terça-feira, 5 de abril de 2016

Jejum não é (apenas) deixar de comer


SÉRIE REVISTA ULTIMATO
Artigo: Jejum não é (apenas) deixar de comer”, Paul Freston

Texto básico: Lucas 4. 1-13
Textos de apoio
– Deuteronômio 8. 1-5
– 1 Reis 19. 1-18
– Salmo 139
– Marcos 14. 32-38
– 1Coríntios 10. 12,13
– 1 Pedro 5. 6-11

Introdução

Jesus estava prestes a iniciar seu ministério público. No final do capítulo 3 de seu evangelho, Lucas nos fornece duas informações fundamentais sobre a identidade de Jesus. A voz divina e a presença do Espírito no seu batismo, confirmam sua divindade; e a genealogia lucana, começando com José e terminando em Adão, reitera sua verdadeira humanidade. Jesus é plenamente Deus e plenamente homem.
E como homem, ele precisava passar por uma espécie de “treinamento final de sobrevivência” – passar 40 dias sozinho, em silêncio e jejum, sendo tentado pelo Diabo! Precisamos notar também que este treinamento não representava a “coroação” de uma etapa bem realizada, com um teste final; mas, ao contrário, se tratava de um “teste inicial”, uma oportunidade para que Jesus definisse firmemente por onde seus pés trilhariam. Antes de começar a falar e a fazer o que era preciso, era necessário que ele se comprometesse convictamente com um estilo de vida e de ministério que estivessem de acordo com o caráter de seu Pai.
Embora os detalhes destas tentações digam respeito à situação específica de Jesus, o Cristo, sem dúvida alguma temos muito a aprender aqui. Se o próprio Cristo precisou enfrentar e resistir a tais tentações, quanto mais nós, que pretendemos seguir seus passos, devemos ficar atentos e cuidadosos quanto à estes desafios. Conseguimos discernir, em nossa caminhada, o lugar do “deserto” e da “tentação” como espaços de amadurecimento e conformação de nossa vida e ministério com o caráter de Deus?                            

Para entender o que a Bíblia fala

  1. Segundo Lucas, logo após ser batizado (3.21-22), Jesus voltou do Jordão “cheio do Espírito Santo” (4.1) e foi conduzido por este mesmo Espírito ao deserto, onde “foi tentado pelo diabo” (4.2). Pensando em nosso contexto eclesiástico hoje em dia, normalmente não esperamos que a ênfase muitas vezes dada às experiências com o Espírito Santo caminhe junto, ou pior ainda, nos conduza, a uma experiência de “deserto” e “tentação”. Você concorda com esta afirmativa? Porque essas experiência nos parecem tão irreconciliáveis?
  2. O texto dá a entender que as tentações de Jesus não foram instantâneas, pois ocorreram ao longo de 40 dias (v.2) e, aparentemente, em momentos de grande fragilidade (fome, cansaço, fraqueza, confusão mental). O grande risco da tentação é justamente sua sutileza, a possibilidade de se “misturar” com nossa vivência cotidiana. Refletindo sobre as respostas de Jesus (vv. 4, 8 e 12), o que você consegue perceber sobre a preparação de Jesus para um momento como este? Que critério ele utilizou para “desmascarar” as tentações que apareciam “embutidas” em suas necessidades?
  3. Podemos olhar para cada tentação, separadamente, tentando perceber o risco ou perigo sutil que cada sugestão do diabo representava para a identidade e a missão de Jesus. No primeiro caso, Jesus estava como fome, uma necessidade legítima. E ele tinha poder, dado por Deus. Por que não transformar uma pedrinha redonda num pãozinho de batata? Isso poderia afetar de alguma forma o estilo de vida e o estilo de missão de Jesus? Como?
  4. Nas três tentações, aceitar a sugestão do diabo significaria um desvio, um atalho, do caminho da cruz. Mas, nesta segunda tentação (vv. 9-12), parece que a proposta de atalho é ainda mais escancarada, pois a armadilha parece mais “detectável”. Se é assim, por que ela representava uma tentação REAL para Jesus? Receber, “de lambuja”, autoridade sobre todos os reinos do mundo não facilitaria seu trabalho de impor um reino de justiça e paz?
  5. Na última investida do diabo, por enquanto é claro (v.13), Jesus está no alto do templo e a sugestão tentadora surge com força, inclusive com “justificativa bíblica”! A segurança prometida ao Messias, Filho de Deus, não funcionaria? As pessoas não ficariam impressionadas ao ver Jesus pousar no chão segurado por anjos, o que ampliaria exponencialmente sua fama e “turbinaria” seu ministério? Por que então não se jogar?

Hora de Avançar

Jesus não só passa quarenta dias longe das pessoas, em silêncio; ele também jejua (Lc 4.2). […] Em geral, vivemos numa rotina impensada de satisfação dos nossos apetites. O jejum quebra essa rotina, interrompe o ciclo automático, e coloca uma espécie de muro à nossa frente pela interdição do impulso de comer. […] Desligamos as antenas ocupadas com os cuidados diários e tentamos sintonizá-las na voz de Deus. (Paul Freston)

Para pensar

Jesus Cristo, que viveu aproximadamente apenas 33 anos aqui na Terra, ainda passou 40 dias destes poucos anos sozinho e no deserto! Na nossa matemática isso parece um desperdício de tempo. Mas não na matemática de Deus. Esse tempo de solidão, silêncio e oração foi fundamental para o restante do ministério de Jesus. Para Deus, menos é mais!
Paul Freston, no seu excelente “Nem Monge, Nem Executivo” (Ed. Ultimato), nos ensina que as tentações de Jesus “têm a ver com a maneira como ele vai desenvolver seu ministério público. [As tentações] sugerem caminhos alternativos que, no fundo, reproduzem a tentação de Adão: a de trocar uma relação de dependência filial por um projeto autônomo” (p.46).
Sobre a expressão “Se és o Filho de Deus”, repetida em dois momentos (vv. 3, 9b), Freston assevera que é “importante entendermos que o diabo procura tentar Jesus no nível da sua obediência ao Pai, não no nível da sua consciência de ser o filho. Não está dizendo: ‘Será que você é filho de Deus mesmo? Duvido!’. Está dizendo: ‘Já que você é filho de Deus e tem todo esse poder, o que você vai fazer como filho de Deus?’”.

O que disseram

Na solidão, podemos, pouco a pouco, desvendar a nossa ilusão e descobrir, no centro de nosso próprio “eu”, que não somos o que podemos conquistar, mas aquilo que nos é dado… É nessa solidão que descobrimos que ser é mais importante do que ter, e que o nosso valor pessoal não está no resultado de nossos esforços. Na solidão descobrimos que nossa vida não é uma propriedade a ser preservada, mas uma dádiva a ser compartilhada. (Henri Nouwen)

Para responder

  1. Segundo o monge beneditino Anselm Grun, o deserto é um lugar onde “topamos com nossos limites, descobrimos que não podemos nos autoajudar, que precisamos da ajuda de Deus”. Ele não se refere, claro, a um lugar específico, mas a uma experiência que costuma produzir em nós uma sensação de privação, impotência e abandono. Você tem enxergado as experiências difíceis de sua vida como “desertos frutíferos”, como uma oportunidade para aprofundar sua dependência e amizade com Deus? O que pode melhorar a partir de hoje?
  2. Jesus jejuou por quarenta dias, provavelmente bebendo somente água. Como podemos ler no artigo da revista, o princípio do jejum pode (e deve) se estender a outras áreas, além da questão de comida e bebida. O autor cristão Richard Foster, citado no artigo, sugere seis áreas onde podemos praticar outros tipos de “jejum”: jejum de pessoas, jejum da mídia, jejum do telefone, jejum de conversas, jejum de anúncios comerciais e jejum do consumo. Encarando frente a frente esta lista, em que área (ou áreas) você necessita urgentemente de um “jejum”? Além destas seis sugestões, existe alguma outra em que você está pecaminosamente se “empanturrando”?

Eu e Deus

Vi todas as emboscadas do inimigo estendidas sobre a Terra, e disse gemendo: “Quem, pois, passa além dessas armadilhas?” E ouvi uma voz responder: “A humildade”. (Antão, o “pai dos monges”, século IV)
>> Autor do estudo: Reinaldo Percinoto Júnior
>> Este estudo bíblico foi desenvolvido a partir do artigo Jejum não é (apenas) deixar de comer, do sociólogo e colunista da revista Ultimato, Paul Freston, publicado na edição 359.

Como lidar com as dívidas?

A crise financeira no país já é real: crescimento de desemprego, da inflação, alta do dólar e previsões nada boas para 2016. Ninguém está protegido. Uma consequência da crise são as dívidas. Mas como os cristãos endividados devem agir?

Paulo Maximiano, especialista na área de finanças e diretor-executivo do Ministério de Finanças Crown1, concedeu uma entrevista sobre o assunto para a revista Comunhão, edição de janeiro. Selecionamos alguns trechos da entrevista, gentilmente cedida pela redação de Comunhão, e que você pode conferir a seguir.

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Quem é o mordomoHoje muitas pessoas querem um Deus imediatista, que resolva seus problemas. Muitos querem cura, bons empregos, dinheiro no bolso. É importante entendermos que Deus dá a cada um conforme Ele quer; nosso papel é sermos “mordomos fiéis” do que Ele colocou em nossas mãos.

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Dinheiro é assunto espiritual
Muitos acham que finanças e Deus são coisas distintas, porém falar sobre finanças é falar sobre caráter. E o Senhor, por meio da Sua Palavra, nos diz que devemos ser santos assim como Ele é (1 Pe 1.15,16). Jesus equipara a maneira como lidamos com o dinheiro à qualidade de nossa vida espiritual. Em Lucas 16.11, diz: “Assim, se vocês não forem dignos de confiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem lhes confiará as verdadeiras riquezas?”. A verdadeira riqueza da vida é um relacionamento íntimo com o Senhor.

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Nove passos para sair da dívida
A Bíblia não diz que dívida é pecado, mas desencoraja essa prática. Romanos 13.8 diz: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma”. Em Provérbios 22.7, a Palavra de Deus nos fala: “Assim como os pobres são dominados pelos ricos, quem pede dinheiro emprestado se torna escravo de quem empresta”.
Quero listar aqui alguns passos importantes para sair das dívidas:

1. Ore

Em 2 Reis 3.-17, temos a história da viúva e do azeite. Sabemos como Deus proveu aquela mulher que estava em uma situação muito difícil, porém ela obedeceu, buscou ajuda, confiou no Senhor, trabalhou, vendeu o azeite e ainda sobrou para que vivesse com seus filhos. O mesmo Deus que proveu sobrenaturalmente àquela viúva está interessado em vê-lo fora das dívidas. Ele pode agir imediatamente, como no caso da viúva, ou lentamente. Em qualquer uma das situações, a orientação é fundamental.

2. Venda o que não estiver sendo usado

Avalie os bens para determinar se pode vender algo para ajudá-lo a sair da dívida mais rapidamente.

3. Decida quais dívidas pagar primeiro

As dívidas com juros mais altos, como cartão de crédito e cheque especial, são prioridade. Também pode escolher eliminar seu débito com financiamento de veículo e empréstimos estudantis ou até mesmo começar a tentar antecipar seu financiamento imobiliário.

4. Estratégia “bola de neve”

Pague o cartão de crédito que tem o menor saldo devedor. Desta maneira você será encorajado a continuar os pagamentos de forma exponencial. Após pagar o primeiro cartão, use o valor desse pagamento para pagar o segundo cartão com menor valor devido, e assim por diante. Essa é a estratégia “bola de neve” em ação! Depois, concentre-se em liquidar as dívidas de consumo da mesma forma que liquidou as de cartão.

5. Considere obter uma renda adicional

Muitas pessoas têm emprego que não produzem renda suficiente para pagar suas dívidas. Um emprego temporário em tempo parcial pode fazer grande diferença.

6. Controle o uso do cartão
Somos diariamente levados por uma onda de ofertas de crédito e de cartões de crédito. Geralmente gastamos um terço a mais quando usamos o cartão de crédito, pois temos a sensação de não estarmos gastando dinheiro. Se você não consegue pagar todo o saldo devedor no fim do mês, faça uma cirurgia plástica em seu cartão! Qualquer tesoura afiada faz isso!

7. Contente-se com o que você tem

A indústria da propaganda usa métodos poderosos para fazer com que os consumidores comprem. Frequentemente, o objetivo da mensagem é criar descontentamento com aquilo que temos. 1 Timóteo 6.5,6 diz: “Homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento”.

8. Considere uma mudança radical de vida
Muitas pessoas baixaram significativamente seu padrão de vida para sair das dívidas de uma forma mais rápida. Alguns venderam suas casas e se mudaram para casas menores; outras alugaram um apartamento. Outras pessoas venderam carros com pagamentos altos e compraram veículos mais baratos. Em resumo, sacrificaram temporariamente o seu padrão de vida para tornarem-se livres das dívidas.

9. Não desista
Nunca desista de seus esforços para sair das dívidas. Isso pode requerer trabalho árduo e sacrifício, mas vale todo o esforço necessário para alcançar a liberdade.

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Domínio próprio contra o consumismo
Na verdade, creio que falta o exercício do fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e domínio próprio. O domínio próprio é o freio de nossas paixões carnais, é o controle de nossos desejos. Muitas vezes compramos o que não queremos, com o dinheiro que não temos, para impressionar quem não conhecemos. Somos facilmente induzidos pelo marketing, compramos sem necessidade. Daí a importância do exercício do fruto do Espírito em nossas vidas.

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Poupe – não importa se muito ou pouco
O brasileiro não tem o costume de poupar, mas sim de gastar. Muitas pessoas consideram que poupar é somente para compra de uma casa ou de um bem de maior valor. Errado! Devemos aprender a guardar uma parte do que ganhamos todos os meses. Se você quiser tirar férias, comece o planejamento no primeiro semestre, se possível ainda em maio ou junho. Junte em todos os meses e você acabará tendo um bônus no final do ano para pagar seu combustível, sua hospedagem, etc.

Isso também serve para outros encargos que temos no início do ano. O seu 13º é para algo extra, e não para pagar dívidas, sejam do ano que passou ou sejam do ano que está iniciando.

Detalhe importante: muitos pensam que devem começar a poupar quando tiverem um valor ou montante considerável. Esse é outro erro comum. Você deve começar a poupar o que você tem, sejam R$ 5,00, sejam R$ 10,00 ou mais. O pouco em fidelidade se torna muito.

Nota:
1. O Ministério de Finanças Crown é conhecido mundialmente pelos cursos oferecidos a pequenos grupos sobre como ser um cristão que administra bem suas contas.

Leia também
O Reino entre nós 
Trabalho, Descanso e Dinheiro 
Espiritualidade na prática 

Fonte:Ultimatoonline

segunda-feira, 4 de abril de 2016

A dificuldade de orar (e uma solução)

image from google


Oração não é fácil. Eu vejo que isso é verdade para mim, mas outros que têm meu respeito também dão testemunho da dificuldade de orar. Alguns indivíduos fazem parecer fácil; se eles passam horas por dia na tenda do encontro, provavelmente eles levam também o computador para lá.

Considere os seguintes testemunhos, que são de cheios de pensamentos que, muito curiosamente, não são normalmente ouvidos quando as pessoas dão seus testemunhos públicos:
Tudo que fazemos na vida cristã é mais fácil que orar” (Martyn Lloyd-Jones).
Não há nada em que somos tão ruins em todos os nossos dias do que a oração” (Alexander Whyte).
Houve momentos em minha vida em que preferia morrer a orar” (Thomas Shepard).

Imagine Thomas Shepard dizendo essas palavras após ser levado para a frente da igreja para “falar sobre as coisas maravilhosas que Deus tem feito em sua vida”. Seja qual for o caso, eu considero um tanto confortantes essas palavras daquelas homens citados. De fato, leia isso de John Bunyan:
“Eu posso falar por experiência própria, e a partir dela, contar-lhe sobre a dificuldade de orar a Deus como devia; isso é o suficiente para te fazer pobre, cego, carnal, para cultivar estranhos pensamentos sobre mim. Pois, quanto ao meu coração, quando eu saio para orar, eu descubro tanta relutância em ir a Deus, e quando estou com ele, tanta relutância em continuar ali, que muitas vezes, em minhas orações, eu sou forçado primeiro implorar a Deus que ele tome o meu coração, e o coloque diante de Cristo, e quando estiver ali, que ele continue ali. Com efeito, muitas vezes eu não sei o que orar ­­(eu sou tão cego), nem como orar (eu sou tão ignorante); somente (bendita Graça) o Espírito ajudando nossas enfermidades [Rm 8.26].”

Aqui está um – ahem – puritano que obviamente batalha, como muito de nós, com a oração. Às vezes, os cristãos caem em um “círculo vicioso de oração” e acham difícil acabar com esse círculo. Não é que eles desistiram de orar, mas eles parecem desistir de gastar tempo a sós com o Senhor naquilo que os puritanos chamaram de “oração privada e fervorosa” (ver Hebreus 5.7).


Evidentemente, não há uma regra estabelecida sobre que frequência e duração devem ter nossas orações. Ainda assim, nós oramos sem cessar (1 Tessalonicenses 5.17); devemos orar em todo tempo (Efésios 6.18) e oramos subitamente por causa de necessidades e ocasiões (Neemias 2.4).

A Bíblia também nos dá exemplos daqueles que pareciam ter horários escolhidos ou específicos em que se dedicavam à oração (Mateus 6.6). Considere Daniel, que orava três vezes ao dia, “como também antes costumava fazer” (Daniel 6.10). “Subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta” (Atos 10.9). E nosso Senhor Jesus que “retirava-se para os desertos, e ali orava” (Lucas 5.16).

Considerando que a oração é difícil, como Cristo nos motiva a orar? Em Mateus 6.6, ele promete a seus discípulos que seu Pai os recompensará pelo que eles fazem (i.e., orar) em segredo. Perceba o quanto a palavra “recompensa” aparece somente neste capítulo.

Nós precisamos questionar-nos se adequadamente cremos nas palavras de Mateus 6.6. Você realmente crê – o que deveríamos fazer – que Deus nos recompensará? Se nós crêssemos, certamente gastaríamos muito mais tempo na oração em secreto do que fazemos. Não temos porque não pedimos. Não pedimos porque nos falta fé (Mateus 21.22).

Fé é a mão que suplica a Deus: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6).

Cristo, o homem de fé por excelência, certamente entendeu esse conceito em sua vida de oração. De fato, ele orou por sua recompensa: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (João 17.5).

Eu não sei precisamente como o Senhor nos recompensará pelo que fazemos em segredo. Algumas vezes, as respostas à oração são óbvias ou imediatas. Às vezes, ele nos recompensa ao não nos dar o que (erroneamente) pedimos. E há orações que sequer podem ser respondidas em vida (veja a oração de Estêvão em Atos 7.59-60, que pode ter resultado na conversão de Saulo de Tarso; ou perceba como a oração de Moisés para ver a glória de Deus em Êxodo 33.18 foi respondida na Transfiguração).

Mas eu sei disto:

As recompensas do Pai vêm da graça: “É chamado recompensa, mas é pela graça, não por dívida; que mérito pode haver em mendigar?” (Matthew Henry).

E ele tem prometido recompensar seus filhos quando eles oram em secreto, e somente essa motivação deveria ser o suficiente para nos levar aos nossos “quartos de oração” onde pedimos para receber.

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Autor: Rev. Mark Jones
Fonte: Reformation21
Tradução: Josaías Jr
Via: Reforma21

domingo, 3 de abril de 2016

LIDERANDO COMO DEUS QUER





Por Russel Shedd

Samuel, filho do pastor da igreja da qual eu era membro, conversava com seus colegas da escola sobre a importância das profissões dos seus pais.  Um gabava-se: “Meu pai é químico; ele descobre produtos úteis para a sociedade”.  Outro dizia: “O meu é engenheiro. Ele constrói pontes e estradas”. Notando o silêncio de Samuel, os colegas perguntaram-lhe: “E o seu pai, o que ele faz?” O adolescente encolheu os ombros, meio encabulado, e confessou: “Meu pai não faz nada – somente fala.”

Acredito que muitos pastores repassam a impressão geral de que o líder de uma igreja tem uma vida isenta de responsabilidades mais pesadas.  Um colega, certa vez, me contou como chegara a escolher a carreira de pastor. Quando jovem, ele passava na frente da casa de um ministro do Evangelho. Observava que ele pulava da cama depois das nove horas da manhã e, depois, seguia uma rotina bem suave – ia pescar quando lhe convinha, conversava alegremente com os amigos, era constantemente convidado para as celebrações das famílias da igreja. Nas horas mais vagas, preparava uma homilia de vinte minutes para o culto nos domingos. O jovem percebeu que aquele pastor era honrado na sociedade e recebia um salário bom, e esta foi a vida que escolheu para si.

Não me admirei em ouvir, tampos depois, que aquele jovem, já guindado à condição de pastor, havia se divorciado da esposa e seduzido a mulher de um líder da sua igreja. Acabou saindo do país com ela, indo pastorear uma igreja no exterior, onde, quem sabe, a história se repetiria. Acabei perdendo contato com aquele “pastor lobo”, vestido de pele de ovelha.
Como ele, há muitos e muitos por aí. Pastores que não fazem caso das exigências bíblicas para o pastorado, especialmente aquela que requer que o bispo seja “irrepreensível”(registrada em I Timóteo 3.2), são uma ameaça para a igreja! O mais devastador dos perigos do ministério é a falta de integridade, quando o pastor prega aquilo que não vive e ilude os membros da igreja, fingindo ser um homem chamado por Deus. Quando a igreja não tem um padrão de qualidade e não requer de seu pastor que preste contas a alguém, há o perigo da preguiça. Gastar pouco tempo com Deus ou imaginar que um curso de seminário é suficiente para o pastoreio não qualifica ninguém para o ministério. Muitos pastores pensam que nada mais é exigido do pregador senão de colecionar um acervo de boas histórias e ler um texto da Bíblia para logo esquecê-lo, sem se preocupar com o sentido da passagem ou como as Sagradas Letras deveriam ser aplicadas às vidas de seus ouvintes.

GRANDE OBRA

O professor de um seminário pediu que seus alunos procurassem saber dos membros de suas igrejas o que achavam das pregações dos seus pastores. O consenso colhido foi o de que os pastores leem a Bíblia, mas não a explicam, nem aplicam o texto para a vida diária das pessoas. Outra conclusão do estudo foi a impressão generalizada de que os líderes têm mais interesse nos negócios das igrejas do que na vida espiritual dos membros.

Robert Murray McCheyne, um jovem pastor de Dundee, na Escócia, e muito usado por Deus, disse: “A grande obra do pastor, na qual deve depositar as forças do seu corpo e mente, é a pregação. Por mais fraco, passível de menosprezo, ou louco (no mesmo sentido como chamaram a Paulo de louco) que possa parecer, este é o grande instrumento que Deus tem em suas mãos e para que, por ele, pecadores sejam salvos e os santos sejam aptos para a glória. Aprouve a Deus, pela loucura da pregação, salvar aos que creem. Foi para isso que o nosso bendito Senhor dedicou os poucos anos de seu próprio ministério – e esta foi a grande obra de Paulo e de todos os apóstolos. Por isso, Jesus nos deu este mandamento: ‘Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho’.” Com efeito, o sucesso eterno do ministério de qualquer pastor será medido pelo poder de sua pregação. Comentou Cotton Mather: “O desenho e intenção principal do pregador é restaurar o trono e domínio de Deus nas almas dos homens.”

Outro perigo envolve as finanças do pastor. Raras vezes seu salário tem alguma folga. O cartão de crédito parece ser uma providência divina para adquirir “necessidades” que estouram o orçamento. Parece que o pastor acredita que os membros têm a responsabilidade de socorrer ministros que gastam mais do que recebem. Acontece que o que parece ao pastor ser uma necessidade não convencerá os membros da comunidade, que via de regra vivem com salários inferiores ao que seu pastor recebe. Se o dinheiro é a motivação, sua alegria não virá do ministério, mas das coisas que pode comprar. Paulo combate esta ameaça, dizendo: “Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros” (Romanos 13.8). A integridade do pastor se reflete na honestidade com que trata o dinheiro da igreja.

Uma pesquisa feita na escola de missões do Seminário de Fuller, nos Estados Unidos, sobre a vida de 900 líderes evangélicos, tanto na história como no presente, revelou que eles reconhecem que a autoridade espiritual é a base principal do poder, isto é, o impacto de um ministério que transforma vidas depende da intimidade que o líder tem com Jesus. Essa intimidade se nutre através de pureza pessoal, adoração e uma vida fiel de oração. Uma das principais ameaças do ministério se revela no profissionalismo que busca sucesso de outras fontes de poder. O líder cristão pode decidi raprimorar-se na psicologia, na oratória ou com conhecimentos intelectuais. Contudo, em qualquer outro foco de um ministério faltará a vitalidade que somente o Espírito Santo é capaz de suprir. O exemplo do apóstolo Paulo nos desafia a todos: “Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome; tendo muito, ou passando necessidade” (Filipenses 4.12).

Muitos ministros não sentem que a tentação sexual possa ser problema. Pensam que esse tipo de atração pode ser perigosa para os outros, mas não para eles. No entanto, a lamentável frequência com que os escândalos têm abalado a reputação das igrejas evangélicas sinaliza para a necessidade de cuidados especiais.  Paulo advertiu seu filho na fé nos seguintes termos: “Fuja dos desejos malignos da juventude” (II Timóteo 2.22). Prevenção requer um plano eficaz para repelir as tentações que assolam a vida de muitos pastores. O texto coloca justiça, fé, amor e paz e, especialmente, a companhia de pessoas que, de coração puro, invocam o Senhor como baluarte contra a atração sexual pecaminosa.

A internet tem trazido para dentro de casa a possiblidade de contaminar o coração do pastor com a pornografia. Ainda que poucos ministros confessem esse vício secreto, a praga moderna ameaça a estabilidade de muitas famílias e o relacionamento de pastores com suas igrejas. Qualquer líder que não mantém a fé e a boa consciência enfrenta o perigo de “naufragar na fé”, conforme Paulo admoesta a Timóteo. Jesus ensinou que os puros de coração são felizes porque eles verão a Deus.  E que dizer do que maculam suas mentes com pornografia?

AVALIAÇÃO CONSTANTE

De minhas muitas décadas de ministério pastoral, tenho aprendido, continuamente, a desenvolver disciplinas pessoais e espirituais que podem nos manter a salvo na questão da integridade sexual. Em primeiro lugar, é preciso avaliar nossa condição espiritual regularmente, sabendo que a falta de oração e comunhão com Deus é fatal. Em segundo lugar, o pastor precisa manter um casamento de qualidade, com comunicação, evitando sentimentos de descontentamento, pobreza no relacionamento sexual e frieza na intimidade. Não se pode ser omisso na busca por um bom relacionamento espiritual e emocional.  Além disso, é necessário, sempre, demonstrar respeito e amor, as chaves de um casamento saudável. O servo do Senhor também precisa tomar precauções básicas, fugindo de qualquer pessoa que o atraia sexualmente e evitando aconselhamentos com pessoas do sexo oposto sem a presença do cônjuge. A descoberta de um bom amigo com quem se possa abrir o coração para revelar qualquer sentimento que não seja puro e saudável deve ser uma prioridade. Por fim, deve-se ter em mente, sempre, o poder destrutivo que uma queda no pecado sexual tem sobre ministério abençoado por Deus.

Na lista de qualificações que o pastor deve ter, Paulo inclui o governo da família. O líder deve ter “os filhos sujeitos a ele”. “Se não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus?”, questiona o apóstolo (I Timóteo 3.4,5)? Na cultura brasileira, muitos pais não exigem a obediência dos filhos. O individualismo reina de tal modo que os pais chegam a se cercar de cuidados para não contrariar seus filhos. Todavia, a Bíblia ensina com clareza que filhos e pais são pecadores.  Todos necessitam disciplina para aprender a obedecer aos pais, tal como os pais precisam de disciplina bíblica para submeter-se a Deus. Por isso, Paulo faz a conexão do líder responsável pela igreja e a responsabilidade de chefiar a família.

Algumas qualificações são mais determinantes do sucesso no ministério do que outras. Acredito que a que mais importa para o pastor é o amor pelas pessoas e sua humildade, além de coragem. Jesus convidou os cansados e sobrecarregados a aprender dele a se tornaram humildes e mansos (Mateus 11.29). Se Jesus Cristo for realmente o modelo que norteia o ministério, não há que se duvidar de que essa qualidade tenha importância singular. Alguns pastores esquecem que são ovelhas que também precisam do pastoreio do Bom Pastor (I Pedro 5.4). Essa atitude de altivez é especialmente perigosa nos tempos em que vivemos, nos quais o sucesso ministerial é medido por números e marcas externas de uma igreja. Jesus não teve um sucesso notável ou popularidade. Tanto, que ele rejeitou a proposta do povo, que queria aclamá-lo como rei (João 6.14).

Os líderes de igrejas no presente século percebem que a liderança de uma comunidade de maneira bíblica ficou mais difícil. Mas aqueles que combatem o bom combate, pregando a Palavra e guardando a fé, receberão a coroa da justiça que o Senhor, o justo juiz, lhes dará no dia final. O ministro que combater para vencer, como o apóstolo Paulo lutou, receberá a recompensa prometida na vinda do Senhor.

Russel Philip Shedd é doutor em teologia com estudos de pós-doutorado em Novo Testamento, escritor e conferencista. Americano radicado no Brasil desde 1962, é presidente emérito de Edições Vida Nova e missionário aposentado da missão World Venture.

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sábado, 2 de abril de 2016

3 MOTIVAÇÕES ERRADAS PARA ME ENVOLVER COM O MINISTÉRIO




Por Junior Souza

Sempre ouvimos motivos para fazermos coisas na igreja, nos envolvermos com o ministério, com as coisas de Deus, inclusive muitas pessoas acabam falando coisas para nos motivar, e até em nome de Deus mas que não são necessariamente verdade.

Por exemplo: Contribua com este ministério que você vai prosperar, você não vai mais ter problemas, seu marido vai se converter, seu filho vai começar a levar Deus a sério, seu cabelo vai parar de cair, vai emagrecer, etc…

Como se estas coisas fossem o salário do ministério. Ou como se Deus fosse obrigado a nos dar estas coisas porque estamos fazendo algo para Ele. Por isso, concluímos facilmente que existem muitas motivações corretas e muitas motivações erradas para fazermos algo para Deus.
Gostaria de destacar 3 motivações erradas que alguém pode ter quando faz algo para Deus. Não se envolva com o ministério se você quer receber uma destas 3 coisas que vamos falar, e posso te garantir que se você estiver buscando estas coisas no ministério, você está buscando no lugar errado.

Eu admiro muito o livro de Jó. É um livro inteligente e intrigante, e muitas vezes as pessoas só lêem o começo e o fim. Porque acham o livro chato. Mas é exatamente no meio da narrativa que conseguimos ver um retrato intrigante de nossas vidas. Na verdade o livro todo é um grande retrato da alma humana diante do sofrimento. Como reagimos, a quem culpamos etc… Outra característica interessante é que o livro traz ideias que não são repetidas em nenhum outro lugar na Bíblia. Vamos falar sobre uma delas.

Além disso este livro apresenta ao mundo os três amigos de Jó, as 3 piores pestes do universo depois de mim. Se todo mundo tivesse amigos assim, não seria necessário existir sogra, cunhado, vizinho, presbítero etc… Este tipo de gente que normalmente complica a vida da gente.
Vamos ao texto – Jó 4:7 a 11
7 Lembra-te agora disto: qual o inocente que jamais pereceu? E onde foram os retos destruídos? 8 Conforme tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam o mesmo. 9 Pelo sopro de Deus perecem, e pela rajada da sua ira são consumidos. 10 Cessa o rugido do leão, e a voz do leão feroz; os dentes dos leõezinhos se quebram. 11 Perece o leão velho por falta de presa, e os filhotes da leoa andam dispersos.

PRIMEIRO Este texto apresenta claramente a doutrina da retribuição.
Se faço uma coisa certa = Deus me deve uma benção.
Se faço o errado = preciso sofrer por isto. Se você está envolvido no ministério porque você acha que esta fazendo um favor a si mesmo, que você está acumulando créditos ou bônus com Deus, e depois você pode trocar estes bônus por produtos nas lojas do Baú. Sinto muito, você está enganado. O Reino de Deus não faz programa de milhagens. Olhe novamente para o texto. A vida dos discípulos e apóstolos desmente esta doutrina. Porque eles fizeram mais do que todos nós juntos, e morreram mortes horríveis, sofreram muito, e ainda passaram por todos os tipos de necessidades possíveis. Eu não faço algo que vai agradar o coração de Deus para que ele também faça algo que vai alegrar o meu.

SEGUNDO – JÓ 4: 12 A 16 12 Ora, uma palavra se me disse em segredo, e os meus ouvidos perceberam um sussurro dela. 13 Entre pensamentos nascidos de visões noturnas, quando cai sobre os homens o sono profundo, 14 sobrevieram-me o espanto e o tremor, que fizeram estremecer todos os meus ossos. 15 Então um espírito passou por diante de mim; arrepiaram-se os cabelos do meu corpo. 16 Parou ele, mas não pude discernir a sua aparência; um vulto estava diante dos meus olhos; houve silêncio, então ouvi uma voz que dizia: Não estou envolvido no ministério simplesmente para sentir, presenciar ou receber as sensações do sobrenatural de Deus. Eu quero ser guiado por Deus em tudo, mas sem me tornar místico em nada. Cheio de regras do tipo: Não pode falar, não pode ir, não pode tocar. Jogando a culpa no diabo por erros que eu conscientemente cometi, por meus atos, palavras e escolhas. Isto é vergonhoso. Fico muito chateado ao ver alguém dizer uma frase do tipo: O diabo é quem me fez falar o palavrão.
Mentira! Se eu falei foi porque eu escolhi. A menos que eu esteja possuído. Eu acredito e quero o sobrenatural de Deus na minha vida. Mas eu não quero esquecer que ainda vivo em um mundo natural que precisa ouvir do evangelho naturalmente.

Se Paulo fazia tantos milagres então pra quê ele pregava? Eu quero que os milagres sejam o selo da mensagem que prego diariamente. Os milagres não são minha mensagem. No ministério de Jesus também era assim. O louvor pode ser uma bênção sem arrepio, choro, latido ou qualquer outra manifestação. Eu não preciso sentir nada. Eu preciso dar tudo para Deus.
Muitas vezes quando vamos à igreja, estamos abertos somente para receber e não para dar. Se esta é minha motivação, já me tornei o centro do meu culto e provavelmente meu próprio Deus.

TERCEIRO -  JÓ 4: 17 A 21 17 Pode o homem mortal ser justo diante de Deus? Pode o varão ser puro diante do seu Criador? 18 Eis que Deus não confia nos seus servos, e até a seus anjos atribui loucura; 19 quanto mais aos que habitam em casas de lodo, cujo fundamento está no pó, e que são esmagados pela traça! 20 Entre a manhã e a tarde são destruídos; perecem para sempre sem que disso se faça caso.
21 Se dentro deles é arrancada a corda da sua tenda, porventura não morrem, e isso sem atingir a sabedoria? Esta é uma imagem errada de Deus. É uma das coisas que aparecem somente no livro de Jó e não aparecem em nenhum outro lugar no texto bíblico (somente em Jó 15:15 e 16 a mesma ideia é repetida). Essa afirmação vai ser desmentida em diversos outros textos, onde vemos Deus atribuindo valor ao Ser Humano. O que esta passagem demonstra, é chamado de Teologia baixa. Ou seja, quem falou isso não sabe nada de Deus. É pior que o próprio Jó que pelo menos conhecia de ouvir falar. Não estou envolvido com o ministério para acalmar um Deus carrancudo, mal humorado, que não gosta de mim. Não faço as coisas que faço porque tenho medo de Deus. Faço porque amo, e porque sou amado por Ele.

O dia que eu sentir que meu amor por Deus se esfriou, a primeira coisa que vou fazer é me retirar imediatamente do ministério. Nunca fiz nada por obrigação. Por isso não faço tudo que me mandam, ou esperam que eu faça.

Resumindo. Não faça nada para Deus por interesse, misticismo ou medo. Senhor guia-nos no Teu amor.

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Guia-me, via Pr Anselmo Melo

sexta-feira, 1 de abril de 2016

O Calvinismo segundo um Pentecostal

PARE, LEIA E PENSE!
calvinismo-pentecostal
Por Clóvis Gonçalves
Introdução
O movimento pentecostal geralmente foi visto como não calvinista e superficialmente descrito como arminiano. Por ser associado a igrejas tradicionais, em geral cessacionistas, o calvinismo sofre no meio pentecostal de uma imagem negativa, agravada por representações malfeitas dos pontos distintivos da soteriologia dos reformadores. Por outro lado, o arminianismo é associado ao movimento de santidade wesleyano, que exerceu influência no pentecostalismo, portanto não sofre com esse estigma. Embora o arminianismo jamais tenha sido abraçado de forma refletida e o calvinismo tenha sempre sido rejeitado de forma preconceituosa, as igrejas pentecostais são tidas como arminianas.
Nos últimos anos, porém, essa realidade está mudando com uma crescente minoria se voltando para um estudo teológico mais consistente, tendo contato com expoentes contemporâneos da teologia reformada e acesso a obras de teólogos do passado, até então desconhecidas por ela. Como as principais obras teológicas são calvinistas, o pentecostal despertado para o conhecimento teológico – em geral jovens insatisfeitos com a pouca ênfase doutrinária e falta de profundidade teológica dos púlpitos de suas igrejas – tem descoberto a fé reformada e até se declarado reformado.
Isto tem provocado reações fortes tanto no meio onde estão como nos círculos reformados. Muitos pentecostais, não tendo ainda estudado o calvinismo, não entendem como um dos seus pode crer em absurdos tais como o de que um não predestinado pode ir para o inferno mesmo aceitando a Cristo enquanto que outro, sendo predestinado, pode levar uma vida inteira de pecado e ser salvo blasfemando contra Deus. Não se dando conta de que isso não é calvinismo, a pressão é para que saiam do meio deles. O outro lado reage, dizendo que a fé reformada é incompatível com a crença na atualidade dos dons espirituais e que, a menos que primeiro reneguem essa crença, jamais poderão professar fé nas doutrinas da graça. Alguns cedem a essa pressão e abandonam o movimento pentecostal, ao qual, muitas vezes, passam a hostilizar. Felizmente, alguns poucos são encorajados tanto por pentecostais interessados no amadurecimento teológico do movimento, como por reformados abertos à atualidade dos dons espirituais, a permanecerem onde estão. É o caso deste autor. Há quinze anos, descobri e abracei as chamadas doutrinas da graça enquanto servia numa igreja pentecostal, da qual nunca precisei sair.
Este artigo é dirigido especialmente aos pentecostais que não entendem a crescente aceitação da teologia reformada em seu meio e também aos que acham que entendem, acreditando que a causa é o desconhecimento da teologia arminiana clássica no meio pentecostal e que mais Armínio resultará em menos Calvino (quando o resultado pode ser bem o contrário, se o conselho de Armínio para que se leia Calvino for seguido).
Como um pentecostal que se tornou calvinista pode justificar a sua soteriologia aos seus irmãos? Penso que o primeiro passo é esclarecendo-os a partir do que a Bíblia diz sobre os pontos de sua fé. Exemplificarei com uma declaração da Escritura:
“Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm 9.16).
Os Cinco Pontos do Calvinismo
Primeiramente, consideremos que Paulo está falando de salvação e condenação. No início do capítulo, Paulo diz que preferia ser “separado de Cristo” em favor de seus irmãos (9:3). Em seguida, diz que Deus,“querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição” (9.22). Enquanto que a outros Ele quis dar “a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão” (9.23) e, finalmente, ele conclui fazendo referência à “justificação… que decorre da fé” (9:30). Portanto, o que não depende do homem é a misericórdia divina para salvar o pecador.
É dito, pois, que a salvação “não depende de quem quer ou de quem corre”. Em outras palavras, não depende da vontade do homem, nem de seu esforço. Antes de provocar contrariedade, essa declaração deveria trazer ânimo. Por causa do pecado, a vontade do homem está escravizada pela sua natureza caída e inclinada para as coisas más e, se deixado a si mesmo, o homem nunca desejará o Bem. A Queda tornou-o incapaz de qualquer feito que o torne aceitável diante do Deus Santo. À pergunta de Jó“Seria, porventura, o mortal justo diante de Deus?” (Jó 4.17), Paulo responde que “não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10) e que “é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus” (Gl 3.11). Esta doutrina é chamada de depravação total pelos reformados e simplesmente declara a absoluta incapacidade do homem de fazer o que quer que seja para obter o favor divino.
Neste estado, para que o homem seja salvo, é absolutamente necessário “usar Deus a sua misericórdia”.Como todos os homens estão igualmente na miséria do pecado e só alguns são salvos, decorre que uma escolha é feita. Poucos versos antes, o apóstolo faz referência a ela ao explicar que “ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama)” (9.11). Sobre a natureza desta escolha, convém notar que ela é soberana, ou seja, é “por aquele que chama”. E que ela é eterna, ou seja, feita quando”ainda não eram os gêmeos nascidos”. Finalmente, é uma eleição individual e não corporativa. Expressões como “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas” (9:6), “não eram os gêmeos nascidos”(9:11), “amei Jacó, porém me aborreci de Esaú” (9:13) e “tem ele misericórdia de quem quer” (9:18), sugerem fortemente que Paulo está tratando de indivíduos e não de uma coletividade amorfa. Esta doutrina é conhecida como eleição incondicional, embora seja melhor compreendida como eleição soberana e graciosa.
Antes de abordar os demais pontos da doutrina da graça, convém considerar uma implicação da salvação depender de Deus e não do homem: a sua certeza. Se dependesse do homem, a salvação não seria apenas incerta, seria impossível. Mas, como depende de Deus, ela não é apenas possível, mas certa. Dizendo de uma outra forma, nenhum dos eleitos perecerá, não simplesmente pelo fato de serem eleitos, mas porque a Trindade assegurará todos os meios necessários e infalíveis para a sua realização. Vejamos como isso acontece na prática.
Para ser possível “usar Deus a sua misericórdia”, Sua justiça tinha que ser satisfeita, “para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3:26). Isto quer dizer que um preço precisava ser pago, uma dívida precisava quitada. “Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). Ter Cristo morrido por nós não significa apenas que morreu em nosso favor, mas que morreu em nosso lugar, “tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós… removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz” (Cl 2.14). A morte de Cristo foi intencionada para pagar completamente a dívida daqueles por quem Ele morreu. Embora o valor de Seu sangue seja suficiente para pagar os pecados do mundo todo, Sua morte foi intencionada em favor dos escolhidos de Deus, tornando a salvação deles não apenas possível, mas certa. Esta é a difícil, mas bendita, doutrina da expiação limitada ou, como muitos preferem, redenção particular.
A expressão “usar Deus a sua misericórdia” implica que Deus não assume simplesmente uma atitude de misericórdia passiva, provendo os meios de salvação e deixando por conta do homem apropriar-se dela. Já vimos que, se Ele fizesse isso, ninguém se salvaria e por isso é uma bênção o fato de que “não depende de quem quer ou de quem corre”. Deus mesmo, pelo Seu Espírito, aplica no pecador eleito os benefícios, chamando-os para Si. Paulo fala “daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28), acrescentando que “aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30). Esse chamado é segundo o propósito eterno de Deus e tem como objetos os que foram predestinados para a salvação. Por isso é referido como graça irresistível ou, mais acertadamente, de chamada eficaz.
Finalmente, a salvação não depender da vontade ou do esforço humano, mas de Deus usar Sua misericórdia, implica uma certeza inabalável: nenhum pecador que foi eleito pelo Pai, remido pelo Filho e chamado pelo Espírito Santo, irá perder a salvação recebida. A Trindade Santa está se encarregando disso. “Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”(Rm 8.38–39). Esta doutrina é chamada de perseverança dos santos, mas deve ser entendida como preservação dos santos, pois é Deus quem guarda o tesouro e preserva aqueles por quem Cristo morreu.
Conclusão
Quando um pentecostal se diz calvinista, não está afirmando absurdos sobre Deus e a salvação, mas expressando convicções obtidas das Escrituras. No que se refere a Deus, ele admite que o Senhor é o soberano sobre a criação, sobre a história e sobre a salvação e que, de fato, Ele exerce essa soberania de forma absoluta. Especificamente sobre a salvação, ele afirma que, estando o homem completamente corrompido, Deus elegeu soberana e graciosamente alguns dentre eles e enviou Seu Filho para resgatá-los e o Espírito para regenerá-los, guardando-os com mãos poderosas até o fim. É nisto que crê um pentecostal que confessa ser calvinista.
Fonte:NAPEC

Quando os pastores procuram igrejas fiéis


Por Renato Vargens


Geralmente vemos irmãos procurando pastores sérios para pastoreá-los, o que é extremamente louvável. Agora, por outro lado, também tenho visto pastores saudáveis procurando igrejas tementes a Deus para servir. Volta e meia eu ouço alguns pastores dizendo: 

1-) Procuro uma igreja que prefere as Escrituras ao entretenimento.

2-) Procuro uma igreja que prefere estudos bíblicos à festas e ativismos.

3-) Procuro uma igreja que ama a pregação expositiva.

4-) Procuro uma igreja que ame missões e se dedique a investir na plantação de novas igrejas.

5-) Procuro uma igreja onde os jovens amam mais a palavra de Deus do que o presente século.

6-) Procuro uma igreja onde os casais querem ser pastoreados segundo a palavra de Deus, não preferindo assim, seguir os valores desse mundo.

7-) Procuro uma igreja comprometida com Cristo, com a oração e o estudo dominical das Escrituras.

8-) Procuro uma igreja saudável nos relacionamentos interpessoais.

9-) Procuro uma igreja onde o solitário vive em família e onde a solidariedade é marca de uma instituição que ama.

10-) Procuro uma igreja que não trata pessoas como números, pastores como burocratas, gente como coisa. 

Renato Vargens

quinta-feira, 31 de março de 2016

JOVEM CRISTÃ TENTA REFAZER SUA VIDA APÓS CATIVEIRO



Embora a República do Congo não esteja entre os 50 países da Classificação da Perseguição Religiosa de 2016, ela está bem próxima, posicionada em 52ª. De acordo com as últimas notícias, a militância do Estado Islâmico tem cometido atrocidades por lá, mas infelizmente o mundo ainda não despertou para tudo o que tem acontecido com esta nação. Longe das manchetes dos jornais, no extremo da República do Congo, um grupo muito violento conhecido como Aliança das Forças Democráticas (ADF, sigla em inglês) incorporou-se na região e está fazendo uma verdadeira limpeza étnica, matando os cristãos, a fim de instalar um ponto de apoio ao islã.

Mado é uma jovem cristã de 20 anos, que vive por lá, e tem muitas histórias para contar. Ela diz que seus sonhos foram transformados em pesadelos. "Tudo começou num domingo de fevereiro, em 2013. Eu estava grávida, e esperava pelo meu marido, meu filho mais velho e meu cunhado, que tinham ido a uma fazenda próxima, buscar alguns produtos. O meu filho mais novo estava na casa de familiares. Quando eles estavam chegando, alguns homens ofereceram ajuda para carregar as sacolas e como estavam desarmados eles não desconfiaram de nada. Mas havia outros escondidos no mato e eles pertenciam à militância islâmica da ADF. Eles levaram todos nós por um caminho na selva. Mataram meu cunhado na nossa frente, eu chorei muito naquela hora, e eles ficaram com raiva e me bateram no rosto com um facão e vendaram meus olhos", lembra a cristã.

"Eles machucaram todos nós e fizeram muitas ameaças. Meu marido foi o segundo a morrer. Quando chegamos ao esconderijo, que ficava numa aldeia, havia muitos cristãos, homens, mulheres e crianças. Muitas pessoas estavam amarradas em árvores. Eu fui colocada com outras 11 pessoas num buraco com cerca de 4 metros de profundidade, foi horrível. Não havia como fugir. Ficamos nesse poço durante 4 meses. Quando fomos tirados, nos levaram como escravos, construímos casas e trabalhávamos numa plantação de arroz. Dois meses depois meu bebê nasceu, mas viveu por apenas alguns meses devido as péssimas condições. Por medo, fazíamos tudo o que eles mandavam e fomos orientamos a seguir o islã, caso contrário morreríamos. Fui dada como esposa a um muçulmano idoso", diz Mado que teme falar sobre essas amargas experiências, mas que reconheceu a mão de Deus a protegendo. "Apesar de tudo, eu não engravidei e não dei filhos a estes homens".

"Havia uma senhora cristã no acampamento que sempre encorajava a todos a manter a fé em Cristo. E suportamos essa vida que durou 1 ano e meio até irmos para Medina, onde tive a chance de escapar. Passei oito dias sem comer e os militantes nos autorizaram a ir para a floresta procurar cogumelos. Quando ouvimos os tiros das tropas do governo, aproveitamos a oportunidade e corremos. Meu filho e eu fomos para a direção de um rio e alguns soldados nos ajudaram. Eles nos levaram para Beni e então reencontrei minha família. Luto muito para me livrar dos traumas, sinto falta do meu marido e do meu cunhado. As pessoas daqui não ajudam em nada, elas questionam por que não salvamos os outros, outros dizem que nos deixaram escapar porque temos ligação com a ADF. Não é fácil conviver com essas falsas acusações, mas eu oro por essas pessoas e faço o meu melhor para seguir em frente com meus filhos. Tenho esperança de um futuro melhor", conclui Mado.

*Nome alterado por motivos de segurança.

Pedidos de oração

Mesmo que a igreja da República do Congo seja descrita como forte espiritualmente, ela tem enfrentado enormes desafios com a violência dos grupos extremistas islâmicos. Ore por esses cristãos, para que tenham coragem de seguir em frente com sua fé.
Muitas mulheres, como Mado, lutam para lidar com o preconceito e os traumas causados durante o tempo em que estiveram em cativeiro. Muitas coisas terríveis aconteceram com elas. Ore para que o Senhor as restaure por completo.
Em 2016, a Portas Abertas preparou cursos de preparação para líderes dessa região, para que vivam sob a perspectiva bíblica da perseguição, além de outros tipos de auxílio. Ore para que nossas equipes sejam capazes de equipar as igrejas do país nesse momento complicado que vivem.

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