segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O João Calvino dos calvinistas (parte 1)

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Por Rev. Misael Nascimento


Caminhamos para finalizar nossa análise do primeiro capítulo do livro Calvinismo Recalcitrante, de João Flávio Martinez. Eu já mencionei que a obra apresentadificuldades metodológicas para conceituar o Calvinismo. Além disso, critiquei pormenores do retrato “sombrio” de João Calvino apresentado no livro. Alister McGrath sugere que “os grandes estereótipos do passado, retratando Calvino como um ditador sanguinário e o Calvinismo como um rigorismo moral sem sentido, ficaram — apesar de serem ocasionalmente ressuscitados em escritos polêmicos — para trás”.[1] Calvinismo Recalcitrante ressuscita estes estereótipos e os assume como história ou fato.

Pretendo apresentar João Calvino como este é normalmente compreendido e acolhido pelos calvinistas. A ideia inicial era fazer isso em um único post, mas não consegui finalizar nesta semana a última seção, Um João Calvino Que Nem Todos Conhecem. Se Deus permitir, farei isso na semana que vem. Ademais, nos próximos dias eu provavelmente atualizarei o presente post, especialmente enriquecendo as referências bibliográficas. Um mal-estar físico prejudicou meu ritmo de leituras e estudos.

O perigo da calvinolatria

Escrevo como cristão bíblico, repudiando toda idolatria em torno da pessoa ou obra de João Calvino. Dito de outro modo, eu não sou calvinólatra. Calvino era cheio de falhas; ele não foi um “super-herói”, mas um pecador salvo pela graça. Louvo a Deus por sua vida, ao mesmo tempo em que enxergo o perigo da calvinolatria, ou da arminiolatria ou de qualquer outra “latria” que porventura ameace a sã doutrina, culto e serviço cristãos. Quando consideramos homens ou instituições infalíveis, o ajuntamento de “crentes” deixa de ser igreja de Cristo.

Digo isso para que se saiba que o presente post é escrito com honestidade e respeito. A imparcialidade é impossível porque escrevo discordando do retrato de João Calvino fornecido por Calvinismo Recalcitrante. O texto é honesto e respeitoso porque não há, de minha parte, qualquer falsidade ou espírito beligerante. Meu intuito não é brigar, mas discordar honesta e humildemente de Martinez, sempre disposto a mudar de posição caso sejam fornecidas fontes bibliográficas confiáveis (explicarei isso na próxima seção).

Opiniões e fontes divididas

A celeuma em torno de Calvino não é recente; o organizador da Reforma em Genebra sempre foi um divisor de opiniões. Como afirma Van Halsema, desde os tempos em que ele era ainda vivo, “as pessoas ou seguiam a sua liderança com entusiasmo ou o odiavam amargamente”.[2] Só pra termos ideia do grau desta resistência:

Na sua cidade Natal de Noyon, os cônegos da catedral organizaram uma procissão pública para celebrar sua morte, quando dela ouviram um rumor falso em 1551. Mais tarde, a residência da família Calvino na praça do mercado foi incendiada pela raiva de seus inimigos. [...] Na cidade francesa de Lyons, a notícia da morte de Calvino foi dada “mais de dez vezes”, tão ansiosos estavam os seus opositores de que fosse eliminado. A Igreja de Roma o considerava como seu maior inimigo.[3]

Alguns contemporâneos de Calvino que o odiavam escreveram sobre ele. Sebastião Castellio publicou “um livro denunciando a queima de Servetus”.[4] Foi Calvino quem nomeou o jovem Castellio como diretor do ginásio de Genebra.[5] Tudo ia bem até o momento em que este último escreveu uma tradução popular do Novo Testamento e pediu a Calvino que a recomendasse. Considerando a tradução “tosca e, em alguns pontos, inexata”[6] e sem tempo para discutir com Castellio cada ponto, Calvino recusou recomendá-la. Castellio irritou-se sobremaneira.

Para Gonzalez, Calvino fez Castellio ser expulso de Genebra porque este último interpretou o Cântico dos Cânticos “como um poema de amor”.[7] O problema foi muito mais sério. Castellio assumia uma concepção heterodoxa das Escrituras, afirmando que o Cântico dos Cânticos era apenas um escrito romântico, ou seja, “não era um livro inspirado da Bíblia”.[8] Ademais, Calvino não fez Castellio ser expulso de Genebra, como sugere Gonzalez. A expulsão de Castellio foi iniciativa do Pequeno Conselho.[9]

Além da concepção errada sobre a inspiração de Cântico dos Cânticos, havia outras discordâncias doutrinárias entre Castellio e não apenas Calvino, mas a ortodoxia abraçada por Genebra (como pastor fiel, Calvino era guardião da sã doutrina nas igrejas e cidade sob sua jurisdição). Castellio repudiava parte do Credo dos Apóstolos(“desceu ao Hades”), bem como a doutrina da eleição. Calvino tolerou tais desacordos até o momento em que Castellio pediu ao Pequeno Conselho para ser ordenado ao Sagrado Ministério, alegando “que o salário de diretor era baixo demais”.[10] O Pequeno Conselho aprovou, mas o conselho da igreja, liderado por Calvino, vetou a ordenação, ao mesmo tempo em que solicitou “aos conselhos da cidade queaumentassem o salário do diretor”.[11]

Com raiva pela recusa de sua admissão ao ministério, Castellio demitiu-se da direção do ginásio. Calvino ofereceu-lhe cartas de recomendação a Viret em Lausanne. “Estou verdadeiramente preocupado com ele”, escreveu Calvino. “Ajude-o no que for possível”.[12]

Não obtendo trabalho em Lausanne ou outra cidade, Castellio voltou a Genebra.

Numa tarde de 1544, apareceu numa reunião semanal de ministros e leigos [...]. [...] levantou-se de repente e interrompeu a palestra. Os ministros de Genebra não são como Paulo, disse sarcasticamente. [...] Calvino nada respondeu. Controlando-se, fechou a Bíblia e saiu da sala.[13]

Isso provocou uma reação no Pequeno Conselho, que decidiu expulsar Castellio de Genebra. “Saiu com cartas de recomendação de Calvino e dos ministros, os quais estavam prontos a recomendá-lo como professor embora não aprovassem sua admissão ao ministério”.[14] Tempos depois Castellio escreveu condenando Calvino pela queima de Servetus.

Uma busca rápida no Google revela que Castellio é tido atualmente como “reformado liberal”, “humanista” e “erudito”. Na obra A Ficção Cética, Gustavo Bernardo menciona elogiosamente seu legado, como segue:

A intolerância da Reforma se confirma quando Calvino, o sucessor de Lutero [isso não é historicamente exato; o sucessor de Lutero é Felipe Melanchton], ajuda a condenar o trinitário Miguel Servetus à morte na fogueira como herege [Servetus não era trinitário, pelo contrário, ele era antitrinitário]. O único defensor de Servetus entre os protestantes, oerudito Sebastião Castellio de Basileia, argumentou contra a condenaçãoatacando a pretensão à certeza dos calvinistas. Em seu De Haereticis, escrito em 1554, Castellio mantinha, com base na obscuridade das Escrituras e no constante desacordo em torno delas, que ninguém pode estar tão certo da verdade em questões religiosas de modo que se justifique queimar alguém por isso.[15]

Eis Castellio, um ferrenho opositor contemporâneo de Calvino. Qualquer historiador que consultar suas obras obterá um retrato muito negativo do reformador de Genebra.

Um segundo opositor foi Jerome Bolsec, mencionado na longa citação de Dave Hunt, em Calvinismo Recalcitrante.[16] Hunt nos informa que Bolsec “ousou discordar [da] doutrina da predestinação de João Calvino. Ele [...] foi preso e banido de Genebra com a advertência [de] que se ele retornasse seria açoitado”.[17] Hunt é mais exato do que Suffert, que sugere o seguinte dado falso: “Bolsec, um ex-carmelita que recusa a doutrina de Calvino sobre a predestinação, é queimado em 1553”.[18]

O ataque da Bolsec à doutrina da predestinação é destituído de qualquer originalidade.

Transformais Deus num tirano. E se Deus decidiu tudo desde o princípio, ele mesmo é responsável pelo pecado. Esse Calvino, que vos ensinais tais coisas, é um impostor. Sois loucos se seguis sua liderança.[19]

Calvino refutou Bolsec e o Pequeno Conselho decidiu expulsá-lo de Genebra. Bolsec assumiu seu lugar na fila dos inimigos mortais de Calvino. Como nos informa Van Halsema:

Na sua velhice, e com o seu ligeiro contato com Calvino, Bolsec produziu um livro sobre a vida do reformador de Genebra. De todos os livros escritos pelos inimigos de Calvino, este é provavelmente o que está mais cheio de mentiras maliciosas, acusações e invencionices.[20]

De acordo com McGrath:

Calvino, de acordo com Bolsec, era irremediavelmente aborrecido, malicioso, violento e frustrado. Ele considerava suas próprias palavras como se fosse palavra de Deus e se permitia ser adorado como Deus. Além de, frequentemente, ser vítima de suas tendências homossexuais, ele tinha o hábito de flertar com qualquer mulher que se aproximasse dele. De acordo com Bolsec, Calvino abriu mão de seus benefícios, em Noyon, em razão de terem vindo a público suas atividades homossexuais. A biografia de Bolsec é uma leitura muito mais interessante do que as de Teodoro de Beza ou de Nicolas Colladon; no entanto, sua obra se baseia, predominantemente, em relatos orais, anônimos e inconsistentes, provenientes de “pessoas dignas de confiança” (personnes digne de foy), que pesquisas mais recentes consideraram de valor questionável. A despeito desse fato, a reconstituição de Calvino, traçada por Bolsec, tem influenciado muitas outras descrições, bastante desfavoráveis, a respeito da vida e das ações do Reformador, que apresentam uma linha divisória, cada vez mais nebulosa, entre fatos e ficção.[21]

McGrath menciona também Stephan Zweig, o escritor austríaco que morreu no Brasil, em 1942, e que descreveu Calvino — provavelmente em Castellio ou Contra Calvino: Uma Consciência Contra a Violência (1936) — como “o grande ditador de Genebra, [...] governando aquela cidade desafortunadamente com mãos de ferro”.[22] McGrath entende que a obra de Zweig:

[...] deve ser julgada pela ampla falta de qualquer fundamento histórico substancial como sendo, de modo geral, inconsistente com fortes evidências históricas e baseada em um entendimento inadequado a respeito das estruturas de poder e dos procedimentos de tomada de decisão operantes em Genebra.[23]

Deve ser ressaltado que exatamente Stephan Zweig, desconstruído por McGrath, é usado como fonte de pelo menos parte da citação de Dave Hunt, em Calvinismo Recalcitrante.[24]

Outro livro recente explica a Reforma em Genebra em uma seção intitulada A Reforma Pela Marreta,[25] ou seja, não faltam detratores da pessoa e obra de João Calvino em Genebra. Uma pesquisa nos escritos acerca de Calvino, do 16º século até agora, revelará opiniões e fontes divididas.

Isso significa que o leitor ou pesquisador tem de decidir: Qual fonte é confiável? Qual conjunto de dados ou informações — e qual leitura ou interpretação destes dados — corresponde aos fatos? Os favoráveis a Calvino sublinham que os escritos contrários (contemporâneos de Calvino) foram produzidos por pessoas que discordavam do seu ensino ou gestão em Genebra, especialmente que sentiram-se diminuídas, limitadas ou prejudicadas por ele. De modo geral, os calvinistas assumem como confiáveis os escritos doutrinários, os comentários bíblicos, os registros das atas dos conselhos de Genebra e as correspondências de Calvino. Também é tida como acreditável a biografia de Beza, sucessor de Calvino na liderança da igreja genebrina.

Não gostarão de Calvino aqueles que lerem sobre ele com os óculos do presente século. Especialmente no Brasil dominado pela cultura inclusiva, esquerdista-materialista e afetada pelo conceito “politicamente correto”. As ideias ou possibilidades de exclusão, de aplicação de disciplina social com base em convicções religiosas sobre uma minoria (rotulada pelos “detentores da autoridade religiosa” como “hereges”) são inconcebíveis no ideário compartilhado ocidental deste século. Basta folhear os escritos atuais para constatar que teólogos irenistas, tais como Erasmus de Roterdã — que abraçou o protestantismo, depois retornou à Igreja de Roma e era absolutamente contra qualquer uso de violência — são elogiados e academicamente recomendados.

Também não gostarão de Calvino os articuladores da supremacia da vontade humana, e aqui eu não me refiro estrita e necessariamente aos arminianos, pois conheço arminianos que ressaltam a soberania divina e respeitam João Calvino, considerando-o um homem de Deus, apesar de discordar dele em alguns pontos de doutrina. É o caso de Roger Olson, que apesar de refutar o Calvinismo[26] oferece também uma reconstituição séria e confiável da vida e ideias do reformador de Genebra.[27]

A estrutura de poder em Genebra

Calvino detinha poder absoluto sobre Genebra? Cabe a ele a designação de “déspota” ou “ditador” tanto da igreja quanto da cidade? McGrath nos informa com acerto:

A frase “A Genebra de Calvino” é carregada de implicações potencialmente enganosas, resultando, talvez, em interpretações incorretas acerca do status e do âmbito de liberdade de ação de que Calvino gozava em Genebra”.[28]

A “Genebra de Calvino” era regida por três conselhos. O primeiro, o Pequeno Conselho, era composto por vinte e cinco homens, dentre eles, “quatro síndicos, os mais importantes oficiais da cidade, porquanto eleitos pelo povo”[29] (tabela 01).

Tabela 01. O Pequeno Conselho

          • Principal instância de governo | 25 integrantes
          • 4 integrantes eleitos pelo povo — os síndicos, o tesoureiro da cidade
          • 20 integrantes eleitos pelo Conselho dos Duzentos

O segundo conselho era o Conselho dos Duzentos, eleito pelo Pequeno Conselho (tabela 02).[30]

Tabela 02. O Conselho dos Duzentos

          • Segunda instância de governo
          • Homens eleitos pelo Pequeno Conselho

O terceiro conselho “era o Conselho Geral, ao qual pertenciam todos os homens de Genebra. Este era convocado somente para assuntos de suma importância”[31] (tabela 03).

Tabela 03. O Conselho Geral

          • Terceira instância de governo
          • Todos os homens (cidadãos) de Genebra


Hunt, citado por Martinez, menciona Zweig, sugerindo que quase todo dia, antes de tomar uma decisão, o “Conselho da Cidade” consultava Calvino.[32] Isso é admissível se considerarmos a época de 1556 a 1564, mas em suas primeiras quase duas décadas em Genebra, Calvino sofreu contestação e até humilhação por parte dos Conselhos, nos quais constavam seus grandes opositores, denominados Libertinos.[33] Quando John Knox chegou a Genebra a fase mais difícil havia passado. Sua declaração, de que “existe aqui a mais perfeita escola de Cristo desde os dias dos apóstolos”,[34] só pode ser entendida no contexto de uma Genebra pacificada e reformada.

Mesmo depois de consolidada a Reforma, e por conseguinte, a influência de Calvino, este não agia como um “ditador”. Suas ideias tinham de ser aprovadas primeiramente pelo Conselho de Ministros, depois, pelos outros Conselhos genebrinos. Só pra exemplificar, a Academia de Genebra, “o sonho de Calvino”, só foi estabelecida em junho de 1550, dezoito anos depois do início da segunda fase de seu ministério.[35] O livro de cânticos da igreja, o Saltério de Genebra, só foi publicado em 1562, depois de vinte e um anos de ministério![36] Algumas propostas de Calvino eram acolhidas e acatadas. Outras não. Trocando em miúdos, ele trabalhou sob a autoridade de outros pastores e membros dos Conselhos de Genebra. Destarte, algumas coisas que são atribuídas a Calvino não ocorrem apenas por causa dele, de fato, em determinadas situações, ocorreram a despeito dele.

Outro detalhe a considerar é o ethos que conduz as cidades e reinos a aplicar a pena de morte no 16º século. Suffert explica que “em Genebra, condena-se à morte pormotivo religioso”[37] — uma declaração anacrônica por desconsiderar o contexto histórico e cultural de Calvino. A pena de morte por questão religiosa era práticacomum não apenas em Genebra, mas virtualmente em todas as culturas desde a antiguidade até a aurora renascentista. Politicamente, não havia nítida distinção entre Religião e Estado. A Europa Cristã (incluindo Genebra) abraçava e submetia-se ao “Codex de Justiniano, o livro legal padrão ainda seguido no Santo Império Romano”.[38] Apenas pra exemplificar, de acordo com o Codex, “pelo crime de negar a Trindade [...] a penalidade é a morte”.[39]

Quem não reconhece tais coisas extrapola os limites de poder de Calvino em Genebra e atribui a ele uma vileza injustificada. A compreensão adequada do ethos daquela época nos ajuda a compreender melhor muitas coisas, inclusive a execução de Servetus.

O episódio de Miguel Servetus

Olhemos mais de perto para a execução de Miguel Servetus, explicada laconicamente por Suffert, como segue:

Era um médico espanhol que residia em Lyon e negava a Trindade e a divindade de Cristo. Ele é denunciado, por intermédio de Calvino, à Inquisição católica de Lyon. Tratava-se de um sábio — sem dúvida, foi ele quem descobriu a circulação do sangue. Servet — que se correspondia há muitos anos com Calvino — fugiu de Lyon para Genebra. Reconhecido, ele é preso enquanto assiste a um sermão de Calvino. Este organiza o processo de seu amigo, manda condená-lo e queimá-lo em 1553.[40]

Servetus foi queimado na colina Champel com quarenta e dois anos de idade, em 27 de outubro de 1553, acorrentado a uma estaca e com um livro amarrado debaixo do braço.[41] Os calvinistas não celebram sua morte. Como registra Van Halsema:

Hoje existe uma pedra no lugar onde Servetus morreu. [...] Há uma inscrição francesa na pedra: “Como filhos reverentes e agradecidos de Calvino, nosso grande Reformador, repudiando seu erro, que foi o erro da sua época, e, de acordo com os verdadeiros princípios da Reforma e do Evangelho, apegando-nos à liberdade de consciência, erigimos este monumento de reconciliação neste 27º dia de outubro de 1903”. 
Olhando para trás, [...] lamenta-se que Calvino, na maneira de tratar Servetus, tenha agido como outros homens de seu tempo. Lamenta-se, especialmente, porquanto nos seus escritos e nos seus atos Calvino estava muito além da sua época, apontando o caminho para a tolerância e a liberdade, a separação entre a igreja e o estado, ao direito de cada homem crer em Deus conforme a sua consciência.
O milagre consiste em que Deus tenha usado um servo pecador como João Calvino de maneira tão poderosa para edificar sua igreja e influenciar seu mundo.[42]

E como Calvino agiu? Tentarei responder retornando à citação de Suffert que sugere um Calvino maligno, um “amigo” que se corresponde por muitos anos com Servetus e, no fim das contas, o trai e mata.[43]

Não é bem assim.

Desde os dezoito anos de idade, Miguel Servetus declara sua descrença na doutrina da Trindade. Para ele Jesus não é divino e o Espírito Santo não é um ser distinto. Seu primeiro livro com tais ideias é publicado quando ele tem apenas vinte anos de idade e é rejeitado tanto pelos líderes protestantes (os conselhos de Estrasburgo e Basel, bem como Lutero, Melanchton, Bucer, Bullinger e Zwinglio) quanto pelo Supremo Conselho da Inquisição Espanhola.[44]

Servetus altera seu nome para Michel de Villeneuve e dedica-se a muitas coisas. Aos vinte e dois anos de idade, marca um encontro com João Calvino em Paris, mas não comparece.[45] Naquela cidade ele edita “uma geografia do mundo”, estuda medicina (descobrindo como “o sangue circula nos pulmões”) e dá palestras “sobre geografia e astrologia”, aventurando-se “a prognosticar pelas estrelas” o que acontecerá “a homens e nações”. É julgado pelo parlamento francês por insolência a um professor. Consegue escapar e muda-se para Vienne, onde vive doze anos pacíficos, editando livros, praticando medicina, conquistando a amizade do arcebispo e fazendo-se de católico fiel a Roma.[46] Ali ele se dedica a outro livro que intitula As Restitutas, que considera uma “restauração” ou “resgate” do Cristianismo primitivo e puro.[47]

Assim que completa trinta e cinco anos (em 1546 e 1547) Servetus escreve a Calvino, que lhe responde com cortesia e envia-lhe “uma cópia de suas Institutas”. Servetus devolve a cópia “com anotações insultantes” e prossegue remetendo mais cartas longas, tratando Calvino com “condescendência e aspereza”. Considerando perda de tempo debater com ele, Calvino deixa de responder-lhe. Observe-se que Calvino, “apesar de saber a identidade real de Servetus, não tomou nenhuma providência para revelá-la às autoridades católico-romanas em Vienne”.[48]

Seis anos depois, as Restitutas são publicadas. “No lugar de seu nome Servetus usou somente as iniciais M. S. V. (Miguel Servetus Villeneuve) na página titular. Mas incluiu as trinta cartas a Calvino no apêndice do livro”.[49]

Na cidade vizinha, Lyon, cinco pastores protestantes são presos. Depois de um ano, em maio de 1553, eles são “acorrentados em grupo e queimados vivos”.[50] A situação provoca indignação nos protestantes. Entre a prisão e execução destes pastores, um morador de Genebra escreve a um primo que mora em Lyon, criticando-lhes porque estão maltratando verdadeiros servos de Deus, ao mesmo tempo em que suportam, próximo a eles, um “herege [...] que blasfema contra a Trindade e que acaba de escrever um novo livro cheio de heresias. [...] O herege de quem falo é Servetus, o espanhol, conhecido em Vienne como Miguel de Villeneuve”. Para comprovar, o protestante envia ao primo católico “as quatro primeiras páginas” do livro de Servetus.[51]

O primo católico-romano de Lyon foi logo às autoridades eclesiásticas com a notícia. Convocaram Servetus, o qual jurou por tudo que era somente Miguel de Villeneuve, um fidelíssimo seguidor de Roma. As autoridades precisavam de mais provas. Pediram ao primo católico-romano que escrevesse a Genebra solicitando-as.[52]

Este primo protestante é amigo de Calvino e pede que este lhe forneça algumas cartas de Servetus. Estas são enviadas ao primo católico-romano com uma observação: “Mas preciso dizer-lhe que não foi pouca a dificuldade em receber de Calvino o que lhe estou remetendo”.[53] Como prossegue Van Halsema:

Será que Calvino sabia que as cartas originais de Servetus seriam entregues às autoridades para serem usadas para Servetus? O próprio Calvino negou mais tarde que tivesse participado na entrega de Servetus à Igreja de Roma, e não temos motivo para duvidar da sua palavra. Mas as cartas, afinal de contas, tornaram-se as provas finais contundentes contra Servetus, não importando os motivos por que foram remetidas. Não adiantaram os esforços de Servetus para eximir-se da culpa. As provas estavam ali. Foi colocado na prisão em abril de 1553 para aguardar sentença.[54]

A prisão de Vienne não o segura. Servetus foge. As autoridades, indignadas, queimam solenemente uma efígie cheia de palha, representando-o.[55] Quatro meses depois, ei-lo em Genebra, hospedando-se na Estalagem da Rosa Dourada e encomendando “um barco para atravessar o lago em direção a Zurique”.[56]

No domingo seguinte, 13 de agosto, ele comparece a um culto. Alguém o reconhece e comunica Calvino, que pede aos conselhos que o prendam. Eis o que consta nas atas:

Miguel Servetus foi reconhecido por alguns irmãos, e parecia conveniente fazer dele um prisioneiro para que o mundo não mais fosse infectado pelas suas heresias e blasfêmias, porquanto é conhecido como incorrigível.[57]

Inicia-se um julgamento de dois meses e meio. Calvino escreve um documento com trinta e nove acusações e confronta Servetus face a face. É então que os Libertinos dos Conselhos — incluindo Ami Perrin, presidente do Pequeno Conselho — demonstram apoio a Servetus. Este percebe a oposição crescente a Calvino e o trata com insolência e desprezo,[58] chamando-o de “criminoso, assassino, desgraçado, mentiroso, anão ridículo, [...] acha que tem a capacidade de ensurdecer os ouvidos dos juízes com o seu latido de cão?”[59]

Calvino prossegue com sua argumentação — muitas vezes raivosa e áspera — consolidando doutrinariamente suas trinta e nove acusações e finalizando com a exigência de punição de Servetus, nos termos do Codex de Justiniano.[60]

A partir de então, a sentença tem de ser proferida pelo Pequeno Conselho que, como dissemos é presidido por um opositor de Calvino favorável a Servetus. Como afirma Van Halsema, “nunca foi tão pouca a influência de Calvino sobre o Conselho como nos meses em que Servetus esteve na prisão”.[61] De fato, paralelamente ao problema de Servetus ocorre uma celeuma em torno da excomunhão de Berthelier, o líder Libertino. O Pequeno Conselho assume o poder da igreja e, à revelia do Conselho de Ministros e desafio a Calvino, restaura Berthelier e o autoriza a participar da Santa Ceia.[62] O protesto de Calvino é veemente, mas rejeitado pelo presidente do Pequeno Conselho. No sábado anterior à Ceia ele diz aos vinte e cinco homens: “Assevero que prefiro morrer do que ver desonrada a Ceia do Senhor [...]. Preferia estar morto cem vezes do que cometer tão terrível escárnio contra Cristo”. No domingo seguinte, orientado pelo Pequeno Conselho, Berthelier não comparece ao culto de Ceia.[63]

Tudo disso deixa Servetus altivo e bem-humorado.

A sua ousadia chegara ao ponto de escrever ao Pequeno Conselho: “Portanto, meus senhores, exijo que o meu falso acusador seja punido, [...] que sua propriedade me seja outorgada em recompensa pela minha [...] e que seja ele conservado prisioneiro assim como eu até que o julgamento seja decidido pela sua morte ou por qualquer outra punição”. É interessante que mesmo Servetus esperava que o veredito do julgamento fosse a morte, mas não esperava que seria ele quem iria morrer.[64]

Ocorre um fato novo que muda tudo. Ao invés de proferir imediatamente sua sentença, o Pequeno Conselho decide consultar “igrejas e conselhos de representantes de quatro cidades suíças. [...] Apoiados por uma provável repetição de respostas moderadas, o Pequeno Conselho poderia então libertar Servetus”.[65]

[...] as respostas de Zurich, Bern, Basel e Schaffhausen foram surpreendentes — um abalo, mesmo, para o Libertinos. [...] Cada conselho e cada igreja denunciou Servetus, afirmando que as suas blasfêmias precisavam ser cortadas antes que pudessem prejudicar ainda mais a igreja de Cristo. Em nossa cidade, disse Bern, a penalidade seria a morte pelo fogo.[66]

Ami Perrin tergiversou, protelou a decisão e tentou passá-la ao Conselho dos Duzentos, onde haviam mais opositores de Calvino, mas o Pequeno Conselho entendeu que deveria proferir a sentença, condenando Servetus à morte pela fogueira.

Foi um veredito unânime porquanto até os Libertinos perceberam que não poderiam ignorar as opiniões de quatro influentes cidades. Calvino ouviu a sentença e imediatamente pediu ao Conselho que substituísse a estaca pela espada, porquanto a decapitação era mais misericordiosa do que a queima na estaca. Mas o Pequeno Conselho, rápido para recusá-lo, recusou-lhe esse pedido também.[67]

É interessante um registro deste incidente por Van Halsema:

Calvino foi visitá-lo. Servetus pediu-lhe perdão. Calvino respondeu [...]: “Creia-me, jamais tive a intenção de processá-lo por causa de alguma ofensa pessoal contra mim. Há dezenove anos, colocando em perigo a minha vida, quis encontrar-me com você em Paris para ganhá-lo para o nosso Senhor. E depois, quando você vivia como um fugitivo, quis novamente mostrar-lhe o caminho certo pelas minhas cartas até que você começou a odiar-me por causa de minha firmeza [...] Mas [...] peça perdão ao Deus perene que você blasfemou [...]. Seja reconciliado ao Filho de Deus [...] ao Salvador”.[68]

Farel também foi a Genebra e visitou Servetus, mas este permaneceu irredutível — apegado às suas crenças até o fim.[69]

Calvino foi responsável pela morte de Servetus? Do ponto de vista jurídico, a execução decorreu de uma deliberação do Pequeno Conselho influenciado pelos conselhos da regiões protestantes da Suíça. Na ocasião, o Pequeno Conselho não estava sob a influência de Calvino, pelo contrário, era-lhe oposto. No entanto, como afirma Van Halsema:

Calvino havia participado da morte de Servetus. Tinha pedido aos Conselhos que prendessem o espanhol. Tinha feito acusações contra ele. Tinha debatido perante o Pequeno Conselho para provar que as heresias deste homem estavam ameaçando a igreja de Cristo. E apesar de Calvino não ter participado na sentença, ele a aprovou, embora não pelo fogo.[70]

A fim de não incorrermos em anacronismo, entendamos que:

Outros líderes protestantes estavam a favor da pena de morte. O brando Melanchton, sempre inclinado à paz e à transigência, escreveu a Calvino: “A igreja de Cristo ficar-lhe-á grata. [...] O seu governo, de acordo com todas as leis, providenciou a morte desse blasfemo”. A época era de estacas, [...] quando os homens ainda acreditavam ser do seu dever julgar as crenças que outros tinham de Deus.[71]

Isso não confere a Calvino inocência, mas nos ajuda a compreendê-lo em seu contexto. O triste fato é que “a partir de então esse incidente se tornou o símbolo do dogmatismo rígido que reinava na Genebra de Calvino. E não há dúvida de que há muito de verdade nisso”.[72] Gonzalez prossegue afirmando que:

Em todo caso, depois da execução de Servetus, a autoridade de Calvino em Genebra não teve rival, sobretudo porque os teólogos de todas as demais regiões da Suíça protestante lhe tinham dado apoio, ao mesmo tempo em que seus opositores se colocaram na difícil situação de defender um herege condenado tanto pelos católicos como pelos protestantes da Suíça.[73]

O que se enxerga no episódio de Servetus? Os detratores de Calvino encontram um monstro. Os calvinistas encontram um homem que, como Moisés ou Davi, a despeito de seus pecados, não deixa de ser homem de Deus.

Notas biográficas e legado de João Calvino

Não pretendo alongar sobremaneira esta postagem. Eu imagino que somente uma minoria conspícua se dispõe a ler meus posts do início ao fim. Sendo assim, não é meu propósito (muito menos tenho capacidade para) fornecer uma biografia de João Calvino. Martinez já nos brinda com um resumo útil ao citar o texto sobre o reformador publicado no web site do Instituto Presbiteriano Mackenzie.[74] Ademais, os leitores interessados em mais informações serão beneficiados compulsando os livros e links mencionados nas notas deste post.

Cinco fases da vida de Calvino

Basicamente, a vida de Calvino pode ser dividida em cinco fases (tabela 04), sendo a primeira, sua infância e pré-adolescência, de 1509 a 1523, quando obteve status de menino clérigo de Noyon e destacou-se pela inteligência privilegiada, obediência aos pais, hábitos disciplinados e ares de aristocrata (devido ao convívio com amigos nobres).[75]

A fase seguinte é a de João Calvino antes de Genebra, de 1523 a 1536, abarcando sua mudança para Paris, sua iniciativa como escritor humanista, sua conversão, sua fuga de Paris, viagens sob perseguição, publicação da primeira edição das Institutas e primeiras experiências de pregação, ensino e serviço aos cristãos protestantes de fala francesa.[76]

A terceira fase remete ao primeiro tempo de Calvino em Genebra, de 1536 a 1538. Esta fase começa como uma tempestade (com o apelo dramático de Farel para que Calvino permaneça em Genebra) carregada de promessas e termina como um terremoto (a trágica expulsão de Calvino e seus amigos). Calvino é recebido festivamente e a cidade assume compromissos de Reforma, mas não deseja, de fato, implementá-las. No fim, Calvino, Farel e o cego Corault são escoltados para fora de Genebra, em 25 de abril de 1538.[77]

Segue-se a quarta fase da vida de Calvino, seu abençoado exílio em Estrasburgo, de 1538 a 1541. Ali ele amadurece teologicamente e na prática pastoral e se casa com Idelette de Bure. Ele não tem planos de sair da cidade, até ser novamente convocado a Genebra.[78] É quando inicia a quinta e última fase, que corresponde ao seu estabelecimento definitivo em Genebra, de 1541 até sua morte, em 1564. Esta fase pode ser subdividida em duas, um difícil período de consolidação (os primeiros quinze anos, de 1541 a 1556) e o ponto alto da reforma em Genebra, de 1556 a 1564.[79]

Tabela 04. Cinco fases da vida de João Calvino


Prosseguiremos no próximo post, quando aprenderemos sobre Um João Calvino Que Nem Todos Conhecem. Até lá. Fiquem na paz do Senhor.
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Notas:
[1] MCGRATH, Alister. A Vida de João Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 13.
[2] VAN HALSEMA, Thea B. João Calvino Era Assim. São Paulo: Editora Vida Evangélica, 1968, p. 148. Enquanto eu preparava este post, descobri com alegria que há uma nova edição em português. Os dados atualizados são VAN HALSEMA, Thea B. João Calvino Era Assim. São Paulo: Editora Os Puritanos, [201-?]. Disponível em:<http://loja.livrariareformada.com.br/puritanos/joao-calvino-era-assim.html> Acesso em: 25 Set. 2014. As citações deste post correspondem à edição de 1968.
[3] VAN HALSEMA, op. cit., loc. cit. Grifo nosso.
[4] Ibid., p. 165.
[5] Ibid., p. 163.
[6] Ibid., p. 164.
[7] GONZALEZ, Justo L. E Até Os Confins da Terra: Uma História Ilustrada do Cristianismo: A Era dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1983, p. 116. v. 6.
[8] VAN HALSEMA, op. cit., loc. cit.
[9] Ibid., p. 165.
[10] Ibid., p. 164. Grifo nosso.
[11] Ibid., loc. cit.
[12] Ibid., loc. cit.
[13] Ibid., p. 164-165.
[14] Ibid., p. 165.
[15] GUSTAVO, Bernardo. A Ficção Cética. São Paulo: Editora Annablume, 2004, p. 146. Grifos nossos.
[16] HUNT, Dave. O Lado B do Calvinismo em Genebra. In: Instituto Teológico Gamaliel: Onde Cada Aluno é um Discípulo e Cada Discípulo é um Irmão. Disponível em:
<http://www.institutogamaliel.com/portaldateologia/o-lado-b-do-calvinismo-em-genebra/teologiaAcesso em: 18 Set. 2014, apud MARTINEZ, op. cit., p. 23-28. Endereçamento de fonte corrigido.
[17] HUNT, apud MARTINEZ, op. cit., p. 26.
[18] SUFFERT, Georges. Tu És Pedro: Santos, Papas, Profetas, Mártires, Guerreiros, Bandidos: A História dos Primeiros 20 Séculos da Igreja Fundada Por Jesus Cristo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 268.
[19] VAN HALSEMA, op. cit., p. 173.
[20] Ibid., p. 174. O título do livro é Histoire de La Vie, des Moeurs … De Jean Calvin, publicado em Lyon e Paris em 1577. A obra teve edições em Latim (1580) e alemão (1581).
[21] MCGRATH, op. cit., p. 33-34.
[22] Ibid., p. 13.
[23] Ibid., p. 13-14. Grifos nossos.
[24] HUNT, apud MARTINEZ, op. cit., p. 25.
[25] FERNÁNDEZ-ARMESTO, Felipe; WILSON, Derek. Reforma: O Cristianismo e o Mundo 1500-2000. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 144-147.
[26] OLSON, Roger. Contra o Calvinismo. São Paulo: Editora Reflexão, 2013; OLSON, Roger.Teologia Arminiana: Mitos e Realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013.
[27] OLSON, Roger. História da Teologia Cristã: 2000 Anos de Tradição e Reformas. São Paulo: Vida, 2001, p. 407-423.
[28] MCGRATH, op. cit., p. 13.
[29] VAN HALSEMA, op. cit., p. 79.
[30] Ibid., loc. cit.
[31] Ibid., loc. cit.
[32] HUNT, apud MARTINEZ, op. cit., p. 25.
[33] VAN HALSEMA, op. cit., p. 163-190.
[34] Ibid., p. 191.
[35] Ibid., p. 193-197.
[36] Ibid., p. 193.
[37] SUFFERT, op. cit., loc. cit.
[38] VAN HALSEMA, op. cit., p. 183.
[39] Ibid., loc. cit.
[40] SUFFERT, op. cit., loc. cit.
[41] VAN HALSEMA, op. cit., p. 188.
[42] Ibid., p. 189.
[43] SUFFERT, op. cit., loc. cit.
[44] VAN HALSEMA, op. cit., p. 176-177.
[45] Ibid., p. 177.
[46] Ibid., loc. cit.
[47] Ibid., p. 177-178.
[48] Ibid., p. 178.
[49] Ibid., loc. cit.
[50] Ibid., p. 178-179.
[51] Ibid., p. 179.
[52] Ibid., loc. cit.
[53] Ibid., p. 180.
[54] Ibid., loc. cit.
[55] Ibid., p. 180-181.
[56] Ibid., p. 181.
[57] Ibid., loc. cit.
[58] Ibid., p. 182.
[59] Ibid., p. 183.
[60] Ibid., loc. cit.
[61] Ibidem.
[62] Ibidem.
[63] Ibid., p. 185.
[64] Ibid., p. 186.
[65] Ibid., p. 187.
[66] Ibid., loc. cit.
[67] Ibidem. Os mesmos fatos são mencionados, com menos detalhes, por GONZALEZ, op. cit., p. 116.
[68] Ibid., p. 188.
[69] Ibid., loc. cit.
[70] Ibidem.
[71] Ibid., p. 189.
[72] GONZALEZ, op. cit., loc. cit.
[73] Ibid., p. 117.
[74] MATOS, Alderi Souza de. João Calvino: Síntese Biográfica. Disponível em:<http://www.mackenzie.com.br/7034.html>. Acesso em: 25 Set. 2014, apud MARTINEZ, op. cit., p. 20. Endereçamento de fonte corrigido.
[75] Os detalhes desta fase podem ser obtidos em VAN HASELMA, op. cit., p. 10-14.
[76] Rápidos detalhes extraídos de ibid., p. 14-70: Formação em Paris, Orleans (conversão?) e Bourges. Novas amizades. Publicação de comentário sobre Sêneca. Fuga de Paris. Noyon, Angoulême e Nérac. Retorno a Noyon; em 21 de maio de 1534, abriu mão de seu benefício clerical. Reuniões secretas em Paris, visita à região dos urzais, próxima a Poitiers. Fuga para Angoulême e Orleans, viagem sob perseguição até a fronteira germânica. Desejo de ir até Estrasburgo. Estabelecimento em Basel. Primeira edição das Institutas com carta a Francisco I e viagem frustrante à Itália. Retorno a Paris nos seis meses de isenção aos protestantes, em 1536. Decisão para ir a Estrasburgo. Retorno passando por Genebra.
[77] Rápidos detalhes extraídos de ibid., p. 70-93: Apelo de Farel. Aulas em Saint Pierre. Versão francesa das Institutas. Debate em Lausanne. Confissão de Fé. Pedido de quatro reformas ao Pequeno Conselho: (a) Celebração contínua da Ceia do Senhor e liberdade para a igreja aplicar a excomunhão (não é bem recebida pelo Conselho); (b) Estudo e atualização das leis matrimoniais de acordo com a Palavra de Deus; (c) Instrução das crianças utilizando-se um catecismo; (d) Que os Salmos sejam cantados na igreja. Debate com os anabatistas (Caroli). Imposição dos ritos de Bern, eliminados antes por Farel. O Pequeno Conselho e a população fazem oposição a Calvino, Farel e ao cego Corault. Estes se recusam a celebrar a Ceia do Senhor no culto de Páscoa. Na Igreja de Rive, homens desembainham espadas durante a pregação de Calvino. Os síndicos reúnem-se após o culto da noite e o Conselho dos Duzentos na manhã de segunda-feira. Decisão: Calvino, Farel e Corault devem ser imediatamente expulsos de Genebra.
[78] Rápidos detalhes extraídos de ibid., p. 94-125: Calvino, Farel e Corault são ouvidos no sínodo em Zurich. Aceitam os ritos de Bern, mas sugerem uma separação da igreja (questões litúrgicas e poder de excomunhão pertencem à primeira e não ao segundo). Genebra insiste em não recebê-los de volta. Viagem até Basel. Farel vai pastorear em Neuchâtel. Calvino segue até Estrasburgo, retorna para Basel e daí, novamente para Estrasburgo. Em 8 de setembro de 1538, prega como pastor dos refugiados franceses. Torna-se amigo e é mentoreado por Martin Bucer. Amadurece teologicamente e na prática pastoral. Casa-se com Idelette de Bure. Firma amizade com Melanchton e escreve a Lutero. Publica o Pequeno Tratado Sobre a Santa Ceia do Nosso Senhor. Participa das dietas de Worms e, ali, recebe carta dos síndicos e conselhos de Genebra, convidando-o a retornar. Toma conhecimento de que Estrasburgo é tomada pela peste. Reluta em aceitar o pedido de Genebra. Viaja a Ratisbon, para nova dieta, que abandona ao perceber que não produzirá resultados. Mais uma vez admoestado por Farel, aceita o convite de Genebra, chegando à cidade em 13 de setembro de 1541.
[79] Rápidos detalhes extraídos de ibid., p. 127-206: Período de consolidação; os primeiros quinze anos, de 1541 a 1556. Bem-recebido em Genebra. Presenteado com um toga de veludo preto. Instalado na casa na Rua do Canhão, perto da Catedral. Novo púlpito em Saint Pierre. Uma carruagem vai buscar Madame Calvino em Estrasburgo. Registra-se na ata do Pequeno Conselho: “Resolve-se conservar Calvino aqui para sempre”. Proposta de planos. Auxiliado por Viret. Escrita, aprovação e execução das Ordens Eclesiásticas da Igreja de Genebra — estabelecimento de quatro funções na igreja (ministro, professor, presbítero e diácono) e organização das atividades eclesiásticas (cultos, sermões, batismos, casamentos, Ceia do Senhor e visitações). As Ordens foram aprovadas em dois meses e demorou catorze difíceis anos para colocá-las em prática. Compilação das leis da cidade. Em 1542, o primeiro filho de Calvino, Jacques, morre duas semanas após o nascimento. Três anos depois nasce e falece uma filha. Dois anos adiante, espera-se uma terceira criança que morre ao nascer. Idellete adoece e morre em 29 de março de 1549. Embates com os Conselhos de Genebra, além de Sebastião Castellio, Pierre Ameaux, a família Favré, Philibert Berthelier, Pierre Vandel, Jacques Guet (Gruet), Bolsec, Zeraphin Trolliet e Miguel Servetus. Última tentativa de oposição dos Libertinos em 1555.

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Fonte: Somente pela Graça

Leia também: 
Sobre a obra Calvinismo Recalcitrante, de João Flávio Martinez
Calvinismo Recalcitrante: Desafios metodológicos do conceito de Calvinismo
O “João Calvino” de Calvinismo Recalcitrante
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domingo, 12 de outubro de 2014

Bancada evangélica tem votação expressiva e cresce 14%

O resultado das urnas demonstrou que a comunidade evangélica se conscientizou em exercer a sua cidadania e buscou sua representatividade na política nacional. Segundo matéria no site ‘O Globo’, desta quarta-feira (7), a bancada evangélica na Câmara crescerá 14% a partir do ano que vem, com os 80 deputados federais eleitos.
Atualmente são 70 representantes, entre bispos, pastores e seguidores de igrejas. O aumento, ainda que menor que os 30% esperados pela Frente Parlamentar Evangélica, deverá tornar ainda mais difícil a aprovação de projetos ligados a causas de homossexuais ou em defesa do aborto.
São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, e Rio de Janeiro, o terceiro, elegeram a maior parte dos candidatos evangélicos: cada um dos estados terá 14 deputados. O Paraná vem em seguida, com oito. Ao todo, 39 deputados federais que hoje integram a Frente Parlamentar Evangélica não se reelegeram, mas alguns conseguiram fazer de parentes seus sucessores.
Entre os novos parlamentares, vários são apadrinhados por nomes de peso dentro de suas igrejas. Como é o caso de Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), eleito deputado federal, que contou com o apoio do pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (Avec), em sua campanha.
“Dou cidadania há 28 anos, ensino como é o voto. Falo para o pessoal que é o voto da representação do segmento. Converso com esses caras e com vários deputados que não contaram com minha participação na campanha, que, mesmo assim, ligam para mim, agradecendo”, disse à reportagem o pastor Silas.
Alguns dos candidatos eleitos
Dos oito candidatos apoiados pelo pastor Silas Malafaia seis foram eleitos. São eles: (reeleito) deputado estadual Samuel Malafaia (PSD-RJ), com 140.148 votos, sendo 4º mais votado; e demais deputados estaduais Lula Cabral (PSB-PE), com 50.886 votos, e Albert Dickson (PP-RN), com 37.461 votos. Para deputado federal: Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), com 104.697 votos; Gilberto Nascimento (PSC-SP), com 120.044 votos, e Fabio Souza (PSDB-GO), com 82.204 votos.
Pastor Silas agradece aos que votaram nos candidatos apoiados por ele e também aos irmãos que votaram em outros candidatos que nos representam.
Em Minas Gerais, pastor Flamarion Rolando, líder da Evangelho Quadrangular em Governador Valadares, apoiou dois candidatos que também foram eleitos. São eles: deputado federal Stefano Aguiar (PSB-MG), com 144.153 votos, e para deputado estadual Leandro Genaro (PSB-MG), com 127.868 votos, sendo o 3º mais votado.
 Deixe o seu comentário.
Fonte: TSE via Verdade Gospel

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O que é avivamento espiritual?

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Neste vídeo o Rev. Augustus Nicodemus Lopes fala sobre o que é avivamento espiritual. Palestra proferida no encontro de homens realizado em Goiânia, pela Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, em 4 de outubro de 2014. Assista:



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Fonte: PIPG - Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia
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terça-feira, 7 de outubro de 2014

A igreja desnecessária

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A Igreja cristã sempre sofreu todo tipo de ataque ao longo de sua trajetória por meio das investidas despóticas promovidas pelos impérios e nações cheios de ódio; por meio das agressões violentas proporcionadas pelos religiosos cheios de preconceito; e por meio das injúrias impiedosas promovidas pelos intelectuais ateus ou agnósticos cheios de orgulho e soberba. Dentre tais ataques, há um que se apresenta como a pior de todos, trata-se do acometimento sutil que nasce e se desenvolve dentro da própria Igreja para confundir os que querem se firmar na fé. Não foi à toa que certa vez Jesus alertou seus discípulos sobre o joio de Satanás que seria semeado em meio ao trigo do Senhor. Da mesma forma, o apóstolo Paulo, no final da sua vida, exortou Timóteo, um de seus sucessores no ministério pastoral, para que pregasse a Palavra sob qualquer circunstância, pois muitos cristãos nominais não iriam mais sustentar a sã doutrina, ao contrário, estariam sempre cercados de “pregadores” com mensagens favoráveis aos desejos pecaminosos. Também Judas afirmou que homens não tementes a Deus entrariam no meio do povo cristão sem serem notados para torcerem a mensagem da graça divina a fim de arranjarem uma desculpa para a vida imoral. Fica claro, então, que o ataque interno é o mais perigoso e destrutivo que existe. Portanto, resta saber como se dá esse ataque, quem são os inescrupulosos, o que ensinam e que tipo de igreja eles promovem e apresentam ao mercado.

Ao ponderarmos sobre este assunto com mais acuidade, descobriremos que não é difícil identificar tais igrejas hoje. Quero inicialmente fazer uma abordagem do ponto de vista teórico e do ponto de vista prático.

Do ponto de vista teórico, elas se caracterizam pela postura humanista. Para uma melhor compreensão, é importante estabelecer aqui a diferença entre o humanismo e o humanitarismo. Humanitarismo é a preocupação com a dignidade humana proporcionada pela liberdade, pela justiça imparcial e pela igualdade. É a luta para que as injustiças sociais promovidas por sistemas pecaminosos e opressores sejam exterminadas. É, afinal, a postura resultante da exortação do Senhor descrita pelo profeta Isaías ao afirmar que a santidade anda de mãos dadas com o humanitarismo: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas.” Já o humanismo vai muito além, é a tendência de alocar o homem no lugar de Deus. Embora o termo “humanismo” seja mais ou menos recente do ponto de vista da jornada humana neste mundo, a postura ocorre desde a tentação do Éden. Historicamente também o percebemos no discurso dos sofistas, na proposta da renascença, e no fulcro da modernidade até os dias de hoje. Ao contrário do que muita gente pensa, a referência dos humanistas não é o ser humano em relação a si mesmo, mas o ser humano em relação a Deus. É nesse sentido que entendemos as tendências que ficaram conhecidas por deísmo, agnosticismo, relativismo, panteísmo ou ateísmo.

Do ponto de vista prático, tais igrejas possuem uma preocupação obsessiva: o crescimento numérico. Isso não significa dizer que o crescimento de uma igreja seja algo errado, pelo contrário, cada cristão deve evangelizar com responsabilidade e ininterruptamente para que Deus possa alcançar os seus eleitos. A questão aqui não é a evangelização, e sim a forma que se utilizam para crescer. Há uma expressão que explica a metodologia utilizada, a expressão é “pescar em aquário”, que significa o crescimento pragmático em detrimento da qualidade e do comprometimento com a santa Lei. Em outras palavras, o alvo principal não são os que estão no mundo, o alvo principal são os que já estão em alguma igreja cristã. É a sedução pela célebre frase: “venha para a minha igreja porque ela é melhor do que a sua.” São entidades abarrotadas de professos de outras igrejas, é o crescimento cínico que acontece sem ética e sem compromisso.

Com base nesses dois pontos de vista, quero especificar algumas características específicas que ajudam na identificação desses grupos, ou seja, ressaltar os desdobramentos do humanismo que, oferecidos e barganhados em todos os setores da sociedade, envergonham o genuíno Evangelho. São os donativos que buscam seduzir e agradar ao homem em detrimento de Deus, são os atrativos estranhos às Escrituras. Há, ao meu ver, quatro tipos de igrejas: a do ceticismo, a do mercado, a do entretenimento e a do sectarismo.

A igreja do ceticismo. Muitos acreditam que, para tornar o cristianismo interessante à sociedade, devem encerrá-lo nos porões da ignorância e da ingenuidade. Afirmam que a Bíblia está cheia de mitos e de mensagens que não passam de metáforas textuais. É a adaptação da Igreja às críticas impiedosas das academias e dos que crêem que somente a ciência deve ser tida como um conhecimento confiável. A pressão ocorre sobre os que acreditam na inerrância e na total inspiração das Escrituras, é a tentativa de desmoralizar e envergonhar o cristão que passa a ser acusado de “néscio” e “fanático”. Os líderes sempre são simpáticos na convivência, mas implacáveis em suas afirmações. São indivíduos que tem causado muito mal aos eleitos de Deus, pois o único objetivo que possuem é a satisfação em se reconhecerem como intelectuais “amadurecidos” e inteligentes capazes de elaborar explicações racionalizadas que desprezam o sobrenatural e os milagres. Embora, de todos os movimentos perversos, este seja um dos menores grupos no cenário nacional, sua proposta sórdida é corrosiva e destruidora, levando os seus discípulos ao desespero e à desonestidade para com a convivência respeitosa entre o conhecimento teológico e o conhecimento filosófico e científico. Em suma, a igreja cética possui a vocação para reduzir o reino de Deus em um grande questionamento.

A igreja do mercado. Aqui temos o maior grupo no Brasil hoje. São as igrejas que transformam o cristianismo em um grande hipermercado de opções. As ofertas variam entre a possibilidade da boa saúde, de muito dinheiro no banco, do prestigio total, enfim, da total satisfação garantida. Basta pagar, e pagar caro, pelos serviços divinos para que possam usufruir das benesses que transformam o Deus justo e Santo em um melancólico despachante celestial “encurralado” por seus “súditos” cheios de “autoridade”. O principal objetivo de seus líderes é o enriquecimento fácil à custa da boa fé popular ou por meio da promiscuidade político-partidária que faz com que seus pastores estejam nas folhas de pagamento do setor público ou ainda pelo desvio do dinheiro público para o financiamento da construção dos templos destinados à negociata espiritual. Vale tudo para enganar: objetos sagrados, água do rio Jordão, óleo bento, teatralização da fé, etc. Além disso, a autoridade dos líderes migra do poder da Palavra para os títulos inusitados de “bispo”, “apóstolo”, “arcanjo” etc. Este é, sem dúvida alguma, o lado piegas e bizarro daqueles que destroem a fé bíblica por meio da perseguição ideológica e utilitarista. Em suma, a igreja do mercado possui a vocação para transformar o reino de Deus em um grande shopping center.

A igreja do entretenimento. Um dos pontos mais críticos nas igrejas hoje é a confusão entre show e culto. É quando o show se torna um culto e quando o culto se torna um show. O alvo principal não é agradar a Deus por meio da adoração, comunhão e louvor, mas entreter aos que estão presentes. O objetivo é fazer um culto “gostoso” aos participantes que buscam o bem-estar acima de qualquer outra prática. Não estou defendendo aqui o culto ranzinza, chato e destituído de alegria, o que estou dizendo é que o culto solene deve também conter temor e tremor, pois quanto mais enxergamos a graça de Deus, muito mais tememos diante desse Deus gracioso. Nesse contexto de que tudo é alegria, há também a disseminação de que a misericórdia de Deus existe apenas para afrouxar a busca pela santidade. Com isso desprezam a advertência do apóstolo Paulo quando diz: “Será que devemos viver pecando para que a graça de Deus aumente ainda mais? É claro que não! Nós já morremos para o pecado; então como podemos continuar vivendo nele?” Em suma, o que encontramos aqui é a oferta de um cristianismo sem revezes por utilizar os modelos do mundo em suas práticas. E se não há hostilidade por parte do mundo, logo se torna um cristianismo sem dor, sem sofrimento, sem repressão da cobiça, sem perseguição. É a doutrina que relativiza o pecado em detrimento dos valores a muito defendidos como: a virgindade até o casamento, a luta contra o divórcio, a incontaminação que nos afasta da licenciosidade das boates e das bebedeiras. Em suma, a igreja do entretenimento possui a vocação para transformar o reino de Deus em um grande parque temático.

A igreja do sectarismo. Não há nada pior nesse mundo que um espírito sectário. É triste perceber tantas pessoas que se arrogam afirmando que somente elas possuem o caminho verdadeiro. É óbvio que eu creio que há somente um caminho que conduz a Deus, esse caminho é Jesus, portanto não é nesse sentido que eu estou falando. O sentido dado aqui é a manipulação do Evangelho que passa a ser brutalmente desfigurado apenas para ufanar os indivíduos. Não é sem propósito que a esmagadora maioria destes grupos sempre afirma que a existência de suas igrejas está embasada num pseudo-propósito de Deus em retificar a sua igreja na terra, uma vez que já está farto das demais denominações cristãs. Afirmam também que a sua origem se deu por uma revelação direta a um líder específico. São grupos que colocam em pé de igualdade com as Escrituras tais revelações que, posteriormente, se tornaram livros sagrados. Como resultado, pregam dizendo que a salvação, a revelação divina, o usufruto das bênçãos, o contato com Deus só podem acontecer sob suas doutrinas particularmente reveladas. Logo, as demais igrejas são satânicas e proscritas. A triste conclusão é a de que há somente um único caminho que conduz a Deus, e esse caminho não é Jesus, esse caminho é a igreja que fundaram e defendem. Ao olhar para a minha própria igreja, contrastando-a com outras denominações fiéis ao Senhor, sempre me lembro que o Reino de Deus não está circunscrito a uma instituição, mas está sempre presente onde estão os eleitos de Deus. Em suma, a igreja sectária possui a vocação para transformar o reino de Deus em uma seita restrita.

Concluo dizendo três coisas: primeiro, embora o humanismo seja uma terminologia recente, sua essência, como já afirmei, existe desde a tentação no Éden, é a postura que sempre caminhou contra o povo de Deus; segundo, o Senhor sempre alertou o seu povo contra os falsos líderes, os falsos pastores, os falsos mestres cuja manifestação poderia até enganar um eleito: “...pois surgirão falsos ungidos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos. Estai vós de sobreaviso; tudo vos tenho predito.” Terceiro, a única arma contra tudo isso é a Palavra de Deus que deve ser lida, meditada e vivida. Infelizmente não há como se livrar de tantos erros disseminados, mas pelo menos, por meio da revelação especial de Deus, podemos conhecer a banda desnecessária da Igreja de Cristo.

Sola Scriptura.

Autor: Alfredo de Souza
Fonte: [ Blog do autor ]
Via: [ Emeurgência ]

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Silas Malafaia choca com imagens fortes e afirma: “Nem gays ou negros, quem mais sofre violência são os cristãos”; Assista

Por Tiago Chagas

Silas Malafaia choca com imagens fortes e afirma: “Nem gays ou negros, quem mais sofre violência são os cristãos”; Assista
O pastor Silas Malafaia publicou um vídeo com imagens chocantes do assassinato de cristãos pelos terroristas do Estado Islâmico para alertar os fiéis da perseguição que acontece contra os seguidores de Jesus ao redor do mundo.
No vídeo, Malafaia critica duramente a postura da presidente Dilma Rousseff (PT), que há dois anos discursou na Organização das Nações Unidas (ONU) e disse que existia no mundo um preconceito contra os muçulmanos.
“Em 2012, a presidente Dilma esteve na abertura da [Assembleia Geral] da ONU  e na ocasião ela dá uma palavra dizendo que no mundo existe uma ‘islamobofobia’. Eu quero dizer que a presidente está um bocado, ou estava e continua um bocado equivocada. Desde aquela época, no mundo não tem um ‘islamofobia’. Tem sim, uma contrariedade com o radicalismo islâmico, não com as pessoas que tem a fé no islamismo. ‘Islamofobia’ não tem no mundo”, opina o pastor.
Na sequência, Malafaia reproduz dados sobre a perseguição religiosa contra cristãos no mundo: “Em 2013, foram assassinados no mundo, 115 mil cristãos por causa da sua fé. Nenhum grupo social [sofreu perseguição como os cristãos]. Não tem homossexuais, negros, ninguém. O grupo social que teve o maior índice de violência contra eles foram os cristãos. Repito: 115 mil cristãos assassinados no mundo em 2013 pela sua fé”.
O pastor também comentou o discurso da presidente na Assembleia Geral da ONU este ano e, novamente, a criticou por não mencionar a perseguição contra cristãos nos demais países: “90% da nossa nação é cristã. A presidente Dilma esteve agora em 2014 na ONU. Em 2012, ela falou e defendeu o pessoal da fé islâmica. Em 2014 [no seu discurso] não tem uma palavra para falar da ‘cristofobia’ que é real e verdadeira no mundo. Não tem uma palavra da presidente da nação onde 90% dos brasileiros são cristãos”, lamenta Malafaia.
“Mas aí vem o pior: ela tem uma fala ambígua. Numa entrevista com jornalistas ela diz que [com] os terroristas do Estado Islâmico não deve haver confrontação, e sim diálogo. Gente, deixa eu falar uma coisa pra vocês: o Estado Islâmico não é uma nação. É um grupo terrorista dos mais cruéis que assassina cristãos na Síria e no Iraque, cometendo genocídio, tanto é que as nações do mundo, numa coalizão, querem combatê-los. Com terrorista assassino não tem diálogo, tem enfrentamento. Lamento a omissão da fala da presidente Dilma com os assassinatos em massa de cristãos em 2013”, dispara o pastor.
Em sua conclusão, após mostrar cenas fortíssimas do assassinato de cristãos em países onde os radicais islâmicos atuam, Silas Malafaia protesta contra a candidatura de Dilma à reeleição: “Essa mulher, nem pra ganhar para síndico de prédio merece, que dirá para presidente da nação onde 90% da população é cristã. Isso é uma afronta, uma vergonha. Onde é que estão os líderes evangélicos e católicos?”, questiona.
Assista ao desabafo do pastor Silas Malafaia:
Atualização: O vídeo foi “retirado do ar por petistas”, segundo declarações do pastor Silas Malafaia em seu Twitter. Segundo ele o PT “quer esconder os terroristas assassinos de cristãos que Dilma quer dialogar”.
Gospel+ conseguiu uma cópia do vídeo original do Pastor Silas Malafaia censurado no Youtube. Assista aqui:
Como esse vídeo também está publicado no YouTube, não sabemos quanto tempo ele permanecerá no ar, pois pode ser censurado também a qualquer momento.
Fonte:gospelmais

Uma agenda para o voto consciente

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Por Franklin Ferreira


Eu tenho ouvido: ‘Não traga a religião para a política’. É precisamente para este lugar que ela deveria ser trazida e colocada ali na frente de todos os homens como um candelabro” (C. H. Spurgeon).

Como se costuma dizer, “a política é o espaço do bem comum”, frase que pode ser entendida como uma forma de praticar o amor cristão. Afinal, é pela ação política que muitas pessoas no país podem ser beneficiadas pelo bem e pela justiça. Mas para que isso aconteça, é necessário que a prática política esteja fundamentada em valores éticos. Além disso, a transformação da conjuntura social de acordo com a cosmovisão cristã é, também, uma forma de evangelizar. Portanto, com o objetivo de propor o voto consciente e responsável aos cristãos evangélicos, sugerimos alguns elementos que deverão ser considerados na hora da sua escolha eleitoral:

1. Conheça bem o candidato que receberá o seu voto. Pesquise seu histórico pessoal, seus feitos, seus valores e suas propostas. Pesquise também suas promessas durante a campanha eleitoral, analisando se são plausíveis. Acompanhe as entrevistas que os candidatos concederem na mídia e compare o que cada um diz. Veja também se o candidato se porta com decência e se sua escala de valores é voltada para o interesse público. Se ele se identifica como cristão, é importante saber a que igreja ou comunidade ele está filiado e se ele a frequenta regularmente, buscando conselho e prestando-lhe contas. Enfim, não desperdice o seu voto com alguém de quem você nunca ouviu falar, sem saber as suas propostas e sua postura ética durante a campanha eleitoral.

2. Também considere se os projetos do candidato estão de acordo com os do partido ao qual ele está filiado, pois ao votar em um candidato você ao mesmo tempo vota num partido, ajudando a eleger candidatos do mesmo partido. Por isso, é preciso conhecer os programas e a filosofia do partido. No caso de candidatos evangélicos, é bom averiguar se estes e seus partidos não somente afirmam, mas estão comprometidos com a separação entre a Igreja e o Estado, lembrando que toda autoridade procede de Deus.

3. Lute contra todas as formas de corrupção, apoiando mecanismos de controle do uso do dinheiro público e das prioridades do governo; colaborando para que projetos tais como o Ficha Limpa, que tratem sobre a ética nas eleições, sejam conhecidos e aplicados; denunciando o uso da máquina administrativa federal, estadual ou municipal para favorecer determinados candidatos; em conformidade com a lei N.º 9.840/99, denunciando a compra de votos através de dinheiro, programas assistenciais ou promessas de vantagens pessoais, assim como quem obrigue os eleitores a votar em determinados candidatos, seja por meio de ameaças, seja através de pressão religiosa.

4. Apoie propostas que defendam a vida e a dignidade do ser humano em qualquer circunstância. Para a fé cristã, a vida humana é dom de Deus, desde a concepção no ventre materno até ao dia de sua morte. Portanto, proteger a vida inclui combater o aborto e a eutanásia; reprimir a violência por meio de políticas de segurança pública realistas; promover uma ética do trabalho que enfatize virtudes bíblicas, tais como honestidade, pontualidade, diligência, obediência ao quarto mandamento (“seis dias trabalharás”), obediência ao oitavo mandamento (“não furtarás”) e obediência ao décimo mandamento (“não cobiçarás”); defender o direito à propriedade privada como direito fundamental (cf. Êx 20.15, 17; 1Rs 21.1-29).

5. Verifique qual a proposta educacional do candidato, analisando se ele defende a qualidade e a liberdade do ensino, inclusive no âmbito religioso, promovendo uma escola digna e de qualidade. Confira também se ele promove as liberdades individuais, por meio do estabelecimento de normas gerais de conduta que redundem em liberdade de expressão, associação e de imprensa.

6. Rejeite candidatos e partidos com ênfases estatizantes e intervencionistas nas esferas familiar, eclesiástica, artística, trabalhista e escolar, que concebam um ambiente onde se tem pouca ou nenhuma liberdade pessoal e econômica. Para a fé cristã, a família, a igreja, o trabalho e a escola são esferas independentes do Estado, pois existem sem este, derivando sua autoridade somente de Deus. Logo, o papel do Estado é mediador, intervindo quando as diferentes esferas entram em conflito entre si ou para defender os fracos contra o abuso dos demais. Portanto, os cristãos devem não somente não apoiar, mas também resistir a um sistema político autoritário ou totalitário (cf. At 5.29; Ap 13.1-18).

7. Repudie ministros, igrejas ou denominações que tentem identificar determinada ideologia com o reino de Deus ou com a mensagem bíblica. Pois, como afirma a Declaração de Barmen [8.18], “rejeitamos a falsa doutrina de que à Igreja seria permitido substituir a forma da sua mensagem e organização, a seu bel-prazer ou de acordo com as respectivas convicções ideológicas e políticas reinantes”. A igreja, ao proclamar com fidelidade a Palavra de Deus, influencia o Estado, de modo que suas leis se conformem com a vontade de Deus, decorrendo daí consequências políticas de tal fidelidade ao chamado primário da comunidade cristã.

8. Apoie candidatos comprometidos com propostas e leis que sejam derivadas da lei de Deus, como revelada nas Escrituras, pois esta é a fonte absoluta e final da ética pessoal, eclesiástica e social. Há que se ter compromisso por parte do candidato com o contrato social, que é um acordo entre os membros de uma sociedade pelo qual reconhecem a autoridade sobre todos de um conjunto de regras, a Constituição, que limita o poder, organiza o Estado e define direitos e garantias fundamentais. 

9. Valorize candidatos e partidos comprometidos com o modelo republicano de governo, no qual a nação é governada pela lei constitucional e administrada por representantes eleitos pelo povo, assim como a divisão e a separação dos poderes executivo, legislativo e judiciário, de modo que nenhum governo ou ramo do governo monopolize o poder. Assim também valorize aqueles que respeitem a alternância do poder civil, que impede que um partido ou autoridade se perpetue no poder, assim como a defesa do pluralismo político e partidário. Portanto, devem-se rejeitar candidatos que apoiem o Decreto N.º 8.243, conhecido como Política Nacional de Participação Social (PNPS). Tal decreto fere a cláusula pétrea constitucional da autonomia e independência dos Poderes, e praticamente desmonta a democracia representativa, substituindo-a pela participação popular direta, indicada, nomeada e controlada por órgãos do Estado.

10. Apoie candidatos que enfatizem as funções primordiais do Estado, onde os governantes têm a obrigação de zelar pela segurança do povo, pela qual pagamos tributos (cf. Rm 13.1-7), assim como ressaltem a limitação do poder do Estado, pois a partir das Escrituras, entende-se que o governo civil não tem autoridade para cobrar impostos exorbitantes, redistribuir propriedades ou renda, criar zonas francas ou confiscar depósitos bancários.

Pedimos que o Cristo Rei, o único e absoluto soberano Senhor, nos sustente e nos conduza sempre em nossas opções políticas. Façamos destas eleições um gesto de amor a este país e a nossos irmãos e irmãs, para maior glória de Deus.

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Bibliografia:
• “A Declaração Teológica de Barmen”, em A Constituição da Igreja Presbiteriana Unida dos Estados Unidos da América, Parte 1: Livro de Confissões (São Paulo: Missão Presbiteriana do Brasil Central, 1969), 8.01-8.28.
• Johannes Althusius, Política (Rio de Janeiro: Top Books, 2003).
• João Calvino, As Institutas ou Tratado da Religião Cristã. ed. latina de 1559 (São Paulo: Cultura Cristã, 2006), IV.20.1-32.
• Wayne Grudem, Política segundo a Bíblia (São Paulo: Vida Nova, 2014).
• Abraham Kuyper, Calvinismo (São Paulo: Cultura Cristã, 2002).
• Augustus Nicodemus Lopes, Ética na política e a universidade: Carta de princípios 2006 (São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2006).
• Ives Gandra da Silva Martins, “Por um congresso inexpressivo”, Folha de São Paulo (10/06/2014). http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/06/1467665-ives-gandra-da-silva-martins-por-um-congresso-inexpressivo.shtml.
• Merval Pereira, “Desconstruindo a representação”, O Globo (08/06/2014). http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?blogadmin=true&cod_post=538649&ch=n.
• Francis Schaeffer, A igreja no século 21 (São Paulo: Cultura Cristã, 2010).
• C. H. Spurgeon, The Candle (Delivered on Lord’s-Day Morning, April 24, 1881, at The Metropolitan Tabernacle, Newington). http://www.spurgeongems.org/vols25-27/chs1594.pdf.
 Voto consciente: dever do cristão (Rio de Janeiro: Arquidiocese do Rio de Janeiro, s/d).

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Fonte: Teologia Brasileira

BISPO MANOEL FERREIRA DUVIDA DA FÉ DE MARINA SILVA, VOTA EM DILMA E FAZ CÔRO COM OS PETISTAS

Pare, leia, assista e Pense!

Por Antognoni Misael

Um vídeo recém divulgado nas redes sociais mostra o então Bispo Manoel Ferreira, da Igreja Assembléia de Deus Ministério Madureira declarando apoio a Dilma Rousseff e fazendo duras críticas a candidata do PSB Marina Silva.

O vídeo foi publicado pela campanha de Dilma em sua página no Facebook, onde, acredite, Ferreira diz duvidar que Marina Silva seja evangélica porque nunca a viu declarar publicamente sua fé cristã. Contrariando ao que falara antes, Manoel Ferreira, atrapalhado e aparentemente com a cauda presa, disse que escolheria Marina Silva para ser pastora por ela ser uma mulher de fé. Como assim?!

É bom relembrar que este líder assembleiano é seguidor das ideias do tal reverendo sul-coreano Sun Myung Moon, que dizia ter se encontrado com Jesus, que o teria inspirado a desenvolver uma doutrina com novas interpretações da Bíblia Sagrada. Em seguida, o mesmo Moon ganhou notoriedade pela heresia De dizer que era a “reencarnação” de Jesus Cristo.

Ferreira continuou o ataque dizendo que “não teria coragem de entregar a chave do carro para alguém que não sabe dirigir”, críticando a Marina Silva.

Gente, não vem ao caso se Marina Silva é ou não a melhor escolha para o Brasil, contudo, é de se pontuar que se existe alguém que deveria ter a sua fé posta em dúvida, eu elencaria o próprio Manuel Ferreira! Este líder tem causado vergonha ao Evangelho!! Dias atrás entregou o púlpito para Dilma destilar suas ideias e citar a Bíblia na tentativa de angariar votos de seu rebanho. Homem de má fé, de contradição, de cauda presa com os petistas. Dá nojo de assistir! Veja abaixo.

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Do Arte de Chocar para o Púlpito Cristão

O relativismo destrói a família!

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Por Pr. Julio Quirino


"A homossexualidade não é o desenho original de Deus para a raça humana e não ajuda no desenvolvimento da humanidade" - Tim Keller

Vejam neste vídeo a tática dos ateus e liberais, na tentativa de redefinir o que família significa. O que está por trás deste debate? Primeiro, eles ridicularizam quem não aprova a homossexualidade e afirmam que tudo deve ser resumido ao amor. O relativismo se torna a "regra absoluta". De acordo com eles, o propósito do casamento e da vida humana se resume somente em "tentar ser feliz". A regra deles é simples, se Deus ou o sagrado está te impedindo de "ser feliz", então, remova a ideia de Deus da sua vida. Neste modelo, o individualismo se torna a força motriz de uma sociedade.

Se Deus ou o sagrado já não ditam mais as regras da sociedade, um outro "deus" tomará o seu lugar. O nome deste deus é "EU". Tudo o que EU quero fazer devera se tornar LEI.

Se o meu sentimento (o amor) é o que define uma família, então, se um indivíduo se apaixonar por um animal e, por exemplo, quiser se casar com o seu "cachorro, cavalo ou bode", eles seriam uma família? E se um homem ama uma criança de 4, 7 ou 9 anos? E se um homem ama 4 ou 10 mulheres ao mesmo tempo? ou se uma mulher ama 10 homens ao mesmo tempo? Ou se um gay ama 20 gays ao mesmo tempo? "Swing" poderia ser uma forma normal de se viver a vida? Seriam todos considerados "família"? Quem poderia provar que não existe amor entre eles? Quem poderia restringir estas demonstrações de "amor" e dizer que elas são erradas?

Quais seriam as consequências desastrosas da confusão psicológica e emocional nos filhos adotados por casais gays? E se estes casais gays se divorciam, quantos pais ou mães gays a criança terá? 4? Estamos dispostos a sacrificar estas crianças e usá-las como cobaias por causa de uma experiência social?

O que os defensores dos direitos gays querem dizer é que a humanidade estaria muito melhor se nos parássemos de insistir que a família é constituída somente de um homem, uma mulher e seus filhos (de acordo com o plano de Deus) e que nós deveríamos adotar o conceito deles (sem deus) de família na qual poderia incluir qualquer coisa.

Eles estão dizendo que o conceito deles é melhor do que o nosso. Eles estão querendo nos "converter" para a "religião" deles, que não tem um Deus, nem moral ou ética especifica. Neste modelo, você decide o que é melhor para a sua vida. Nesta religião ateísta, você se torna o seu próprio deus, o seu próprio salvador e você decide o seu próprio destino.

Qual o propósito da vida? Ser meu próprio deus ou encontrar ao único e verdadeiro Deus? Jesus disse que aqueles que querem "ser felizes" (salvar a sua própria vida) irão perde-la: "Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará. Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Marcos 8:35-36)

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Sobre o autor: Julio Quirino é pastor Batista e missionário no Quênia/África, onde faz um importante trabalho evangelístico - principalmente de muçulmanos - naquele país há quase 15 anos. Contatos: comunicacao@miaf.org.br

Fonte: Perfil do autor no Facebook
Divulgação: Bereianos
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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Louvor e teologia: uma união inseparável

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Por Fabio Correia


1 - Quando cantamos cânticos de louvor e adoração a Deus, qual nossa intenção? Reconhecemos seus atributos, sua divindade; dizemos o quanto Ele é grande e majestoso. Em fim, o que queremos, em última análise, AGRADAR a DEUS. Agradar a Deus: esse é o objetivo do louvor.

2 - Conseguiremos agradar a Deus dizendo ou cantando coisas que são contrárias ao que Ele diz sobre Si mesmo, sobre o homem e sobre o mundo, nas Escrituras?

3 - Há pelo menos três grandes cosmovisões acerca do entendimento sobre Deus, sobre o homem e sobre o mundo, que influenciará, necessariamente, no que se dirá a Deus nos louvores, sempre com a intenção de AGRADÁ-LO. São elas: a) Calvinismo; b) Arminianismo; c) Pentecostalismo e suas variantes neopentecostais.

4 - Esses pressupostos teológicos se contradizem em muitos pontos. Ou seja, não existe possibilidade lógica de todos eles estarem certos, ao mesmo tempo, em determinados assuntos, pois são opiniões autoexcludentes. Por exemplo: o arminiano diz que o homem tem livre-arbítrio. O Calvinismo diz que o homem não tem mais livre-arbítrio. O pentecostal, que é arminiano por natureza, acredita em novas revelações, sonhos, dons de línguas, etc, os calvinistas e arminianos tradicionais, não.

5 - Então, como Calvinistas, Arminianos e Pentecostais podem AGRADAR a Deus com seus louvores? Dizendo ou cantando aquilo que consideram correto acerca de Deus, do mundo e do homem. Ora, se o arminiano entende que a doutrina da eleição é errada, como poderá cantar louvores que ensinam essa doutrina? Se o calvinista entende que a doutrina do livre-arbítrio é errada, como poderá cantar louvores que tenham essa conotação? Se tanto arminianos tradicionais quanto calvinistas entendem que os dons revelacionais cessaram, como poderão cantar louvores que falam e sugerem a existência de novas revelações?

6 - Não existe neutralidade em louvores ou afirmações religiosas. Necessariamente elas estarão defendendo uma dessas três grandes cosmovisões, em suas características peculiares;

7 - Cantar louvores é cantar doutrina, inevitavelmente, como sugeria Lutero.

8 - Se o objetivo do louvor congregacional é AGRADAR a Deus, sua igreja só pode cantar aquilo que, no entendimento dela, representa a interpretação correta do que Deus disse acerca de Si mesmo, do homem e do mundo;

9 - Todos que são diretamente ligados ao louvor da igreja, especialmente os líderes, devem conhecer, de forma muito clara, qual é o entendimento doutrinário da sua igreja, sob pena de estar levando a congregação a cantar coisas que DESAGRADAM a Deus, do ponto de vista da cosmovisão doutrinária assumida por esta igreja. Por isso, os responsáveis pelo louvor no VT eram, via de regra, sacerdotes; portanto, conhecedores do entendimento doutrinário.

10 - Igrejas Calvinistas não devem cantar louvores com ensinamentos Arminianos. Igrejas Arminianas não devem cantar louvores com ensinamentos Calvinstas. Igrejas Calvinistas e Arminianas tradicionais não devem cantar louvores com ensinamentos Pentecostais. Igrejas pentecostais não devem cantar louvores com ensinamentos calvinistas e/ou tradicionais.

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Fonte: Filosofia Calvinista

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Alimentando ovelhas ou divertindo bodes?

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Por Thiago Azevedo

Em dias atuais esta é a pergunta que não quer calar. Ela não é recente, Charles Spurgeon, mais conhecido como o príncipe dos pregadores, teceu-a em um artigo disponível no site Monergismo (acessado em 22/09/2014). Nunca se viu a igreja entretendo tanto o povo ao invés de pregar o evangelho, nunca se viu “pastores” que mais parecem animadores de auditórios ou comediantes de stand up comedydivertindo a massa. Nunca se viu tanta artimanha para atrair os bodes, e, enquanto isso, as ovelhas ficam numa dieta forçada, com pouco alimento consubstanciado e nutritivo – e em alguns casos, nem alimento tem. Estes líderes precisam entender conforme o velho jargão que há nos círculos cristãos “Comida de ovelha todo bode come, mas comida de bode, ovelha não come”.

Por que tanta preocupação em agradar os bodes, em atrair os incrédulos e em fazer o evangelho parecer algo divertido e pitoresco ao invés de alimentar as ovelhas em pastos verdejantes? Na atualidade, as igrejas realizam tantas festividades voltadas para o incrédulo que acabam se esquecendo das ovelhas que estão em seu ambiente. Em certa ocasião, tive acesso ao calendário anual de uma determinada igreja e lá constava mais cultos e festas voltadas para o lado de fora da igreja do que algo voltado para os fiéis daquela instituição. Não estou querendo dizer com isso que estas atividades externas não devam existir, mas a atenção maior, sem dúvida, deve ser dada aqueles que estão no lado de dentro da igreja, isso conforme o próprio texto bíblico de 1Tm 5:8. Deve haver uma preocupação primária com os da família da fé. A proposta-mor destes líderes do evangelho humorístico e banalizado, voltado apenas para o incrédulo é a aliança com o mundo. Eles baixam o nível do evangelho para que este seja visto como acessível, retiram a exclusividade de Cristo da pregação, entendendo que isso cria uma barreira para os incrédulos. Omitem preciosas doutrinas bíblicas só para que o evangelho pareça algo diferente daquele que foi pregado pelos apóstolos e pais da igreja.

O reverendo Renato Vargens, em seu livro “Reforma agora”, mostra a gama de falsos apóstolos que proferem interpretações bíblicas, se gabando destas interpretações particulares serem mais valiosas que os ensinos dos próprios apóstolos. Recentemente, um líder religioso de uma dessas igrejas, que mais parece um grande picadeiro, teceu a seguinte frase: “Paulo não compreendeu o que Deus quis dizer nesta passagem, e eu irei mostrar a todos o que de fato Deus queria aqui”. Perceba o tom de superioridade e a carga maligna destas palavras. Comportamento bem distinto dos apóstolos de Cristo do primeiro século que, além de humildes, tinham as Escrituras como sendo sua base Jo 3:30 / 2Tm 4:2. Por sinal, no texto citado de Timóteo a recomendação de Paulo é a pregação da palavra e não para contar piadas ou para entreter o povo. Inclusive, Paulo alerta o jovem pastor Timóteo dos tempos que surgiriam homens que iriam repudiar a sã doutrina e com coceiras no ouvido, segundo seus próprios desejos, juntarão mestres para si mesmos (2Tm 4:3).

A gama acachapante de homens que desejam que os holofotes e todas as atenções estejam voltadas para eles é realmente surpreendente. O princípio de Jo 3:30 cai por terra. Em Ef. 4:11 as Escrituras relatam que Deus deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores. A Bíblia, em lugar nenhum, diz que Deus levantou um ministério do entretenimento ou da comédia, dando este dom a alguém – isso não passa de invenção do homem. Em certa ocasião, certo “pastor” pregou mais de 40 minutos e nem sequer a Bíblia abriu. Este homem contou toda sua história e trajetória de vida, aliando risadagem e contos engraçados. A plateia se deleitava enquanto eu voltava para casa – e eu ainda fiquei com fama de herege. Em outra ocasião, conversando com um amigo, este me disse que o verdadeiro pastor é aquele que abre a Bíblia, lê um texto, e depois disso fecha a Bíblia e prega com ela fechada. Em amor, lhe expliquei que isso não procede. A omissão da Bíblia é uma estratégia para que não se compare ou se avalie o que está sendo dito. Durante mil anos a humanidade sofreu com isso. O que muitas vezes contribui com este panorama é a própria falta de entendimento e ignorância do povo (Os 4:6). Pois, pautados pela a ideia de que julgar não é dever nosso, e este entendimento provém de uma interpretação pobre de Mt 7:1.

Alguns dão campo para atuação destes falsos mestres e, com isso, permitem que a igreja se torne um circo e uma fonte de entretenimento, direcionada mais para quem se encontra fora dos portões dela. A Bíblia nos traz vários textos que alertam acerca de falsos prodígios e sinais, mentiras e falsidade, são eles: (Mateus 24:4; 2 Coríntios 11:13-15; 2 Timóteo 3:13; Apocalipse 13:13-14; 16:13-14). Se acreditarmos na Bíblia, podemos esperar uma abundância de falsos milagres. Logo, como se deve avaliar se tudo isso é verdadeiro ou como se deve avaliar a postura de um líder? A resposta é JULGANDO DE ACORDO COM AS ESCRITURAS! João adverte para testar os espíritos em 1Jo 4:1. Também adverte acerca daqueles que não são de Deus (1 Jo 4:6). Era mais ou menos o comportamento dos cristãos de Bereia (At 17:10-11) que examinavam o ensinamento de Paulo e de quaisquer outros pela Escritura. As Escrituras são o crivo, e não se o sujeito é ou não cômico ou promove entretenimento. O final do versículo 11 do texto supracitado diz que os cristãos de Bereia examinavam diariamente as Escrituras para ver se os ensinos procediam. Deve ser por isso que cada vez mais as igrejas estão se tornando verdadeiros parques de diversão e as ovelhas estão famintas e desnutridas, em paralelo, os bodes estão cada vez mais robustos e cevados pelo fato de serem alimentados constantemente.

Não há mais o costume de examinar as Escrituras e confrontar o que está sendo dito e o que está errado. De certa forma, há um regresso aos tempos medievais, vive-se na atualidade uma nova idade média, onde a Bíblia tem - cada vez mais caído no esquecimento e na omissão. Isso é fruto da estratégia maligna de alguns líderes tendenciosos. Em Gálatas 1:8-9 Paulo diz que ainda que ele ou um anjo que venha do céu pregue algo diferente, seja este amaldiçoado. Como saberá se é diferente ou não? Por meio das Escrituras Sagradas. Em outras palavras, é como se Paulo estivesse dizendo que ele mesmo, o seu ensino, devia ser confrontado para ver se era ou não verdadeiro. Por que, na atualidade, não vemos os líderes fazendo esta proposta? Por que os pastores atuais não pedem para os fiéis procurarem na Bíblia onde constam estes tipos de ensino como: ungir objetos, dízimos astronômicos, correntes de fé, copo com água santificada ou vendas de objetos santos que transmitem graça? Ou ainda, por que os líderes da atualidade não pedem para os fiéis procurarem nas Escrituras onde existe o ensino de que é preciso fazer algo para alcançar a salvação? Muitos até têm atribuído graça salvífica a certos objetos. Ou seja, ou adquire e vai para o céu ou não adquire e vai para o inferno. É ou não é um medievocontemporâneo? Sim.

A resposta para as demais perguntas é a seguinte: Os “líderes e pastores” contemporâneos não pedem que os fiéis consultem a Bíblia à procura destas aberrações porque não há nenhuma passagem bíblica que corrobore com estes sacrilégios heréticos. Isso tudo não passa de ração para bodes, e este tipo de alimento ovelha não come. Na atualidade não se deve avaliar os líderes religiosos pelo o que os mesmos proferem, eles são adeptos de uma verborragia clássica, ou seja, dizem que amam as Escrituras, que creem na graça salvífica, que creem na justificação pela fé e na soberania de Deus na salvação. Mas, as práticas e as atitudes destes líderes os denunciam veementemente.

Há um dito puritano que se deve fazer uso no ambiente eclesiástico tupiniquim: “Aquilo que alguém faz fala mais alto que suas próprias palavras”. Alguns líderes têm um discurso bonito quanto às verdades bíblicas, mas os seus atos mostram que são filhos do Diabo. Estes líderes realizam campanha para que se alcance graça salvadora, uns ainda dizem que quem não contribui não vai para o céu e outros líderes chegam até a vender lugar no céu. Outros colocam um óleo perfumado em um patamar mais elevado que a própria oração etc. Estes líderes são, de fato, muito habilidosos quando o assunto é alimentar seus bodes e desprezar as ovelhas. Portanto, a convivência entre bodes e ovelhas não cessará tão cedo, os bodes podem muito bem se alimentar na comida das ovelhas – eles até gostam –, mas, infelizmente, alguns falsos pastores preferem privar as ovelhas de um bom alimento e alimentar tão somente os seus cabritos.

É por isso que as ovelhas andam desnutridas. Mas, com toda convicção, há pastos saudáveis e verdadeiros pastores que ainda se preocupam em alimentar suas ovelhas com alimento nutritivo, como fez o pastor do Salmo 23. Como ovelha, aconselho que haja uma procura por pastos saudáveis e por pastores comprometidos em alimentar primariamente seu rebanho, e, ao encontrá-los, possa de fato usufruir e se deleitar numa boa alimentação e num bom pastoreio, sobretudo, no Pastor dos pastores que se encontra na pessoa de Deus.
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Divulgação: Bereianos

domingo, 28 de setembro de 2014

Perdão



Por Abraham Booth


O perdão do pecado é aquilo que o pecador espiritualmente despertado mais deseja. Todavia, é possível o perdão? Sem a Bíblia jamais saberíamos se tal perdão seria possível. Vemos, nas Escrituras, que Deus fala de Sua misericórdia desde os dias mais antigos: "O Senhor... perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado" (Ex. 34:7).

Na Bíblia Deus fala de muitos modos a respeito do Seu perdão, como também sobre a pecaminosidade humana, de muitas maneiras diferentes. Os pecadores são descritos como "corrompidos" e "abomináveis". O perdão de Deus é descrito como "limpeza" e "cobertura". Os pecadores são descritos como "devedores" e "sobrecarregados". O perdão é apresentado como "apagador" de dívidas e como "levantador" do abatido. As ofensas "vermelhas" são tornadas brancas "mais que a neve". O perdão de Deus é inteiramente adequado ao teu pecado!

O perdão de Deus para o pecado é gratuito, pleno e eterno. Estes três aspectos merecem considerações mais detalhadas, para mostrar quão completamente Deus na Sua misericórdia perdoa os pecadores.

Este perdão é gratuito. Não há condições para serem cumpridas antes dele ser dado. Os exemplos das Escrituras tornam isso bem claro. Que condições Saulo de Tarso teve de cumprir antes de ser perdoado? Nenhuma! Ele era um inimigo de Deus. Foi perdoado não porque tivesse cumprido certas condições, mas, "para que em mim, o principal pecador, evidenciasse Jesus Cristo a Sua completa longanimidade e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna" (I Tim. 1:16). Paulo, sem merecer, foi perdoado como "um modelo" para nós, da graça perdoadora de Deus.

Que condições Zaqueu, ou a samaritana, ou o carcereiro de Filipos cumpriram para obterem o perdão? Nenhuma, de fato! Nenhum deles merecia ser perdoado. Outros exemplos também poderiam ser citados, porém contentar-me-ei com apenas mais um. Que condições o ladrão moribundo teve de cumprir para ser perdoado? Também nenhuma! Ele era um notório pecador. Teria ele razão para esperar uma resposta feliz à sua oração: "Lembra-te de mim..."? Seu perdão foi unicamente um ato da graça de Deus! E o fato de só ele ter sido perdoado, dos dois ladrões, é um ato da graça discriminativa.

Ainda que este perdão seja gratuito para os pecadores, nunca devemos esquecer-nos de que Cristo pagou um alto preço por ele. Perdão para a menor das nossas ofensas só se tornou possível porque Cristo cumpriu as mais aflitivas condições, — Sua encarnação, Sua perfeita obediência à lei divina e Sua morte na cruz. O perdão que é absolutamente gratuito ao pecador teve um alto custo para o Salvador. Entretanto, no exato momento de pagar esse preço, como para mostrar que ele não foi pago em favor de pessoas justas ou dignas aos seus próprios olhos, Jesus moribundo perdoou livremente o ladrão. É evidente que o perdão vem pela graça, e a graça é favor dado sem o cumprimento de quaisquer condições preestabelecidas.

Penso que já foram apresentados fatos suficientes para provar que o perdão é gratuito. Eu poderia facilmente acrescentar outros fatos. Mas deixo-os de lado e só quero lembrar-te de um versículo marcante: "Quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de Seu Filho" (Rom. 5:10). Está claro, então, que o perdão não foi dado por qualquer coisa boa que tais "inimigos" tivessem feito!

Em segundo lugar, este perdão é pleno. Mesmo só um pecado traz a maldição da lei sobre o pecador. O perdão deve ser pleno o suficiente para incluir cada pecado, e deve abranger os piores pecados, não importando quão perversos eles sejam, ou de outro modo tal perdão seria inadequado. Uma pessoa com um só pecado não perdoado, está perdida.

O sangue de Cristo tem valor infinito por causa da gloriosa dignidade d Aquele que o derramou. A morte de Cristo é capaz de "nos purificar de toda injustiça" (I Jo. 1:9), e isso significa que nos pode purificar de cada pecado, por pior que seja, e de todos os pecados, não importando quão numerosos sejam eles.

Podemos muito bem clamar: "Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e esqueces da rebelião do restante da tua herança. O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade. Tornará a apiedar-se de nós; subjugará as nossas iniquidades, e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar" (Miq. 7:18-19).

Venha, então, trêmulo pecador! Pense nas riquezas da graça! Não permitas que nenhum pecado, ou mesmo uma multidão deles, te leve ao desespero. Deus nunca confere o Seu favor por causa do merecimento do pecador e nunca o nega por causa do seu demérito. A graça é livre e plena. Descanse sobre esta verdade!

Em terceiro lugar, o perdão é para sempre. Esta é a coroação final de um perdão completo. Ele é irreversível. As Escrituras dizem isto claramente: "... de seus pecados não me lembrarei mais" (Heb. 8:12). Esta promessa não é condicional, e sim absoluta. Não depende do perfeito comportamento subsequente do pecador (Se dependesse, então esse perdão certamente fracassaria e não poderia ser mantido). Depende do valor eterno da morte expiatória do Senhor e da inabalável fidelidade de Deus. "Quanto está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões" (Sal. 103:12). "Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica" (Rom. 8:33). Estas fortes expressões significam que o perdão jamais poderá ser revertido.

O fato de Deus castigar Seus filhos quando eles pecam, não significa que eles possam perder o seu perdão. O castigo que lhes impõe é evidência do Seu amor e do Seu interesse por eles, e não um sinal de que os está rejeitando.

O fato dos crentes orarem continuamente para que Deus lhes perdoe os pecados, não significa que eles já não estejam perdoados. Eles buscam a consciência de que foram perdoados. Não vamos imaginar que toda vez que eles pecam, arrependem-se, confessam o seu pecado e pedem perdão, Deus realiza novos atos de perdão. Contudo, eles precisam conscientizar-se sempre de que o perdão já lhes pertence, por serem filhos de Deus.

Quão glorioso, portanto, é o perdão que procede da graça de Deus. Quão completo é esse perdão! Nada existe que possa levar o pior pecador a deixar de pedi-lo. Ninguém tem razão para dizer: "Infelizmente, meus pecados são enormes demais!"

"Que diremos, pois, permaneceremos no pecado para que a graça abunde? De modo nenhum" (Rom. 6:1-2). Antes, o pecador perdoado dirá com a mais profunda gratidão: "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome... (porque) é ele que perdoa todas as tuas iniquidades" (Sal. 103:1,3).

"O perdão de Deus é da mesma natureza dEle. Não é estreito, difícil, frio, restrito e condicionado como o perdão que impera entre os homens; mas é pleno, livre, insondável, sem limites, absoluto — é da mesma natureza das excelências de Deus. Lembrem-se disso, pobres almas, quando tiverem de tratar com Deus a respeito deste assunto. O perdão não é merecido por obras piedosas realizadas antes, porém, é o mais forte motivo para se viver piedosamente depois de recebê-lo. Aquele que não aceita o perdão, a não ser que possa merecê-lo de uma forma ou de outra, não participará dele. Aquele que presume tê-lo recebido, e não se sente obrigado a ser obediente a Deus por causa do perdão que recebeu, na verdade não goza dele!"

Leitor, um tal perdão não seria próprio para você? Almeja ser perdoado? Então, olhe para Jesus que morreu por você. Isso que tanto deseja é um dom livre que se tornou possível por causa do Seu sacrifício a favor dos pecadores.

Você já está perdoado? Então o teu coração deve estar cheio de santo amor pelo Senhor e de compaixão para com qualquer que te ofenda. Aquele que se considera perdoado, mas não perdoa aos outros, "é mentiroso" (I Jo. 4:20).


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Fonte: The Reign of Grace
Tradução: Josemar Bessa
Via: Josemar Bessa
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