos por supostas conversões forçadas

Cristãos indianos enfrentam pressão crescente conforme nacionalismo hindu avança no país


Cristãos indianos enfrentam pressão crescente conforme nacionalismo hindu avança no país

Governo do estado de Uttar Pradesh quer pôr fim às conversões ao cristianismo até 2024

Pastores na Índia estão sendo ainda mais monitorados por oficiais do governo, é o que afirma uma fonte local da Portas Abertas. De modo especial no estado de Uttar Pradesh, no centro-norte da Índia, onde nacionalistas hindus acusam missionários cristãos de imporem a fé cristã sobre pessoas vulneráveis. A Assembleia Mundial de Hindus, conhecida como VHP, que é parte da organização nacionalista hindu Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), identificou 30 localizações em oito distritos no estado em que ocorriam “conversões forçadas”.
Conversões forçadas ou involuntárias são punidas com multa ou pena de prisão em oito estados indianos. A lei geralmente é usada para perseguir os cristãos. Uttar Pradesh ainda não tem essa lei, mas há uma proposta de lei sendo analisada pelo governo.
“Vários pastores e líderes cristãos, nessas 30 áreas, foram falsamente acusados de conduzir conversão fraudulenta e estão presos. Ano passado houve vários casos de prisões e de cultos proibidos nessas áreas”, afirma a fonte da Portas Abertas. O líder cristão de Allahabad, Raphy Manjaly, disse que as acusações eram falsas e enganosas. Ele afirmou que “a igreja na Índia não promove nem propaga conversão religiosa” e pediu evidências das supostas conversões forçadas.
Um analista de perseguição da Portas Abertas observa: “Uttar Pradesh, o estado mais populoso da Índia, é atualmente um dos estados mais difíceis para um cristão viver. Desde que o partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP) assumiu o governo, em março de 2014, a situação para os cristãos piorou”. O estado tem um dos mais altos níveis de violência contra cristãos.
Campanha de reconversão
Com o objetivo de pôr fim às conversões em Uttar Pradesh até 2024, o VHP lançou uma campanha de “reconversão”. O presidente da organização disse: “Cada família hindu deve seguir as tradições da religião estritamente e não copiar o Ocidente”. Para os extremistas hindus, “conversão” é um problema quando se trata de hindus se tornando cristãos, mas não o contrário. “Aos olhos deles, a conversão de volta ao hinduísmo não é conversão, é um regresso à casa ou ghar wapsi (em hindi, língua da Índia). Isso deve ser encorajado”, explica o analista.
Em novembro de 2018, o ministro de Estado de Uttar Pradesh, apoiado por oficiais do BJP, pressionou 25 famílias cristãs em Ghazipur a se converter ao hinduísmo. “Temos que ter muito cuidado e vigiar porque em nome do ghar wapsi eles usam táticas para seduzir pessoas pobres, principalmente os dalits e povos tribais”, alerta Manjaly.
Devido ao aumento da perseguição na Índia, a Portas Abertas também tem se empenhado em dobrar o socorro à Igreja Perseguida no país e por isso lançou a Campanha Global Índia. Sua contribuição é vital para que nossos irmãos indianos sejam assistidos e fortalecidos em meio à crescente pressão que enfrentam. Eles contam com você! Doe e seja a resposta de oração deles.

Fonte: Portas Abertas

Irã coloca pressão em famílias cristãs que fugiram

Os três cristãos receberam liberdade antecipada da justiça iraniana

Relatório mostra as dificuldades enfrentadas pelos cristãos, principalmente convertidos do islamismo, no país


De acordo com relatório, muitos cristãos são presos, mas nem todos os casos se tornam públicos
De acordo com relatório, muitos cristãos são presos, mas nem todos os casos se tornam públicos
Autoridades iranianas colocam pressão em famílias de cristãos que fugiram do país, de acodo com novo relatório. “Em um movimento sem precedentes das forças de segurança iranianas, houve diversos relatos em 2019 de familiares de cristãos iranianos que vivem no exterior sendo perseguidos, mesmo que eles mesmos não sejam cristãos”, segundo relatório que destaca a situação dos cristãos no Irã em 2019.
O relatório, organizado pela Portas Abertas e pelas organizações de defesa da liberdade religiosa Article 18Middle East Concern Christian Solidarity Worldwide, apresenta que cristãos iranianos enfrentaram contínuas violações à liberdade religiosa em 2019. As organizações chamaram o relator especial das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos no país, Ahmed Shaheed, “para investigar os contínuos maus-tratos de cristãos e outras minorias religiosas no Irã”.
Enquanto a Constituição iraniana reconhece os cristãos como uma minoria religiosa com o direito de “exercer suas cerimônias religiosas nos limites da lei”, o governo aplica isso apenas aos cristãos da Armênia ou descendentes assírios, por serem considerados parte da cultura e história do Irã. Ainda assim, essas comunidades não têm permissão de ter nenhum material religioso em persa e também não estão isentas de invasões, como relatado pelo World Watch Monitor no ano passado.
A maioria dos cristãos no Irã são convertidos do islamismo, entre 250 e 550 mil, e, por ter apenas quatro igrejas de fala persa no país, eles se reúnem nas casas para orar, estudar a Bíblia e adorar.
Esses convertidos cristãos são o principal alvo do governo, por isso vivem como cristãos secretos. Líderes religiosos e governamentais os retratam como apóstatas que deveriam ser mortos, segundo o relatório. Em 2019, agências de segurança invadiram igrejas domésticas, confiscaram celulares e materiais religiosos e fecharam prédios de igrejas. Filhos de cristãos convertidos tiveram negados certificados que precisariam para continuar sua educação.
Diversos cristãos foram sentenciados à prisão, pegando de 4 meses a 5 anos. Ao final de 2019, foram relatados 17 casos de cristãos presos pela fé, mas, de acordo com o relatório, o verdadeiro número pode ser maior, pois nem todos os casos são tornados públicos ou relatados.
Os desafios enfrentados por um cristão secreto envolvem ainda mais pressão do que as situações vividas em meio à perseguição em geral. Por meio de estudos da Bíblia, o corpo de Cristo se fortalece, estando preparado para viver a vida cristã em qualquer situação. Com uma doação, você possibilita que um cristão de um dos países do Top 10 receba treinamento bíblico.

Fonte: Portas Abertas


sábado, 29 de fevereiro de 2020

TODO CARNAVAL TEM SEU FIM

Com o título desse texto, cito Los Hermanos, que cantam a fugacidade da alegria do carnaval na música com o mesmo título desse texto que você está lendo, leitor. Roberta Sá chama esse tempo de festa de “outra ilusão” (Novo Amor), embora também peça um amor “que pelo menos dure enquanto é carnaval” em outra canção (Cicatrizes). Vinicius de Moraes e Tom Jobim igualmente não colocavam muita fé na principal festa nacional, pois a chamaram de “grande ilusão” (A Felicidade).
A grande culpada pelo fim da alegria é a pobre quarta-feira de cinzas: “quarta-feira, queira ou não queira terminou o carnaval” (Roberta Sá, Novo Amor), “e tudo se acabar na quarta-feira” (Tom e Vinicius, A Felicidade). Dos dias de festejo, afirmava Nara Leão, “saudades e cinzas foi o que restou” (Marcha de Quarta-feira de Cinzas).
As cinzas da quarta supracitada são reminiscências do caráter religioso da festa, lembranças do outrora costume no Crescente Fértil de usá-las como marca de humilhação ou contrição: “Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza” (Dn 9.3) e “chegou esta notícia ao rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou de si as vestes reais, cobriu-se de pano de saco e assentou-se sobre cinza” (Jn 3.6).
Carnaval, atestam o Houaiss, a Britannica e Pasquale, provavelmente vem de carne levare (remover a carne), referência à restrição alimentar católica na quaresma. A terça gorda (“mardi gras” en français), mais conhecida como terça de carnaval, era um dia de grande festa porque as pessoas limpavam suas despensas de coisas como manteiga, ovos, queijos, carnes e faziam refeições mais, digamos assim, gordas – daí o hábito de alguns países europeus de fazer e comer panquecas e waffles nesse dia pouco fitness. Segundo o historiador britânico Peter Burke (Cultura Popular na Idade Moderna), as pessoas comiam, num dia, dois meses de despensa e carne suficiente para viajar do oeste europeu (França, por exemplo) para Constantinopla ou para a América. Também bebiam como se não houvesse amanhã.
Não é unanimidade que o carnaval se originou da tentativa da Igreja Católica de cristianizar festas da antiguidade pagã (dionisíaca e/ou saturnália), mas que a festa virou algo completamente anticristão é um fato. O aspecto religioso restou apenas na história. Para Roberto Damatta, antropólogo brasileiro, a festa significa, dentre outras coisas, um tempo de deixar a rotina, que, segundo ele, nos atormenta com a disciplina, para ter um tempo de ser feliz: “antes da disciplina rígida que manda ‘abandonar a carne’ (carne levare), a orgia” (O que diz o Carnaval?).
A Lógica do carnaval não é errada apenas porque se tornou uma festa completamente libertina. A própria perspectiva religiosa dela é equivocada. A ideia de liberação para o pecado ou para excessos por trás do carnaval católico, como mostra Abraham Kuyper (Calvinismo), é a expressão máxima da visão católica dualista que faz uma cisão, esquizofrenia purinha, entre sagrado e profano. Nessa cosmovisão, a santidade diz respeito apenas aos aspectos religiosos da vida (família, missa e dias santos) enquanto as outras esferas da vida pertencem à própria pessoa (amante, trabalho e os outros dias do calendário).
Escritura afirma que “Deus é o Rei de toda a terra” (Salmo 47.7), para citar apenas um exemplo das inúmeras passagens que falam do controle absoluto dEle sobre tudo que existe. Tem gente, todavia, que pensa que existem “setores” de sua vida que ela pode orientar à revelia do Todo-Poderoso. Ao invés de viver para a glória do nosso Criador e Salvador na totalidade da vida, tal pessoa pensa que o carnaval não é da conta de Deus, pois nesses dias é dada à carne a oportunidade de “esvaziar até a última gota o copo cheio de prazer, se não de euforia e insensatez, antes de retirar-se para o vale da contrição” (Kuyper, Calvinismo).
Leitor cristão, Deus quer sua vida toda. Não existem esferas/setores ou dias de sua vida que nosso Pai não queira transformar. Cristo morreu para santificar você por completo (todos os aspectos de sua existência) e completamente (Ele, no último dia, consumará essa obra).
Já você, leitor não cristão, não se iluda, a própria MPB atesta (vimos no início desse texto), para usar uma linguagem bíblica do Livro de Eclesiastes, que colocar o sentido da vida nos dias de prazer desenfreado do carnaval é vaidade, inutilidade, é correr atrás do vento. A verdadeira felicidade, diferente do carnaval, não tem fim, afinal: “[na eternidade, os crentes] jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima” (Ap 7.15-17).
Ainda não podemos aproveitar na história o total esplendor das alegrias da eternidade, mas os ensaios já começaram.
Rev. Flávio Américo

"A Nigéria é um rio de sangue", dizem rabino e pastor sobre massacre de cristãos



Os terroristas não poupam nem as crianças, que quando não são vitimadas, são testemunhas das atrocidades contra seus pais. 




Cristãos fazem enterro coletivo de vítimas de terroristas islâmicos na Nigéria. (Foto: Reprodução/Christian Today)


“Foi a fé que nos obrigou a viajar para a Nigéria na semana passada para ver por nós mesmos a crise que ameaça partes do país mais rico e populoso da África”, disseram o rabino Abraham Cooper e o reverendo Johnnie Moore.


Abraham Cooper é o reitor associado do Simon Wiesenthal Center e Johnnie Moore é o presidente do Congresso de Líderes Cristãos dos EUA.




Rabino Abraham Cooper, reitor associado do Simon Wiesenthal Center. (Foto: Reprodução/The Jewish Star)


Eles justificaram suas presenças no país assolado pelo terrorismo islâmico como uma ordenança bíblica: “Não fique à toa”, ordena o Livro de Levítico, “quando o sangue do seu próximo estiver sendo derramado” (19:16).


Os dois líderes disseram que “o sangue está fluindo como um rio” por aquele extenso país e está sendo derramado nas mãos dos terroristas islâmicos do Boko Haram e de homens da tribo sem lei.



Eles contam dezenas de relatos de vítimas que passam por “sofrimento quase incompreensível”.



Rev. Johnnie Moore, presidente do Congresso de Líderes Cristãos dos EUA. (Foto: Reprodução/Rather Expose Them)


“Uma menina de 9 anos nos contou sobre assistir terroristas assassinando seus pais e irmãos com facões. Um pastor cuja igreja havia sido destruída duas vezes se encontrou conosco logo depois de negociar a libertação de duas membros da igreja sequestradas pelo Boko Harem, a caminho de uma celebração de Natal. As jovens ao lado dele, recém-libertadas, ainda mostram sinais de choque”, relatam em entrevista ao New York Post.


“Eles contaram como os terroristas os capturaram em seu ‘posto de controle’ próximo de um posto da polícia estadual. Uma das jovens era suficientemente esperta para manter o telefone ligado e escondido. Isso permitiu que as autoridades locais os localizassem. No entanto, as tropas do governo que chegaram a uma distância visual das meninas optaram por não resgatá-las”, disseram os líderes.



Outro caso aterrador é o de um pastor que decidiu resolver o caso de sequestro de algumas mulheres. Ele começou a se comunicar com os terroristas. O resgate exigido era considerado uma fortuna para qualquer pessoa em sua cidade modesta. Assim, o pastor vendeu praticamente todos os seus bens, como outros membros da igreja, para pagar os mil dólares necessários para salvar aquelas mulheres.


Arriscando a própria vida, o pastor dirigiu-se para o local designado para a troca, na esperança de que os terroristas cumprissem o acordo que haviam feito; felizmente, eles cumpriram.

Eles dizem que outras histórias não terminaram tão felizes. “Conhecemos homens de uma aldeia arrasada inteiramente pelos islâmicos. Os meios de subsistência foram sabotados, as famílias massacradas. Os terroristas esperaram até o meio da noite antes de atacar homens, mulheres e crianças com armas e facões. Sequestro não era do gosto deles. Eles começaram incêndios, depois desencadearam uma horrível limpeza étnica”, relatam.

A história de cada vítima parecia terminar com as palavras "existem milhares mais como nós".

Eles lembraram o caso de Leah Sharibu, a quem chamam de um” símbolo de coragem”.

“Essa adolescente cristã tinha 14 anos quando, em um ato de fé heroica, ela se recusou publicamente a se converter ao Islã, apesar das ameaças de seus captores terroristas encharcados de sangue. Aconteceu que estávamos lá no segundo aniversário de seu sequestro”, disseram.

Autoridades passivas

O presidente muçulmano da Nigéria, Muhammadu Buhari, compartilhou o testemunho cristão de Leah em uma declaração publicada em um importante jornal enquanto Abraham Cooper e Johnnie Moore estavam no país.





O presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari. (Foto: Reprodução/Reuters)


"Leah permanece nas mãos dos terroristas", disse Buhari. "Eles dizem que é porque ela se recusa a renunciar à sua fé cristã. Dizemos que nenhuma pessoa tem o direito de forçar outra a mudar sua fé contra sua vontade, e que toda a vida é sagrada.”

Eles dizem que Buhari estava certo em fazer esses pronunciamentos, assim como os líderes cristãos fazem pronunciamentos semelhantes quando as vítimas são muçulmanas.

“No entanto, sua administração dominada pelos muçulmanos deve trabalhar mais para criar confiança entre o norte islâmico, o sul cristão e o meio misto do país. Dado que os terroristas praticam a jihad com cânticos de ‘Allahu Akbar’, não é surpresa que a vítima e o agressor vejam o conflito em termos religiosos”, criticaram.

“Certamente, existem muitos imãs que denunciam o sequestro de sua fé pelo Boko. Mesmo assim, os terroristas estão conseguindo travar um tipo de guerra santa”, dizem.

“A Nigéria deve tomar medidas para defender seus cidadãos das ameaças terroristas, para levar à justiça os assassinos, incendiários, sequestradores e estupradores. A alternativa é uma tempestade terrorista que poderia desestabilizar o país e a África Ocidental como um todo”, alertam.

Envolvimento americano

Os dois líderes dizem que os EUA deveriam entrar na questão. “Por que a América deveria se importar? Para começar, um estado nigeriano fracassado seria um desastre para seu povo, África e Estados Unidos. Mesmo que 5% da população jovem e massiva da Nigéria seja atraída para apoiar o Boko Haram, que prometeu lealdade ao Estado Islâmico, isso faria as ameaças islâmicas que irradiavam do Afeganistão parecerem brincadeira de criança”, afirmam.

Os dois concorram que tal situação poderia criar uma crise de refugiados mais aguda do que a desencadeada pelo conflito sírio. O” mundo poderia encontrar-se administrando uma perigosa mistura de terrorismo religioso (islâmico) por atores não estatais, intensificada pela desconfiança étnica, todos propensos à exploração por atores malignos como o regime iraniano”.

O cenário previsto é um dos motivos para que os EUA entrem na questão nigeriana: “Acreditamos que os Estados Unidos devem nomear um enviado especial para a região para trabalhar com o governo da Nigéria para enfrentar imediatamente os desafios de segurança da região”.

Abraham e Johnnie também entendem que “líderes religiosos de todas as religiões devem se solidarizar uns com os outros, desafiando o ódio que os terroristas pretendem fomentar”.

“Como um dos líderes cristãos mais influentes da Nigéria nos disse, ‘ontem foi o melhor dia para agir’. Em uma reunião separada, um dos imãs mais importantes do país disse praticamente o mesmo. Eles estão certos. O tempo está se esgotando”, concluíram.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO NEW YORK POST

2,5 milhões de pessoas são isoladas após infecção de coronavírus em igreja na Coreia do Sul


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Todos os membros da Igreja de Jesus o Templo do Tabernáculo do Testemunho serão examinados.

Trabalhadores com equipamento protetor usam desinfetante em spray contra o novo coronavírus em frente à igreja em Daegu, na Coreia do Sul, nesta quinta-feira (20). (Foto: Kim Jun-beom/Yonhap via AP)

Trabalhadores com equipamento protetor usam desinfetante em spray contra o novo coronavírus em frente à igreja em Daegu, na Coreia do Sul, nesta quinta-feira (20). (Foto: Kim Jun-beom/Yonhap via AP)

O prefeito de Daegu, Kwon Young-jin, orientou os moradores a ficarem em casa depois que 90 pessoas que participavam de um culto na Igreja de Jesus o Templo do Tabernáculo do Testemunho mostraram sintomas de infecção por coronavírus e dezenas de casos novos foram confirmados.
Uma mulher de 61 anos que foi diagnosticada, conhecida como “paciente 31”, esteve na igreja, e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia descreveu o surto local como um “evento de supercontágio”.
“Estamos em uma crise inédita”, disse Kwon aos repórteres, acrescentando que todos os membros da igreja serão examinados. “Pedimos a eles que fiquem em casa, isolados de suas famílias.”
Quarta maior cidade da Coreia do Sul, as ruas de Daegu ficaram desertas nesta quinta-feira (20), e os moradores se refugiaram dentro de casa depois que foi constatado o contágio das dezenas de pessoas que estiveram na igreja.
Os shopping centers e cinemas desertos de Daegu, cidade de 2,5 milhões de habitantes, se tornaram uma das imagens mais impactantes fora da China de um surto que autoridades internacionais estão tentando impedir de se tornar uma pandemia global.
Novas pesquisas que indicaram que o vírus é mais contagioso do que se pensava inicialmente aumentaram o alarme. Na China, onde o vírus já matou mais de 2.100 pessoas, autoridades mudaram a metodologia usada para relatar infecções, criando novas dúvidas sobre dados que citaram como prova de que sua estratégia está funcionando.
Descrevendo as ruas vazias, o morador Kim Geun-woo, de 28 anos, disse à Reuters por telefone: “É como se alguém tivesse soltado uma bomba no meio da cidade. Parece um apocalipse zumbi.”
Atualmente, a Coreia do Sul tem 104 casos confirmados da doença semelhante à gripe, e registrou sua primeira morte.
Cientistas da China que estudaram material coletado de nariz e garganta de 18 pacientes infectados com o vírus disseram que ele se comporta muito mais como a influenza do que outros vírus bastante relacionados, insinuando que ele pode se disseminar mais facilmente do que se acreditava.
Em ao menos um caso, o vírus estava presente apesar de o paciente não ter sintomas, indicando que pacientes assintomáticos podem propagar a doença, escreveram elas nas conclusões preliminares publicadas no periódico científico New England Journal of Medicine.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO TERRA

GIDEÃO: CRER É A VITÓRIA



Juízes 7.1-25

O pregador e escritor norte-americano Vance Havner ao falar sobre Hebreus 11, disse que, pelo fato de Moisés ser um homem de fé, podia “VER O INVISÍVEL, ESCOLHER O IMPERECÍVEL E FAZER O IMPOSSÍVEL”. Ainda hoje nós precisamos ouvir mensagens assim que nos desafiam a viver pela fé´. Mas vivemos em uma atualidade onde homens de fé parecem que estão faltando hoje na igreja, especialmente notáveis por glorificar a Deus por meio de grandes atos de fé.
Lembre-se de que a fé não depende de como nos sentimos, daquilo que vemos nem do que pode acontecer.
O relato tão conhecido e empolgante da vitória de Gideão sobre os midianitas é, na verdade, uma história de fé que nos desafia a crermos na palavra de Deus e a viver esta palavra de maneira prática em nossos dias. Este texto nos revela três princípios importantes sobre essa fé. Se queremos ser vencedores e não vencidos diante dos inimigos que estão diante de nós, precisamos ver o que a Palavra de Deus nos ensina nesse texto.
1 . DEUS PROVA NOSSA FÉ ( JZ 7 :1-8 )
Quando olhamos para o texto de Juízes 7.1-8 podemos contemplar Deus provando a fé de Gideão ao falar-lhe sobre a quantidade de pessoas que se encontrava com ele,  e assim levou Gideão a fazer uma peneirada daqueles soldados.
A primeira peneirada (vv. 1-3). Deus testou a fé de Gideão ao peneirar os 32 mil voluntários até que restaram apenas trezentos homens. Se a fé de Gideão tivesse sido do tamanho de seu exército, então não teria sobrado muita coisa depois das peneiradas de Deus! Menos de 1% do contingente inicial acabou seguindo Gideão até o campo de batalha. As palavras de Wisnton Churchill sobre a Força Aérea Britânica na Segunda Guerra Mundial certamente se aplicam aos “trezentos homens de Gideão: “No campo dos conflitos humanos, nunca tanta gente deveu tanto a tão poucos”.
Deus explicou a Gideão o motivo de estar diminuindo seu exército: não queria; que os soldados se vangloriassem de que haviam vencido os midianitas. As vitórias alcançadas pela fé glorificam a Deus, pois ninguém é capaz de explicar como ocorreram. “Se você é capaz de explicar o que está acontecendo em seu ministério, então é porque não foi Deus quem fez”, disse o Dr. Bob Cook. Quando trabalhava no mistério Mocidade para Cristo, costumava: ouvir os líderes pedirem em suas orações: “Senhor, mantenha sempre o trabalho de Mocidade para Cristo funcionando à base de milagres”. Isso era viver pela fé.
Ao ordenar que os soldados temerosos que voltassem para casa, Gideão estava apenas obedecendo à lei que Moisés havia dado: Qual o homem medroso e de coração tímido? Vá, torne-se para casa, para que o coração de seus irmãos se não derreta como o seu coração” (Dt 20:8). “Deus não pode usar homens trêmulos e temerosos”, disse George Campbell Morgan (Reverendo Doutor George Campbell Morgan D.D. era um evangelista britânico, pregador, um dos principais professores da Bíblia e um autor prolífico. Sua mensagem era poderosa e o seu segredo era uma clara, límpida e penetrante exposicão do texto sagrado, que cativava a todos os ouvintes. Ele foi chamado o príncipe dos expositores. Apesar de nunca ter ido a um seminário, ele ultapassou seus colegas por tremenda dedicação em horas diárias de estudo da palavra). “O problema hoje em dia é que os homens trêmulos e temerosos insistem em permanecer no exército. Uma redução de membros que peneira da igreja os amedrontados e vacilantes é um ganho imenso e glorioso”.
Não se pode confiar numa fé não testada. Costuma-se pensar que a fé não passa de um “sentimento cheio de calor e de aconchego” ou, quem sabe, há os que simplesmente “acreditam na fé”.
            De acordo com J. G. Stipe, “a fé é como uma escova de dente: todo mundo deve ter uma e usá-la com frequência, mas não é recomendável usar a de outra pessoa”.
Podemos cantar em alta voz sobre a fé dos antigos, mas não podemos exercitar a fé de nossos pais.  Podemos seguir homens e mulheres de fé e participar de seus grandes feitos, mas não teremos sucesso em nossa vida pessoal dependendo apenas da fé de outrem.
Há pelo menos dois motivos pelos quais Deus prova a nossa fé: em primeiro lugar, a fim de nos mostrar se nossa fé é verdadeira ou se não passa de uma imitação e, em segundo lugar, a fim de fortalecer nossa fé para as tarefas que colocou diante de nós. Deus, muitas vezes, nos faz passar pelo vale da provação antes de permitir que alcancemos o ápice da vitória. Spurgeon estava certo quando disse: “as promessas de Deus brilham mais forte na fornalha da aflição, e é ao nos apropriarmos dessas promessas que alcançamos a vitória”.
As vitórias alcançadas pela fé glorificam a Deus, pois ninguém é capaz de explicar como ocorreram. “Se você é capaz de explicar o que está acontecendo em seu ministério, então é porque não foi Deus quem fez”, disse o Dr. Bob Cook. Quando trabalhava no mistério Mocidade para Cristo, costumava: ouvir os líderes pedirem em suas orações: Senhor, mantenha sempre o trabalho de Mocidade para Cristo funcionando à base de milagres”. Isso era viver pela fé.
Com frequência, somos como o rei Uzias, que “foi maravilhosamente ajudado, a medida que se tornou forte. Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína” (2 Cr 26:15, 16). As pessoas que vivem pela fé conhecem suas fraquezas e, cada vez mais, dependem de Deus para lhes dar forças. “Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Co 12:10).
O orgulho depois da batalha toma do Senhor a glória que lhe é devida, e o medo durante a batalha toma dos soldados do Senhor a coragem e o poder. O medo costuma se espalhar, e um único soldado temeroso é capaz de causar mais estrago do que um regimento inteiro de soldados inimigos.
O medo e a fé não podem conviver por muito tempo no mesmo coração. Ou o medo vence a fé e desistimos, ou a fé conquista o medo e triunfamos. É possível que John Wesley estivesse pensando no exército de Gideão quando disse: “Dê-me um exército de cem homens que não temem coisa alguma a não ser o pecado e que não amam coisa alguma a não ser Deus e farei estremecer as portas do inferno!”.
A segunda peneirada (vv. 4-8). Deus fez os dez mil homens que haviam restado do exército de Gideão passarem por mais um teste ao pedir-lhes que bebessem água de um rio. Nunca sabemos quando Deus está nos testando com alguma experiência comum da vida. Ouvi falar de um pastor titular de uma igreja que sempre andava de carro com os candidatos à vaga de pastor assistente no carro deles, só para ver se o carro estava bem cuidado e se o candidato dirigia com cuidado. É discutível se o asseio e o cuidado ao dirigir garantem que alguém seja bem sucedido em seu ministério, mas se trata de uma lição que vale a pena considerar.
Mais de um candidato a emprego já acabou com suas chances de ser contratado durante um almoço com o possível chefe por não perceber que estava sendo avaliado. “Faça de toda ocasião uma grande ocasião, pois nunca sabe quando alguém o está avaliando para algo mais elevado”. Quem disse isso foi um homem chamado Marsden e, há muitos anos, tenho sua citação – agora amarelada pelo tempo – debaixo do vidro de minha mesa de trabalho. Sempre me fez bem refletir sobre essa frase.
A meu ver, Deus escolheu esse método para peneirar o exército, pois era simples, despretensioso (nenhum soldado sabia que estava sendo testado) e fácil de ser aplicado.
Só depois dessa identificação é que os homens descobriram que haviam sido testados. “Porque para o S e n h o r nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos” (1 Sm 14:6).
Algumas igrejas hoje se encantam com as estatísticas e acreditam que são fortes por terem muitos membros e recursos, mas os números não são garantia da bênção de Deus. Moisés assegurou os israelitas de que, se obedecessem ao Senhor, um soldado perseguiria mil e “dois [fariam] fugir dez mil” (Dt 32:30 ). Assim, Gideão só precisava de 27 soldados para derrotar todo o exército midianita com seus 135 mil homens (Jz 8:10), mas Deus lhe deu trezentos. Juízes 7:14 deixa claro que os midianitas conheciam Gideão e, sem dúvida, estavam observando todos os seus movimentos. Muitas vezes me pergunto o que os espias inimigos pensaram quando viram o exército israelita aparentemente se desfazer. Isso deixou os midianitas ainda mais confiantes e, portanto, descuidados? Ou será que seus líderes ficaram ainda mais alertas, imaginando se Gideão estava armando uma estratégia complicada para pegá-los?
Em sua graça, Deus deu a Gideão mais uma promessa de vitória: “Com estes trezentos homens que lamberam a água eu vos livrarei” (v.7). Gideão, ao apropriar-se dessa promessa e seguir as instruções do Senhor, derrotou o exército inimigo e trouxe à terra uma paz que durou quarenta anos (8:28).
Os soldados que voltaram para casa deixaram parte de seu equipamento com os trezentos homens, de modo que cada um tivesse uma tocha, uma trombeta e um cântaro – armas estranhas para um combate.

2 . DEUS ENCORAJA SEU SERVO (JZ 7:9-15A )
O Senhor queria que Gideão e seus trezentos homens atacassem o acampamento inimigo durante a noite, mas primeiro teve de tratar do medo que persistia no coração de Gideão. Deus já havia dito três vezes a Gideão que daria a vitória a Israel (Jz 6:14, 16; 7:7) e o havia tranquilizado com três sinais especiais: o fogo de uma rocha (6:19-21), a lã molhada (6:36-38) e a lã seca (6:39,40 ). Depois de toda essa ajuda divina, Gideão deveria ter se fortalecido em sua fé, mas não foi o que aconteceu. Como devemos ser gratos por Deus nos entender e não nos condenar por nossos medos e dúvidas! Ele sempre nos dá sabedoria e não nos repreende quando continuamos pedindo (Tg 1:5). Nosso grande Sumo Sacerdote no céu identifica-se conosco em nossas fraquezas (Hb 4:14-16) e continua a dar mais graça (Tg 4:6). Deus se lembra de que somos apenas pó (Sl 103:14) e carne (Sl 78:39).
Deus estimulou a fé de Gideão de duas maneiras. Por meio de mais uma promessa (v. 9). O Senhor disse a Gideão pela quarta vez que havia entregue o exército midianita em suas mãos. (Observar o tempo verbal; ver também Js 6:2.) Ainda que precisassem lutar na batalha, os israelitas já haviam vencido! Os trezentos homens poderiam atacar o exército inimigo certos de que Israel seria vitorioso.
Os cristãos que crêem nas promessas de Deus e que o vêem fazer grandes coisas são conduzidos à humildade por saberem que o Deus do universo cuida deles e está a seu lado.
A esperança e o amor são virtudes cristãs importantes, mas o Espírito Santo dedicou um capítulo inteiro do Novo Testamento - Hebreus 11 – às vitórias conquistadas pela FÉ por pessoas comuns que ousaram acreditar em Deus e agir em função de suas promessas.Pode soar como um chavão para alguns, mas o velho ditado é verdadeiro: “Se Deus diz, eu creio e ponto final!”
Através de mais um sinal (vv. 10-14). Gideão e seu servo precisaram de coragem  para entrar no território inimigo e aproximar-se do acampamento midianita o suficiente  para ouvir a conversa dos dois soldados. Deus havia dado um sonho a um dos soldados, e esse sonho informou Gideão de que Deus entregaria os midianitas em suas mãos.
O Senhor já havia comunicado esse fato a Gideão, mas dessa vez o comandante de Israel ouviu-o da boca do inimigo!
A melhor maneira de obter a orientação de Deus é pela sua Palavra, pela oração e pela sensibilidade ao Espírito, enquanto observamos as circunstâncias.
Uma vez que a cevada era um cereal usado principalmente pelos pobres, a imagem do pão de cevada com relação a Gideão e seu exército referia-se a sua condição fraca e humilde. Trata-se de um pão seco e duro que podia girar feito uma roda – uma comparação nada elogiosa! O homem que interpretou o sonho não fazia ideia que estava proferindo a verdade de Deus e encorajando o servo do Senhor. Gideão não se importou de ser comparado com um pão seco, pois soube com certeza que Israel derrotaria os midianitas e livraria a terra da servidão.
É relevante o fato de Gideão ter se detido para adorar ao Senhor antes de fazer qualquer coisa. Estava tão sobrepujado pela bondade e misericórdia de Deus que se curvou com o rosto em terra em sinal de submissão e de gratidão. Josué fez a mesma coisa antes de tomar a cidade de Jericó (Js 5:1 3-1 5), e se trata de uma boa prática a ser seguida hoje. Antes de ser guerreiros vitoriosos, precisamos nos tornar adoradores sinceros.
3 . DEUS HONRA A FÉ DOS SEUS SERVOS (JZ 7 : 1 5 B – 2 5 )
De que maneira Deus recompensou a fé de Gideão? Deus lhe deu sabedoria para preparar o exército (7:15b-18). Quando Gideão e seu servo voltaram para o acampamento israelita, Gideão era um novo homem. Seus medos e dúvidas se dissiparam, enquanto ele mobilizava seu pequeno exército e enchia de coragem o coração dos soldados com suas palavras e ações. ” O S e n h o r entregou o arraial dos midianitas nas vossas mãos”, anunciou aos homens (Jz 7:1 5). Como Vance Havner disse: “a fé vê o invisível (vitória numa batalha que ainda não havia ocorrido) e faz o impossível (vence a batalha com poucos homens e com armas incomuns)”.
O plano de Gideão era simples, porém eficaz. Deu a cada um de seus homens uma trombeta para tocar, um cântaro para quebrar e uma tocha para acender. Os israelitas iriam rodear o acampamento inimigo com as tochas dentro dos cântaros e segurando as trombetas. Essas trombetas eram, na verdade, chifres de carneiro (o shofar), como os que Josué usou em Jericó, e essa relação com aquela grande vitória talvez tenha ajudado a animar Gideão e seus homens ao enfrentar a batalha. Quando Gideão desse o sinal, os homens tocariam as trombetas, quebrariam os cântaros, revelariam as tochas e gritariam: “Espada pelo Senhor  e por Gideão!”, e Deus faria o resto.
Gideão era o exemplo que deveriam seguir. “Olhai para mim […] fazei como eu fizer […] como fizer eu, assim fareis” (Jz 7:1 7). Gideão havia feito um bocado de progresso desde que Deus o havia encontrado escondido no lagar! Não o ouvimos mais perguntando: “Se […] por que […] onde?” (Jz 6:13). Não o vemos mais buscando um sinal. Antes, deu as ordens a seus homens com segurança, sabendo que o Senhor lhes daria a vitória.
Alguém disse bem que as Boas Novas do evangelho são estas: não precisamos continuar do jeito que somos. Pela fé em Jesus Cristo, qualquer um pode ser transformado. “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5:17).
Deus pode pegar um homem cheio de dúvidas como Gideão e fazer dele um general! Deus lhe deu coragem para comandar o exército (vv. 19-22). Gideão conduziu seu pequeno exército da fonte de Harode (“estremecimento”) para o vale de Jezreel, onde todos se colocaram a postos ao redor do acampamento. Quando Gideão deu o sinal, todos tocaram os chofares, quebraram os cântaros e bradaram: “Espada pelo Senhor e por Gideão!” Vendo-se cercados pela luz repentina e por todo aquele barulho, os midianitas concluíram que estavam sendo atacados por um exército enorme e, portanto, entraram em pânico. O Senhor interveio e colocou um espírito de confusão no acampamento, de modo que os midianitas começaram a matar uns aos outros. Então, perceberam que a coisa mais segura a fazer era fugir.
Deus lhe deu a oportunidade de aumentar seu exército (vv. 23-25). Era evidente que trezentos homens não poderiam perseguir um exército de milhares de soldados inimigos, de modo que Gideão chamou mais voluntários. Creio que muitos dos homens do primeiro exército de 32 mil responderam ao chamado de Gideão; até mesmo a tribo orgulhosa de Efraim foi ajudá-lo.
Esses homens tiveram a honra de capturar e matar Orebe (“corvo”) e Zeebe (“lobo”), os dois príncipes de Midiã.
A história de Gideão começa com um homem se escondendo num lagar (6:11), mas termina com o príncipe inimigo sendo morto num lagar.
A grande vitória de Gideão sobre os midianitas tornou-se um marco na história de Israel, não muito diferente da Batalha de Waterloo para a Grã-Bretanha, pois lembrou os israelitas do poder de Deus de livrá-los de seus inimigos. O dia de Midiã foi um grande dia do qual Israel jamais se esqueceria (Sl 83:11; Is 9:4; 10:26).
A Igreja de hoje também pode aprender com esse acontecimento e ser encorajada por ele. Deus não precisa de um grande número de pessoas para realizar seus propósitos, como também não precisa de líderes com talentos especiais. Gideão e seus trezentos homens colocaram-se a serviço do Senhor, e ele os capacitou para que conquistassem o inimigo e trouxessem paz à terra de Israel.
Quando a igreja começa a depender da “grandiosidade” – grandes construções, grandes multidões, grandes orçamentos –, passa a depositar sua fé no lugar errado, e Deus não pode dar sua bênção.
Quando os líderes dependem de seu currículo acadêmico, aptidões e experiência em vez de Deus, então Deus os abandona e sai em busca de um Gideão.
O importante é que estejamos à disposição de Deus, para ele nos usar como lhe aprouver. Podemos não entender inteiramente seus planos, mas devemos confiar inteiramente em suas promessas. E a fé em Deus que nos dá a vitória.

A/C Pr. Eli Vieira

J.C. Ryle, 200 ANOS

A Biografia de J.C. Ryle

INTRODUÇÃO

Em 10 de maio de 1816 nasceu em Macclesfield, Cheshire, Inglaterra, um dos autores evangélicos mais admirados: o bispo anglicano de Liverpool John Charles Ryle. Um número incontável de pessoas se beneficiaram de seus escritos ao longo dos anos. Em seu próprio tempo foi muito apreciado por seus contemporâneos. Spurgeon o considerava como “o melhor homem que estava na Igreja da Inglaterra”. Ryle foi recomendado muito efusivamente por autores tais como J. I. Packer e Martyn Lloyd-Jones, entre outros. Seus trabalhos foram traduzidos em muitas línguas, incluindo o português. Ainda hoje podemos nos beneficiar, duzentos anos após o seu nascimento, e perguntar sobre algumas das razões que fizeram seus livros tão populares na comunidade evangélica. É também interessante podermos tirar algumas lições do seu trabalho que podem nos ajudar. Muitas das questões que preocupavam Ryle, e as respostas dadas, são ainda muito relevantes hoje em dia. Mas, primeiro, vamos rever por um momento um pouco de sua vida.
BREVE ESBOÇO BIOGRÁFICO
J.C. Ryle veio de uma família muito próspera economicamente. Seu avô e seu pai tinham tido muito sucesso comercialmente. Com o passar do tempo, seu pai entrou em um negócio bancário que também estava florescendo. John Charles, que era o filho mais velho, poderia estudar em locais de prestígio como Eton e depois Oxford. Ryle se tornou um cristão em 1837. Até então ele tinha recebido as verdades do cristianismo nominal e externamente, mas no verão daquele ano experimentou o novo nascimento de Cristo descrito em João 3. Em seu depoimento, ele deixou registrado para os seus filhos uma breve autobiografia, onde enfatiza a sua profunda convicção de pecado, quão precioso era Cristo, e o grande valor da Bíblia para orientar a sua vida. Mas a falência atingiu sua família em 1841, perdendo sua casa e toda a fortuna da família. Este evento marcou a sua vida de uma forma muito especial, porque nesse mesmo ano Ryle tomou a decisão de entrar no ministério da Igreja da Inglaterra. Seu primeiro pastorado começou em 1842 em Fawley, Hants, embora ao longo de sua vida, ele tenha pastoreado congregações em muitas outras partes da Inglaterra. Em 1845 casou-se com Matilda Plumptre. Este ano também é importante porque ele começou a publicar seus primeiros tratados, que são agrupadas, e formam os capítulos de seus muitos livros. Sua primeira filha, Georgina, nasceu em 1847. No ano seguinte, sua esposa morreu. Em 1850 ele se casou novamente. Sua nova esposa, Jessy Walker, lhe deu quatro filhos: Isabelle, Reginald, Herbert e Arthur. Em 1851 começou a publicação de seus tratados e mensagens em forma de livro. Depois de dez anos do segundo casamento e depois de uma longa doença, sua segunda esposa faleceu. Em 1861 casou-se com Henrietta Clowes. Em 1865 publica o comentário expositivo do Evangelho de João. Este será o primeiro de uma série sobre os quatro Evangelhos, parte das obras mais apreciadas por muitos leitores de Ryle. Em 1868 publica o seu livro sobre os líderes cristãos do século XVIII. Ryle é já bem conhecido, por isso recebe muitos convites para pregar em muitos outros lugares na Inglaterra, incluindo Oxford, Londres e Cambridge. Entre 1877 e 1879 seus trabalhos mais famosos são publicados, incluindo Santidade ou caminhos antigos. Com 63 anos é eleito primeiro bispo de Liverpool. Em 1889, sua terceira esposa morre. Dez anos mais tarde pregou o seu último sermão. Ele morreu em 10 de junho de 1900 em Lowestoft, Inglaterra.
A IMPORTÂNCIA CRUCIAL DA HISTÓRIA
A primeira lição que podemos aprender com Ryle tem a ver com a história. Devemos lembrar que a fé cristã é uma fé histórica. Deus revelou-nos no tempo e no espaço, através de pessoas que viveram e eventos que tiveram lugar na história. Além disso, as Escrituras são abundantes em exortações para não esquecer a história da intervenção de Deus em favor do seu povo: Deuteronômio 5:15; 7:18; 15:15; 24:18, etc. Uma das passagens que eu gosto a este respeito é a de Josué 4, o sucessor de Moisés ordena que um representante de cada uma das tribos de Israel pegue uma pedra do leito do Jordão, v. 5. Josué toma e levanta em Gilgal um memorial para as gerações futuras, vv. 20.21. Seu propósito era para lembrar que Deus, como fizera no Mar Vermelho, secou o Jordão diante do seu povo, vv. 22.23, de modo que eles poderiam mover-se para tomar posse da terra prometida. Assim, as pessoas não deveriam esquecer de que foi pela mão poderosa de Deus que o povo pode atravessar o Jordão e, dessa maneira, não poderiam se afastar dele v. 24.
Da mesma forma, Ryle acreditava ser essencial recordar a história da Reforma Protestante no século XVI, os puritanos, que considerava os mais fieis expositores bíblicos a “mente das Escrituras” e o Grande Despertar Evangélico do século XVIII daqueles grandes homens que Deus levantaou como George Whitefield e os irmãos Wesley, entre muitos outros. Ele considerou isso importante, porque, como Israel no passado, é fácil esquecermos esses poderosos eventos e significativos atos de Deus para o seu povo. Os escritos do bispo evangélico estão imbuídos com os princípios da Reforma. Percebemos o declínio da Reforma em sua denúncia clara dos perigos do catolicismo romano para a saúde espiritual das almas. Poucos autores se expressam de modo tão claro sobre os ensinamentos da Igreja Católica Romana como Ryle. A importância dos Puritanos também está presente em seu trabalho, em sua análise rigorosa dos textos bíblicos e aplicação do ensino à vida dos crentes. O renascimento também aparece em seus escritos, não só para lembrar os líderes o mesmo, mas também através do estilo prático e direto lembra os pregadores do Grande Despertamento. A primeira lição, portanto, que Ryle transmite é para não esquecer nossa identidade evangélica. Ryle presta muita atenção à Reforma na Inglaterra e os homens que Deus levantou nesse momento. Ele também escreveu sobre os pregadores do avivamento. Ele não queria que seus compatriotas esquecessem o que Deus tinha feito para o Reino Unido. Quanto a nós, é essencial ler sobre a nossa história evangélica, conhecer bem o nosso passado: a Reforma na Europa, mas também a Reforma na Espanha e o que aconteceu com ela.
DOUTRINA E VIDA
Ao longo de seu ministério pastoral como um pregador e escritor, Ryle não deixou de sublinhar que o carácter essencial do cristianismo também é doutrinário. Para Ryle, a importância da Reforma Protestante, os Puritanos ou o Grande Despertamento foi o fato de que eles eram movimentos do Espírito de Deus em que foram redescobertos, e a relevância para a vida cristã das doutrinas essenciais da Escritura foi mostrada. E este é apenas o outro aspecto que eu acho que ele mostra hoje: A ênfase colocada na doutrina e o propósito prático que isso tem. Mas a doutrina não é um mero conhecimento frio, seco e acadêmico da Bíblia. É basicamente a forma como o Deus vivo opera em Seu povo, para salvar e transformar. A doutrina, pela presença do Espírito Santo, traz vida espiritual. Isso é muito claro nas Escrituras; a fé tem um conteúdo a confessar e que Deus usa para nos fazer bem: 1 Timóteo 4: 13-16; 2 Timóteo 1: 13,14; 1 João 4: 1-6; Rm 10: 8-14, etc. A doutrina tem um propósito prático, salva e nos santifica, tornando-nos úteis para a glória de Deus: Romanos 6: 17-19.
Nesse sentido, a Reforma foi um retorno aos ensinamentos das Escrituras que haviam sido enterrados e marginalizados pela Igreja medieval. Os puritanos também mostraram a amplitude e a profundidade da Bíblia e como ela é aplicada de forma eficaz na vida cotidiana. Os grandes pregadores mostraram como a proclamação do evangelho pode, com a bênção de Deus, alterar o curso das nações. Ryle temia o abandono desses ensinamentos que tinham trazido tantas coisas boas, por isso uma e outra vez em seu ministério alertara sobre os perigos do esquecimento da glória da fé cristã. Ryle refletiu na exortação de Paulo em Atos 20: 28-32. Da mesma forma, hoje deve ficar claro que as diferenças com o catolicismo romano são doutrinárias. Não podemos enganar-nos quanto ao que acreditamos e porque acreditamos nisso. Devemos também enfatizar a importância prática da doutrina. Temos de ser diferentes, e a conversão tem de ser vista em nossas vidas. Esse é o grande legado do puritanismo que Ryle tem renovado e constantemente enfatizado em seu ministério. Ao mesmo tempo, temos de incentivar a paixão pela pregação do evangelho, uma nota distintiva dos tempos de reavivamento.
Nada melhor, então, para ler esses escritos Ryle e ser beneficiados com as doutrinas bíblicas e sua relevância para a nossa vida cristã. Ao contrário de outros bons autores, há muitos títulos de Ryle em português, por isso é relativamente fácil ter acesso aos mesmos. Seu estilo simples e direto, sempre com base no texto bíblico, faz com que seja uma delícia de ler. Ryle sempre desafia os seus leitores, o que é sempre conveniente.
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José Moreno Berrocal

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