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sexta-feira, 8 de abril de 2016

SISTEMAS ERRADOS: SISTEMAS ECONÔMICOS QUE NÃO LEVARAM À PROSPERIDADE – SOCIALISMO E COMUNISMO




Por Wayne Grudem e Barry Asmus
O século 20 assistiu a diversos experimentos com o socialismo mar­xista (Alemanha, partes da América do Sul, África) e com o comu­nismo soviético e chinês (União Soviética, Leste europeu e China). Ambos os sistemas se empenharam em abolir a propriedade privada, a fé em Deus e a desigualdade. Como esses dois sistemas econômicos são parecidos em vários pontos, iremos analisá-los em conjunto.
O socialismo é um sistema econômico em que o governo é dono dos meios de produção (as empresas e fazendas), e os bens são quase completamente produzidos e distribuídos sob direção governamental. O comunismo é um sistema econômico em que o governo é dono não somente dos meios de produção, mas também de qualquer outra propriedade, incluindo a mão de obra das pessoas; além disso, o comu­nismo é um sistema político que alega que o verdadeiro socialismo precisa ser implementado por meio de uma revolução violenta, como um passo rumo a uma sociedade utópica futura, sem classes sociais e sem moeda. Em países como a antiga União Soviética e a China, as violentas revoluções comunistas foram seguidas por governos que praticaram assassinatos em massa e usaram o terror para manter a população submissa, o que era considerado necessário até que ela pudesse vir a compreender os benefícios do sistema comunista.
O movimento comunista de Karl Marx foi inaugurado com a publi­cação de um pequeno panfleto,O manifesto comunista (Londres, 1848), no qual ele e Friedrich Engels resumiram a proposição fundamental do comunismo e do sistema marxista. Eles introduziram as suas ideias desta forma:
Toda a história tem sido uma história de lutas de classes, de lutas entre explorados e exploradores, entre classes dominadas e dominantes, em vários estágios do desenvolvimento social; […] tal luta, contudo, agora chegou a um estágio em que a classe explorada e oprimida (o prole­tariado) já não mais consegue se emancipar da classe que a explora e oprime (a burguesia) sem, ao mesmo tempo, libertar para sempre a socie­dade como um todo da exploração, da opressão e das lutas de classes.32
A ideia era de que nações rivais e classes econômicas rivais se enfrentavam em uma luta fundamental e histórica pela supremacia. O coletivismo, o autoritarismo e o planejamento governamental de comando e controle seriam todos interconectados e mutuamente reforçadores, todos funcionando juntos como uma força libertadora. Os “capitalistas” gananciosos pelo lucro seriam finalmente derrotados.
A essência do sistema marxista era o conceito de mais-valia,33 a ideia de que o trabalhador é espoliado porque não recebe o paga­mento do valor inteiro por sua mão de obra e que o juro, o aluguel e o lucro são simplesmente formas de roubar o que pertence, na verdade, ao trabalho.
Marx defendia a tese de que o valor de uma mercadoria podia ser mensurado do ponto de vista das horas de trabalho gastas na sua produção.34 Se um artigo levasse duas vezes mais tempo para ser pro­duzido que outro, ele valeria duas vezes mais. Seu apelo pela aboli­ção da posse de propriedade (origem do lucro de seus proprietários quando os trabalhadores vinham trabalhar em suas fábricas) originou­-se dessa teoria errônea de que o valor de um produto é determinado pela quantidade de trabalho nele investida. Ele pensava que o dono de uma fábrica ou fazenda não merecia obter nenhum lucro simples­mente pelo fato de ser o dono. Marx não entendia que o valor é sub­jetivamente determinado pelas preferências de quem compra, e não simplesmente pelas horas de trabalho investidas, e que os proprietá­rios mereciam lucrar pelo seu investimento de tempo, esforço, plane­jamento e risco.
A teoria de Marx iniciou políticas que inevitavelmente tomavam dos mais produtivos para subsidiar os menos produtivos. Embora a teoria seja demonstravelmente falsa, ela prevaleceu em muitos países no final do século 19 e, depois, durante quase todo o século 20.
A teoria marxista deu também ao governo o papel fundamental de produzir a igualdade de condições materiais. Somente planejado­res governamentais comunistas poderiam ocupar os altos escalões da sociedade para lidar com a tarefa hercúlea de planejar toda uma economia segundo as capacidades e necessidades e fazer com que tudo resultasse em igualdade. Para dar poder ao governo, a coerção seria necessária e, sim, ovos teriam de ser quebrados para se fazer uma omelete. Porém, nem mesmo Marx fazia ideia de quantos ovos seriam quebrados.
Em sua obra posterior em três volumes Das Kapital (Hamburgo, 1867), Marx e Engels tentaram enumerar os pressupostos centrais do comunismo — valor, exploração e luta de classes — e mostrar como uma ordem comunista poderia se desenvolver. Afirmavam que a histó­ria se movia inevitavelmente para um “proletariado” (a classe operária oprimida) cada vez maior em que “juntamente com a constante dimi­nuição do número de magnatas do capital, que usurpam e monopoli­zam todas as vantagens do processo de transformação, cresce a miséria em massa, a opressão, a escravidão, a degradação, a exploração”.35
Finalmente, o proletariado tomaria o poder e uma nova ordem econômica (comunista) haveria de emergir, sem qualquer opressão de uma classe por outra.36 Nessa nova situação, a riqueza da nação seria finalmente usada para o bem de todos, “de cada um segundo sua capa­cidade, para cada um segundo sua necessidade”.37
Sob o comunismo, as pessoas deixariam de ter a liberdade de decidir se queriam trabalhar ou não, porque todas seriam obrigadas a trabalhar. Mas o problema (experimentado hoje por todos os países comunistas) é que as pessoas debaixo do comunismo não têm qual­quer incentivo para trabalhar mais ou para inovar, pois não recebem os frutos do seu trabalho extra. A produtividade inevitavelmente fra­cassa. A abolição da propriedade privada destrói os incentivos.
Marx, no entanto, não enxergava isso. Ele acreditava que a pro­priedade privada prejudicava a natureza humana e que, se pudesse ser abolida, as pessoas naturalmente trabalhariam para o bem da coleti­vidade. Ele escreveu: “A teoria dos comunistas pode ser resumida em uma única máxima: Abolição da propriedade privada”.38
As mesmas objeções que levantamos na seção sobre propriedade tribal se aplicam também aqui. Os ensinamentos da Bíblia claramente apoiam um sistema de posse privada da propriedade, refletida no mandamento “Não furtarás” (Êx 20.15), bem como nas muitas leis que regulavam a posse de propriedade. (Sobre o argumento equivocado de que a igreja primitiva praticava uma forma elementar de comunismo, veja adiante, p. 152.)
Mais de um século antes de Marx, John Locke sabiamente havia observado: “Qualquer que seja a extensão de terra que um homem are, semeie, incremente, cultive e cujo produto ele utilize, esta lhe será sua propriedade. Ele, com seu labor, praticamente a cerca, [separando-a] do [que é] comum”.39 Depois disso, em dezenas de parágrafos, Locke descreve os direitos do homem à sua propriedade.
Não surpreende que as previsões de Marx sobre o surgimento de uma sociedade comunal não tenham se materializado e que a rebe­lião dos operários oprimidos e sua consequente utopia comunista não tenham ocorrido. E não porque a União Soviética do século 20 não tenha tentado realizá-las. A antiga União Soviética foi o primeiro país a aplicar princípios marxistas e um plano racional comunista para operar um sistema econômico inteiro.
“Gos” é uma abreviação da palavra russa para governo. Portanto, na União Soviética, “Gosplan” determinava o plano; “Gosten” decretava os preços; “Gosnab” alocava a oferta; e “Gostude” determinava as atribui­ções trabalhistas e os salários. Planejadores governamentais hábeis e experientes entrelaçavam os planos econômicos locais com os planos econômicos regionais, que por sua vez eram entrelaçados com um plano econômico nacional.
Essa estrutura elaborada explica: (1) por que a economia soviética era tão desajeitada a ponto de não conseguir funcionar com eficiência (um crítico poderia dizer que se tratava de um grande emaranhado); e (2) por que os planejadores soviéticos tinham que reescrever anu­almente os seus planos quinquenais. Por que isso não funcionou? É que, novamente, quando todos são proprietários de alguma coisa, ninguém é. Os agricultores têm o mau hábito de não se esforçar muito quando não são os donos das terras que cultivam. Além disso, a Gos­plan não previa com boa precisão a demanda pelos produtos que ela forçava os trabalhadores a produzir.
A experiência soviética, assim como as da República Popular da China, Cuba, Coreia do Norte e Camboja, mostrou que a esperada “ditadura do proletariado” na verdade sempre significou a ditadura tirânica de líderes do partido sobre as massas. Jamais houve uma única história de sucesso no mundo real sob a bandeira comunista. O poder estatal é absoluto, o poder governamental é arbitrário e as liberdades humanas mais elementares são negadas ao cidadão comum.
E o que é pior, o número de mortes infligido pelos regimes comu­nistas totalitários e autoritários foi inacreditável. “Medida da perspectiva dos padrões básicos como o respeito à vida humana e à liberdade pes­soal, a nossa época tem sido a mais bárbara na história do planeta. Mais de cem milhões de pessoas foram exterminadas por poderes totalitá­rios, com outros milhões de pessoas presas em campos de trabalho escravo ou submetidas a outros tipos de repressão organizada”.40
Jay W. Richards relata em algumas páginas as terríveis crueldades impostas sob o comunismo na União Soviética de Vladimir Lenin e Josef Stalin, na China sob Mao Tse-tung e no Camboja sob Pol Pot.41 Em seguida, ele resume como os regimes comunistas mataram 85 a 100 milhões de indivíduos de sua própria população no século 20:
China65 milhões
URSS20 milhões
Coreia do Norte2 milhões
Camboj2 milhões
Países africanos1,7 milhão
Afeganistão1,5 milhão
Vietnã1 milhão
Países do Leste europeu1 milhão
Países latino-americanos150 mil
O movimento comunista internacionalcerca de 10 mil42
E o socialismo? Uma vez que o elemento econômico essencial da posse governamental dos meios de produção é o mesmo, o socia­lismo pleno enfrenta os mesmos obstáculos que o comunismo: falta de incentivos suficientes, perda de produtividade humana, perda da propriedade privada de empresas e uma correspondente perda de liberdades humanas e econômicas para assegurar produtividade. Em vez de os consumidores decidirem livremente quais produtos são melhores e quais devem ser produzidos, são os burocratas do governo que tomam todas essas decisões. O socialismo, portanto, reduz a liber­dade humana, a escolha e a oportunidade de superação. Não importa o plano, ele não funcionou nem poderá funcionar.
O filósofo político Michael Novak critica esses “-ismos” destruti­vos no seu livro de referência The spirit of democratic capitalism:
O socialismo foi desde o início uma força mitológica. Os socialistas ado­taram a bandeira vermelha como um artifício de simplificação dramática, deliberadamente contrastando sua cor única (inicialmente negra e depois, vermelha) com o tricolor convencional das revoluções democráticas exis­tentes. Eles desejavam representar uma simples ideia universal transcen­dendo qualquer nação. A cor vermelha brilhava ameaçadoramente à luz das tochas, observou Victor Hugo, simbolizando fogo, perigo, luta e uma universalidade de sangue compartilhado.43
O fracasso total, tanto da União Soviética como da China, em fazer o comunismo funcionar forçou os defensores do marxismo-leninismo a recorrer à ideia não provada de que o comunismo ainda é “inevitá­vel” e que seu sonho utópico algum dia haverá de se realizar. Entre­tanto, um século de promessas que resultaram somente em horrível desumanização e fracassos econômicos nos leva a concluir que uma economia baseada no socialismo ou no comunismo jamais poderá levar um país da pobreza para a prosperidade.
_____________________
Notas:
32 Friedrich Engels, prefácio à edição alemã de 1883 de Karl Marx e Friedrich Engels, The communist manifesto, in: Robert C. Tucker, org., The Marx-Engels reader (New York: W. W. Norton, 1972), p. 334.
33 Karl Marx, “The critique of capitalism”, in: ibidem, p. 232-49.
34 Veja Karl Marx, Das Kapital: a critique of political economy (Washington: Regnery, 2000), partes 1—2 [edição em português:O capital: crítica da economia política (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014)].
35 Ibidem, p. 355.
36 As revoluções comunistas jamais ocorreram onde Marx afirmava que ocor­reriam, nas economias capitalistas desenvolvidas. Elas ocorreram somente em eco­nomias essencialmente subdesenvolvidas (Rússia, China, Cuba, Coreia do Norte e algumas nações africanas). A suposição de Marx de que os empregadores (a burgue­sia) e os operários (o proletariado) eram inimigos, era falsa, uma vez que nas econo­mias modernas desenvolvidas eles geralmente trabalham juntos para o bem comum das companhias.
37 Karl Marx, Critique of the Gotha program (Rockville: Wildside Press, 2008), p. 27 [edição em português: Crítica do programa de Gotha (São Paulo: Boitempo, 2012)].
38 Karl Marx; Friedrich Engels, The communist manifesto (New York: Monthly Review Press, 1968), p. 27 [edição em português: Manifesto comunista (São Paulo: Hedra, 2010)].
39 John Locke, Concerning civil government, in: Robert Maynard Hutchins; Mortimer
40 Evan M. Stanton, The theme is freedom: religion, politics, and the American tradition (Washington: Regnery, 1994), p. 5.
41 Veja Jay W. Richards, Money, greed, and God: why capitalism is the solution and not the problem (New York: HarperOne, 2009), p. 11-9.
42 Ibidem, p. 21; Richards cita essas estatísticas extraídas de The black book of com­munism (Cambridge: Harvard University Press, 1999), p. 4.
43 Michael Novak, The spirit of democratic capitalism (New York: Simon and Schuster, 1982), p. 319, citando James H. Billington, Fire in the minds of men (New York: Basic Books, 1980), p. 203-4 [edição em português: O espírito do capitalismo democrático (Rio de Janeiro: Nórdica, 1982)].
Trecho extraído da obra “A pobreza das nações – Uma solução sustentável”, de Wayne Grudem e Barry Asmus, publicado por Edições Vida Nova: São Paulo, 2016, capítulo 3, p. 128-134. Traduzido por Lucas G. Freire. Publicado com permissão.

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Via Tuporém

O QUE NOS UNE NA ADORAÇÃO




Por John Piper

Como um complemento para as duas mensagem que preguei sobre adoração (28 de Setembro e 4-5 de Outubro), segue uma lista de “marcas” que nos define em termos de adoração na Bethlehem [1]. Eu as escrevi 10 anos atrás e, desde então, acrescentei pouca coisa. A Razão de serem as mesmas, embora nós tenhamos mudado muito, é o fato de lidarem com questões que vão além do estilo e forma. Eu oro pra que possamos sempre definir a nós mesmos com questões que vão além de estilo e forma. “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4:23). – Pastor John

1. Centrado em Deus. Nos cultos do Domingo de manhã, o foco é vertical. Isso é uma prioridade para nós. O objetivo final é experimentar Deus de tal forma que ele seja glorificado em nossos afetos.

2. Expectativa pela poderosa presença de Deus. Significa que nós não nos movemos em direção a ele apenas, mas buscamos, sinceramente, sua aproximação, de acordo com a promessa de Tiago 4.8. Acreditamos que na adoração Deus se aproxima de nós em poder, faz-se revelado e sentido, tanto para nosso bem, como para a salvação dos incrédulos que estão presentes.

3. Baseado e “saturado” com a Bíblia. O conteúdo das nossas canções, orações, saudações, pregações e poesias sempre devem estar em conformidade com a verdade das Escrituras. Contudo, mais do que isso, o conteúdo da Palavra de Deus deve ser tecida através de tudo o que fazemos na adoração, e será o fundamento de toda nossa busca pela autoridade de Deus.

4. Cabeça e coração. Os elementos da nossa adoração no culto devem visar o despertamento de emoções profundas, fortes e reais para com Deus, especialmente a alegria, mas não deve manipular as emoções das pessoas através do erro do apelo ao pensamento claro sobre coisas espirituais baseadas em experiências compartilhadas fora de nós mesmos.

5. Fervor e intensidade. Tentaremos evitar sermos banais, levianos, superficiais ou frívolos. Em vez disso, estabeleceremos o objetivo de sermos exemplos de reverência, paixão, admiração e quebrantamento.

6. Comunicação autêntica. Nós, definitivamente, renunciamos toda farsa, engano, hipocrisia, fingimento, emocionalismo e exibicionismo. Não estamos atrás de uma performance artística ou de uma boa oratória, mas da atmosfera de encontro radicalmente pessoal com Deus e sua verdade.

7. A manifestação de Deus e o bem comunitário. Esperamos e oramos (de acordo com 1 Coríntios 12:7) que o nosso foco na manifestação de Deus é bom para as pessoas e que o espírito de amor de uns para com os outros não é incompatível, porém necessário, para a verdadeira adoração.

8. Excelência sem distração. Vamos tentar cantar, tocar e pregar de tal forma que não desvie a atenção das pessoas da substância por conta de desleixo ministerial, ou por excessiva fineza, elegância ou requinte. A excelência natural e sem distração deixará que a verdade e a beleza de Deus brilhem. Investiremos em equipamentos bons o suficiente para não distrair ninguém da busca sincera pela verdade.

9. Mesclagem entre música histórica e contemporânea. Nenhuma igreja ou culto pode agradar todos os gostos, mas não vamos valorizar a beleza do estilo. Acreditamos que existem emoções que certos estilos de músicas, textos e gêneros específicos podem despertar melhor do que outros. Faremos o possível para ser o que somos sem exaltar nossos gostos pessoais como padrão de excelência. Buscaremos a orientação de Deus em cada ambiente de adoração para termos maior alcance possível de preferências.



[1] Igreja que o autor pastoreou por mais de 20 anos.
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Postado por Tiago Oliveira, colaborador do Púlpito Cristão

quinta-feira, 7 de abril de 2016

O BAJULADOR SEM AMIGOS


Por Mark Jones

Um dos pecados mais pública e socialmente aceitável é a bajulação. É por isso também que este é um pecado tão perigoso. Considere esse provérbio iídiche: “A bajulação faz amigos e a verdade faz inimigos”. Mas os amigos feitos pela bajulação não são realmente dignos de se ter.

A verdadeira amizade vem com trabalho duro, mas muitos de nós ficamos facilmente satisfeitos com a falsa amizade, o tipo fácil de amizade que não exige muito de nós (Jo 15.13).

Há um jogo que deve ser jogado na igreja quando há interesses de avanço pessoal. Muito frequentemente, o bajulador é um “amigo” que, para citar Aristóteles, “é seu inferior, ou finge ser”.

Aristóteles oferece uma importante ideia: o bajulador deveria ser seu inferior, mas quase sempre ele está simplesmente fingindo ser para conseguir algo de você. Bajulação é egoísmo. Ela finge dar, mas, na verdade, toma, abusa e controla

Bajulação também é facilmente recebida. Nós amamos um bom elogio, e até acreditaremos numa mentira por causa de nosso orgulho. Espinoza disse que “ninguém é mais enganado pela bajulação que o orgulhoso, que deseja ser o primeiro e não é”.

Bajulação é elogiar outros para parecer mais amável e inteligente. É uma forma de mentira. Ela quebra vários mandamentos, especialmente, o sexto, o oitavo e o novo. Bajulação é uma forma de manipulação que tem egoísmo escrito por toda ela.

O amigo de Jó não usaria de bajulação com ninguém (Jó 32.21). Ele provavelmente perderia seu emprego em uma organização onde a bajulação é não somente esperada, mas exigida pela cultura criada pelos que estão no poder.

As pessoas até retuitam elogios feitos a elas. Imagine isso. Isso realmente acontece. Talvez Sl 12.3 ou Pv 27.2 seja uma boa leitura devocional antes de navegar na web?

Há soluções para isso. Peça para Deus lhe dar alguns amigos verdadeiros, do tipo que leva Pv 27.6 a sério. Peça que Deus lhe dê amigos que creem na promessa de Pv 28.23, assim como nos alertas de Pv 29.5. Afinal, há uma grande diferença entre esses tipos de amigos e as amizades que são feitas por propósitos “políticos”.

Quando a vida fica difícil, o bajulador segue a vida: ele abandona você em seu desespero para que ele possa procurar outro alguém que alimentará seu desejo maligno.

Eu acho – e isso é muito triste – que há muitas pessoas que simplesmente não têm amigos. Elas podem ser geralmente queridas em público, mas não têm amigos que lhes dirão o que elas precisam ouvir. Elas colocaram-se em posições em que simplesmente ouvem apenas “sim”.

Cristo não bajulou seus amigos enquanto estava na terra (Mt 16.23; Lc 24.25), e ele não faz isso agora no céu (Ap 3.19).

O amor cristão sempre coloca Cristo entre eu e o outro. Isso evita que eu tenha um relacionamento imediato com o outro. Quando eu espero um relacionamento imediato com o outro – um relacionamento em que Cristo não está entre nós – eu sempre domino e manipulo. Eu espero louvor e recuso a receber uma repreensão. Eu manipulo o outro e imponho minha vontade sobre ele. Eu uso o outro para meus propósitos malignos. Sem a mediação de Cristo, todos os relacionamentos se desenvolvem e terminam comigo como o único digno de louvor e adoração. É por isso que a bajulação é tão ruim: ela separa Cristo dos outros e evita que os outros se relacionem comigo nEle.

***
Traduzido por Josaías Jr no Refroma21

O que esperar de um político cristão?

image from google


Lugar De cristão é na política? E por que não seria? Uma das coisas que herdamos da reforma é que toda vocação, inclusive a política, glorifica a Deus. João Calvino dedica parte de sua obra máxima, as Institutas, para falar sobre política e enaltece o trabalho dos magistrados, isto é, os que integram o poder do Estado. O próprio apóstolo Paulo diz que os governantes são servos de Deus e que sua autoridade é derivada do próprio SENHOR (Rm 13.1-7). Ademais, os cristãos foram chamados para exercer o que na teologia chamamos de “mandato cultural”. Exercer este mandato é se integrar ao mundo criado por Deus e administrá-lo com excelência, observando as leis divinas para o louvor do Criador. O poder político está intensamente ligado ao mandato cultural dos homens. No entanto, precisamos ressaltar que a postura política de um cristão deve ser íntegra e se ele almeja participar do poder político, deve manter-se fiel a ética contida na Bíblia Sagrada e por ela se guiar.

O teólogo Wayne Grudem, ao escrever sobre o papel do cristão na política, afirma o seguinte:
(...) os cristãos devem procurar influenciar o governo civil conforme os padrões morais de Deus e conforme os propósitos de Deus para o governo revelados na Bíblia (e devidamente compreendidos). Enquanto os cristãos exercem essa influência, porém, devem continuar a proteger a liberdade religiosa de todos os cidadãos. Além disso, a "influência expressiva" não é sinônimo de influência irada, beligerante, intolerante, julgadora, desatinada e cheia de ódio, mas sim uma influência cativante, gentil, solícita, amável, persuasiva, própria para cada circunstância e que sempre protege o direito do outro discordar. Ao mesmo tempo, é firme no que se refere à veracidade e à excelência moral dos ensinamentos da palavra de Deus.[1]

Outra coisa de suma importância é ter preparo. Uma carreira na política demanda vocação e conhecimento dos mecanismos do poder. Ademais, a política não é imparcial. Ela está encharcada de ideologia, sendo que tais ideologias são, em grande parte, antagônicas a fé cristã. O Pr. Franklin Ferreira é bastante feliz em sua colocação, ao dizer que:

Os políticos cristãos devem saber utilizar as várias disciplinas acadêmicas para desenvolver uma cosmovisão cristã que permita, de um lado, identificar as premissas das posições filosóficas e religiosas que mais influenciam a sociedade e, de outro, oferecer respostas respeitáveis satisfatórias, com base na fé cristã.[2]

Infelizmente, muitos políticos que se denominam evangélicos, têm dado um mau testemunho, parecendo ignorar o preceito bíblico de que deveriam ser luzeiros deste mundo. Muitos, não todos, também fazem das igrejas um curral eleitoral e cumprem seus mandatos beneficiando apenas os seus eleitores “crentes”. Eles promovem eventos como “marchas para Jesus” e “dia da consciência evangélica”. Fazem shows com os mais famosos artistas do segmento Gospel e elaboram projetos que não saem da órbita evangelical. Isso está errado e a Bíblia demonstra com exemplos.


José quando esteve no Egito era autoridade destacada. Acima dele apenas faraó. Ao interpretar o sonho do soberano egípcio e prever que haveria sete anos de fartura seguidos de sete anos de seca, teve a ideia de estocar alimentos para que quando viesse o período das “vacas magras”, o povo egípcio tivesse como se alimentar. Além do mais, povos vizinhos também puderam comprar alimentos e assim ir sobrevivendo num período de imensa dificuldade. José, um hebreu, na posição política que exercia tratou de realizar um bem comum. Toda a população - e não um segmento dela - foi beneficiada com aquele empreendimento. De igual modo, Daniel foi um administrador político do império persa. Ele se destacou sobre os demais ao ponto do rei querer elevar a sua posição e coloca-lo como administrador de todo o reino e não apenas de uma província. A Bíblia nos diz que o político Daniel era “fiel; não era desonesto nem negligente” (Dn 6:4).

Outra passagem bíblica que não fala diretamente sobre governo, mas pode nos repassar um bom princípio, é Jeremias 29:7. O versículo diz o seguinte:
Busquem a prosperidade da cidade para a qual eu os deportei e orem ao Senhor em favor dela, porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela”. 

O contexto corresponde ao período do cativeiro da Babilônia. O povo de Israel, deportado, teria de permanecer na cidade que não era a cidade santa de Jerusalém, mas a cidade de seus inimigos, e contribuir para a sua prosperidade. Foi uma ordem divina! Sabemos que para que um povo prospere, um cenário político favorável dá aquele empurrão para que as engrenagens da economia se movam a todo o vapor. Assim sendo, os judeus deveriam se envolver em toda e qualquer atividade que levasse a Babilônia ao caminho do progresso e da paz. Será que isso não envolve – em maior ou menor grau – um engajamento na esfera política?


O que pretendo demonstrar citando tais exemplos escriturísticos é que aquele que ingressa na política deve exercer o seu papel sem segmentar o público alvo. Os benefícios derivados da atuação de um político cristão devem refletir em toda a sociedade. E dentro de nosso ambiente plural, um político cristão também governa para ateus e pessoas de outros credos. Ele tem que ser representante destes grupos também e atender as demandas mais urgentes da sociedade. Se um político é alguém que deveria, ao menos em tese, servir a população, um cristão teria de ter uma atenção redobrada quanto a esta questão do servir, pois, este é o estilo de vida que o próprio Senhor Jesus adotou. O próprio disse que veio ao mundo para servir e não para ser servido (Mt 20:28).

Além da Bíblia, podemos extrair da história bons exemplos de cristãos que foram excelentes políticos. Lord Shaftesbury (1801-1885) foi membro do parlamento inglês por mais de quarenta anos. Um homem dedicado às causas humanitárias. Ele criou lei em prol do bem estar daqueles que eram os mais explorados pela revolução industrial, sobretudo crianças e mulheres. Seus projetos de lei eram pensados para amparar os párias da sociedade. Embora conhecido como “o evangélico dos evangélicos”, teve uma atuação não segmentada e legislou para todo o povo, sem acepções. Que os políticos brasileiros que compõem a bancada evangélica (ou conservadora) sigam tais modelos de gestão e façam com que os seus mandatos sejam relevantes para a nossa sociedade como um todo. Finalizo com mais uma citação do Pr. Franklin Ferreira:
Aqueles que servem a Deus na esfera pública, mesmo contaminada e distorcida pelo pecado, podem ver sua atuação política como um meio de glorificar ao Senhor, mas não precisam mencionar o nome santo nos palácios e centros de decisão política para justificar seu serviço público. [3]

Que o SENHOR abençoe o Brasil!


__________________
Notas:
[1] Política Segundo a Bíblia. Edições Vida Nova, p.77.
[2] Contra a Idolatria do Estado. Edições Vida Nova, p. 45.
[3] Ibdem, p. 83. 

***
Sobre o autor: Thiago Oliveira é graduado em História e especialista em Ciência Política, ambos pela Fundação de Ensino Superior de Olinda (Funeso). É casado e atualmente pastoreia a Igreja Evangélica Livre em Itapuama/PE.
Fonte: Electus

terça-feira, 5 de abril de 2016

Jejum não é (apenas) deixar de comer


SÉRIE REVISTA ULTIMATO
Artigo: Jejum não é (apenas) deixar de comer”, Paul Freston

Texto básico: Lucas 4. 1-13
Textos de apoio
– Deuteronômio 8. 1-5
– 1 Reis 19. 1-18
– Salmo 139
– Marcos 14. 32-38
– 1Coríntios 10. 12,13
– 1 Pedro 5. 6-11

Introdução

Jesus estava prestes a iniciar seu ministério público. No final do capítulo 3 de seu evangelho, Lucas nos fornece duas informações fundamentais sobre a identidade de Jesus. A voz divina e a presença do Espírito no seu batismo, confirmam sua divindade; e a genealogia lucana, começando com José e terminando em Adão, reitera sua verdadeira humanidade. Jesus é plenamente Deus e plenamente homem.
E como homem, ele precisava passar por uma espécie de “treinamento final de sobrevivência” – passar 40 dias sozinho, em silêncio e jejum, sendo tentado pelo Diabo! Precisamos notar também que este treinamento não representava a “coroação” de uma etapa bem realizada, com um teste final; mas, ao contrário, se tratava de um “teste inicial”, uma oportunidade para que Jesus definisse firmemente por onde seus pés trilhariam. Antes de começar a falar e a fazer o que era preciso, era necessário que ele se comprometesse convictamente com um estilo de vida e de ministério que estivessem de acordo com o caráter de seu Pai.
Embora os detalhes destas tentações digam respeito à situação específica de Jesus, o Cristo, sem dúvida alguma temos muito a aprender aqui. Se o próprio Cristo precisou enfrentar e resistir a tais tentações, quanto mais nós, que pretendemos seguir seus passos, devemos ficar atentos e cuidadosos quanto à estes desafios. Conseguimos discernir, em nossa caminhada, o lugar do “deserto” e da “tentação” como espaços de amadurecimento e conformação de nossa vida e ministério com o caráter de Deus?                            

Para entender o que a Bíblia fala

  1. Segundo Lucas, logo após ser batizado (3.21-22), Jesus voltou do Jordão “cheio do Espírito Santo” (4.1) e foi conduzido por este mesmo Espírito ao deserto, onde “foi tentado pelo diabo” (4.2). Pensando em nosso contexto eclesiástico hoje em dia, normalmente não esperamos que a ênfase muitas vezes dada às experiências com o Espírito Santo caminhe junto, ou pior ainda, nos conduza, a uma experiência de “deserto” e “tentação”. Você concorda com esta afirmativa? Porque essas experiência nos parecem tão irreconciliáveis?
  2. O texto dá a entender que as tentações de Jesus não foram instantâneas, pois ocorreram ao longo de 40 dias (v.2) e, aparentemente, em momentos de grande fragilidade (fome, cansaço, fraqueza, confusão mental). O grande risco da tentação é justamente sua sutileza, a possibilidade de se “misturar” com nossa vivência cotidiana. Refletindo sobre as respostas de Jesus (vv. 4, 8 e 12), o que você consegue perceber sobre a preparação de Jesus para um momento como este? Que critério ele utilizou para “desmascarar” as tentações que apareciam “embutidas” em suas necessidades?
  3. Podemos olhar para cada tentação, separadamente, tentando perceber o risco ou perigo sutil que cada sugestão do diabo representava para a identidade e a missão de Jesus. No primeiro caso, Jesus estava como fome, uma necessidade legítima. E ele tinha poder, dado por Deus. Por que não transformar uma pedrinha redonda num pãozinho de batata? Isso poderia afetar de alguma forma o estilo de vida e o estilo de missão de Jesus? Como?
  4. Nas três tentações, aceitar a sugestão do diabo significaria um desvio, um atalho, do caminho da cruz. Mas, nesta segunda tentação (vv. 9-12), parece que a proposta de atalho é ainda mais escancarada, pois a armadilha parece mais “detectável”. Se é assim, por que ela representava uma tentação REAL para Jesus? Receber, “de lambuja”, autoridade sobre todos os reinos do mundo não facilitaria seu trabalho de impor um reino de justiça e paz?
  5. Na última investida do diabo, por enquanto é claro (v.13), Jesus está no alto do templo e a sugestão tentadora surge com força, inclusive com “justificativa bíblica”! A segurança prometida ao Messias, Filho de Deus, não funcionaria? As pessoas não ficariam impressionadas ao ver Jesus pousar no chão segurado por anjos, o que ampliaria exponencialmente sua fama e “turbinaria” seu ministério? Por que então não se jogar?

Hora de Avançar

Jesus não só passa quarenta dias longe das pessoas, em silêncio; ele também jejua (Lc 4.2). […] Em geral, vivemos numa rotina impensada de satisfação dos nossos apetites. O jejum quebra essa rotina, interrompe o ciclo automático, e coloca uma espécie de muro à nossa frente pela interdição do impulso de comer. […] Desligamos as antenas ocupadas com os cuidados diários e tentamos sintonizá-las na voz de Deus. (Paul Freston)

Para pensar

Jesus Cristo, que viveu aproximadamente apenas 33 anos aqui na Terra, ainda passou 40 dias destes poucos anos sozinho e no deserto! Na nossa matemática isso parece um desperdício de tempo. Mas não na matemática de Deus. Esse tempo de solidão, silêncio e oração foi fundamental para o restante do ministério de Jesus. Para Deus, menos é mais!
Paul Freston, no seu excelente “Nem Monge, Nem Executivo” (Ed. Ultimato), nos ensina que as tentações de Jesus “têm a ver com a maneira como ele vai desenvolver seu ministério público. [As tentações] sugerem caminhos alternativos que, no fundo, reproduzem a tentação de Adão: a de trocar uma relação de dependência filial por um projeto autônomo” (p.46).
Sobre a expressão “Se és o Filho de Deus”, repetida em dois momentos (vv. 3, 9b), Freston assevera que é “importante entendermos que o diabo procura tentar Jesus no nível da sua obediência ao Pai, não no nível da sua consciência de ser o filho. Não está dizendo: ‘Será que você é filho de Deus mesmo? Duvido!’. Está dizendo: ‘Já que você é filho de Deus e tem todo esse poder, o que você vai fazer como filho de Deus?’”.

O que disseram

Na solidão, podemos, pouco a pouco, desvendar a nossa ilusão e descobrir, no centro de nosso próprio “eu”, que não somos o que podemos conquistar, mas aquilo que nos é dado… É nessa solidão que descobrimos que ser é mais importante do que ter, e que o nosso valor pessoal não está no resultado de nossos esforços. Na solidão descobrimos que nossa vida não é uma propriedade a ser preservada, mas uma dádiva a ser compartilhada. (Henri Nouwen)

Para responder

  1. Segundo o monge beneditino Anselm Grun, o deserto é um lugar onde “topamos com nossos limites, descobrimos que não podemos nos autoajudar, que precisamos da ajuda de Deus”. Ele não se refere, claro, a um lugar específico, mas a uma experiência que costuma produzir em nós uma sensação de privação, impotência e abandono. Você tem enxergado as experiências difíceis de sua vida como “desertos frutíferos”, como uma oportunidade para aprofundar sua dependência e amizade com Deus? O que pode melhorar a partir de hoje?
  2. Jesus jejuou por quarenta dias, provavelmente bebendo somente água. Como podemos ler no artigo da revista, o princípio do jejum pode (e deve) se estender a outras áreas, além da questão de comida e bebida. O autor cristão Richard Foster, citado no artigo, sugere seis áreas onde podemos praticar outros tipos de “jejum”: jejum de pessoas, jejum da mídia, jejum do telefone, jejum de conversas, jejum de anúncios comerciais e jejum do consumo. Encarando frente a frente esta lista, em que área (ou áreas) você necessita urgentemente de um “jejum”? Além destas seis sugestões, existe alguma outra em que você está pecaminosamente se “empanturrando”?

Eu e Deus

Vi todas as emboscadas do inimigo estendidas sobre a Terra, e disse gemendo: “Quem, pois, passa além dessas armadilhas?” E ouvi uma voz responder: “A humildade”. (Antão, o “pai dos monges”, século IV)
>> Autor do estudo: Reinaldo Percinoto Júnior
>> Este estudo bíblico foi desenvolvido a partir do artigo Jejum não é (apenas) deixar de comer, do sociólogo e colunista da revista Ultimato, Paul Freston, publicado na edição 359.

Como lidar com as dívidas?

A crise financeira no país já é real: crescimento de desemprego, da inflação, alta do dólar e previsões nada boas para 2016. Ninguém está protegido. Uma consequência da crise são as dívidas. Mas como os cristãos endividados devem agir?

Paulo Maximiano, especialista na área de finanças e diretor-executivo do Ministério de Finanças Crown1, concedeu uma entrevista sobre o assunto para a revista Comunhão, edição de janeiro. Selecionamos alguns trechos da entrevista, gentilmente cedida pela redação de Comunhão, e que você pode conferir a seguir.

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Quem é o mordomoHoje muitas pessoas querem um Deus imediatista, que resolva seus problemas. Muitos querem cura, bons empregos, dinheiro no bolso. É importante entendermos que Deus dá a cada um conforme Ele quer; nosso papel é sermos “mordomos fiéis” do que Ele colocou em nossas mãos.

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Dinheiro é assunto espiritual
Muitos acham que finanças e Deus são coisas distintas, porém falar sobre finanças é falar sobre caráter. E o Senhor, por meio da Sua Palavra, nos diz que devemos ser santos assim como Ele é (1 Pe 1.15,16). Jesus equipara a maneira como lidamos com o dinheiro à qualidade de nossa vida espiritual. Em Lucas 16.11, diz: “Assim, se vocês não forem dignos de confiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem lhes confiará as verdadeiras riquezas?”. A verdadeira riqueza da vida é um relacionamento íntimo com o Senhor.

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Nove passos para sair da dívida
A Bíblia não diz que dívida é pecado, mas desencoraja essa prática. Romanos 13.8 diz: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma”. Em Provérbios 22.7, a Palavra de Deus nos fala: “Assim como os pobres são dominados pelos ricos, quem pede dinheiro emprestado se torna escravo de quem empresta”.
Quero listar aqui alguns passos importantes para sair das dívidas:

1. Ore

Em 2 Reis 3.-17, temos a história da viúva e do azeite. Sabemos como Deus proveu aquela mulher que estava em uma situação muito difícil, porém ela obedeceu, buscou ajuda, confiou no Senhor, trabalhou, vendeu o azeite e ainda sobrou para que vivesse com seus filhos. O mesmo Deus que proveu sobrenaturalmente àquela viúva está interessado em vê-lo fora das dívidas. Ele pode agir imediatamente, como no caso da viúva, ou lentamente. Em qualquer uma das situações, a orientação é fundamental.

2. Venda o que não estiver sendo usado

Avalie os bens para determinar se pode vender algo para ajudá-lo a sair da dívida mais rapidamente.

3. Decida quais dívidas pagar primeiro

As dívidas com juros mais altos, como cartão de crédito e cheque especial, são prioridade. Também pode escolher eliminar seu débito com financiamento de veículo e empréstimos estudantis ou até mesmo começar a tentar antecipar seu financiamento imobiliário.

4. Estratégia “bola de neve”

Pague o cartão de crédito que tem o menor saldo devedor. Desta maneira você será encorajado a continuar os pagamentos de forma exponencial. Após pagar o primeiro cartão, use o valor desse pagamento para pagar o segundo cartão com menor valor devido, e assim por diante. Essa é a estratégia “bola de neve” em ação! Depois, concentre-se em liquidar as dívidas de consumo da mesma forma que liquidou as de cartão.

5. Considere obter uma renda adicional

Muitas pessoas têm emprego que não produzem renda suficiente para pagar suas dívidas. Um emprego temporário em tempo parcial pode fazer grande diferença.

6. Controle o uso do cartão
Somos diariamente levados por uma onda de ofertas de crédito e de cartões de crédito. Geralmente gastamos um terço a mais quando usamos o cartão de crédito, pois temos a sensação de não estarmos gastando dinheiro. Se você não consegue pagar todo o saldo devedor no fim do mês, faça uma cirurgia plástica em seu cartão! Qualquer tesoura afiada faz isso!

7. Contente-se com o que você tem

A indústria da propaganda usa métodos poderosos para fazer com que os consumidores comprem. Frequentemente, o objetivo da mensagem é criar descontentamento com aquilo que temos. 1 Timóteo 6.5,6 diz: “Homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento”.

8. Considere uma mudança radical de vida
Muitas pessoas baixaram significativamente seu padrão de vida para sair das dívidas de uma forma mais rápida. Alguns venderam suas casas e se mudaram para casas menores; outras alugaram um apartamento. Outras pessoas venderam carros com pagamentos altos e compraram veículos mais baratos. Em resumo, sacrificaram temporariamente o seu padrão de vida para tornarem-se livres das dívidas.

9. Não desista
Nunca desista de seus esforços para sair das dívidas. Isso pode requerer trabalho árduo e sacrifício, mas vale todo o esforço necessário para alcançar a liberdade.

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Domínio próprio contra o consumismo
Na verdade, creio que falta o exercício do fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e domínio próprio. O domínio próprio é o freio de nossas paixões carnais, é o controle de nossos desejos. Muitas vezes compramos o que não queremos, com o dinheiro que não temos, para impressionar quem não conhecemos. Somos facilmente induzidos pelo marketing, compramos sem necessidade. Daí a importância do exercício do fruto do Espírito em nossas vidas.

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Poupe – não importa se muito ou pouco
O brasileiro não tem o costume de poupar, mas sim de gastar. Muitas pessoas consideram que poupar é somente para compra de uma casa ou de um bem de maior valor. Errado! Devemos aprender a guardar uma parte do que ganhamos todos os meses. Se você quiser tirar férias, comece o planejamento no primeiro semestre, se possível ainda em maio ou junho. Junte em todos os meses e você acabará tendo um bônus no final do ano para pagar seu combustível, sua hospedagem, etc.

Isso também serve para outros encargos que temos no início do ano. O seu 13º é para algo extra, e não para pagar dívidas, sejam do ano que passou ou sejam do ano que está iniciando.

Detalhe importante: muitos pensam que devem começar a poupar quando tiverem um valor ou montante considerável. Esse é outro erro comum. Você deve começar a poupar o que você tem, sejam R$ 5,00, sejam R$ 10,00 ou mais. O pouco em fidelidade se torna muito.

Nota:
1. O Ministério de Finanças Crown é conhecido mundialmente pelos cursos oferecidos a pequenos grupos sobre como ser um cristão que administra bem suas contas.

Leia também
O Reino entre nós 
Trabalho, Descanso e Dinheiro 
Espiritualidade na prática 

Fonte:Ultimatoonline

segunda-feira, 4 de abril de 2016

A dificuldade de orar (e uma solução)

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Oração não é fácil. Eu vejo que isso é verdade para mim, mas outros que têm meu respeito também dão testemunho da dificuldade de orar. Alguns indivíduos fazem parecer fácil; se eles passam horas por dia na tenda do encontro, provavelmente eles levam também o computador para lá.

Considere os seguintes testemunhos, que são de cheios de pensamentos que, muito curiosamente, não são normalmente ouvidos quando as pessoas dão seus testemunhos públicos:
Tudo que fazemos na vida cristã é mais fácil que orar” (Martyn Lloyd-Jones).
Não há nada em que somos tão ruins em todos os nossos dias do que a oração” (Alexander Whyte).
Houve momentos em minha vida em que preferia morrer a orar” (Thomas Shepard).

Imagine Thomas Shepard dizendo essas palavras após ser levado para a frente da igreja para “falar sobre as coisas maravilhosas que Deus tem feito em sua vida”. Seja qual for o caso, eu considero um tanto confortantes essas palavras daquelas homens citados. De fato, leia isso de John Bunyan:
“Eu posso falar por experiência própria, e a partir dela, contar-lhe sobre a dificuldade de orar a Deus como devia; isso é o suficiente para te fazer pobre, cego, carnal, para cultivar estranhos pensamentos sobre mim. Pois, quanto ao meu coração, quando eu saio para orar, eu descubro tanta relutância em ir a Deus, e quando estou com ele, tanta relutância em continuar ali, que muitas vezes, em minhas orações, eu sou forçado primeiro implorar a Deus que ele tome o meu coração, e o coloque diante de Cristo, e quando estiver ali, que ele continue ali. Com efeito, muitas vezes eu não sei o que orar ­­(eu sou tão cego), nem como orar (eu sou tão ignorante); somente (bendita Graça) o Espírito ajudando nossas enfermidades [Rm 8.26].”

Aqui está um – ahem – puritano que obviamente batalha, como muito de nós, com a oração. Às vezes, os cristãos caem em um “círculo vicioso de oração” e acham difícil acabar com esse círculo. Não é que eles desistiram de orar, mas eles parecem desistir de gastar tempo a sós com o Senhor naquilo que os puritanos chamaram de “oração privada e fervorosa” (ver Hebreus 5.7).


Evidentemente, não há uma regra estabelecida sobre que frequência e duração devem ter nossas orações. Ainda assim, nós oramos sem cessar (1 Tessalonicenses 5.17); devemos orar em todo tempo (Efésios 6.18) e oramos subitamente por causa de necessidades e ocasiões (Neemias 2.4).

A Bíblia também nos dá exemplos daqueles que pareciam ter horários escolhidos ou específicos em que se dedicavam à oração (Mateus 6.6). Considere Daniel, que orava três vezes ao dia, “como também antes costumava fazer” (Daniel 6.10). “Subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta” (Atos 10.9). E nosso Senhor Jesus que “retirava-se para os desertos, e ali orava” (Lucas 5.16).

Considerando que a oração é difícil, como Cristo nos motiva a orar? Em Mateus 6.6, ele promete a seus discípulos que seu Pai os recompensará pelo que eles fazem (i.e., orar) em segredo. Perceba o quanto a palavra “recompensa” aparece somente neste capítulo.

Nós precisamos questionar-nos se adequadamente cremos nas palavras de Mateus 6.6. Você realmente crê – o que deveríamos fazer – que Deus nos recompensará? Se nós crêssemos, certamente gastaríamos muito mais tempo na oração em secreto do que fazemos. Não temos porque não pedimos. Não pedimos porque nos falta fé (Mateus 21.22).

Fé é a mão que suplica a Deus: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6).

Cristo, o homem de fé por excelência, certamente entendeu esse conceito em sua vida de oração. De fato, ele orou por sua recompensa: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (João 17.5).

Eu não sei precisamente como o Senhor nos recompensará pelo que fazemos em segredo. Algumas vezes, as respostas à oração são óbvias ou imediatas. Às vezes, ele nos recompensa ao não nos dar o que (erroneamente) pedimos. E há orações que sequer podem ser respondidas em vida (veja a oração de Estêvão em Atos 7.59-60, que pode ter resultado na conversão de Saulo de Tarso; ou perceba como a oração de Moisés para ver a glória de Deus em Êxodo 33.18 foi respondida na Transfiguração).

Mas eu sei disto:

As recompensas do Pai vêm da graça: “É chamado recompensa, mas é pela graça, não por dívida; que mérito pode haver em mendigar?” (Matthew Henry).

E ele tem prometido recompensar seus filhos quando eles oram em secreto, e somente essa motivação deveria ser o suficiente para nos levar aos nossos “quartos de oração” onde pedimos para receber.

***
Autor: Rev. Mark Jones
Fonte: Reformation21
Tradução: Josaías Jr
Via: Reforma21

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