quarta-feira, 1 de abril de 2015

Uma análise sobre a "Bíblia Freestyle"

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Por Rev. Ageu Magalhães


No dia 16/05/14 eu participei do Programa Vejam Só, da RIT-TV, tratando do tema "Igrejas underground e Bíblia Freestyle: Até que ponto estamos adaptando o Evangelho ao nosso gosto?" (veja aqui). Ao meu lado estavam o Pr. Eber Cocareli, mediando o debate, e o criador da "bíblia Freestyle", o Pr. Ariovaldo Jr.

Tive uma boa impressão do Pr. Ariovaldo Jr. Percebi que estava diante de um homem crente e bem intencionado. Todavia, nossas posições foram opostas quanto ao assunto. Infelizmente, com um filho no hospital, eu não estava 100% no debate e, por isso, deixei de usar muita argumentação que poderia ter lançado para esclarecer melhor o tema.

Portanto, posto abaixo as razões pelas quais eu acho que a "bíblia Freestyle" é totalmente inapropriada para a leitura dos crentes e para qualquer tipo de evangelização.

1. Usa palavrões

Sempre foi ponto pacífico que crentes não falam palavrões. O povo de Deus sempre foi reconhecido por sua linguagem sadia e isso nunca precisou de defesa. Mas agora eis que surge uma geração dizendo que palavrão não tem importância, pois é algo "cultural e relativo". Vejamos o que a Bíblia nos diz: 

Mateus 5.22 “Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo estará sujeito ao inferno de fogo.”

Mateus 12.36,37 “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado

1 Coríntios 15.33 Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.

Efésios 4.29 Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.

Efésios 5.3,4 “Mas a impudicícia [falta de pudor – no grego pornéia] e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos; nem conversação torpe [aischrotes – conversa imoral, baixa, obscena], nem palavras vãs [morologia – conversação boba] ou chocarrices [eutrapelia – linguagem baixa, libertinagem], coisas essas inconvenientes; antes, pelo contrário, ações de graças.

Filipenses 4.8 Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.

Colossenses 3.5-8 “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência]. Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo, quando vivíeis nelas. Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena [aischrologia – conversa imoral, baixa, obscena], do vosso falar.

Colossenses 4.6 A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.

Tito 2.7,8 “Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível [akatagnostos – que não cabe censura, nem reprovação], para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito.

Tiago 1.26,27 “Se alguém supõe ser religioso deixando de refrear a sua língua, antes enganando o próprio coração, a sua religião é vã. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.

E onde estão os palavrões da "bíblia Freestyle"? Perdoem-me os irmãos que, como eu, não falam palavras torpes, mas é necessário, neste caso, mostrar o absurdo:

• "E Jesus terminou a explicação: "Pois o Reino de Deus é desse naipe! Vai ter gente safada, ladrões, cobradores de impostos, putas e traficantes que vão entrar no céu na frente de vocês." Mateus 21
• "Ahhh maluco! Teu jeito de falar dá a entender que você é um deles sim!". E pra escapar de ser pego, Pedro começou a xingar e a jurar: "Puta que o pariu, viu! Quantas vezes vou ter que falar que eu juro que não conheço esse homem?". Mateus 26 
• E Jesus respondeu: “Vocês tão forçando a amizade pra ver se eu concordo com a putaria né? Pois o erro de vocês é não conhecer nem a Bíblia e nem o poder de Deus. Marcos 12
• Vivam honestamente! Não vivam comendo ou bebendo além do que convém. Não fiquem procurando negócios desonestos, nem se metam com putarias, nem invejem ou briguem. Romanos 13
• Tão falando por aqui que entre vocês andou rolando uma putaria dum tamanho que nem entre os pagãos se ouviu falar. 1 Coríntios 5
• Os nossos corpos são membros de Cristo! Então pelamordeDeus, não façam do corpo de Cristo membros de uma puta. Não! Nããããão! Não sabem vocês que quem transa com uma puta, torna-se um corpo só com ela? 1 Coríntios 6
 E como é justo entre os santos, que as putarias de todo tipo e o apego ao dinheiro nem exista entre vocês. Efésios 5
• Uns ficam contando vantagem que preencheram a ficha de inscrição pra organizada comigo, outros com Apolo, uns com Pedro e outros com Cristo. Porra, gente! Por acaso faz diferença? 1 Coríntios 1
 Porra! Pra que zoar a desprezar a Igreja de Deus e envergonha os que nem comida tem? Vamo parar com essa palhaçada! 1 Coríntios 11
• Mas mesmo eu sendo o mais foda nesse dom, ainda sim prefiro falar cinco palavras da minha própria inteligência pra que outros possam aprender algo, do que dez mil em idiomas desconhecidos. 1 Coríntios 14
 Tá foda a coisa por aqui, e chorando muitão eu escrevi pra que vocês conhecessem o amor que sinto por cada um aí. 2 Coríntios 2
• E junto foi aquele brother que teve em todas as Igrejas conhecido o quanto o cara é foda no evangelho. 2 Coríntios 8
• Ao ver esta cena, o religioso começou a falar baixinho: "Se Jesus fosse mesmo tão foderoso quando dizem, saberia que essa vagabunda aí não vale nada". Lucas 7

2. Usa palavras chulas

Palavras chulas são palavras baixas, grosseiras, inapropriadas. Na história da tradução da Bíblia os linguistas sempre se preocuparam em escolher termos dignos da santidade da Palavra de Deus. Esse cuidado não aconteceu na "bíblia freestyle". Alguns exemplos:

• Se o seu computador é impecilho pra te deixar ser perfeito, quebra essa merda e joga no lixo. Mateus 5
• Jesus sacou que os caras tavam falando merda e comentou: "Quem precisa de médico é quem tá doente. Mateus 9
• "Se algum dos seus amigos fizer alguma merda, puxe ele no canto e quebre o pau. Se ele cair na real e pedir desculpas, você salvou seu amigo. Mas se o mané teimar, leva mais uns dois ou três pra por pressão. Se nem assim o safado reconhecer a cagada, leva a gangue inteira pra lhe dar uma surra moral! E se ainda sim o desgraçado não assumir o que fez, então nem considerem ele como amigo." Mateus 18
 Prepararam o jegue colocando uns panos pra Jesus sentar sem machucar a bunda. Mateus 21
• "As coisas que eu ensino vão ser repetidas no mundo inteiro, pra que nenhum bunda mole possa dizer que nunca ouviu falar do caminho que salva o homem, aí em seguida o mundo vai acabar." Mateus 24
• Judas, percebendo a merda que havia feito, procurou os religiosos pra devolver o dinheiro que havia recebido. E lamentava dizendo: "Putz gente! Ferrei com Jesus! Mateus 27
• Quando passou o cagaço, os guardas correram e avisaram os religiosos tudo que havia acontecido. Ao perceberem a merda que aquilo tudo ia virar, subornaram os guardas com muito dinheiro pra eles ficarem na miúda e fingirem que não sabiam de nada. Se cagaram de medo de Pilatos ficar sabendo de tudo. Mateus 28
 “Pra entrar ladrão no banco, primeiro tem que ver se a segurança tá rendida. Senão mano, o ladrão se ferra. E já vou avisando vocês que falam essas asneiras todas que quem falar merda sobre o Espírito Santo não vai ser perdoado. Posso perdoar todo tipo de coisa, mas isso aí já é apelação!” Marcos 3Jesus então tirou grandão seus discípulos: "Até agora vocês tão nessa bundamolice de não crer?". E a negada toda meio que sujou a cueca só de pensar nas coisas que Jesus era capaz de fazer. Afinal, quem era ele? Marcos 4Precisamos é de tudo novo daqui pra frente. Se tentarmos remendar as coisas velhas, vai virar merda." Lucas 5
• Mas uma viúva que era bem pobre, colocou duas moedas de 1 centavo na caixa. Tá ligado que com 2 centavos você não compra merda nenhuma, né? Marcos 12
• Mas Deus não errou com ninguém! Quem faz um vaso tem poder pra escolher se ele será pra colocar flores ou pra ficar no banheiro recebendo merda de todos que ali moram. Tá achando ruim saber que Deus com muita paciência permitiu que viesse à existência um monte de vaso sanitário cheio de merda, que servem exatamente pra que Ele mostrasse sua raiva e poder? Romanos 9
• O profeta Elias falou com Deus sobre a merda que tava virando o povo escolhido e a resposta que recebeu é que o próprio Deus havia separado pra si sete mil homens que não haviam mijado no barranco. Romanos 11
• Tem gente que vive de datas especiais, mas outros acham que todos os dias são a mesma merda. Romanos 14
 Tô falando de nego abusando da mulher do próprio pai! Vocês tão se achando os bonzões e nem se afetam a ponto de desejar afastar de perto de vocês quem faz essas merdas. 1 Coríntios 5
 O guarda que vigiava Jesus, junto com os religiosos, vendo tudo que aconteceu, se mijaram. Mateus 27
 Zacarias se cagou todo e gaguejava como uma criança pega fazendo arte em flagrante. O anjo o acalmou, dizendo: "Calma aí Zaca, eu não vim pra te sacanear não! Lucas 1
 Aí Paulo respondeu: "Ô otoridade! Fique sabendo que eu sou judeu da cidade de Tarso, que não é pouca bosta na Cilícia não!". Atos 21Se a rejeição do povo de Deus é salvação pro mundo, com certeza a aceitação deles será vida até pros mortos! Se o ovo tá podre, a gemada inteira vai ficar uma bosta. Romanos 11

3. Faz piada com o texto bíblico

A Bíblia sempre foi chamada de "sagrada" porque nela caminhos de vida e de morte são definidos. Ela não é um livro comum, mas um livro santo, inspirado por Deus. Davi o louva porque Ele magnificou acima de tudo o Seu nome e a Sua Palavra (Sl 138.2). Mesmo traduções e até paráfrases levam isso em consideração. Não a versão "freestyle", pois faz piada com o texto bíblico. Veja apenas alguns exemplos:

 No meio dessa tentativa ridícula de "ajudar", uma nuvem os rodeou rapidamente e deu pra ouvir uma voz mais sinistra que do Cid Moreira: "Esse meu Filho é o cara! Só traz alegria ao meu coração. Fiquem quietos e escutem o que ele diz.". E os três seguidores de Jesus quase se mijaram de medo. Mateus 17
• Aí os discípulos perguntaram: “Aí Jesus! Quer que a gente ore pra Deus mandar uma Genki Dama do céu pra destruir essa merda dessa cidade?”. E Jesus, dando bronca geral, explicou: “Putz, vocês realmente não sabem de que lado estão. Manés, eu não vim pra matar as pessoas, eu vim pra salvar!”. Lucas 9
 Enquanto elas pensavam se ligavam pra polícia ou se iam no setor de achados e perdidos, apareceram duas pessoas que brilhavam muito. Não, não eram os vampirinhos emo da série Crepúsculo. Eram dois anjos. Elas obviamente se mijaram de medo. E os anjos disseram: "Pra que tão procurando gente viva em túmulo? Tão ficando loucas é? Jesus tá vivo. Ele avisou lá na Galiléia o que ia rolar." Lucas 24
• Esse tal de José era especial por que quando a dona Maria (sua noiva) apareceu dizendo que tava grávida do Espírito Santo, ele obviamente sentiu que isso cheirava a chifre. Mas sendo um cara legal pra caramba, resolveu terminar o noivado discretamente. Mas naquela noite um anjo apareceu no meio de um sonho e de maneira bem convincente o persuadiu a aceitar a missão de ser pai do filho de Deus, que se chamaria Jesus. Eita homem santo esse tal de José! O moleque que se chamaria Jesus, além de nascer de uma virgem (pra não desmentir a profecia), também viria pra salvar o povo das cagadas deles. José, cabra macho e obediente, não transou com a dona Maria até que nascesse o menino que o ultrassom celestial havia prometido. Mateus 1
 Tendo nascido Jesus em Belém, enquanto Herodes era governador, vieram a Jerusalém uns mágicos do oriente. Seus nomes eram David Copperfield, David Blaine e Criss Angel. Tá, não sabemos o nome deles. Mas que foi legal a piada, foi! Mateus 2
• Aí o Espírito Santo levou Jesus pra um rolê, no deserto. E lá ficou cheio de propostas indecorosas por parte do diabo. Jesus acabou 40 dias e noites sem comer nada, mesmo havendo muitos Habbibs por perto. Mateus 4
• Insatisfeito com a resposta de Jesus, o diabo o levou pra cima do World Trade Center (na época as duas torres ainda existiam), propondo que ele fizesse base jump dali. Jesus retrucou suave como uma voadora no peito: Não tente fazer Deus de otário. Mateus 4
• Por fim o diabo levou Jesus pra frente da TV e mostrou tudo que tem de bom nesse mundo (incluindo Bacon, a Megan Fox e cerveja), prometendo dar todas aquelas coisas em troca de Jesus adorar o capiroto. Como Jesus não era besta nem nada, respondeu que só a Deus devemos adorar, até por que ele é o criador do bacon, Megan Fox e cervejas. Só restou então ao diabo vazar com o rabinho entre as pernas. Imediatamente após o capiroto vazar, os anjos trouxeram uma caixa de esfirras do Habbibs e uma Coca Cola bem gelada. Mateus 4
 Sorte de quem for xingado, cuspido, e denunciado como abusivo no Facebook por causa de defender as minhas coisas. Pulem de alegria, por que fizeram o mesmo com os meus trutas antes de vocês, homens que tinham o poder do Espírito Santo de soltar Hadouken. Mateus 5
• Deus faz gente boa e gente ruim ganhar na Mega Sena. Ele é igualmente justo para com todos. Mateus 5
 "Quem me aceita é como se estivesse aceitando o Pai. Também quem receber vocês como profetas, serão recompensados de maneira justa. Quem der ainda que um copo de Coca-Cola e uma bolacha de água e sal pra alguém que está encarregado da minha missão, pode ficar tranquilo que não vai faltar bolacha recheada no céu". Mateus 10
 Terminando de contar todas estas histórias, Jesus foi lááááá pro final da Judéia, pra lá do rio Jordão (acho que Judas perdeu suas botas aí, surgindo a expressão "onde o Judas perdeu as botas"). Um monte de gente ia junto, tipo quando o Forest Gump resolveu correr. Jesus resolvia todos os problemas de saúde da galera, na maior facilidade. Mateus 19
• E Jesus soltou o hadouken final: "Se você quer ser 'o cara', então vende tudo o que tem e dá pra quem não tem nada. Faz a diversão dos pobres, mano! Aí vem viver comigo, nessa nossa vida loka". Então o cara abaixou a cabeça e saiu de fininho, por que era rico pra caramba e sentiu pena de se livrar dos carros, videogames, da empresa e do apartamento no Guarujá. Mateus 19
 E Jesus explicou: "Vocês que largaram tudo pra serem meus seguidores, vou garantir umas cadeiras estilosas no céu, pra julgarem as doze tribos de Israel. Quem deixou as coisas materiais ou a família por minha causa, vai receber cem vezes mais no céu (menos sogra, claro), além da vida eterna." Mateus 19
 Saindo Jesus do prédio do templo, os seus seguidores começaram a pagar pau pro tamanho da construção. Era igual ao que a Universal tá construindo em Sampa, só que mais bonito. Aí Jesus disse: "Tão vendo isso tudo? Não vai sobrar nada!". Mateus 24
 "Aí vocês verão o meu Bat-Sinal no céu. Todo mundo vai ver e se lamentar. Vão me ver chegando em cima das nuvens, soltando hadoukens (com todos os especiais possíveis) e lasers pelos olhos. Vai ser o maior espetáculo da Terra!" Mateus 24
 Se você soubesse quando o ladrão ia entrar na sua casa, ficaria esperto e faria umas armadilhas (tipo Esqueceram de Mim). Mateus 24
• E ele pirou o cabeção. E gritava: "JESUS, FILHO DE DAVI! DÁ MORAL PRA MIM!". Ele então mandou chamar o cego e perguntou o que queria. O cego respondeu: "Eu queria uma moto Dafra... PEGADINHA DO MALANDRO! Ô Jesus! Eu quero enxergar!". E Jesus disse: "Enxerga então manolo! A sua plena convicção a respeito de quem sou te salvou." Lucas 18
 Por isso é sabido que obter o favor de Deus não depende do que queremos ou do que fazemos. Mas depende somente de Deus (onde está seu livre-arbítrio agora, heim? HÁÁÁÁÁÁÁÁÁ). Romanos 9
• Mas vocês FIEL, são de Jesus Cristo. 1 Corinthians 1

4. Distorce o sentido do texto

Como já deve ter ficado claro, a versão "freestyle" não é a Palavra de Deus apenas com linguagem diferente. É uma versão feita em cima do texto bíblico, mas sem exatidão alguma quanto ao escrito inspirado por Deus. O próprio autor insiste em dizer que não é uma tradução. E não é mesmo porque o sentido dos textos, em sua maioria, não é o original. Veja apenas três exemplos disso:

MATEUS 1.1-17

Na Tradução Almeida Revista e Atualizada:

Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Abraão gerou a Isaque; Isaque, a Jacó; Jacó, a Judá e a seus irmãos; Judá gerou de Tamar a Perez e a Zera; Perez gerou a Esrom; Esrom, a Arão; Arão gerou a Aminadabe; Aminadabe, a Naassom; Naassom, a Salmom; Salmom gerou de Raabe a Boaz; este, de Rute, gerou a Obede; e Obede, a Jessé; Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi, a Salomão, da que fora mulher de Urias; Salomão gerou a Roboão; Roboão, a Abias; Abias, a Asa; Asa gerou a Josafá; Josafá, a Jorão; Jorão, a Uzias; Uzias gerou a Jotão; Jotão, a Acaz; Acaz, a Ezequias; Ezequias gerou a Manassés; Manassés, a Amom; Amom, a Josias; Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia. Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel, a Zorobabel; Zorobabel gerou a Abiúde; Abiúde, a Eliaquim; Eliaquim, a Azor; Azor gerou a Sadoque; Sadoque, a Aquim; Aquim, a Eliúde; Eliúde gerou a Eleazar; Eleazar, a Matã; Matã, a Jacó. E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo. De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze; desde Davi até ao exílio na Babilônia, catorze; e desde o exílio na Babilônia até Cristo, catorze.

Na "bíblia Freestyle"

Livro da geração de Jesus, o cara. Da descendência de Davi e também de Abraão. Depois de Abraão, muito sexo foi feito e muitas crianças nasceram por conta disso. Essas crianças cresceram, tornaram-se adultos e também fizeram mais sexo ainda. Até que quarenta e uma gerações se passaram e nasceu um cara muito jóia chamado José.

Onde está a distorção? No texto original o Espírito Santo escolheu cuidadosamente os personagens marcantes da genealogia de Cristo para nos ensinar algumas lições como, por exemplo, que o Messias descende de Abraão e Davi (v. 1-6), descende de uma linhagem de reis (v. 6-12) e de pessoas que não mereciam estar em uma genealogia messiânica, mas Deus as inseriu para mostrar sua graça e misericórdia. Estas pessoas são Tamar, Raabe, Rute, Bate-Seba e Judá.

A versão "freestyle" subtrai todo este ensino. Deus não colocou textos sem propósito nas Escrituras. Retirá-los é adulterar a Palavra de Deus.

MATEUS 5.13-16

Na Tradução Almeida Revista e Atualizada:

Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.

Na "bíblia Freestyle"


Vocês são a vodka da caipirinha, mas se a vodka for vagabunda, como que alguém vai beber essa porcaria? Não serve pra mais nada, senão pra acender a churrasqueira. Vocês trazem capacidade de enxergar a verdade nesse mundo. Não dá pra esconder um gordo atrás da cortina. Seja referência! A luz de dentro da geladeira é legal, mas não tem muita serventia quando a porta tá fechada. Brilhem do lado de fora, pra ninguém trupicar no pé da cama.

Na época de Jesus o sal tinha muita importância na preservação dos alimentos. Quando se matava um animal para alimentação, a forma de não deixar a carne apodrecer era salgando-a toda. Não foi sem sentido, então, que Jesus chamou os discípulos de sal da terra, pois em um mundo de apodrecimento, eles são o diferencial da preservação. A outra figura usada por Jesus, a da luz, aponta para o testemunho do cristão por meio das suas obras que devem ser vistas por todos, para que glorifiquem a Deus. A paráfrase da versão "freestyle" perdeu totalmente o sentido desta mensagem ao usar outros símbolos.

JOÃO 2.1-11

Na Tradução Almeida Revista e Atualizada:


Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, achando-se ali a mãe de Jesus. Jesus também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento. Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho. Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Então, ela falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser. Estavam ali seis talhas de pedra, que os judeus usavam para as purificações, e cada uma levava duas ou três metretas. Jesus lhes disse: Enchei de água as talhas. E eles as encheram totalmente. Então, lhes determinou: Tirai agora e levai ao mestre-sala. Eles o fizeram. Tendo o mestre-sala provado a água transformada em vinho (não sabendo donde viera, se bem que o sabiam os serventes que haviam tirado a água), chamou o noivo e lhe disse: Todos costumam pôr primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior; tu, porém, guardaste o bom vinho até agora. Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.

Na "bíblia Freestyle"


Depois que passaram dois dias, Jesus e a sua mãe foram chamados para uma festa de casamento. Que diferente do tal “os noivos receberão os cumprimentos na igreja” resolveram dar uma big de uma festa com direito a poder levar os penetras. Pois é, igual aquela festa de igreja, acabou o vinho. A mãe de Jesus reclamou que o vinho acabou e pediu para Ele dar um jeito. Sabe como é, um milagre aqui outro ali que tal fazer o vinho brotar da água? Nessa Jesus responde pra mãe dele que não era hora dele sair do mocó. Mas sabe como é mãe, ela sempre tá disposta a mostrar foto feia, contar seus defeitos e mandar você fazer o negócio de qualquer jeito. A boa senhora manda o garçom cumprir exatamente o que o filho dela iria manda fazer. Rapaz, os caras juntaram um monte de barril de 120 litros, 120 litros malandro! Encheram de água e záz-tráz, virou vinho do porto. Aí o noivo que só tava pagando a conta, foi chamado pelo MC e ganhou um parabéns pela qualidade do vinho. Afinal, em festa com cunhando se serve primeiro patinho, picanha só no final, né não zezão?!

A versão "freestyle" joga fora o mais importante do texto: a presença dos discípulos. Jesus nunca fez um milagre sem propósito. Ele sempre tinha algo a ensinar. Por isso, os milagres são chamados de "sinais", porque apontam para um ensino. No caso do primeiro milagre, transformação da água em vinho, o objetivo era gerar fé no coração dos discípulos. Por isso o versículo 11 conclui o evento: "Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galileia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele." Aquele foi um milagre para os discípulos, por isso a multidão nem tomou conhecimento do ocorrido. Ao omitir isso, a versão "freestyle" corta o principal da mensagem, distorcendo o objetivo do ensino.

Conclusão

Concluo este texto dizendo que a "bíblia freestyle" é um equívoco. A linguagem é pecaminosa e blasfema. Por mais que o autor tenha tido boas intenções, deveria parar este trabalho e excluir o site. Não é linguagem apropriada para as coisas de Deus. Paulo instruiu a Tito dizendo: 
No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito.” (Tt 2.7,8) Não há reverência e linguagem irrepreensível na "freestyle".

Quanto ao argumento de que as pessoas estão gostando, ora, nestes dias confusos há pessoas para todos os gostos e crenças. Até figuras folclóricas como "Inri Cristo" têm seguidores. O critério não é aprovação popular, é aprovação divina. E, geralmente, o que é aprovado por Deus não é popular entre homens. Paulo mostra isso claramente: 
Pois a nossa exortação não procede de engano, nem de impureza, nem se baseia em dolo; pelo contrário, visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e, sim, a Deus, que prova o nosso coração.  (1Ts 2.3,4)

Quanto ao argumento de que não é uma bíblia para crentes, mas para os não-crentes marginalizados, ele não se sustenta. As igrejas evangélicas têm nos seus bancos ex-bandidos, ex-drogados, ex-homossexuais, ex-bêbados, ex-punks, analfabetos e semi-analfabetos e todos foram alcançados pela Graça divina, por meio da pregação e explicação da Bíblia. Deus nunca precisou de uma versão com palavrões para atingir a estas pessoas. Pensar que Deus precisa deste tipo de "ajuda" é limitar o seu poder, é não confiar no poderoso Evangelho descrito em Romanos 1.16.

Nós precisamos pregar o Evangelho sim, a toda a criatura, mas sem nos esquecermos que 
as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus (2Co 10.4). Confiemos nisso.

Leia também:

Palavrão? @#%*!!!! Como assim?! - Augustus Nicodemus
Palavrão – "só pra garantir esse refrão"? - Solano Portela
Crente boca suja - Sandro Baggio

***
Fonte: Resistência Protestante

O blog Bereianos recomenda também os seguintes artigos sobre o tema:

Bíblia Freestyle, uma PARÁFRASE ou uma PARÓDIA? - Raniere Menezes
Uma Abominação chamada Bíblia Freestyle - Frank Brito

segunda-feira, 30 de março de 2015

O evangélico e sua relação com o BBB, 50 tons de cinza e a novela Babilônia



O meu amigo Jay Bauman, cunhou uma frase no Facebook, a qual concordo integralmente: 

"No passado, muitos cristãos conheciam a Bíblia, mas sabiam nada sobre a cultura. Hoje em dia, a maioria de cristãos sabe muito sobre a cultura, mas não conhece a  Bíblia."

Pois é, até poucos anos atrás, os cristãos eram rotulados de mundanos por se relacionarem com aspectos da cultura. Nessa perspectiva, era incomum crentes em Jesus, assistirem novelas, ouvirem música secular, irem ao cinema, teatro ou qualquer outra coisa parecida, até porque, o simples fato de fazê-lo implicaria por parte de alguns numa grave e severa apostasia.

Ora, é claro que atos deste tipo são extremos desncessários, mesmo porque, do ponto de vista bíblico não existe nenhum problema do cristão desenvolver um tipo de relacionamento com a cultura, desde que esta não o "mundanize". Entretanto, o que temos visto hoje é aquilo que denomino de "paganização" da igreja, o que acredito se deve em parte a um relacionamento escancarado por parte dos crentes com as valores deste mundo. Nessa perspectiva, uma boa parcela dos cristãos não enxergam problemas em assistir o Big, Brother Brasil, 50 tons de cinza e a novelaBabilônia, até porque, para eles, o evangelho os tornou livres para fazê-lo.

Caro leitor, é impossivel amar ao mesmo tempo Cristo e o mundo. Ou somos de Deus e vivemos pra Deus ou somos do mundo e vivemos pro mundo! O problema é que o evangelho pregado por alguns dos evangélicos, distorce a verdade da Cruz, dizendo pro homem que ele pode seguir a Cristo e ao mesmo tempo curtir os prazeres do mundo. Ora, antes que me entenda mal, não estou dizendo com isso que você não pode ir ao cinema, teatro, ouvir música não cristã ou qualquer coisa do tipo. Claro que pode, não vejo problemas em fazer isso. Contudo, apesar de sermos livres para desenvolvermos comportamentos deste tipo devemos questionar se aquilo que estamos fazendo verdadeiramente glorifica a Deus.

Seguir a Jesus implica em mudança de vida, de atitudes e comportamento. Seguir a Jesus é muito mais do que cantar os hits gospel, seguir a Jesus é muito mais do que colocar bandanas na testa, seguir a Jesus significa negar os prazeres do pecado e viver integralmente para Deus. 

À luz disto por favor responda sinceramente: Você acredita que gastar o seu precioso tempo assistindo novelas, Reality Shows e filmes que promovem valores não cristãos glorificam ao Senhor? Você acredita que um cristão que ama a Cristo pode assistir programas deste nipe com naturalidade sem contudo aflorar a carne?

Prezado amigo, vale a pena ressaltar que os que "amam o mundo" estão em estreita comunhão com ele, dedicando-se aos seus valores, costumes e cultura. Em outras palavras,  Os que se comportam desta forma demonstram  que sua satisfação e prazer estão  naquilo que desagrada a Deus e ofende os princípios das Sagradas Escrituras. Esse pernicioso sentimento impede a comunhão do crente com o Senhor (1 Jo 2.15).

O Apóstolo Paulo, ao escrever sua espístola aos Romanos adverte aos cristãos a não se conformarem com este século.  O verbo “conformar” no original significa “ser modelado de acordo com o um padrão e refere-se à constante imitação de uma atitude ou conduta até que a pessoa se torne igual ao modelo. Neste perspectiva, a Bíblia ensina que o crente deve resistir, combater e não imitar os padrões de comportamento, a cultura e os valores mundanos, mesmo porque, aqueles que estão em Cristo devem viver a vida de forma diferenciada.

Termino este post dizendo que acredito que crentes em Jesus devem conhecer a cultura, se relacionar com ela, mas, à luz das Escrituras refutar todo comportamento que fira a santidade de Deus.

Pense nisso!

Renato Vargens

DEUS A CHAMOU PARA SI: MORRE RAH, INTEGRANTE DA DUPLA ALMA E LUA

Ontem Deus levou para si a Cida de Aparecida (Rah), conhecida por Lua, a esposa do Paulinho, de codinome Alma. ‘Alma e Lua’ formavam uma dupla ministerial abençoada por Deus e que tinham dedicado suas vidas ao ministério do reino.

Hoje pela manhã, 29.03.2015, Paulinho (Alma) se pronunciou através da rede social: “A Rah nos deixou nesta manhã. Partiu em paz, somos gratos a Deus por Seus cuidados”.

Alguns amigos deixaram suas solidariedades através das redes socais:

“Mano querido! Me solidarizo com sua dor e sofrimento nesse momento! Ela fará muita falta a todos nós! Rogo ao Espírito de Deus que preencha o vazio do coração de vocês! Abração apertado!” (João Alexandre)

“A dupla Alma e Lua hoje é só Alma, a Lua foi brilhar no céu com nosso Jesus! O Senhor console seu coração e de sua filha Paulinho Alma”
 (Selma de Oliveira Nogueira)
No último dia 11 de março, Paulinho (esposo) informou quanto ao diagnóstico localizado no pulmão de Rah e a sua internação. Em seguida, no dia 23, Paulinho deu mais uma parcial do seu quadro, que era grave, e pediu orações reafirmando a sua fé em Deus:“Estamos lutando certos de que, vencendo ou não esta estranha tempestade, somos mais do que vencedores em Cristo Jesus! Manterei a todos informados sempre que possível. Orem por nós!”.

Partilhamos desse momento difícil na vida de Paulinho e sua família e amigos. Contudo, paradoxalmente, queremos dividir um pouco dessa estranha alegria, de saber que aqueles que morrem em Cristo, não morrem, mas vivem para a eternidade!
Alma e Lua
Há três anos atrás tive a oportunidade de entrevistar o casal Alma e Lua através do Blog Arte de Chocar e pude conferir a serenidade e carinho dos mesmos. Ambos foram de grande importância para o enriquecimento de nossa música cristã. Agora, resta-nos só o Paulinho, que certamente prosseguirá o legado deixado por Cida.

Abaixo confira alguns vídeos onde a Rah (Lua) nos presenteava com a sua voz em canções que enriqueceram o cancioneiro evangélico recheado de uma sonoridade MPB/ Country.  Nos deixará saudades.

"Há um lugar preparado por Deus, 
Onde a morte não tem lugar, 
Pra você, depois que atravessar 
A linha da fronteira"
[Alma e Lua]

Que Deus console a vida de Paulinho e sua família.

A linha da  Fronteire [Alma e Lua]
Alma e Lua interpretando "O Vento" (Gladir Cabral).

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Antognoni Misael, colunista do Púlpito Cristão.

domingo, 29 de março de 2015

RADICAL DO BOKO HARAM ACEITA JESUS APÓS ESCUTAR A MENSAGEM DO EVANGELHO ATRAVÉS DO RÁDIO



Um extremista muçulmano ligou para a rádio cristã The Tide Global e acabou se convertendo, ele fez isso após se sentir desafiado pela mensagem bíblica que ouviu na rádio.

A emissora, que faz parte de um ministério cristão internacional, começou a ter sua programação transmitida na Nigéria em 2009, e fala com cerca de dois milhões de nigerianos, segundo informações do Charisma News.
“Já vimos o poder de Deus trazendo não só paz e transformação, mas também resgatando aqueles que eram combatentes, que tinham compromisso com a jihad”, afirmou Don Shenk, diretor da rádio.

Shenk acrescentou que a motivação que mantém a emissora no ar vem de testemunhos como esse: “Assim como o Boko Haram está tentando manter as pessoas em um cativeiro através do terror, os próprios terroristas se tornam escravos de um sistema de crenças que exige que eles matem e aterrorizem. Apenas a mensagem do Evangelho tem o poder de resgatar os terroristas”.

“Tragicamente, o terrorismo é uma realidade dos nigerianos hoje”, constatou ele, antes de observar que “mesmo com a violência causada pelo Boko Haram, demolindo vilas e perturbando as eleições nacionais, o grupo não tem poder de abalar a paz que o Evangelho de Jesus Cristo traz ao coração”.

Os testemunhos de conversão de extremistas islâmicos após terem contato com a mensagem do Evangelho se multiplicam dia após dia. Em outro caso mais recente, um militante do Estado Islâmico que estava à beira da morte após atacar cristãos na Síria foi socorrido por suas vítimas e quando recuperou a consciência, aceitou a Jesus.

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Portas abertas

0Predestinação sem sentido


Por Peter Pike


Ao considerar o Arminianismo, há muita coisa que eu acho que simplesmente não faz qualquer sentido sobre ele. Na verdade, se eu tivesse quaisquer inclinações arminianas à esquerda, eu acho que eu seria um teísta aberto porque eu não considero muito o arminianismo como um todo consistente. Eu irei tratar apenas de uma área aqui: a predestinação absoluta no arminianismo.

Agora, para o crédito deles, a maioria dos arminianos reconhecem a predestinação. É difícil negar dado as passagens como Romanos 8.29 e Efésios 1.5, 11 que na verdade usam a palavra “predestinados”. Mas eu tenho descoberto que arminianos de internet com quem eu tenho discutido tendem a fracassar em dois campos quando vem à tona a predestinação. O primeiro campo acredita que a predestinação é o que Deus faz quando Ele examina o que o futuro será e então decide fazê-lo assim. O segundo campo acredita que a predestinação é quando Deus seleciona por grupos (não indivíduos) para serem apontados para a salvação.

Mas em nenhum caso a predestinação é de fato necessária ou útil. Por que Deus precisaria olhar através do tempo para declarar: “o que vai acontecer é o que vai acontecer” quando o que vai acontecer vai acontecer ainda que ele não olhe através do tempo? Aqueles que têm apresentado esta visão para mim estão decididos de que Deus não está executando nenhuma mudança ao predestinar o que acontecerá. Afinal de contas, o ponto todo de tal conceito de predestinação é evitar Deus de ser o fator determinante de quem é salvo e quem é condenado. Mas na verdade, este ponto de vista torna a predestinação como equivalente à presciência (pelo qual eu quero dizer a presciência da qual os arminianos tipicamente falam, não a visão reformada que leva junto ao aspecto do “conhecimento” a ideia de amor de Deus). Em resumo, o arminiano está dizendo que Deus prevê o que acontecerá e então predestina o que ele prevê, mas sua predestinação é simplesmente uma atualização de sua presciência. Isto é totalmente sem sentido aqui.

Mas e quanto ao segundo campo que defende que o que Deus predestina são os grupos ou classes de pessoas? Uma vez mais, isto torna a predestinação desnecessária. Primeiramente, não há vantagem de predestinar uma classe de pessoas se você não está também predestinando os membros daquela classe. Por um lado, sem predestinar os membros você nem mesmo sabe se haverá quaisquer membros até que depois o tempo se desenrole (assim para preencher a classe, a versão arminiana de Deus vai ter de recorrer aos procedimentos desnecessários discutidos nos parágrafos anteriores a respeito da presciência). Por outro lado, o conteúdo do decreto não afeta as escolhas de ninguém (isto é crítico no arminianismo, pois Deus absolutamente não pode violar a liberdade sem destruir a responsabilidade, etc) e portanto este decreto pode simplesmente tão facilmente vir no final do tempo em vez de antemão. Finalmente, se tudo que a predestinação é resume-se a Deus dizer: “Eu vou tratar as pessoas que se encontram nesta condição específica nesta maneira específica” então qual é a diferença entre predestinação e a clara lei antiga? As leis de Deus especificamente dizem coisas como “Todo animal que tem unhas fendidas, mas cuja fenda não as divide em duas, e que não rumina, será para vós imundo; qualquer que tocar neles será imundo.” (Levítico 11.26). Isto é predestinação? E qual é a diferença entre dizer: “Se alguém tocar em animal impuro ele será impuro” e “se alguém crê em Cristo será salvo” em termos de estrutura de classe e grupos de pessoas?

Assim, me parece que não há propósito para a predestinação no Arminianismo, embora haja versos usando este termo. Por que Deus faria algo totalmente sem sentido e irrelevante? Por que ele em vez disso não teria uma razão para a predestinação, assim como o calvinista vê?

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Fonte: Triablogue
Tradução: Francisco Alison Silva Aquino
Via: Pelo Calvinismo

Um dos melhores blogs sobre calvinismo em português, assim definimos o blog Pelo Calvinismo. São várias traduções de textos excelentes, feitas pelo irmão Alison Aquino. Recomendamos!

sexta-feira, 27 de março de 2015

IGREJA ONDA DURA DE SANTA CATARINA: UM MOVIMENTO CHEIO DE CONTROVÉRSIAS



"Tão igreja que nem parece uma." Esse é o lema do grupo evangélico Onda Dura, com sede em Joinville (SC). Com sete horários de culto ao som de Coldplay, Chico Buarque e Jota Quest, o pastor Filipe Falcão, o Lipão, de 26 anos, encontrou uma forma de conquistar três mil jovens na casa dos 20 anos e mantê-los dentro da igreja. “Não queremos ser mais uma igreja, o segredo é ser uma igreja diferente. Não podemos ser esquisitos no mundo real.”

Em cultos na sede e nas outras 12 cidades, pastores da Onda desafiam o conceito de santidade, normalmente tratado no meio gospel como exclusão do mundo. "Jesus não ouvia música cristã, não ia às festas cristãs, tampouco só conversava com cristãos. Reavalie o que é santidade", disse Falcão durante uma pregação em Joinville.

Ao despojar-se da roupagem mais tradicional a igreja ganhou muitos fiéis gays e usuários de drogas. O segredo, segundo ele, está em ensinar as palavras de Deus, e não empurrá-las “goela abaixo”, ferindo os princípios da igreja primitiva. “Apenas pregamos o que está na Bíblia. Ela reprova essas atitudes, sim, mas ninguém aqui vai falar ‘você é pior do que eu’. Se alguém chegar para mim e falar ‘sou gay, fumo maconha e não quero mudar’, respondo: ‘Beleza, pode continuar’. Não é uma pegada de imposição”.   

“TOME A SUA CRUZ E SIGA-ME”

Uma cena chamou a atenção nas ruas de Joinville em fevereiro. Milhares de jovens foram vistos carregando uma cruz de madeira, com meio metro de comprimento, por todos os lugares. Cruzes estavam presentes em ônibus, salas de aula, banheiros e até na praia. A missão de 21 dias, praticada no período da quaresma, era parte de uma ação simbólica da igreja, inspirada nos evangelhos dos apóstolos Marcos, Mateus e Lucas.
“Jesus disse ‘quem vier após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e me siga’. Ele estava querendo dizer que para ser um seguidor, a gente teria que morrer para nós mesmos, matar nosso orgulho, vaidade, pecado”, conta Falcão sobre a ação, garantindo que não se tratava de um período de penitência, mas de ensino. A ação contou com a participação de 2,5 mil pessoas.

A cena de ver uma amiga jovem carregando uma cruz em uma aula de dança assustou Kauane Linassi Leite, de 21 anos. No seu primeiro ano como bailarina da Escola do Teatro Bolshoi, em 2010, ela foi convidada para visitar a sede da Onda Dura. “Achei muito estranho ver aquilo. Fiz catequese e crisma quando era mais nova, mas acabei de afastando da religião com o tempo. Acreditava em Deus e mais nada”, diz. Após várias investidas da amiga, resolveu visitar a igreja.

Com Informações do site Ultimo Segundo

COMENTO:


Gente, vamos combinar, né? Já tá manjada essa modinha de "igreja que não parece igreja", "pastor que não é pastor", "culto que não é culto", e daí pra mais. Não que haja problemas em contextualizar para atrair jovens. O problema é quando nessa contextualização, se perde a essencia do que é o cristianismo.

O grande problema dessas "igrejas que não parecem igrejas", com "pastores que não são pastores", é que muitas vezes se acaba pregando uma "santidade" que não é santidade, e chamando de conversão algo que não é conversão. Não estou julgando a intenção do Felipe, fundador da igreja Onda Dura, mas sim as ações de dita comunidade à luz de um discernimento maduro.

Por exemplo: Que o movimento gospel está todo zuado, com gente escrevendo letra apócrifa e cobrando cachê de fazer inveja à idolos pop, a gente já sabe. Mas não se combate musica cristã ruim com Chico Buarque e Coldplay! Não que haja pecado em escutar musica secular, mas é que tem certas coisas que tem lugar e hora, e é preciso ser maduro pra entender isso. É uma baita meninice dessa galera adorar a Deus ao som de artistas seculares, quando temos no meio cristão artistas de alto calibre, fazendo arte cristã com muita graça, unção e qualidade. Dizer que Jesus não cantava musica evangélica é correto, pois o movimento evangelical ainda não tinha nascido. Mas os judeus louvavam a Deus ao som dos salmos, por exemplo, e Jesus - sendo judeu ele mesmo, e nascido nesse contexto, certamente entoou muitos salmos profeticos que prefiguraram o cristianismo e profetizavam acerca do seu advento. 

O que este mundo precisa não é de igrejas modinhas, nem de biblias cheias de palavrões, nem de um ministerio de louvor que cante repertorio em MPB. O que o mundo precisa é de uma igreja que brilhe por meio do evangelho, que se atreva a ser diferente, a andar na contramão. Em nossos diálogos sobre evangelho e cultura nós não podemos esquecer que o cristianismo possui um elemento contracultural, pois vai na contramão do que este mundo chama de certo, desmascarando ídolos interiores e destruindo sofismas e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Cristo. O evangelho sempre será loucura para os que se perdem, e quem tratar de tirar esse elemento subversivo do evangelho vai acabar transformando-o em algo que não é.

Talvez o Felipe seja um cara bom, apenas imaturo. Então, se essas linhas chegarem ao conhecimento dele, espero que reflita com humildade naquilo que ele esta fazendo, pois ele tem nas mãos uma galera muito bacana, corajosa, e que pode ser dirigida a Jesus. Não o ouvi pregando, então não posso dizer que ele é um herege. Talvez se trate de um cara legal tentando fazer a coisa certa. Acho até que esse ministerio Onda Dura pode impactar muita gente com o evangelho. Uns caras que andam com cruzes penduradas na mochila são loucos o suficiente para subverter uma cidade com o evangelho! Disposição eles tem, só precisam ser conduzidos de modo correto, e Deus chamou o Felipe para isso, para conduzir essa galera do modo correto.

Para a Onda Dura transcender, basta que seus líderes amadureçam e parem de tentar amolecê-la

Leonardo Gonçalves, para o Púlpito Cristão


quinta-feira, 26 de março de 2015

IGREJA OFERECE ESCRITURA CELESTIAL E SOCIEDADE COM DEUS AO FIEL OFERTANTE




A igreja Universal do Reino de Deus, em mais uma de suas campanhas marqueteiras, absurdas e anti-biblicas, colocou à venda escrituras de sociedade com Deus. Mediante a oferta depositada, o fiel recebe um contrato que lhe da direitos sobre o Criador, o qual passa a ser seu sócio, e pode exigir as bênçãos que supostamente lhe correspondem. Para “autenticar” o contrato, 70 pastores da IURD estariam selando o documento com o sangue do cordeiro (Blasfêmia!), e à partir de então o contrato passaria a ter valor legal ante Deus.


A bíblia ensina que o nosso Deus é Soberano (Dn 4.34-35), tendo poder sobre os céus e a terra (1Rs 8.23; Mt 28.18), e faz todas as coisas segundo a Sua Vontade (Is 46.9-10). O Altíssimo não se dobra a vontade dos homens, nem lhes obedece os caprichos, embora seja generoso em ouvir e responder nossas orações (Sl 34.15, 1Jo 5.14-15). Quando Deus nos concede algo, ele o faz para demonstrar sua misericórdia e bondade, portanto, devemos ter em conta que o Criador não é um Deus de gesso, manipulado, obrigado a ceder ante nossos desvaneios e caprichos.

O conceito de pacto aparece na Biblia, mas sempre como uma ação de Deus para com o homem. Ós pactos bíblicos (adâmico, noético, mosaico, davidico, etc...) foram propostas de Deus aos homens, jamais uma imposição do homem a Deus. A nova aliança (ou novo pacto) foi proposta por Deus e selada na cruz. Neste pacto, Deus mesmo é o pactuante e o sacrifício perfeito. Foi ele quem pagou o preço por nossos pecados, e uma vez tendo cancelada nossa dívida, nos introduz a uma nova vida que se inicia agora mesmo, na Terra, mas que ira repercutir pela eternidade.  É um pacto eterno e indissolúvel, mas novamente, não por obra humana, e sim por causa da integridade daquele que prometeu.

Sabendo que Deus já pagou o preço por nossos pecados, ninguém deveria ceder ante apelos absurdos e destituídos de bases bíblicas como as do vídeo acima. A conduta destes falsos pastores é no mínimo, herética, para não dizer criminosa. Mas estes falsos profetas somente prosperam por causa da nossa malandragem inata, da mania de tirar vantagem que o brasileiro tem. É a nossa cobiça sem freio e nossa opção pelo caminho mais fácil que promove a proliferação de seitas heréticas de prosperidade como Universal, Mundial e congêneres, afinal, “somente um tonto  ganancioso para acreditar que pode manipular o todo poderoso com dinheiro e comprar um título de escritura que o declare sócio de Deus e dono de um terreno no céu”.

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Fonte:Púlpito Cristão

terça-feira, 24 de março de 2015

A insolvência da igreja tradicional: realidade ou circunstância?

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Por Rev. Ricardo Rios Melo


Há um crescimento exponencial de comunidades evangélicas no Brasil. Aliás, o advento das comunidades é uma febre em todas as áreas da sociedade: comunidades sociais de cunho físico ou virtual. A internet facilitou e promoveu a possibilidade de criação de comunidades virtuais por afinidade de sentimentos, características pessoais, patologias, estética e milhares de outras comunidades que pretendem, em última instância, dizer que você pertence a um grupo, você é comum. Ser comum normaliza o sujeito.

A palavra comunidade tem o sentido de agremiação, sociedade, comuna, grupo que se reúne geograficamente e, mais recentemente, grupo de fiéis que se reúnem em determinado espaço. É curioso notar que o sentido contemporâneo de comunidade não implica espaço material, físico. Você pode pertencer a uma comunidade virtual.

Comunidade, dentro de um dos sentidos filosóficos, é uma comunhão de espaço e ideias que, necessariamente, não se pode averiguar empiricamente. A sociologia tornou a expressão diretamente ligada a pessoas que se vinculam na sociedade por interesses e, principalmente, comportamentos comuns. (Cf. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia, 4ª ed., São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 162).

Bauman entende que a comunidade é lugar de segurança do sujeito. É o lugar de pertencimento, aconchego, refúgio, abrigo:
(...) é um lugar ‘cálido’, um lugar confortável e aconchegante. É o teto sob o qual nos abrigamos da chuva pesada, como uma lareira diante da qual esquentamos as mãos num dia gelado, lá fora, na rua, toda sorte de perigo está à espreita; temos que estar alertas quando saímos, prestar atenção como quem falamos e a quem nos fala, estar em prontidão a cada minuto. Aqui, na comunidade podemos relaxar – estamos seguros, não há perigos ocultos em cantos escuros (com certeza, dificilmente um ‘canto’ aqui é ‘escuro’). (BAUMAN. Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual, Rio de Janeiro; Jorge Zahar, Ed. 2003, p. 7).

Esse “oásis” em pleno deserto pós-moderno tem levado a Igreja institucional, tradicional, confessional ou clássica, a repensar seus valores e propósitos. Um autor que enfatiza muito a necessidade de ressignificação, o que ele chama de propósitos, é Rick Warren em seu livro “Uma Igreja com Propósitos”.

Parece que a igreja, a qual será chamada nesse arrazoado de tradicional, passa por um processo de ressignificação. Ela tem sido atacada de todos os lados. A igreja emergente, comunidade, missão integral e outras designações trazem em seu discurso uma crítica aos moldes protestantes históricos. A própria existência desse “novo” grupo já é uma crítica contundente, pois demostra inquietação e, no entendimento de muitos deles, inabilidade da tradição reformada de responder às demandas modernas.

As palavras: relevância, significado, integral, mudança social têm sido palavras replicadas e decantadas nos discursos. Há um antinomismo claro nos discursos. Há o esvaziamento do púlpito, que em boa parte desses grupos não existe mais.

O pastor não é um pregador, mas um palestrante. Ele precisa vestir-se despojadamente e falar com liberdade e em uma linguagem moderna e sobre atualidades para que sua mensagem seja relevante e sua própria presença seja admitida pela comunidade. Não há lugar para estruturas físicas com formato de igreja. Em 1824, as igrejas protestantes receberam a permissão de celebrarem seus cultos com uma condição: não criarem templos com formatos de igreja.

Hoje, a proibição é epistêmica e pragmática. A ideia é que, para agradar e ser “relevante”, a igreja não pode ter formato interno e externo de igreja. Os templos poderão ser substituídos por locais aconchegantes e de preferência com cara de teatro. E o nome precisa ser modificado para não afastar as pessoas.

Quem estiver atento à ideia de signo, significado, significante, entenderá que estruturas externas pretendem demostrar sinais da mensagem interna que se quer passar. Portanto, um nome ou uma construção não é isenta de significado, existe uma estética filosófica. Uma mensagem direta e indireta. Não era sem motivos que as construções das igrejas medievais tinham aqueles formatos. Era imperativo para a igreja dominante da época passar uma mensagem.

Um exemplo contemporâneo é a construção de templos gigantescos das igrejas neopentecostais. Não se pode falar de prosperidade se a própria igreja é pequena, acanhada, não próspera. Há intencionalidade, método, estudo mercadológico, sociológico.

As igrejas emergentes, comunidades integrais ou não, pretendem realizar uma reforma ou reformissão[1]. Contudo, essa pseudo reforma não tem nenhuma conexão com a reforma do século XVI. Para Carson, existe uma diferença gritante entre as igrejas emergentes e os reformadores:
O que impulsionou a Reforma foi a convicção, que tomou conta de todos os seus líderes, de que a Igreja Católica Romana havia se distanciado das Escrituras e introduzido uma teologia e uma prática contrária à fé cristã genuína. Em outras palavras, eles queriam que as coisas mudassem, mas não porque perceberam que havia ocorrido mudanças na cultura, de modo que a igreja teria que se adaptar a esse novo perfil cultural; antes, eles queriam mudanças por terem percebido o surgimento na igreja de teologia e prática novas que contrariavam as Escrituras e que, portanto, havia uma necessidade de que tudo isso fosse reformado pela palavra de Deus. (...) Trocando em miúdos, no centro da reforma proposta pelo movimento emergente encontra-se a percepção de uma grande mudança na cultura. (CARSON. D. A. Igreja Emergente: o movimento e suas implicações, São Paulo: Vida Nova, 2010, p. 49,50).

A tentativa de decretar a falência da suposta insolvência da igreja tradicional nada mais é que um oportunismo mercadológico. Não há argumentos bíblicos e históricos para que esse processo se torne realidade. Dentro da criação e consumação divina, na perspectiva histórico-redentiva, não há fundamentos substanciais para se propor mudança dogmática.

Os apóstolos já passaram pela tentação de mudar sua mensagem para agradar o público. O apóstolo Paulo, quando escreveu aos Coríntios, no capítulo 1.21-25, não sucumbiu aos apelos extremados dos seus ouvintes e nem aderiu a qualquer perspectiva hegeliana de síntese:
Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação. Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria;  mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios;  mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.  Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens”.

O nosso Senhor Jesus passou pelo desafio de mudar sua mensagem em João 6, pois Ele sabia que muitos que o seguiam não estavam dispostos a seguir o Evangelho da cruz:
Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Mas Jesus, sabendo por si mesmo que eles murmuravam a respeito de suas palavras, interpelou-os: Isto vos escandaliza? Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida. Contudo, há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair. E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido. À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele. Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; ( JO 6.60-68)”.

Bom, alguns poderão dizer, por que você não avalia os pontos desses grupos pormenorizadamente dentro das Escrituras? A resposta é simples: como Carson disse, em outras palavras, as mudanças que ocorreram nesses grupos não vieram das Escrituras, mas da exigência sociocultural. “Como dizia Marx sobre a cultura orientada pelo mercado: ‘tudo o que é sólido desmancha no ar’. Deus também se torna uma mercadoria – um produto ou terapia que podemos comprar e usar para nosso bem-estar pessoal” (HORTON, Michael. Cristianismo sem Cristo, São Paulo; Cultura Cristã, 2010, p. 61,62).


O problema que emerge, desculpe o trocadilho, é que as comunidades e afins surgem de uma tentativa de liberdade das amarras institucionais. Entretanto, inevitavelmente, se tornarão instituições e, quando isso acontecer, estarão decretando sua falência:
Como ‘comunidade’ significa atendimento compartilhado do tipo ‘natural’ e ‘tácito’, ela não pode sobreviver ao momento em que o entendimento se torna autoconsciente, estridente e vociferante; quando, para usar mais uma vez a terminologia de Heidegger, o entendimento passa do estado de zuhanden para o de vorhanden e se torna objeto de contemplação e exame. A comunidade só pode estar dormente – ou morta. Quando começa a versar sobre o seu valor singular, a derrarmar-se lírica sobre sua beleza original e a afixar nos muros próximos loquazes manifestos conclamando seus membros a apreciarem suas virtudes e os outros a admirá-los ou calar-se – podemos estar certos de que a comunidade não existe mais (ou ainda, se for o caso). A comunidade ‘falada’ (mais exatamente: a comunidade que fala de si mesma) é uma contradição em termos” (BAUMAN. Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual, Rio de Janeiro; Jorge Zahar, Ed. 2003, p. 17).

Queridos irmãos, é um fato que a pós-modernidade trouxe desafios de comunicação para a igreja tradicional, contudo, a resposta não virá de fora das Escrituras. Achar que a nossa sociedade é pior do que a sociedade em que viveram nossos pais apostólicos e reformadores é, no mínimo, pretensão.

Mudança de símbolo implica mudança da realidade. Alguns querem trocar as escamas sem trocar de corpo. É uma tentativa hercúlea de síntese pós-moderna onde uma libélula bateria suas asas, mas com a certeza que pode voltar para o casulo.

A igreja tradicional precisa se preparar para receber os filhos pródigos, pois, mudando o que deve ser mudado, eles sabem que é na casa do Pai (igreja) que são bem tratados!

para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”. 1Tm 3:15


Deus nos abençoe!

***
Fonte: Arrazoar

Quatro anos depois da tragédia de Nova Friburgo, morre pastor que ajudou vítimas

Mais Do Que Notícias




Quatro anos depois, no dia 6 de fevereiro, Ely teve um infarto e morreu subitamente aos 63 anos de idade. Seu sepultamento (dia 7/2) aconteceu na mesma data em que comemorava 34 anos de casamento e foi uma prova do quanto ele era querido. Mais de mil pessoas compareceram para dar-lhe o último adeus.

Ely era um pastor “à moda antiga”, que visitava suas ovelhas no dia de seus aniversários e as socorria em qualquer momento difícil. Ele era casado com Débora e pai de duas jovens, Priscila e Beatriz.

Histórico
Ely Barros nasceu em 26 de julho de 1951, na cidade de Trajano de Moraes, RJ, filho de Leandro Barros e Orandina Baloneck Barros. Casou-se com Débora Bastos Barros, em 07 de fevereiro de 1981. Foi pai de Priscila Bastos Barros e BeatriEm janeiro de 2011 o pastor Ely Barros mobilizou sua igreja local – a Igreja Presbiteriana de Conselheiro Paulino, em Nova Friburgo (RJ) – para socorrer vítimas da maior tragédia climática do Brasil até então. Mais de mil pessoas morreram na época. Os préstimos liderados pelo Pr. Ely foram tão significativos que ele foi eleito cidadão friburguense no mesmo ano.
z Bastos Barros.

Foi batizado na Igreja Presbiteriana de Barra do Canteiro, na cidade de Trajano de Moraes, RJ, pelo Rev. Amós Brust. Professou publicamente a sua fé na Igreja Presbiteriana do Cônego, em Nova Friburgo, RJ, no dia 31 de desembro de 1973, também com o Rev. Amós.

Após o casamento, tornou-se aspirante ao ministério na Igreja Presbiteriana do Cônego, e foi aceito como candidato pelo Presbitério de Nova Friburgo (PRNF). Ingressou no Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas, SP, tendo sido licenciado e ordenado no dia 01 de março de 1986, pelo PRNF.

Pastoreou as seguintes igrejas: IP do Cônego, IP de Sião, em Cordeiro (RJ), IP de Conselheiro Paulino, IP de Olaria, IP de Bela Vista, IP de Riograndina, IP de Amparo (km 8); todas as cinco em Nova Friburgo (RJ).

Exerceu os seguintes cargos no PRNF: secretário presbiterial do Trabalho de Mocidade, vice-presidente, tesoureiro, segundo secretário, primeiro secretário, secretário presbiterial do Trabalho Feminino, presidente, secretário presbiterial do Trabalho Masculino, secretário presbiterial de apoio pastoral.

Em 01 de outubro de 2011 foi honrado pela Câmara Municipal de Nova Friburgo com o título de Cidadão Friburguense, pelos relevantes serviços prestados à comunidade.

Veio a falecer no dia 06 de fevereiro de 2015, aos 63 anos. No culto de sepultamento compareceram mais de mil pessoas. Os pastores de diversas denominações o honraram repetidamente como um pacificador, pivô das relações interdenominacionais em Nova Friburgo.
Fonte:ultimatoonline

segunda-feira, 23 de março de 2015

Do Magistrado Civil e a Igreja - Confissão de Fé de Westminster



Por G.I. Williamson

CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER
CAPÍTULO XXIII - DO MAGISTRADO CIVIL
Comentado por G.I. Williamson


Aqui deixamos uma vez mais a ordem da Confissão de Fé para considerar juntas certas seções da Confissão que são difíceis de considerar em relação umas com as outras. Estes capítulos e estas seções são: o capítulo XXIII, 3 e o capítulo XXXI, 1, 2. A dificuldade consiste em definir qual é o poder do magistrado civil com respeito aos assuntos eclesiásticos. A partir deste ponto, primeiro, procederemos discutindo as seções do capítulo XXIII que não são problemáticas; e segundo, as seções dos capítulos XXIII e XXXI que apresentam o problema e terceiro, as porções que ficaram do capítulo XXXI, ou seja, as seções 3, 4, e 5. 

1. Deus o supremo Senhor e Rei de todo o mundo, institui os magistrados civis, para estar abaixo dele e sobre o seu povo, para sua própria gloria e para o bem público; para cujo fim lhes deu autoridade da espada, para defender e estimulo dos bons, e para castigo dos maus.

2. É licito que os cristãos aceitem e desempenhem o oficio de magistrado quando para isso forem vocacionado por Ele. Na administração deste ofício os cristãos devem manter especialmente a piedade, a justiça e a paz de acordo com as leis saudáveis de cada estado. Para tal fim, podem legalmente a luz do NT, fazer guerra em ocasiões justas e necessárias.

3. [...]

4. O povo tem o dever de orar pelos magistrados, honrar suas pessoas, pagar tributos e outros direitos, obedecer aos seus mandamentos legítimos, e estar sujeitos a sua autoridade por causa de sua consciência. A infidelidade, ou a diferença de religião não invalida a justa e legítima autoridade do magistrado, nem exime do povo a devida obediência a ele, do qual as pessoas eclesiásticas não estão excluídas, e muito menos tem o papa poder de jurisdição alguma sobre os magistrados, sobre seus domínios, ou sobre algum de seu povo; e muito menos para priva-los de seu domínio, suas vidas, sejam porque os julguem que são hereges, ou por qualquer outro pretexto.

XXIII, 1,2,3

Estas seções da Confissão de Fé nos ensinam:

1) Que Deus estabeleceu o governo civil sobre a terra.
2) Que seu propósito e sua glória e o nosso bem.
3) Que nos deu os oficiais civis e o poder da espada.
4) Que os cristãos podem de forma lícita ter cargos civis e exercer o poder da espada em ocasiões necessárias e justas.
5) Que Deus requer que os cristãos exerçam o mandato, orem, se submetam aos que licitamente utilizam o seu cargo no governo civil.
6) Que esta responsabilidade não deixa de existir por causa das diferenças religiosas, e
7) Que o papa de Roma não tem nenhum direito sobre o poder civil.

A passagem clássica das Escrituras que trata do estabelecimento do governo civil é:

Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a devida condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência. Por esse motivo, também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra” (Rm 13:1-7).

Nesta passagem clássica das Escrituras se estabelece os ensinos desta seção da Confissão. “Todos devem se sujeitar as autoridades publicas” disse o apóstolo. Sem dúvida se requer do cristão que se submetam aos que estão como autoridades pela vontade de Deus. “Porque não há autoridade que não proceda de Deus, e as autoridades que existem foram por ele instituídas.” A. A. Hodge bem disse: “alguns imaginam que o direito e a autoridade legítima do governo humano tem seu fundamento final na aprovação dos governados,” bem como “na vontade da maioria”, ou, em algum pacto social imaginário feito pelos antepassados da raça na origem da vida social. Mas as Escrituras nos ensinam que o governo civil vem de Deus, e que tem sua autoridade pela vontade de Deus, e assim aprovação dos governos. Isto implica claramente que o cristão deve considerar o governo de fato, de qualquer país particular no qual pode residir como jure. Nenhuma forma de governo civil está designada nas Escrituras. O cristão não tem a liberdade de obedecer ou não dependendo do tipo de governo que exista. “Os poderes que existem foram estabelecidos por Deus”, disse Paulo. E se referia ao governo totalitário do Império Romano. Se Paulo e Jesus ensinaram que deveriam se sujeitar a Cesar, é difícil pensar em algum tipo de governo civil que não deveria ser obedecido pelos cristãos em assuntos civis. A luz deste contexto do período apostólico (quando o governo civil era totalitário), não cremos que os cristãos tivessem o direito de apoiar, ou, de participar na derrota violenta de uma autoridade civil, ou, seja uma monarquia ou democracia (ver Rm 13:2, I Pd 2:13-14, Tt 3:1 etc). Se todo o governo de fato é estabelecido por Deus, e a resistência é uma resistência diante do mandato de Deus então, não existe nenhuma outra conclusão.

No entanto, afirmar que a autoridade civil é de origem divina não é dizer que a mesma não tenha limites. Toda a autoridade divinamente estabelecida, em assuntos humanos, está limitada pelo decreto divino. O magistrado civil é estabelecido por Deus como “ministro” o servo de Deus “para o bem”. A sua responsabilidade é levar a espada do poder físico como terror contra as obras do mal. A sua responsabilidade é como vingador que demonstra a ira de Deus sobre quem fez o mal. Enquanto o governo civil se contenta restringindo e castigando o crime e a violência, proteger o bem e castigar o mal, o cristão deve apoiar, orar e honrar por esse governo. Mas quando esse governo castiga aos retos e recompensa ao malfeitor, tornando-se agressivo militarista, é a responsabilidade do cristão resistir esse poder porque subverte o mandato de Deus. Em muitos casos é sem dúvida, difícil determinar precisamente quando, até que ponto um cristão deve resistir a um governo civil em particular. Não é nossa intenção fazer que esta decisão pareça fácil. Mas certos princípios são muito claros, e se aplicados corretamente, tornará possível para que o indivíduo tome a decisão correta em seu caso particular.

1. Devemos sempre obedecer aos “mandatos legítimos” de nosso governo. Em todas e cada uma das instâncias devemos estar “prontos a fazer toda boa obra” (Tt 3:1).

2. Sempre devemos obedecer a Deus antes que ao homem quando existe um conflito entre os dois. “É necessário obedecer a Deus antes que os homens” (At 5:29).

3. Podemos resistir, tanto ativa como passivamente, se for necessário, para obedecer a Deus. Quando uma autoridade civil se mostra um terror quanto às boas obras e não quanto o mal, cremos que os cristãos tem o direito de defender–se ativamente. Tanto a “sua vida como a sua propriedade” conforme determina a lei “Salmo 82:4, Provérbios 24:11-12, etc.”. Assim “o fim imediato para o qual Deus instituiu os magistrados é o bem público e o fim último a manifestação de sua própria glória.”

Mas, consideremos atentamente certos erros modernos que ganharam um amplo apoio, e que confunde a mente de muitos cristãos.

1. O primeiro que consideraremos é a intenção modernista de descontinuar a prática da pena de morte. Em nossa nação hoje em dia existe uma corrente cada vez mais forte a favor de abolir a pena de morte. E muitos grupos protestantes liberais aprovam esta mudança dizendo que não beneficia a sociedade, não reforma o criminoso nem reflete os ensinos humanitários do Novo Testamento. É dizer, por várias razões, que é muito popular hoje em dia negar ao governo o poder da espada para castigar o mal. Tal posição enquanto autoridade civil está ao menos completamente contra ao ensinamento bíblico. Não pensemos que se possa provar que a pena de morte não seja um benefício para a sociedade. Cremos que seja, embora a única razão seja que a Escritura declara que o cumprimento fiel da justiça é uma punição para o mal e um alento para o bem. Pode ser possível que a pena de morte não reforme o criminoso. Mas, também é possível que a falta de punição contra a maldade também reforme o criminoso. Mas estamos convencidos de que ela promove a maldade. Sobretudo, nos opomos à ideia de que o poder e a autoridade civil devam refletir as ideias modernas de ensino humanitário do “Novo Testamento”. A justiça não é mais “humanitária” no Novo Testamento que no Antigo Testamento. E a instituição do governo civil não foi estabelecida para ensinar o Novo Testamento: é para castigar o crime e proteger os que fazem o bem. Sem motivos duvidamos que o esquema dos liberais que promovem abolição da pena de morte seja “humanitária”. Cremos que muitos dos crimes da atualidade se devem ao fato de que existe demasiada preocupação não bíblica pelo malfeitor e bem pouca preocupação bíblica pelos justos. 

2. Outro ataque moderno contra a instituição do governo civil pode-se observar por aqueles que promovem a corrente pacifista. Os concílios da igreja modernista têm defendido tais coisas:

2.1. O completo desarmamento de nossa nação.
2.2. O desarmamento unilateral [ou seja, somente do cidadão de bem].
2.3. A negociação em vez da defesa armada ao serem confrontados com agressão criminosa. 
2.4. O reconhecimento dos que são agressores sem nenhum tipo de castigo justo.

A Confissão de Fé insiste que os magistrados civis (ainda que sejam pessoas cristãs) “podem legitimamente, conforme o Novo Testamento, fazer atualmente guerra em ocasiões justas e necessárias. Os que apoiam a política que basicamente exige que nosso governo nacional renuncie o poder da espada e renuncie os esforços para ser um punidor dos malfeitores, e que renuncie a execução de vingança sobre eles, pedem nada menos que destruição do mandato de Deus em Romanos 13:1-5. É precisamente porque “se opõem a autoridade” então “se rebelam contra o que Deus instituiu”. Este pecado deve ser denunciado como ele realmente é. É um pecado contra Deus, é um pecado contra o nosso governo.

A última parte da seção número 4 deste capítulo trata dos males históricos associados com a Igreja Católica Romana.

3. O primeiro destes males é que lhes outorga um status privilegiado aos oficiais da igreja em assuntos civis. Existem em alguns países que são dominados pela Igreja Romana nos quais os sacerdotes não podem ser julgados nas cortes civis por seus crimes. Existe talvez um pouco de humor nos relatos tradicionais da vergonha da polícia irlandesa quando se deu conta de que havia prendido um sacerdote por excesso de velocidade. No entanto, as Escrituras ensinam que os cristãos, sejam oficiais da igreja ou não, não devem se considerar acima do poder civil. Cremos que a Confissão de Fé concorda com a Escritura quando diz que “as pessoas eclesiásticas não estão excluídas desta autoridade”. E a infidelidade, ou diferença de religião entre os cidadãos cristãos e o governo civil “não invalida a justa e legítima autoridade do magistrado”.

4. O outro mal que outorga autoridade ao Papa de Roma. Este foi e continua sendo uma reivindicação do Pontífice Romano, ele insiste que exerce tanto a espada espiritual como a temporal do poder e a autoridade. “Segundo a posição ultramontana estritamente lógica, sendo toda nação, em todos seus membros, uma porção da igreja universal, a organização civil está compreendida dentro da igreja para certos fins subordinados para o grande fim para o qual existe a igreja e assim, portanto, finalmente responsável diante dela para execução da autoridade delegada. Quando enfim o Papa se coloca na condição de exigir a sua autoridade, pondo o reino debaixo de edito emitido aos súditos exigindo o seu voto de fidelidade (civil), e demonstrando aos soberanos, baseando-se na suposta heresia da insubordinação dos líderes civis no país”. (A A. Hodge, Ibid., p. 276). A Escritura anunciou o que a história demonstrou, ou seja, que tal usurpação resulta na perseguição aos verdadeiros crentes (Ap 13; 18:24).

Perguntas para estudo

1. Qual o fundamento da autoridade do governo civil? Prove biblicamente.
2. Que tipo de governo vem da autoridade divina?
3. Deve um cristão promover a derrota violenta de um governo civil?
4. Deve um cristão resistir licitamente ao governo?
5. Quando é que os cristãos devem obedecer ao seu governo?
6. Quando é que os cristãos devem desobedecer ao seu governo?
7. Enumere os erros modernos promovidos por cristãos liberais que estão contra a instituição divina do governo civil?
8. Por que estes estão contra a instituição divina do governo civil?
9. Quais são os erros refutados na seção número 4 da Confissão de Fé?


***
Fonte: G.I. Williamson, La Confesión de Fe de Westminster (Carlisle, El Estandarte de la Verdad, 2003), pp. 355-360.
Tradução: Rev. Gaspar de Souza
Revisão: Rev. Ewerton B. Tokashiki
Via: Estudantes de Teologia

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