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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Calvino e o Empréstimo a Juros

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“Vimos até este momento que a atividade econômica já era bem ativa mesmo antes de Calvino nascer. Tanto o comércio local como de longa distância e também as Cruzadas necessitavam de crédito e utilizaram o empréstimo a juros, disto se aproveitaram muito bem os banqueiros. Vimos também, que a Igreja de Roma, mesmo que condenando a prática do empréstimo a juros, em muitas situações ela não só autorizava como também os realizavam. A Igreja mantinha negócios com os banqueiros, pois estes cuidavam dos seus interesses por toda a Europa. Seu envolvimento nos negócios financeiros e com os usurários era tão grande que ela criou o Purgatório a fim de salvá-los da perdição eterna, e também, poder assim, arrecadar mais alguns valores.
Pudemos observar também que este assunto sempre esteve em questão, muitos Doutores da Igreja trataram sobre o assunto, sendo que a maioria sempre condenou tal prática, o que não foi muito observada por seus lideres posteriores. Mas também pudemos notar que alguns entendiam que, devido aos tempos serem diferentes daqueles em que os doutores se situavam, não viam problemas em autorizar os empréstimos a juros, como é o caso de Erasmo.
Pudemos notar a posição de Lutero, criado dentro da Igreja de Roma, vendo seus erros e abusos, se manifestou contrário ao empréstimo a juros. Para Lutero os empréstimos deveriam ser realizados desde que houvesse alguma sobra, para que, ao emprestar, não ficasse fazendo conta deste dinheiro, se o tomador devolver, muito bem, se não, não nos faria falta. Ele entende que o problema está no interior do homem, no seu desejo de ostentação, que leva o homem a gastar mais do que possui.
Ao falarmos de Calvino, vimos como foi sua educação, o meio em que viveu, seu pensamento central, onde todas as nossas atitudes devem glorificar a Deus e também em prol da nossa comunidade. Vimos também o que disse sobre a importância do homem exercer sua vocação através do trabalho, e que este mesmo homem deve ter uma vida frugal, sem extravagâncias. Só pelo que já vimos poderíamos tirar algumas conclusões. Porém estaremos tratando neste momento sobre seu pensamento quanto ao empréstimo a juros.
Os Fatos Históricos - Calvino nasceu no início do século XVI, onde “o mundo do comércio havia se expandido assustadoramente com a descoberta das Américas; bem, como com a abertura de novas rotas comerciais”. Isto provocou uma grande mudança, não só na atividade econômica da Europa, como na vida das pessoas, pois, “o aumento no suprimento de ouro e a abundância de moedas tinham produzido uma inflação que se espalhou por toda parte. O novo comércio parecia estar tornando o pobre mais pobre ainda”. Como comenta Biéler:
O descobrimento do Novo Mundo canalizou para a Europa ouro em quantidade para fecundar inúmeras indústrias e para multiplicar as trocas comerciais. Os antigos quadros corporativos não podiam mais conter nem orientar essa transbordante atividade. Nascia, assim, um capitalismo não controlado e que se desenvolvia rapidamente fora dos antigos centros urbanos de produção. Ao mesmo tempo que gerava o aumento vertiginoso do custo de vida, esse desenvolvimento econômico produzia a depreciação da mão-de-obra, o que provocava a proletarização rápida das cidades e dos campos. Acumulavam-se grandes fortunas e seu número se multiplicava ao mesmo tempo que proliferavam as massas miseráveis.Mas o que isto importa a Calvino? Sua preocupação era apenas dedicar-se aos estudos. Mas, quando por necessidade de repouso, decide passar apenas uma noite em Genebra, é instado por Farel a ajudá-lo a promover a reforma religiosa nesta cidade, a isto Calvino argumenta: “Sou acanhado e tímido. […] Uma sala de estudos é o lugar para mim. Sou um homem de letras. […] Não pode exigir isso de mim”. – ao que respondeu Farel – “Digo-te, em nome de Deus Todo-poderoso, que estás apresentando os teus estudos como pretexto. Deus te amaldiçoará se não nos ajudares a levar adiante o Seu trabalho”. Era para ser apenas uma noite, agora já são quase dois anos de permanência até ser expulso da cidade, para posteriormente, rogarem seu retorno, para dali sair apenas para a glória celestial.
Esta cidade transformou este homem, que transformou esta cidade. Agora ele se preocupa com os acontecimentos e se manifesta sempre que for necessário. Como nos mostra Wallace: Ele era tão ousado em condenar a “face inaceitável” do novo sistema comercial estabelecido quanto outros pregadores de seus dias. Ele mesmo poderia descrever a vida de um mercador como “muito semelhante à vida de uma prostituta”, cheia de truques e armadilhas e enganos, e “muitas artimanhas novas e desconhecidas a fim de ganhar dinheiro”. Porém ele reconhecia que no século 16 não poderia haver nenhum movimento de retorno a uma sociedade agrária primitiva “ideal”. Calvino aproveitou uma única oportunidade que lhe fora dada para poder transformar esta cidade. Calvino não era cidadão de Genebra, ao menos até poucos anos antes de sua morte, portanto não tinha direito a votar e nem de ser votado, assim, as mudanças que ocorreram em Genebra não foram implantadas por Calvino, ele influenciou, mas quem realmente implantou foram os conselhos que administravam a cidade. Entendamos melhor os fatos: Os habitantes de Genebra eram divididos em três tipos de categorias. Os cidadãos “eram aqueles que haviam nascido (e foram subsequentemente batizados) na cidade e eram filhos de pais que eram citoyens. O corpo diretivo o Petit Consiel – era inteiramente composto por cidadãos”.239 Uma segunda categoria eram os bourgeois, que eram os “habitantes da cidade que possuíam (ou tinham condições de adquirir ou de outro modo negociar) o privilegiado título”. Estes poderiam votar e serem votados para os outros dois conselhos: os dos sessenta e dos duzentos. E, uma última categoria, a dos estrangeiros “que eram residentes legais, com nenhum direto de voto, de portar armas ou de assumir qualquer posto público na cidade”, estes só poderiam se tornar pastores ou dar aulas, mesmo assim, “somente em razão da ausência praticamente absoluta de outras pessoas, que fossem nascidas em Genebra e estivem qualificadas para desempenhar tais funções”. Calvino se encontrava nesta situação.
De 1550 a 1560 a população de Genebra quase dobrou, isto devido ao “grande número de refugiados protestantes que buscavam refúgio lá”. Muitos destes refugiados possuíam profissões, alguns tiveram que deixar tudo para trás, outros vieram com suas riquezas. Como nos relata Wallace a respeito de um escrito de Calvino: O Empréstimo a Juros Como visto, o empréstimo já era uma realidade nos tempos de Calvino, e o comércio necessita cada vez mais de crédito. Em Genebra os grandes comerciantes, que dispunham de capital, abriam a outros comerciantes créditos, sob a forma de empréstimo a juros. Assim, o capital e o crédito se tornaram fundamentais para o avanço da economia.
Mas capital e crédito são indispensáveis; o financista não é um pária, mas um parceiro útil da sociedade; e emprestar a juros, contanto que a taxa seja razoável e os empréstimos aos pobres sejam gratuitos, não é per se mais extorsivo que quaisquer outras transações econômicas sem as quais os negócios humanos não podem ser levados avante. Biéler ao comentar sobre a necessidade evidente de crédito nesta época nos fala que “toda indústria um pouco vultuosa reclama capital agora; o pedido de crédito se torna por toda parte de tal modo imperioso que se organiza a despeito de entraves morais que ainda encontra”. Estes entraves a que ele se refere é a posição da Igreja de Roma que ainda reprova os empréstimos a juros, mas, como visto anteriormente, em muitos casos ela permitia.
Com efeito, em 1532, de novo a Universidade de Paris reprova o empréstimo a juros. A Igreja não cessou de condená-lo em seu princípio, se bem que o tenha admitido sob a forma da sociedade em comandita a comportar riscos e indenização. Mas, os soberanos espanhóis, Carlos V e Philippe II, por melhores católicos que fossem, são os primeiros a reconhecer-lhe a legitimidade, sob a condição de que não exceda 12%; Henrique VIII faz o mesmo, fixando-lhe a taxa máxima em 10%(1545).
Dessa forma, a discussão quanto à prática do empréstimo a juros não era coisa nova, Biéler nos relata que “em Genebra, o empréstimo a juros foi praticado desde muito tempo antes da Reforma”, isto nos esclarece que, o empréstimo a juros, era praticado bem antes de Calvino, e isto, com o aval da Igreja, que protegia aos emprestadores, assim, continua Biéler dizendo: “Um artigo das franquias, confirmadas pelo bispo Adhemar Fabri, em 1387, diz expressamente; não se pode inquietar os emprestadores, nem sequestrar, nem tomar-lhes os bens, nem deles fazer inventário”, e mais: Não obstante, as ordenanças da Igreja se opõem a eles formalmente. Em 1179, o Concílio Geral de Latrão ameaça de excomunhão aos usuários manifestos e lhes recusa sepultamento cristão, se morrerem neste pecado. Em 1273, Gregório X ordena os soberanos banirem, dentro de três meses, a todos os usuários estrangeiros em seus Estados. E em 1312, Clemente V condena os estatutos municipais que autorizam o empréstimo a juros. Também, quando, em 1444, os cidadãos de Genebra querem sejam confirmadas pelo papa Felix V, administrador do bispado, as franquias de sua cidade, os artigos referentes à usura são supressos por sua ordem. O empréstimo a juros nem por isso cessa de ser praticado como por toda parte, aliás, e não tarda a obter a proteção do Duque de Sabóia, que bem depressa compreende todo o lucro que pode daí auferir. Algo que sempre foi praticado, mesmo que condenado pela Igreja, se bem que muitas vezes era por ela autorizado e praticado, porque então não regulamentá-lo? Não controlá-lo? Talvez pelas vantagens que eram obtidas, não seria interessante torná-lo comum. “É Calvino o primeiro dos teólogos cristãos a exonerar o empréstimo a juros do opróbrio moral e teológico que a Igreja havia feito pesar sobre ele até então”, pois, “a vasta expansão do mercado monetário exigia uma nova avaliação da proibição do empréstimo de dinheiro a juro”. Porém não se pode atribuir a ele a justificação integral do capitalismo liberal. “Suas concepções sobre as riquezas e seus fins sociais levam-no a exigir uma regulamentação assaz estrita do empréstimo a juros; tinha ele pressentido profeticamente a gama de males sociais a que o liberalismo puro deveria conduzir”.
A postura de Calvino que, por um lado, se mostra “revolucionária na história da teologia e estimulante para a vida econômica, não deixa de ser restritiva em muitos aspectos, de outro”. Ele consegue, das autoridades que mantenham a taxa de juro lícito primitivamente fixado em 5% ao ano, e depois a 6,66% ao ano, uma taxa relativamente baixa para a época. O objetivo dele era de “impedir que se desenvolvesse de imediato o empréstimo a juro em Genebra e que nela aparecessem os emprestadores profissionais, a quem o Reformador é estritamente oposto”. Em face disto nos diz Biéler: O dito referido desta época: Não se vai a Genebra para ganhar dinheiro, mas para perdê-lo, se explica, mercê das causas mencionadas acima, porque se não acham reais banqueiros em Genebra durante a segunda metade toda do século XVI. Calvino, escrevendo em 1547, observou que muitos desses refugiados haviam sido forçados a deixar para trás seus bens e base na experiência de habilidosos refugiados franceses e italianos e no capital, fornecido por astutos banqueiros comerciais italianos. […] As feiras de Genebra, que já haviam sido ponto de distribuição para as mercadorias italianas, na Europa ocidental, tornaram-se, nesse momento, o centro de uma rede de distribuição para os itens produzidos em Genebra.
Assim, Calvino não se mostra desfavorável à atividade financeira, mas, preocupado com a parcela da população mais carente, ele se manifesta contra toda prática ou atividade que possa prejudicar a parcela mais pobre da população. “Busca, sem afrouxamento, salvaguardar sempre um justo equilíbrio entre o surto econômico e a justiça social”. Neste sentido, Calvino vai ensinar que o dinheiro é o meio que Deus usa para prover o sustento do homem e de seus semelhantes. As riquezas devem ser utilizadas para o benefício também da sociedade, e não só em causa própria.
Referindo-se à Escritura, o reformador ensina que os bens materiais são os instrumentos de providência de Deus. O dinheiro, enquanto representa esses bens, é o meio do qual Deus se serve para proporcionar ao homem o que é necessário para o sustento de sua existência e da de seus companheiros. A riqueza é colocada à disposição do homem para que organize sua vida e a da sociedade da qual é solidariamente responsável. Para Calvino, diferentemente de Aristóteles e São Tomás de Aquino, que entendiam que o uso do dinheiro era apenas como meio de troca, o dinheiro é uma mercadoria, portanto, ele é produtivo, desde que seja usado com o objetivo de promover a economia através da indústria e do comércio, e não, se usado para socorrer as necessidades de alguém. Assim, o dinheiro só tem caráter produtivo se for usado como investimento.
No fundo da atitude economicamente positiva de Calvino, apesar de todas as suas restrições morais, encontramos a ideia de que o próprio dinheiro é mercadoria e que, portanto, ele é tão produtivo quanto qualquer mercadoria. Neste sentido, Calvino adota o ponto de vista de uma economia moderna, aquela em que o empréstimo de produção, ou empréstimo de empresa, precede ao empréstimo de consumo. Sem perceber ainda todas as suas consequências, Calvino pressente a importância da noção de aplicação. O dinheiro não frutifica espontaneamente, mas pode frutificar se for investido.
Calvino preocupado com o comportamento que, a partir de suas declarações, alguns poderiam tomar, a fim de justificarem os abusos e a usura, ele faz então a distinção entre o EMPRÉSTIMO DE CONSUMO E O EMPRÉSTIMO DE PRODUÇÃO. Para Calvino “o primeiro [empréstimo de consumo] que não é senão um empréstimo de assistência, improdutivo para o devedor, não faz jus a nenhuma remuneração” – já quanto ao empréstimo de produção ele nos diz – “com o segundo chamado também de empréstimo de aplicação, o devedor, acrescentando-lhe seu trabalho, vai poder alcançar novo ganho, donde ser legítimo remunerá-lo”.
Calvino entendia que a Bíblia, ao falar sobre o empréstimo a juro, estava tratando dos desejos humanos que são desenfreados por lucro. Assim, a Bíblia condena a usura e seus abusos. Ela não está tratando do empréstimo de produção. Ela condena a usura quando o empréstimo é dado para socorrer alguém, como também reconhece como sinal verdadeiro de fé quando o empréstimo é gratuito.
Que diz a Bíblia, segundo Calvino? Encontramos nela a imagem realista de uma humanidade ávida de lucro. É essa a razão, diz Calvino, por que a Bíblia condena a usura e todos os seus abusos. Ela acentua com igual ênfase, porém, o empréstimo desinteressado.

O Reformador, porém, não aprova a cobrança de juros de forma desenfreada e ao bem querer daqueles que emprestam dinheiro. Ele mostra através da Bíblia que esta condena a busca desenfreada dos lucros, ou seja, Calvino compreende que o sentido está no coração, no sentimento das pessoas pelo desejo de ficar rico.
Comprova ele que a Bíblia não proíbe formalmente o empréstimo a juros, condena ela, porém, as tendências naturais do homem de outra coisa não buscar senão o seu interesse próprio, de tardar em assistir aos outros, de esperar recompensa por seu serviço. Deus, pelo contrário, exige uma caridade ativa e desinteressada. Vejamos, agora o que ele fala em seus comentários de alguns textos da Bíblia. Comentando o Texto de 1ª Timóteo capítulo 6 versos 9 e 10 ele nos diz que o problema não são as riquezas, mas o apego a elas, e também dos males que este apego pode provocar, chegando até ao homicídio: Não são as riquezas em si a causa dos males que Paulo menciona aqui, mas o profundo apego a elas, mesmo quando a pessoa seja pobre. […] E é especialmente verdade no tocante à vil avidez por lucros, que não há males que este não produza farta e diariamente: incontáveis fraudes, falsidades, perjúrio, impostura, extorsão, crueldade, corrupção judicial, contendas, ódio, envenenamentos, homicídios e toda sorte de crimes. Comentando o Salmo 15 versículo 5, ele condenava aqueles que queriam ludibriar usando outros nomes a fim de disfarçar a usura praticada: Nesse versículo Davi prescreve aos santos a não oprimirem seu próximo com usura, nem a forçá-lo a aceitar suborno em favor de causas injustas. Com respeito à primeira cláusula, como Davi parece condenar todo e qualquer gênero de usura, em geral e sem exceção, o próprio nome tem sido por toda parte detestado. Os homens astutos, porém, têm inventado nomes ilusórios sob os quais ocultam os vícios; e, acreditando poderem escapar com tais artifícios, têm despojado com maior excesso do que se tivessem emprestado com usura franca e declarada. Deus, contudo, não se deixará enganar nem permitirá qualquer imposição das pretensões sofísticas e falsas. Ele julga o fato pelo prisma da realidade. Ele condena, ainda, o desejo por lucro em prejuízo da outra parte, onde a equidade não é respeitada.
Não há pior espécie de usura do que aquele modo injusto de fazer barganhas, quando a equidade é desrespeitada de ambos os lados. Lembremo-nos, pois, de que toda e qualquer barganha em que uma parte injustamente se empenha por angariar lucro pelo prejuízo da outra parte, seja que nome lhe demos, é aqui condenada. Condenava, também, o usurário e cita Cato que comparava a usura ao homicídio.
Com respeito à usura, é raríssimo encontrar no mundo um usurário que não seja ao mesmo tempo um extorquidor e viciado ao lucro ilícito e desonroso. Consequentemente, Cato desde outrora corretamente colocava a prática da usura e o homicídio na mesma categoria de criminalidade, pois o objetivo dessa classe de pessoas é sugar o sangue de outras pessoas. Também condenava aqueles que, ao invés de trabalhar, vivem às custas do trabalho dos outros.
É também algo muito estranho e deprimente que, enquanto todos os demais homens obtêm sua subsistência por meio do trabalho, enquanto os cônjuges se fatigam em suas ocupações diárias e os operários servem à comunidade com o suor de sua fronte, e os mercadores não só se empenham em variados labores, mas também se expõem a muitas inconveniências e perigos – os agiotas se deixam levar por vida fácil sem fazer coisa alguma, recebendo tributo do labor de todas as outras pessoas. Além disso, sabemos que, geralmente, não são os ricos que são empobrecidos por sua usura, e, sim, os pobres, precisamente quem deveria se aliviado. Ele demonstrava ainda, o perigo de condenarmos, ou de liberarmos a usura, devido às intenções humanas.
Se condenarmos tudo sem qualquer distinção, há o risco de que muitos, por se encontrarem em tal circunstância, achando que o pecado deve ser exposto, para onde quer que se volvam, não sejam entregues a extremo desespero e se lancem de ponta cabeça a todo gênero de usura, sem escolha ou discriminação. Por outro lado, sempre que concordamos que alguma coisa se pode licitamente fazer nesta área, muitos vão viver a rédeas soltas, crendo que lhes foi concedido a liberdade de praticar a usura sem controle ou moderação. Em primeiro lugar, pois, acima de tudo aconselharia meus leitores a se precaverem de engenhosamente inventar pretextos, pelos quais tirem proveito de seus semelhantes, e para que não imaginem que qualquer coisa pode ser-lhes lícita, quando para outros é grave e prejudicial. Citando, Levítico 25. 35-36, ele comentou que a proibição da usura se deve ao fato de que os pobres não fossem oprimidos, mas quando o empréstimo é praticado sem a intenção de oprimir, quando é feito para alguém que não está passando por necessidade, alguém que irá fazer render mais ainda do que foi emprestado, neste caso a usura não é ilícita.
Vemos que o propósito pelo qual a lei foi elaborada consistia em que os homens não oprimissem cruelmente os pobres, os quais devem, antes, receber simpatia e compaixão. Essa foi, na verdade, uma parte da lei judicial que Deus destinara aos judeus em particular; mas ela é um princípio comum de justiça que se estende a todas as nações e a todas as épocas, para que sejamos guardados de despojar e devorar os pobres que estão em aflição e necessidade. Desse fato segue-se que o lucro que obtém alguém que empresta seu dinheiro no interesse lícito, sem fazer injúria a quem quer que seja, não está incluído sob o epíteto de usura ilícita.E também, que a regra a qual devemos seguir é a da equidade, se agirmos assim, pouco será necessário tratar.
Em suma, uma vez que tenhamos gravada em nossos corações a regra da equidade que Cristo prescreve em Mateus: “Portanto, tudo quanto quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também o mesmo” [7.12], não será necessário entrar em longa controvérsia em torno da usura. Ele demonstrou com clareza o perigo de se praticar a usura, pois, “a prática do juro tem quase sempre estes dois companheiros inseparáveis: crueldade e a arte de ludibriar”, desta forma, os que a praticam, não são vistos por ele com bons olhos, assim, “bem raro é ver um homem de bem e, ao mesmo tempo, usurário”.
Como, pois, não era possível que ocorresse um empréstimo onde não ocorria a cobrança de juros, Calvino deu sua opinião quando e em quais circunstâncias os juros poderiam ser cobrados. Segundo o Reformador, a prática dos juros podia ser realizada quando o tomador se mostrava indisposto a pagar no prazo fixado o empréstimo tomado.
Se o que toma emprestado, por má vontade, não reembolsa no prazo fixado. Se um mau pagador tergiversa e prolonga o termo com prejuízo de seu credor, seria admissível que sua esperteza e má fé lhe derivassem proveito com haver lesado? Certamente, creio, ninguém negará que deva ele pagar usura da soma, para ressarci-lo das perdas sofridas. A isso se chama juros, mas, para mim, é tudo a mesma coisa. E, se o tomador do empréstimo for auferir ganhos com o valor emprestado, entende que, neste caso, é justo que o emprestador tenha também algum lucro, é a isto Calvino que vai chamar de empréstimo produtivo.
Se o empréstimo é produtivo, destinado a fazer render um bem. Este gênero de empréstimo, Calvino acentua, no momento quando o surto econômico da Europa vai crescendo, torna-lhe mais frequente dia após dia. Se um homem rico e bem situado, querendo comprar uma boa granja, toma emprestada de seu vizinho parte da soma, por que o que empresta não poderá auferir certo lucro da renda, até onde haja contribuído com o seu dinheiro? Muitos casos semelhantes ocorrem todos os dias, aos quais, no que tange à equidade, os juros não são piores que uma barganha. Por fim, Biéler comenta acerca do desejo de Calvino com relação à usura: […] Calvino declara que não desejaria que se creia que sua intenção é favorecer a prática da agiotagem; quanto a si, bem que preferiria que o próprio termo fosse abolido do mundo, em razão das misérias que ela engendra. Reconhecendo, porém, que se trata, na vida econômica de então, de coisa de grande importância, não se sente com autoridade de condená-la com fazer a Bíblia dizer o que não diz, além do que comportam as próprias palavras de Deus. Deixa, então a cargo da consciência de cada um, admoestando porém, que teremos de dar conta de nossos atos a Deus.
Em conclusão, diz Calvino, não há lei alguma, casuística nenhuma, que poderá estabelecer um limite entre o que é lícito e o que o não é. Só a regra eterna da caridade e da justiça que decorre da fé em Jesus Cristo servirá a cada um de norma, em se lembrando que é diante de Deus, não perante os homens, que terá finalmente de prestar conta de seus atos.
Calvino e a Limitação às Taxas de Juros - Sendo, pois, Calvino contrário à prática dos juros, principalmente daqueles que, ao invés de trabalhar, queriam ganhar dinheiro ás custas dos outros. Conforme Biéler citando Calvino, diz: “não aprovo, se alguém propõe fazer do ganho de juros verdadeira profissão”. Mas, reconhecendo que lhe é impossível aboli-lo, mostra em quais situações é permitido a cobrança de juros. Entretanto, compreende que tal prática podia levar os homens a agir de forma cruel e mesquinha, com sentimentos egoístas, fez então, várias restrições a tal prática.
Em primeiro lugar, Calvino declarou que não se deve tirar proveito da miséria de alguém. “Que se não cobrem juros do pobre e que ninguém seja coagido, quando em aperturas por indigência ou afligido de calamidade”.
Em segundo lugar, ele argumentou que não se devia usar da prática do empréstimo, sem antes suprir as próprias necessidades e as dos necessitados. “[…] aquele que dá em empréstimo não seja de tal modo interessado no ganho, que deixe de atender aos deveres necessários, nem tão preocupado em colocar seu dinheiro em mão seguras, que desconsidere os irmãos pobres”.
Em terceiro lugar, que usasse das mesmas condições que gostaria que usassem com ele. “[…] que nada intervenha que não se conforme à equidade natural e, se a coisa se examina segundo a regra de Cristo, isto é, o que quereis que vos façam os homens.”
Em quarto lugar, que só se cobre juros desde que o tomador ganhou mais do que lhe foi emprestado. “Que aquele que toma emprestado faça outro tanto ou mais de ganho com o dinheiro emprestado”. Em quinto lugar, que os costumes e hábitos do meio em que vivemos não sejam usados como argumento para a cobrança de juros. “que não estimemos o costume vulgar e recebido que é que nos seja lícito, […] pelo contrário, que tomemos como regra uma só, a Palavra de Deus”.
Em sexto lugar, que tenhamos consciência que os juros incidem sobre o custo de vida da população, e não apenas no proveito de quem toma emprestado. “que não levemos em conta somente o proveito particular daquele com quem entabolamos negócio, mas ainda consideremos o que é expediente para o público”.
Em sétimo lugar, que se considere o que preceitua as leis existentes, embora seja melhor reger-se pelas da equidade. “que não se exceda a medida que as leis públicas da região ou do lugar concedem, embora isto nem sempre baste, […]. É, pois, de mister preferir equidade que cerceie o que exceder o justo limite.”
De acordo com o pensamento do Reformador, a taxa de juros deve ser estipulada de acordo com o juízo moral e espiritual do emprestador, pois, o juro irá sempre incidir sobre o consumidor. “Com perspicácia que vai muito além da ciência econômica de seu tempo, Calvino observa que a taxa de juros tem certa incidência sobre o custo de vida e que os juros são pagos, em última instância e em sua maior parte, pelo próprio consumidor”.
E que não se deve basear somente pelo meio em que vive e nem pela lei civil. Para o Reformador, o cristão deve se basear no Evangelho e no seu comportamento diante de Deus, e ainda que tal condição impossibilite o tomador de trabalho e de ter liberdade sobre sua vida.
Qual, porém, a taxa normal? Calvino insiste no fato de que não há regra objetiva para fixá-la. O que deve ser determinante é o juízo espiritual e moral do emprestador, se ele é um cristão autêntico. Sua determinação será ditada pela justiça e pela caridade, compreendidas como o entende o Evangelho e medida pelas necessidades do próximo. […] Não somente, pois, não se pode fixar uma taxa uniforme que estabeleceria o limite abaixo do qual seria legítimo o juro, mas é ainda preciso ter-se em conta o fato de que um crente não está aprovado diante de Deus, se contente se mostra com as diretrizes ou normas em vigor no meio em que vive, ou com a taxa sancionada pela lei civil.[…] Em definitivo, a só regra determinante hão de ser o amor e o bem do próximo tal como no-lo revela e ensina Jesus Cristo no Evangelho. Tão exigente é este amor que jamais poderia o emprestador, para fazer valer seus direitos a ser remunerado ou reembolsado, privar alguém das suas possibilidades de trabalho ou obter um poder discricionário sobre sua vida privada. Portanto, a taxa de juros não deve ser abusiva, deve ser justa, independentemente das condições propostas pela lei. De acordo com o pensamento de Calvino, antes de se aplicar uma taxa de juro, deve-se avaliar o motivo do empréstimo, e o emprestador deve ter a consciência de que ele está a emprestar para seu semelhante feito á imagem de Deus. Mesmo em uma transação financeira devemos manifestar a glória de Deus.”
Fonte:
MAURICIO DE CASTRO E SOUZA: “O EMPRÉSTIMO A JUROS EM JOÃO CALVINO”. (Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências da Religião. Orientadora: Profª Drª Márcia Mello Costa De Liberal). São Paulo, 2006.
Nota:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.
Disponível digitalmente no site: Domíni

Reflexões sobre a quarta-feira de cinzas: arrependimento exige mudança de mente, dizem pastores

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A quarta-feira de cinzas marca, para muitos cristãos católicos, um dia de arrependimento pelos excessos cometidos durante a festa carnavalesca, e define o reinício das atividades profissionais em todo o país.


O reverendo presbiteriano Hernandes Dias Lopes publicou em sua página no Facebook um pequeno texto, em que propõe uma reflexão sobre o real sentido do arrependimento.

“Muitas pessoas hoje passarão por um rito religioso, colocando cinzas sobre a testa. Afinal hoje é quarta-feira de cinzas. É uma espécie de arrependimento dos pecados e excessos cometidos no carnaval. A grande pergunta é: o que é arrependimento? Será que um ritual externo pode limpar o coração e aliviar a consciência?”, questiona.

Em seu texto, Lopes observa que o arrependimento passa por mudanças de atitude conscientemente e transformação da mente.

“Arrependimento tem três implicações. A palavra grega “metanoia” traz a idéia de mudar de mente. Portanto tem um componente racional. Depois traz a idéia de sentir tristeza segundo Deus, ou seja, uma profunda convicção que o pecado é uma ofensa contra Deus. Portanto, o arrependimento tem um envolvimento emocional. Finalmente, o arrependimento envolve a vontade, pois significa dar meia volta e tomar uma nova direção. Não é arrependimento e novamente arrependimento, mas arrependimento e frutos de arrependimento”, pontua o reverendo.

Já o bispo anglicano e doutor em Escatologia e Ciência da Religião Hermes C. Fernandes publicou um artigo em forma de oração a Deus, em que fala sobre a quarta-feira de cinzas do ponto de vista de quem assiste ao pós-folia.

“Ninguém nos conhece tão bem quanto o Senhor. Tu sabes o quão suscetíveis somos às paixões carnais. Por isso, dirijo-me a Ti para rogar o Teu perdão e a Tua misericórdia sobre nosso sofrido povo brasileiro. Não somos inocentes. Sabemos exatamente onde e quando erramos e magoamos o Teu coração. Porém, nem todos conhecem a Ti por meio de Teu Filho Jesus Cristo. Estes carregam nos ombros o insuportável peso da culpa, sem ao menos saberem a quem recorrer em busca de alívio”, escreveu Fernandes.

Em sua oração escrita, o bispo Fernandes confessa que por sermos humanos, todos pecamos, e todos devem buscar perdão na quarta-feira de cinzas: “Muitos de nós, desejosos de Te agradar, preferiram privar-se da festa, isolando-se em seus domicílios ou em retiros promovidos por suas igrejas. Mesmos estes não estão imunes ao pecado, seja ele de ordem moral ou por pura presunção. No fundo, somos todos “farinha do mesmo saco”. O pecado não está na Avenida onde acontecem os desfiles, nem nos blocos, nos bailes ou na transmissão televisiva. Antes, o pecado está em nós, em nossa natureza caída. Por isso, todos, igualmente, temos nossas próprias razões para nos arrepender. Inclusive pela nossa indiferença e alienação”.

O artigo se encerra com um pedido a Deus por mais graça: “Ajude-nos, Senhor, a que sejamos mais compassivos e menos jactanciosos. Que sejamos sal da terra, luz do mundo, e não sal no saleiro ou holofotes voltados para nós mesmos. Que tenhamos mãos estendidas no lugar de dedos em riste. Tire-nos de nosso comodismo e ostracismo, e conduza-nos na direção do outro, mesmo quando este pensa e age de maneira contrária aos nossos valores e princípios. Que o mundo conheça através de nosso testemunho de amor, aquela alegria perene que não termina em cinzas, festa que não tem hora para acabar”.

Leia a íntegra do texto “Quarta-feira de cinzas”, do reverendo Hernandes Dias Lopes neste link.

Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie é o novo presidente da Capes







Benedito Guimarães Aguiar Neto, então presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), durante encontro com Jair Bolsonaro, em março passado; ele foi nomeado hoje presidente da Capes Foto: Marcos Corrêa/PR

Benedito Guimarães Aguiar Neto foi nomeado nesta sexta-feira para o comando do órgão de fomento à educação superior, que governo quer fundir com o CNPq



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Benedito Guimarães Aguiar Neto, então presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), durante encontro com Jair Bolsonaro, em março passado; ele foi nomeado hoje presidente da Capes Foto: Marcos Corrêa/PR


RIO — O reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Benedito Guimarães Aguiar Neto, foi nomeado nesta sexta-feira presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
O nome de Aguiar Neto estava sendo cogitado desde dezembro, quando Anderson Ribeiro Correia deixou o posto para assumir a reitoria do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). A exoneração do ex-presidente e a nomeação do novo foram publicadas no Diário Oficial da União desta sexta.
Aguiar Neto tem graduação e mestrado em engenharia elétrica pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde também foi diretor do Centro de Ciências e Tecnologia, de 1997 a 2005.
Fez doutorado na Alemanha, na Universidade Técnica de Berlim, e pós-doutorado na Universidade de Washington (EUA), como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
É reitor da paulistana Mackenzie desde 2011 e também ocupou, entre 2016 e 2019, o posto de presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub).
Nesta função, foi recebido pelo presidente Jair Bolsonaro em março do ano passado, quando apresentou propostas do conselho “para a superações dos recorrentes problemas da educação brasileira”.
Durante a crise causada pelo contingênciamento das verbas da educação, que levou a cortes de bolsas de pós-graduação da Capes e do CNPq, Bolsonaro citou a Mackenzie como exemplo de universidade que faz pesquisa no Brasil, em detrimento das públicas.
— Entre as 250 melhores universidades do mundo não tem nenhuma brasileira e vocês vão me falar que estamos prejudicando pesquisa? Pesquisa até temos, na Mackenzie, no IME, ITA, em algumas poucas universidades. Não temos nada no Brasil.
“Com um projeto pedagógico institucional avançado, a UPM é reconhecida pela excelência no ensino na pesquisa e na extensão universitária.” Prof. Dr. Ing. Benedito Guimarães Aguiar Neto
Graduado em Engenharia Elétrica (1977) e Mestre em Engenharia Elétrica (1982) pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Doutor em Engenharia Elétrica pela Technische Universität Berlin, Alemanha (1987) e pós-doutor pela University of Washington, EUA (2008). Em janeiro de 2013 foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pelo Gordon College, USA.
Foi Professor Titular do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande, no qual atuou como Professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, nas áreas de Telecomunicações e Processamento de Sinais.
Foi Coordenador do Curso de Engenharia Elétrica da UFPB de 1989 a 1993 e Diretor do Centro de Ciências e Tecnologia da UFPB e Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) de 1997 a 2005. Foi Editor da Revista de Ensino de Engenharia da ABENGE, de 1999 a 2004 e Presidente do Conselho Diretor da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba, de 2003 a 2005. Foi membro do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie e do Conselho Universitário da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Foi Vice-Presidente do Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras, Diretor Acadêmico da Associação Brasileira de Educação em Engenharia, membro da Comissão Assessora do Enade (engenharias-grupo II) e membro da Comissão de Especialistas de Engenharia MEC/Confea. 
Em junho de 2013 foi agraciado pela UFPB com o título de Professor Emérito. Ainda em 2013 foi agraciado pela Câmara Municipal de Campina Grande, Estado da Paraíba, com o título de Cidadão Campinense. No mesmo ano recebeu o título de Cidadão Paraibano outorgado pela Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba.
É Avaliador Institucional do INEP, membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta desde março de 2011. Atualmente é Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), exerce a Vice-Presidência para a Educação Superior da Associação Brasileira de Instituições Educacionais Evangélicas (ABIEE) e, a partir de 2018, assumiu a Vice-Presidência Regional do Brasil da Organização Universitária Interamericana (OUI).
Desde 2011 é Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Fonte: O Globo/Mackenzie

Japoneses podem ser classificados como grupo de povos não alcançados, dizem missionários



As Olimpíadas no Japão têm o potencial de começar a mudar essa condição, ao abrir oportunidade de evangelismo no país.

Os missionários no Japão acham que é a hora certa para Deus se mover no país. (Foto: Reprodução/IMB)

Os missionários no Japão acham que é a hora certa para Deus se mover no país. (Foto: Reprodução/IMB)
Ao compartilhar o Evangelho com uma pessoa japonesa, há 99% de chances de que essa seja a primeira vez que ela ouve a mensagem da Palavra de Deus, dizem missionário da IMB.
Segundo grupo missionário americano, com essa estatística, o povo japonês pode ser classificado como um grupo de pessoas não alcançadas.
Eles dizem que esse fato pode ser uma surpresa para os que pensam em “grupos de pessoas não alcançados” como homens e mulheres vivendo em lugares remotos, como selvas ou desertos.
Em vez disso, dizem, os japoneses não alcançados costumam ser empresários trabalhando em arranha-céus e jovens adultos com conexão digital incomparável.
Com a proximidade das Olimpíadas do Japão, que acontecem em meados de 2020, os missionários veem uma “oportunidade sem precedentes de alcançar os japoneses com o Evangelho”. Eles dizem que o evento esportivo internacional pode deixar “o povo japonês cada vez mais aberto a ouvir sobre esperança e vida eterna”.
Essa possibilidade, está entusiasmando os cristãos e missionários japoneses que podem ver a história cristã no país ser mudada. Daniel e Tara Rice, missionários do IMB em Tóquio, esperam que as porcentagens daqueles que não ouviram o evangelho diminuam.
Resistência
Por que não há mais seguidores japoneses de Jesus? E por que tem sido tão difícil alcançar o japonês com o evangelho?
Carlton Walker, que trabalha no Japão há 40 anos, diz que o Japão é um país e uma cultura de homogeneidade. O isolamento geográfico do Japão manteve muitas influências externas. Isso não quer dizer que não houve influências externas. Parte do alfabeto japonês, o Kanji, veio da China, assim como o budismo.
No entanto, o domínio imperial japonês trouxe isolamento político por mais de 200 anos. A tradição ditava que as classes sociais mais baixas, como os pescadores, eram respeitadoras das mais altas, e as classes não se misturavam. As mudanças na sociedade foram mínimas.
Os japoneses têm um ditado famoso: “A unha que sobressai é martelada”. Esse medo de ser derrotado manteve o status quo. Manter a unidade e a uniformidade da cultura tem sido mais importante para eles.
Walker diz que os japoneses ouvirão apresentações sobre o Evangelho e, como muitas pessoas em culturas de honra / vergonha, não querem envergonhar a pessoa que compartilha o Evangelho, discordando delas. Isso pode fazer parecer que a pessoa que está ouvindo o Evangelho está interessada quando o oposto pode ser verdadeiro.
Walker explica que o método evangelístico ocidental de compartilhar que pecamos e precisamos nos arrepender não é eficaz no Japão. Mais eficaz é enquadrar o Evangelho como a vergonha de um relacionamento quebrado que precisa ser restaurado.
Embora a história e a cultura tenham sido obstáculos para o avanço do Evangelho, os missionários do IMB dizem que, sob o verniz da tradição e a cultura de honra e vergonha, um zelo religioso está esperando para ser revelado.
Era de restauração
Como na maioria das sociedades, o zelo e o fervor podem ser facilmente encontrados em festivais e eventos esportivos no Japão. Os Rices e Walker dizem que a atmosfera permite liberdade de expressão. Nessas ocasiões, os missionários dizem que os japoneses têm maior probabilidade de ouvir as apresentações do Evangelho.
Os Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio proporcionarão que missionários, crentes japoneses e voluntários cristãos falem sobre Jesus no Japão.
Nos últimos seis meses e nos meses que antecederam os Jogos Olímpicos de Verão de 2020, as igrejas dos Rices e do Japão estão realizando festivais comunitários. Os festivais contarão com jogos para a família, atividades, comida e apresentações do Evangelho. Voluntários das igrejas batistas do sul dos EUA são os principais parceiros nos festivais.
“Os festivais são vistos como um primeiro passo no discipulado”, disse Daniel. “Eles estão sempre conectados a uma igreja local, e nós encorajamos fortemente que a igreja local tenha algo planejado a seguir”.
Durante as Olimpíadas, as equipes missionárias se concentrarão no evangelismo através de coisas como uma cafeteria pop-up e troca de pinos olímpicos. O objetivo de cada esforço será compartilhar o Evangelho com japoneses e visitantes que possam ser mais receptivos à mensagem.
Após as Olimpíadas, as igrejas japonesas acompanharão as pessoas interessadas em ouvir mais sobre o cristianismo. O envolvimento de cristãos japoneses garante que o Evangelho não saia com os voluntários de curto prazo ou com os missionários do IMB quando os termos de serviço terminarem.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA BPNEWS

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Homem achava que era o único cristão no Iêmen

Um cristão no Iêmen precisa ser discreto ao viver e compartilhar a fé em Jesus

Um cristão no Iêmen precisa ser discreto ao viver e compartilhar a fé em Jesus

Após conhecer outros seguidores de Jesus, Mohammad recebe irmãos e faz cultos em casa


Ser cristão em um país em constante conflitos causados pela presença da Al-Qaeda, guerra civil e intervenção militar, é algo arriscado. Essa é a situação de Mohammad*, de 44 anos, e Alima*, de 38 anos, no Iêmen. A caminhada do cristão começou há 17 anos, quando encontrou uma Bíblia em uma loja de artigos usados. Ele comprou o livro e precisava ter cuidado ao lê-lo, já que não havia lugar seguro para isso, nem mesmo em casa. “Um dia, alguns dos meus colegas me viram lendo; eles riram e ficaram se perguntando por que eu estava ocupado com aquilo. Mas alguns deles também estavam interessados no evangelho”, testemunha.
Quando Mohammad decidiu seguir a Jesus, achava que era o único cristão do país. Ele não conhecia nenhum outro, mas com o tempo passou a encontrá-los. Até hoje, ele lembra como foi a primeira vez que teve contato com um irmão. “Nós rimos juntos. Mais tarde, encontrei-me com outras pessoas, algumas se converteram antes do ano 2000”, relembra. O cristão iemenita passou por um discipulado, foi batizado e foi crescendo gradativamente na fé.
Milagres pelo caminho
Mohammad se casou com Alima, quando ela ainda era muçulmana, já que era difícil encontrar jovens cristãs no país. Mas desde o início do relacionamento, ele tinha certeza de que ela também seria seguidora de Jesus. “Minha primeira oração a Deus foi que minha esposa também recebesse a fé. Que nós, como casal, crescêssemos juntos e que minha esposa também se tornasse cristã, pois ela já estava interessada em outras religiões”, conta.
O casal começou a estudar a Bíblia juntos, e Alima ficou impactada com o conceito de amar os inimigos. Porém, ainda não era algo que a fizesse se tornar cristã. Até que um dia, ela ouviu dos médicos que não poderia ser mãe novamente. Mas ao lerem o evangelho e perceberem o poder de Jesus, o esposo desafiou a esposa a pedir um filho ao Senhor. “Dissemos a Deus que queríamos outro filho e que quando Deus respondesse a essa oração, nós o seguiríamos. No mesmo mês, ela ficou grávida”, diz Mohammad. As consequências da gravidez também impactaram a equipe do hospital que acompanharam o caso dela.
A família viveu muitos milagres com Cristo. Um deles foi um livramento de um grave acidente de carro. “Nada aconteceu conosco, ninguém se machucou, nem sequer batemos nossas cabeças ou algo assim. Nosso filho mais velho também estava no carro e, após o incidente, ele disse: Isso foi legal, você pode fazer isso de novo? Ele nem sabia do perigo, mas minha esposa e eu sentimos que tínhamos visto a morte de perto. Depois disso, sabíamos que Deus queria nos proteger”, testifica.  
Durante a guerra no Iêmen, os cristãos veem o amparo de Deus em tudo, até mesmo em providenciar alimentos suficientes para todos. A consequência de tantos milagres foi a abertura da residência do casal para o início de grupos familiares. “Dividimos cada grupo em dois, um para aqueles que não são batizados e outro para aqueles que creem há mais tempo e já foram batizados. Todos os dias eles vêm para nossa casa. Às vezes, apenas um número pequeno, mas outras vezes chegam de dez a doze pessoas", explica.
*Nomes alterados por segurança.
Fonte: Portas Abertas

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

O avanço do islamismo na Ásia

Os maiores países islâmicos estão no continente asiático, onde cristãos ex-muçulmanos enfrentam o desafio de viver a nova fé

há um mês
A China é um dos países asiáticos com grande população muçulmana
A China é um dos países asiáticos com grande população muçulmana
Ao ouvir a palavra “muçulmano”, provavelmente o que vem a sua mente seja a imagem de um xeique árabe e países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Iraque ou qualquer país do Oriente Médio. Parece óbvio que essa seja a região mais muçulmana do mundo, mas não é. A maior população islâmica se encontra no Sudeste Asiático. Para surpresa de muitos, alguns dos maiores países muçulmanos do mundo estão na Ásia: Indonésia, Paquistão, Índia e Bangladesh. O islamismo avançou, e muito, além das fronteiras do seu berço, o Oriente Médio. E hoje a Indonésia é o país com a maior população islâmica, seguido pela Índia.
O Estado Islâmico (EI) pode estar sendo derrotado no Oriente Médio lentamente, mas o movimento está apenas mudando de endereço: indo do Oriente Médio para o Extremo Oriente, onde, longe da vista da grande mídia, está construindo novas fortalezas. Paquistão, Afeganistão, Malásia, Sul das Filipinas e até mesmo a Ásia Central e o noroeste da China são ameaçados pela ideologia extremista islâmica e têm seus próprios afiliados do EI. Um dos exemplos mais chocantes foi a ocupação da cidade filipina de Marawi em 2017, quando muitos cristãos foram executados. Nos países islâmicos do Sudeste Asiático, os cristãos ex-muçulmanos enfrentam muitos desafios para permanecerem fiéis ao Senhor.
O que está acontecendo na Ásia islâmica?
Existe um movimento muçulmano fundamentalista que quer implementar a sharia (conjunto de leis islâmicas) e varrer os cristãos do continente asiático. De certa forma, a igreja foi condenada à morte, mas não com uma bala, uma cadeira elétrica ou uma forca. O método deles é bem mais cruel, pois é uma morte lenta, feita aos poucos – um ataque a uma igreja aqui, uma mulher sequestrada ali, uma criança abusada, um mártir de cada vez.
Em meio a tudo isso, há uma igreja secreta de cristãos ex-muçulmanos; uma igreja apaixonada, mas secreta e silenciada. Há também as “igrejas abertas” – abertas, mas em muitos casos fechadas para os irmãos e irmãs que nasceram em uma família muçulmana e creram em Cristo em algum ponto da vida.
A família geralmente é o primeiro perseguidor. Se a família não “fizer nada”, a comunidade fará. Ameaças verbais, surras, sequestros e expulsão são as punições mais frequentes para os apóstatas do islamismo. O lado positivo disso é que como esses irmãos e irmãs sabem o preço que terão que pagar, eles dependem mais de Deus e geralmente são muito apaixonados por compartilhar o evangelho com os parentes, amigos e colegas de trabalho. Eles estão dispostos a correr os riscos.
É por eles que nos uniremos em clamor, no maior movimento nacional e interdenominacional de oração pela Igreja Perseguida. E o convidamos para participar conosco do Domingo da Igreja Perseguida, no dia 7 de junho. Não fique de fora, faça já o seu cadastro no DIP 2020 e saiba como realizar o evento em sua igreja local.
Fonte: Portas Abertas

VISITAÇÃO PASTORAL 2

Visitação Pastoral: Tipos e Orientações
Valdeci Santos
A visita pastoral é uma das ferramentas mais poderosas no exercício do cuidado com as ovelhas que pertencem a Cristo. Os momentos espirituais mais significativos para alguns crentes ocorreram durante o cuidado e atenção que receberam em alguma visita pastoral. A sensação de ser lembrado por alguém que é admirado, a ponto dessa pessoa “abrir um espaço” em sua agenda e para se encontrar com sua ovelha, de fato, comunica uma mensagem que fala diretamente ao coração. Além do mais, ter o pastor ministrando pessoalmente a palavra de Deus ao crente é uma expressão concreta do seu cuidado pelo rebanho. Também, quando nos momentos de angústia e aflição o crente se sente cuidado, seus momentos de deserto e aridez se tornam mais suportáveis. De fato, todo pastor necessita aprender que as pessoas não se importam com o quanto ele sabe até que elas saibam o quanto ele se importa com elas!
Por outro lado, a visita pastoral não é benéfica apenas para quem recebe, mas também para aquele que a pratica. A experiência revela que, inúmeras vezes, aquele que sai para consolar retorna consolado!
Porém, é necessário esclarecer sobre o que estamos falando, pois muitos pastores contabilizam os encontros sociais, os incidentes informais em que “esbarram” em alguma ovelha no supermercado ou algum outro lugar, como visita pastoral. Conquanto esses momentos possam ser significativos, eles não deveriam ser confundidos com o exercício da visitação pastoral. Antes, a visita pastoral consiste naqueles encontros significativos que criam interações espirituais intencionais, os quais ocorrem, mais especificamente, fora dos limites das dependências da igreja. Em outras palavras, “a visita pastoral é o ‘ministério da presença’ que o pastor exerce em relação aos membros e visitantes de sua igreja, estendendo pessoalmente a eles o amor de Jesus”.[1] Essas interações podem ocorrer em residências, locais de trabalho, hospitais, prisões ou em algum outro lugar, segundo a necessidade dos envolvidos. A visitação pastoral pode ser considerada como um “ato de amor”, “discipulado” e “amizade” do pastor em relação às suas ovelhas. Essa prática acaba funcionando como “portas de entrada” nos corações e vidas das pessoas, bem como oportunidades para se estabelecer relacionamento e fortalecer a confiança, o que pode ajudar em várias dimensões do ministério pastoral.
Escrevendo sobre esse assunto, Michael W. Campbel identifica quatro objetivos básicos da visitação pastoral: “fortalecer relacionamentos, edificar espiritualmente, reforçar a conexão do crente com a igreja e praticar a oração com as ovelhas individualmente”.[2] Fica claro, assim, que a visita pastoral é uma interação intencionalmente programada e não meramente alguns encontros ocasionais.[3] Nesse sentido, é importante lembrar que “de todos os profissionais, o pastor é o único com o privilégio e responsabilidade de iniciar o relacionamento com as pessoas no ambiente residencial, o qual é o melhor lugar para a interação humana”.[4]
            Algumas pessoas que questionam a validade da visitação pastoral deveriam se lembrar de que o princípio bíblico de “visitar órfãos e viúvas em suas tribulações”, o qual é parte integral da verdadeira religião, é uma exigência para todo crente, especialmente para os pastores (cf. Tg 1.27). Além do mais, a prática da visitação é apresentada na Bíblia como uma expressão concreta de amor e cuidado (cf. Mt 25.37-40, Gn 3.8 e Lc 19.1-10). Mesmo após a queda de Adão e Eva no jardim do Éden, o Senhor continuou a visitá-los com o objetivo de cuidar deles (cf. Gn 3.15).[5] Dessa forma, o ministro que conduz corretamente seu trabalho além da esfera do púlpito realizará dez vezes mais do que aquele que limita o seu trabalho atrás de uma mesa.
Diferentes explicações têm sido apresentadas para a diminuição da prática da visitação pastoral, mas talvez a mais coerente seja a falta de planejamento dos pastores em relação a esse exercício. É verdade que o contexto sociocultural influencia nesse sentido, mas ele não pode ser tomado como definitivo. Franklin Dávila corretamente se posiciona quanto a essa questão, dizendo: “se os cristãos desta sociedade contemporânea não passassem por crises de fé e por lutas espirituais, eu concordaria plenamente com os que se opõem a esse ministério”.[6] Ao que tudo indica, muitos pastores quase não visitam porque não se programam nesse sentido. Alguns pastores parecem satisfeitos em manter um relacionamento superficial com o rebanho, o que resulta em generalizações no púlpito e contribui para eventuais esvaziamentos nos bancos da igreja. Por outro lado, os pastores mais eficientes na prática da visitação não ficam apenas esperando serem convidados por suas ovelhas, mas desenvolvem estratégias proativas para alcançá-las. Em sua experiência ministerial, Franklin Dávila desenvolveu um método interessante e recomenda os jovens pastores a que façam algo semelhante. Segundo ele, “é importante que o pastor tenha uma agenda e, em acordo com os irmãos, deixe que eles marquem nela o dia e a hora para a visita”.[7] Com isso, não apenas o pastor, mas também os membros da igreja acabam participando do planejamento.
            Quanto à natureza da visita pastoral, é possível distinguir três categorias comuns e extremamente relevantes no cuidado com o rebanho. Primeiro, há a visita preventiva ou regular, que ocorre ordinariamente e deve ser realizada sem que haja algum problema específico, sendo útil para manter o contato entre pastor e ovelhas. Segundo o pastor Franklin, “esse tipo de visita é importante, porque dará ao visitador a oportunidade de conversar, tirar dúvidas, esclarecer pontos e, ainda que não possam aquilatar os resultados, muita coisa pode ser evitada no futuro por causa desse encontro”.[8] Também há a visita curativa ou terapêutica, que é aquela visita extraordinária, na qual o pastor se dirige a alguém que está necessitado da sua presença, conselhos e cuidado específico. Franklin explica que a motivação dessa visita é a necessidade da ovelha, ou seja, “a ovelha está precisando ser visitada por estar enfrentando alguma dificuldade. Necessita ser assistida, sarada e fortalecida”.[9] Nesses casos podem ser incluídas as visitas a enfermos (casas ou hospitais), aos enlutados ou visitas a famílias em crise. O objetivo é sempre apresentar o remédio da palavra de Deus ao coração sofrido. Por último, há a visita corretiva ou reparadora, na qual algum problema moral, relacional ou de crença deverá ser abordado. O objetivo dessa visita é cuidar para que o erro não se propague no Corpo a ponto de contaminar outros. Alguns pastores se limitam a zelar pela correção apenas do púlpito, mas o discipulado e a admoestação pessoal, ainda que mais difíceis, podem também ser qualitativamente mais benéficos. O elemento unificador desses três tipos de visitação é a intencionalidade com a qual elas são desenvolvidas. Em outras palavras, não se trata de “encontros acidentais”.
Um assunto espinhoso em relação à visitação pastoral é o aspecto ético a ser observado pelos praticantes dela. Por desconsiderarem essa questão, alguns obreiros acabam causando mais males do que bem ao Corpo de Cristo e outros até se envolvem em casos escandalosos. Para que o objetivo da edificação seja atingido, é necessário agir com prudência nessa prática. A esse respeito, o pastor sábio sempre evitará visitar alguém do sexo oposto quando estiver desacompanhado, especialmente em se tratando de mulher casada, se o marido dela não estiver presente. Há que se fugir não apenas do mal, mas também da aparência do mal. Também, é importante que o visitador não permita que a conversa se desenvolva sobre a vida de alguém que não esteja presente para se defender ou prestar esclarecimentos. Muitos intrigas e dissentimentos são alimentados quando isso ocorre. Nenhum pastor precisa saber sobre a vida de alguém por meio da narrativa de outros. Finalmente, o pastor deve cuidar para não usar os casos e as particularidades da vida doméstica de suas ovelhas no púlpito, como “ilustrações de sermão”. Enfim, se o pastor não cuidar dessas questões éticas, “não demorará muito e logo todas as casas estarão fechadas para ele”.[10]
Finalmente, é necessário considerar o que deve ser feito na visita pastoral, ou seja, como deve ser o seu modus operandi. Embora não exista nenhuma norma específica para esse processo, alguns princípios gerais podem ser observados. Por exemplo, uma das primeiras coisas a serem feitas é a preparação do pastor para a visita a ser realizada. Em um artigo sobre esse assunto, David Murray diz que se prepara para visitação pastoral com alguns minutos de oração em prol da família a ser visitada, bem como do assunto a ser abordado naquele evento.[11] Feito isso, ao chegar ao local, creio ser importante o pastor esclarecer às pessoas quanto tempo sua visita durará. Alguns parecem não perceber que a visita longa pode ser extremamente inconveniente para suas ovelhas, que possuem outras atividades (interações em família, estudados, atividades profissionais etc.). O estabelecimento inicial de um período ajuda até na atenção a ser dedicada pelas ovelhas ao ministro e ao que ele tem para ensinar.
Além disso, Murray sugere que os quinze minutos iniciais sejam dedicados ao diálogo sobre o que tem acontecido na vida da família, coisas sobre o trabalho, criação de filhos, escola e assim por diante. Se há algum acontecimento importante no âmbito nacional ou local, ele também inclui o assunto como parte da conversação inicial. O cuidado a ser tomado nesse sentido é quanto ao perigo de se perder em meio a algum assunto interessante e esquecer o propósito “espiritual” da visita. Por isso, retomar o assunto para a conversação sobre as questões espirituais é o terceiro passo a ser observado.
Uma sugestão muito prática feita por Franklin Dávila é que o pastor evite “monopolizar” a conversação. Um dos objetivos da visita é conhecer melhor suas ovelhas e se o pastor não permite que as pessoas nesse momento emitam suas opiniões e expressem suas dúvidas, esse alvo não será atingido. Quanto a isso, Franklin nos lembra que “as palavras pastorais ditas numa visita podem germinar para o bem ou para o mal. Podem abater os espíritos ou abater as almas… Se não tivermos uma boa palavra para o momento é melhor ficar em silêncio. Jamais seremos punidos se ficarmos em silêncio”. [12] Portanto, sensatez e juízo crítico são bem-vindos nesses momentos.
Há ocasiões em que o processo de direcionar a conversa para questões espirituais pode ser fácil, especialmente dependendo da necessidade ou maturidade da pessoa visitada. Porém, há outras situações em que esse enfoque poder ser muito difícil e isso ocorre nos casos em que a pessoa visitada insiste em permanecer conversando sobre as questões triviais da vida. Se o pastor não atentar para essa armadilha ele pode usar o tempo dedicado à visita em interações que não resultarão no progresso espiritual de suas ovelhas. A fim de retomar o interesse espiritual da visita, David Murray sugere que, se necessário, o pastor intervenha com algumas perguntas como:
  • Há alguma coisa pela qual você gostaria que eu orasse?
  • Qual porção da Bíblia você tem lido ultimamente? Alguma coisa que lhe chamou mais a atenção?
  • Quais as dificuldades que você tem tido em sua leitura bíblica?
  • Há algum assunto que você gostaria que fosse abordado em um sermão dominical?
  • Você tem sido ajudado por algum sermão em particular? Sobre o que ele dizia respeito?
  • Você tem lido boa literatura cristã ultimamente?
  • Quais dons espirituais você acredita ter recebido do Senhor? Como você acredita poder exercitá-los em nossa igreja?
  • O que as crianças estão aprendendo na Escola Dominical?
A lista de Murray inclui outros tópicos, mas o resumo acima é suficiente para ilustrar como apenas uma pergunta pode ser suficiente para direcionar a conversa para o propósito da interação que deve ocorrer em uma visita pastoral.
            Em quinto lugar, o pastor deve abrir as Escrituras e compartilhar de maneira rápida e objetiva alguma passagem que seja relevante à situação da família (ou pessoa) visitada. A instrução bíblica não é opcional, mas uma parte inegociável da visita pastoral. Esse é o elemento da visita que provavelmente somente ele poderá realizar com sabedoria e autoridade. Se ele se esquece ou omite essa prática na visita, a mensagem comunicada é que a interação foi mais importante do que a edificação. A melhor maneira de se observar essa prática é fazer “anotações mentais” durante a conversação a fim de selecionar uma passagem bíblica que melhor se aplique à realidade da pessoa visitada. Lido o texto, ele pode até perguntar às crianças (se existir alguma) sobre o que entenderam sobre o texto lido, pois essa é uma boa maneira de engajá-las no estudo bíblico e, também, observar o quanto seus pais têm conversado com elas sobre a Palavra de Deus.
Finalmente, conclua a visita com uma oração pelos assuntos conversados durante ela. O derramar de nossos desejos e preocupações diante do Senhor, além de ser um exercício devocional, também é pedagógico, pois o pastor poderá ensinar suas ovelhas a apresentar “tudo a Deus em oração”. Ao fazer isso, o obreiro estará, paralelamente, dando provas concretas do quanto ele ouviu com atenção tudo o que suas ovelhas lhe disseram durante aqueles minutos de interação.
Em havendo oportunidade, é importante que o pastor deixe alguma literatura que poderá ser útil aos visitados. Além de demonstrar carinho por meio desse ato, ele contribui para a instrução espiritual por meio de boas obras literárias.
Outras sugestões poderiam ser oferecidas quanto a algumas visitas específicas em hospitais ou prisões, mas isso demandaria outro artigo. Para o propósito dessa pequena reflexão, creio que o que foi abordado tenha sido suficiente.

[1] NWAOMAH, Evans N. e DUBE, Sikhumbuzo. Pastoral visitation as a veritable tool in strengthening family relationships. Insight: Journal of Religious Studies 2008, p. 126
[2] CAMPBEL, Michael W. The art of pastoral visitation. Ministry: International Journal for Pastors, 85, number 7 (July 2013): 18.
[3] JACKSON, E. N. Calling and visitation pastoral. Em HUNTER, R. J., ed. Dictionary of pastoral care and counseling. Abington Press: Nashville, TN, 1990, p. 115
[4] Ibid., 126
[5] JAMIESON, Robert, FAUSSET, A. R. e BROWN, David. A commentary, critical and explanatory on the Old and New Testament. Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc. 1997, Gênesis 3.8
[6] DÁVILA, Franklin. Visitação pastoral. Aracaju, SE: Primeira Igreja Presbiteriana de Aracaju, 2005, p. 8
[7] Ibid., p. 21
[8] Ibid., p. 9
[9] Ibid., p. 9
[10] Ibid., p. 22
[11] MURRAY, David. A “normal” pastoral visit. Disponível em: http://headhearthand.org/blog/2010/06/01/a-normal-pastoral-visit/. Acesso em 29.11.2019.
[12] DÁVILA, Visitação, p. 26

VISITAÇÃO PASTORAL

Visitação: Uma atividade em extinção no ministério pastoral
Valdeci Santos
            Visitação pastoral não é uma alternativa, mas uma atividade básica na prática ministerial. Ao escrever sobre isso, o pr. Franklin Dávila afirma: “o pastor é um trabalhador que tem de visitar para poder apascentar. A visita é indispensável e certamente a tarefa mais desgastante no campo emocional”.[1] Conquanto não exista um mandamento bíblico a esse respeito, é importante observar que Paulo suplementava o seu ministério público com o ensinamento “de casa em casa” (cf. At 20.20). Além do mais, Tiago ensina que a prática da visitação é uma das evidências da religião pura e sem mácula (cf. Tg 1.27). Dessa maneira, menosprezar essa atividade pode ser extremamente prejudicial ao sucesso do pastorado.
Nos últimos dias, a visitação pastoral tem sido questionada e sua importância minimizada por alguns líderes. Alguns pastores preferem limitar suas interações com o rebanho por meio das redes sociais e aplicativos de trocas de mensagens. Há aqueles que justificam a não visitação por entenderem que essa é uma atividade relacionada ao trabalho de algum coaching pessoal ou agente social. Por último, existem alguns que reduzem a prática pastoral ao ministério público, ou seja, a entrega de sermões no púlpito, os estudos bíblicos, palestras ou reuniões conciliares. Esses pastores partilham da tese de Thom Rainer, missiólogo batista, que defende ser a visitação uma atividade pertencente ao século passado.[2] O problema é que Rainer não apresenta nenhum respaldo sólido para seu argumento, o qual permanece apenas no campo da subjetividade. Nesse sentido, Franklin Dávila lembra que embora a sociedade tenha mudado, “as necessidades espirituais das ovelhas continuam sendo as mesmas e o coração dos homens é o mesmo de outras gerações”.[3]
É verdade que algumas igrejas colocam uma exigência descabida sobre seus ministros em relação à visitação. Além das atividades comumente exigidas deles, há pessoas para quem, se o pastor não realiza um certo número de visitas semanais, ele será considerado preguiçoso. Nesse sentido, equilíbrio e contexto são dois assuntos a serem considerados. O primeiro diz respeito ao tempo necessário para o pastor desempenhar suas tarefas e o segundo, o lugar onde a igreja local se encontra. Por exemplo, a visita pastoral será mais difícil de ser realizada nos grandes centros, enquanto nas pequenas cidades será fundamental. Ainda assim, essa atividade é relevante em ambos os contextos, diferenciando apenas a frequência que ela ocupa na agenda pastoral e a formalidade quanto ao seu agendamento (no interior, nem sempre é necessário agendar). Nos grandes centros, nem sempre será possível ao pastor visitar o membro de sua igreja que trabalha mais de oito horas por dia e ainda cursa uma faculdade ou algo semelhante. Mas sempre será possível partilhar com ele um almoço próximo ao seu trabalho ou tomar um café com ele no intervalo de seus estudos. De qualquer maneira, o contato e discipulado pessoal, que é o cerne daquilo que deve ocorrer na visita do pastor as suas ovelhas, será mantido.
O propósito desse ensaio é ressaltar alguns benefícios da visitação pastoral. Entendendo não haver nenhum outro aspecto da prática pastoral que possibilita o ministro conhecer melhor suas ovelhas, é necessário ter uma perspectiva correta sobre o valor e características dessa atividade.
            Diferentemente do que alguns pensam, a visita pastoral não é apenas um dever, mas algo rico em benefícios tanto para quem visita quanto para quem é visitado. Enumeramos abaixo alguns desses benefícios, mas o espaço aqui é insuficiente para listar todos e, certamente, alguns serão omitidos.
  1. O conhecimento da ovelha em seu habitat. Os membros de nossas igrejas não vivem em um vácuo e a estrutura do lar e convívio doméstico acabam tendo mais influência sobre eles do que imaginamos. A visitação revela a condição social, a dinâmica familiar e alguns outros detalhes que não são possíveis conhecer somente pelos cumprimentos e conversas de pátio da igreja. Por exemplo, durante essas visitas é possível notar algumas famílias que se organizam “em torno” de um aparelho de TV sempre ligado. Há ainda outras ovelhas que vivem com tantas restrições que nos surpreendemos com a fidelidade delas na entrega dos dízimos e ofertas. O que dizer ainda daquelas famílias nas quais nem todos são crentes? Enfim, as visitações acabam relevando aspectos tão importantes do rebanho que o pastor poderá crescer em sensibilidade e atenção em relação a suas ovelhas.
  2. Oportunidades evangelísticas. Nesse sentido, se o pastor visita membros de sua igreja cujos parentes não são crentes, ele não apenas dá um bom testemunho do cuidado que os crentes têm uns com os outros, como também pode se dispor a responder algumas perguntas sobre a fé cristã. Algumas pessoas não crentes talvez não se interessem em frequentar a igreja antes de perceber o quanto o pastor dessa igreja cuida de suas ovelhas, e isso pode ser demonstrado na visita pastoral. A mesma dinâmica ocorre quando esse pastor visita membros do seu rebanho em locais de trabalho ou estudos.
  3. A identificação de carências sociais. Nem todo membro da igreja se apresentará ao pastor para compartilhar seu estado social ou financeiro. Todavia, quando o pastor visita suas ovelhas ele pode ter os olhos abertos para algumas necessidades básicas que elas enfrentam. Ele pode identificar se há alguém desempregado, saber se estão sendo suficientemente supridos, se possuem condições para os medicamentos necessários, se os diáconos da igreja devem ser acionados para prestarem alguma assistência à família visitada. Enfim, a boa obra da visitação pode ser instrumental na identificação dos necessitados.
  4. O cuidado com os enfermos espirituais. Toda igreja possui alguns membros que, ocasionalmente, revelam certa frieza, falta de entusiasmo e descompromisso em relação às programações locais. Todavia, as melhores ocasiões para compreender as razões dessas pessoas são as visitas pastorais. O ambiente doméstico parece assegurar que a pessoa será ouvida em suas queixas e, no geral, ela abre seu coração mais facilmente nesses momentos. O pastor pode identificar exageros, crença errada, amarguras, ressentimentos ou qualquer outro sintoma de enfermidade espiritual. Mas o fato de ele ter atentado para aquela ovelha a ponto de visitá-la pode garantir a ele a oportunidade de falar ao coração enfermo.
  5. O enriquecimento na vida de oração e intercessão do pastor. Após visitar e conhecer melhor suas ovelhas, o pastor saberá como interceder especificamente por elas. Ele conhecerá suas alegrias, preocupações e ansiedades mais comuns e intensas e poderá apresentá-las ao Senhor em oração de maneira individual e não apenas genericamente. Dependendo da situação de cada ovelha, o pastor poderá ser levado a orar mais intensamente por ela. Enfim, sua vida de oração pelos santos será enriquecida e ele poderá interceder pelo seu rebanho de maneira mais significativa.
  6. Crenças e pensamentos errados podem ser corrigidos com maior eficácia. A congregação que ouve o pastor dominicalmente, no geral, o faz de maneira seletiva. Nem tudo que o pastor ensina é corretamente compreendido ou aceito. O culto público, seguido pelas rápidas interações com o pastor, não oferece ao membro da igreja muita oportunidade de aprofundar o estudo ou responder alguma dúvida restante. Logo, é possível que algumas ovelhas cultivem crenças e pensamentos errados sobre diferentes assuntos que necessitam ser corrigidos. A visita doméstica proporciona uma excelente ocasião para esse discipulado mais eficiente quanto a essas questões.
  7. O enriquecimento da pregação, especialmente quanto à aplicação do sermão. Nenhum programa de visita pastoral deve estabelecer a agenda do que será pregado no púlpito, mas certamente o púlpito será beneficiado por essa prática. Compreender a condição de nossos ouvintes sempre é útil no processo de ensinar e aplicar as Escrituras a eles. O escritor da carta aos Hebreus deixou de abordar em sua carta alguns assuntos que seus leitores não estavam em condição de entender, pois eles haviam se tornado “tardios em ouvir” (Hb 5.11). Em outras palavras, ele aplicou sua mensagem de maneira apropriada à compreensão dos seus leitores.
  8. Nas visitas o pastor não compartilha apenas o seu conhecimento, mas sua vida. Ao refletir seu ministério entre os tessalonicenses o apóstolo Paulo afirmou oferecer a eles “não somente o evangelho de Deus, mas, igualmente, a própria vida” (1Ts 2.8). É interessante observar que além de conhecer melhor as ovelhas do rebanho nas visitas pastorais, o ministro também permite que elas o conheçam melhor. Esse compartilhamento de vidas é fundamental para o estabelecimento de amizades e o fortalecimento dos laços fraternais.
  9. As visitas pastorais livram o ministro de viver dentro de uma redoma. O propósito da redoma é proteger certos objetos ou plantas, mas ao mesmo tempo ela acaba isolando o que se encontra sob sua proteção. Infelizmente, há pastores que preferem se manter dentro de seus círculos de proteção, sejam esses a sala de estudos, o ambiente virtual ou a própria residência e não se dispõem a conhecer o estado de suas ovelhas, as dificuldades que elas enfrentam e vários outros aspectos do “mundo real”. No geral, o discurso desses pastores é piedoso, porém, nada prático. Assim, as visitações nos impedem de distanciarmos da vida diária de nossas ovelhas.
  10. O benefício de sermos consolados quando pensávamos em consolar. Esta é uma experiência de muitos que saíram para levar uma palavra de consolo a alguém sofrendo, mas ao chegar na residência, o testemunho de fé e firmeza da pessoa visitada foi tamanho que quem visitava foi consolado. Nesses casos, geralmente saímos da visita nos perguntando quem foi mais abençoado por aquela atividade! Por isso, o encorajamento com irmãos e irmãs, advindo das visitas regulares, é importantíssimo para o ministro do Evangelho.
De fato, muitos seminários ensinam os futuros pastores a pregar, fazer exegeses bíblicas, administrar igrejas, falar em público e tantas outras coisas necessárias ao exercício ministerial. Conquanto tudo isso seja imprescindível, não se pode minimizar a importância das visitas pastorais onde o pastor pode ouvir, aconselhar e discipular suas ovelhas no contexto doméstico. Franklin Dávila corretamente afirma: “o pastoreio de uma igreja começa a partir da casa dos membros. A igreja nasce nas casas”.[4]

[1] DÁVILA, Franklin. Visitação pastoral. Aracaju, SE: Primeira Igreja Presbiteriana de Aracaju, 2005, p. 5.
[2] RAINER, Thom. Fifteen reasons why your pastor should not visit much. Disponível em: https://thomrainer.com/2016/08/fifteen-reasons-pastor-not-visit-much/. Acesso em: 02.12.2019.
[3] DÁVILA, Visitação, p. 8.
[4] DÁVILA, Visitação, p. 10

Ex-prostituta se rende a Cristo e prega para mulheres: “A graça de Deus é suficiente”


Amy J. Miranda foi restaurada de seu passado na prostituição e passou a incentivar outras pessoas através de seu testemunho.

Amy J. Miranda foi restaurada de seu passado na prostituição. (Foto: Reprodução/Facebook)

Amy J. Miranda foi restaurada de seu passado na prostituição. (Foto: Reprodução/Facebook)
Quando jovem, na cidade pequena de Indiana (EUA), Amy J. Miranda sonhava em ser pregadora, mas seu padrasto dizia que mulheres não podiam pregar. Como resultado, Amy, que nunca conheceu seu pai biológico, começou a questionar sua identidade e papel na igreja.
Na adolescência, Amy rejeitou a Cristo e passou a ter um vazio em sua vida. Depois de terminar o colegial, Amy desistiu de uma bolsa de estudos para viajar pelos EUA, experimentando festas, drogas e uma sucessão de homens para preencher o vazio que sentia. 
O consumo de drogas exigia dinheiro. Para sustentar o vício, Amy passou a usar suas habilidades de música e dança em despedidas de solteiro. Uma mulher mais velha a estimulou e ensinou o comércio da prostituição. Nos cinco anos seguintes, Amy vendeu seu corpo em troca de dinheiro.
“Eu justifiquei minhas ações sentindo que, independentemente do que eu não tinha mais, eu ainda tinha dinheiro”, diz Amy, agora com 50 anos, à AG News.
Durante esse período, sua avó, June Duncan, mudou-se para a Califórnia e começou a frequentar a igreja Century Assembly na cidade de Lodi. Lá, Duncan pediu ao ministério das mulheres para orar por sua neta. 
De volta para  Deus 
Aos 23 anos, Amy estava grávida e decidiu se mudar para a Califórnia para ficar com sua avó. Duncan a convidou para ir à igreja. 
Atraída pelo amor à música, Amy perguntou à esposa do pastor, Edwina, se ela poderia participar do coral, apesar de seu recente estilo de vida. Edwina deu uma túnica para Amy e a recebeu no coral. 
Em seu primeiro domingo cantando no coral, Miranda diz que teve um encontro com Deus através da música. Ela sentiu Deus lhe dizendo: “Amy, Eu morri pelos quebrados. Você pode ser restaurada”. Depois daquele domingo, ela nunca mais olhou para trás.
Amy se casou com David Miranda, que fazia parte da equipe ministerial da Century Assembly. Sua reabilitação profissional começou quando ela serviu como professora de uma escola cristã local. Nos 14 anos seguintes, ela trabalhou como professora primária e, por fim, como diretora da escola. 
Até que o pastor Harold Duncan, marido de Edwina, convidou Amy para se tornar pastora associada na Century Assembly. Depois de se formar em Teologia na Global University, Amy recebeu sua licença como ministra da Assembleia de Deus. Ela passou a compartilhar sua história publicamente, crendo que muitos seriam incentivados por sua transformação.
Novo caminho
Em 2017, um policial de Lodi ouviu Amy compartilhando seu testemunho. Isso levou a um convite para trabalhar com o Departamento de Polícia da cidade e, em fevereiro de 2018, Amy se tornou capelão policial.
Com o incentivo de seu marido e de sua igreja, Amy renunciou à sua posição na Century Assembly em janeiro de 2019 para se dedicar em tempo integral ao ministério Amy Miranda. Deus abriu portas para ela ministrar a meninas adolescentes, grupos de mulheres e em cultos de domingo. Ela também escreveu o livro Prostitute to Pastor: From the Spotlight to God’s Light (De prostituta a pastora: dos holofotes à luz de Deus, em tradução livre).
“A graça de Deus é suficiente para mim… e para você. Faça uma pausa e diga sim ao Senhor e às Suas oportunidades”, incentiva Amy.
Amy agora vive em Galt, na Califórnia, e frequenta a Real Life Church com David, seu marido há 27 anos, e seus dois filhos, Katrina e Gabriel. 

Amy Miranda (centro) com o marido, David, e seus dois filhos, Katrina e Gabriel. (Foto: Reprodução/Facebook)
Na Real Life Church, o pastor James J. Seiler incentivou os esforços de Amy no ministério.
“Amy tem o coração de evangelista e faz um trabalho fenomenal de comunicar a história do Evangelho a homens e mulheres que têm um passado doloroso”, diz Seiler. “Ela tem um dos testemunhos mais impactantes do poder de Deus para transformar uma vida que eu já ouvi. Ela traz a esperança para os outros de que a culpa não precisa definir suas vidas”.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA AG NEWS

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