sexta-feira, 6 de junho de 2014

O CONHECIMENTO EXAUSTIVO DE DEUS SOBRE O FUTURO




por John Frame

 
[...] A responsividade divina observada nas Escrituras não nos refuta a crença no decreto eterno e na presciência exaustiva de Deus. Mas a Escritura dá testemunho da presciência eterna de Deus?

A Escritura tipicamente nos mostra o conhecimento de Deus sobre o futuro através do fenômeno da profecia. Um aspecto da profecia é a predição de eventos futuros. Além disso, uma evidência que revela um verdadeiro profeta é que suas predições sobre eventos futuros deve ser verdadeira (Dt 18.22). Em Isaías, Deus desafia os deuses das outras nações a predizerem o futuro, sabendo que somente ele é capaz de fazer isso (Is 41.21-23; 42.9; 43.9-12; 44.7; 46.10; 48:3-7).
Os teístas relacionais concordam que há um elemento preditivo na profecia, mas insistem em que esse elemento preditivo não implica que Deus tenha presciência exaustiva. Para mostrar isso, eles enumeram três tipos de profecia:
Uma profecia pode expressar a intenção de Deus em fazer alguma coisa no futuro, independente da decisão da criatura. Se a vontade de Deus é a única condição exigida para que alguma coisa aconteça, se a cooperação humana não está envolvida, então Deus pode garantir seu cumprimento de forma unilateral e pode anunciar essecumprimento com antecedência... Uma profecia também pode expressar o conhecimento que Deus tem de que alguma coisa acontecerá porque as condições necessárias para isso foram cumpridas e nada pode evitá-la. Na época em que Deus predisse a Moisés o comportamento de Faraó, o caráter desse governante era tão rígido que seu comportamento era totalmente previsível... Uma profecia também pode expressar o que Deus quer fazer se certas condições forem cumpridas. 
Eu concordo que na Escritura há profecias de todos esses tipos. Eu discuti acima as profecias condicionais, e é claro que eu admito que Deus pode anunciar suas próprias ações independentemente da decisão das criaturas. O segundo tipo de profecia que Rice menciona deve ser problemático para os teístas relacionais, porque (como foi mencionado anteriormente com relação à interpretação deBoyd sobre Judas) ela sugere que algumas decisões humanas (a decisão de Faraó, na citação de Rice) são moralmente responsáveis, muito embora elas claramente não sejam livres no sentido libertarista. É estranho ver os teístas relacionais falando em “condições necessárias” para o comportamento de uma pessoa e usando termos como “rígido” e “totalmente previsível” – linguagem determinista em apoio à posição libertarista! É claro que, para os teístas relacionais, Faraó e Judas se endureceram antes de seu endurecimento se tornar irreversível, isto é, uma vez que o endurecimento surgiu, Deus fez com que essas pessoas fossem responsáveis por ações que não podiam ser evitadas.
Eu creio, contudo, que, além das profecias desse tipo, há outros tipos que (1) não afirmam simplesmente as intenções divinas, mas dependem, para seu cumprimento, das escolhas humanas; (2) implicam em que as decisões de Deus determinam as escolhas humanas; e (3) não são meramente condicionais.
Considere, como exemplos, as antigas profecias da história do povo de Deus, dadas por Deus a Noé (Gn 9.26, 27), Abraão (Gn 15.13-16), Isaque (Gn 27.27-  29, 39, 40), Jacó (Gn 49.1-28), Balaão (Nm 23 – 24) e Moisés (Dt 32.1-43; 33.1-29). Aqui Deus anuncia (de forma categórica, e não condicional), com muitos séculos de antecedência, o caráter e a história dos patriarcas e de seus descendentes. Essas profecias antecipam incontáveis decisões livres de seres humanos, muito tempo antes que qualquer um dos envolvidos tivesse tempo de formar seu caráter.
Em 1Samuel 10.1-7, o profeta Samuel diz a Saul que, depois que deixa Samuel, encontrará três homens, e mais adiante um grupo de profetas. Samuel lhe diz precisamente o que os três homens levarão e quais serão os acontecimentos da jornada. Através de Samuel, Deus claramente antecipa em detalhes as decisões livres dos homens e profetas sem nome, tanto quanto os eventos da jornada. Compare um registro semelhantemente detalhado dos movimentos de um inimigo de guerra em Jeremias 37.6-11.
Em 1Reis 13.1-4, Deus, através do profeta, diz ao ímpio rei Jeroboão que levantará um rei fiel, chamado Josias. Essa profecia foi feita três séculos antes do nascimento real do rei Josias. Compare referências em Isaías 44.28 – 45.13 ao rei persa Ciro aproximadamente um século antes de seu nascimento. Muitos casamentos, muitas combinações de esperma e óvulo, muitas decisões humanas foram necessárias para que esses indivíduos fossem concebidos, nascessem, assumissem o trono e cumprissem essas profecias. Esses textos pressupõem que Deus sabe como todas essas contingências serão cumpridas. O mesmo é verdade com relação a Jeremias 1.5, onde se diz que Deus conhecia Jeremias antes que ele estivesse no ventre materno e o designou para ser um profeta. Compare também a conversa entre Elias e Hazael da Síria, em 2Reis 8.12, e a detalhada cronologia futura em Daniel 9.20-27 sobre a vida dos impérios e a vinda do Messias. 

A Escritura não é duvidosa ao mostrar como Deus consegue esse conhecimento extraordinário. Deus conhece, como eu disse anteriormente, porque ele controla todos os eventos da natureza e da história por seu próprio plano sábio. Deus faz tudo de acordo comsua sabedoria (Sl 104.24) e realiza tudo de conformidade com o propósito de sua vontade (Ef 1.11). Portanto, Deus sabe tudo sobre as estrelas celestiais (Gn 1.15; Sl 147.4; Is 40.26; Jr 33.22) e sobre os menores detalhes do mundo natural (Sl 50.10, 11; 56.8; Mt 10.30). “Deus o sabe” é uma forma de expressão semelhante a um juramento (2Co 11.11; 12.2, 3) que garante a verdade das palavras humanas sobre o pressuposto de que o conhecimento de Deus é exaustivo, universal e infalível. O conhecimento de Deus é conhecimento absoluto, uma perfeição pela qual ele deve ser louvado (Sl 139.17, 18; Is 40.28; Rm 11.33-36).  

Dessa forma, “Deus conhece todas as coisas” (1Jo 3.20) e  

Não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13).  

Esse conhecimento inclui o conhecimento exaustivo do futuro? Considerando a inadequação dos argumentos dos teístas relacionais, a forte ênfase da Escritura sobre o conhecimento exaustivo de Deus sobre o futuro e o ensino bíblico de que o plano de Deus abrange toda a história, nós devemos dizer que sim.

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Fonte: Eu não sei mais em quem eu tenho crido - Douglas Wilson (org.) - São Paulo: Cultura Cristã, 2006. Págs. 79-81
Do blog Bereianos.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

O Estado não tem Autoridade Paterna

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Por Lucas G. Freire


Uma das grandes evoluções na história do direito foi a diferenciação dos tipos de autoridade e a ‘especialização’, por assim dizer, de cada tipo em uma esfera diferente. Embora essa diferenciação tenha raramente saído do papel, foi de fato uma grande conquista histórica no pensamento ocidental. Na medida em que demonstra uma aproximação ao princípio bíblico da autoridade limitada, essa diferenciação deve ser bem vista pelo cristão reformado.

Para ilustrar o que eu quero dizer com isso, basta olhar para as prerrogativas do pater familias, o pai de família, no lar da antiguidade romana. Podia ser um patriarca neste sentido somente um homem que fosse cidadão pleno em Roma. A liderança do pai de família era inquestionável e abrangia (ao menos em potencial) todos os aspectos da vida.

A vida e a morte de cada membro do domicílio (em alguns casos, incluindo a esposa) estavam ‘sob a mão’ do pai de família. Os filhos e empregados daquela casa deveriam se sujeitar à liderança patriarcal com devoção e dedicação. Se quisesse, o patriarca tinha até mesmo o direito vender seus filhos para serem escravos. E pior: tinha o dever de matar seu bebê que nascesse deficiente.

Hoje em dia não é assim. Ao menos nos países influenciados por uma cultura que foi cristã no passado. Uma cultura que, ao invés de ‘batizar’ esse patriarcalismo exacerbado, fez uma reflexão crítica e usou o próprio princípio dos grandes pensadores da antiguidade para defender, contra os antigos, a diferenciação das esferas de autoridade. Por consequência, essa cultura, apesar de manter a autoridade dos pais dentro casa, foi tirando dela qualquer excesso ilegítimo.

O cristão confessa que o Estado tem o poder da espada para combater a agressão criminosa e violenta. O cristão não confessa que o pai de família tem a autoridade de coagir dessa forma. Nesse sentido, o cristão, mesmo ao defender os chamados ‘valores tradicionais de família’ jamais defenderá o direito do pai de escravizar seus filhos, violentar a esposa e agredir qualquer pessoa que esteja sob sua proteção paternal. O pai cristão não tem poder de vida e morte sobre os membros de seu domicílio. Ponto.

Ao mesmo tempo, o cristão confessa sua fé na bíblia como relevante para os dias de hoje. Uma das prerrogativas que a bíblia concede aos pais como autoridades no lar é a da punição corporal. A bíblia não entra em detalhe, mas uma coisa é bem clara: palmada é uma coisa. Violência doméstica é outra. O pai que não sabe a diferença entre os dois deve ser castigado não somente pela autoridade eclesiástica (que, com as chaves do céu, pode chegar a ponto de excomungar o pecador que não se arrepende), mas também pela autoridade civil (que, com o poder da espada, tem a prerrogativa de combater crimes violentos como os desse tipo).

Se palmada é uma coisa e violência doméstica é outra, então a discussão muda de nível. Quando a dita ‘Lei da Palmada‘ é discutida, ela coloca “castigo corporal” em paralelo com “tratamento cruel e degradante”. O legislador que faz isso apaga a distinção milenar e praticamente universal entre palmada e violência doméstica.

Lei da Palmada é uma falsa denúncia de concentração de autoridade doméstica nos pais. Já existem leis contra a agressão. Leis que, por sinal, têm sido mal aplicadas, a julgar pelo número de casos de violência doméstica que ainda ocorrem. O que a Lei da Palmada quer mudar, na verdade, diz respeito à ‘palmada’ e não à violência doméstica em si. Em outras palavras, a Lei da Palmada quer regulamentar o método de educar os filhos. O Estado quer aprovar um método mais ‘progressivo’ e rejeitar o método mais ‘tradicional.’

Repare: a palmada tem eficácia bastante limitada dependendo da situação. Qualquer psicólogo irá atestar que, a partir de uma certa idade, a criança é capaz de ser persuadida e de entender um comando verbal. É só numa janela limitada de tempo que a palmada é eficaz para educar. Nessa janela, a criança ainda é pequena e a força requerida para o efeito desejado é mínima se comparada à força exercida no fenômeno da violência doméstica. Não há como confundir as duas coisas.

Por esse e outros motivos é necessário manter a distinção entre palmada e violência doméstica. Ao procurar regulamentar a palmada, o Estado brasileiro não tem buscado limitar a autoridade dos pais à esfera do lar, e sim inflar a autoridade estatal para ocupar a esfera da criação de filhos. Isso não surpreende. A história do sistema educacional público e da legislação de ‘moral e bons costumes’ está aí para comprovar que o Estado de fato quer ser pai, mãe e babá de todos.

O caso da Lei da Palmada nos alerta para algumas coisas importantes. Primeiro, é essencial manter o princípio da pluralidade e da diferenciação das esferas de autoridade. A autoridade paterna ou materna não é total. A autoridade estatal também não. Essas duas autoridades não se confundem. As duas esferas não se confundem. Elas só se confundem na autoridade divina. Somente Deus é ao mesmo tempo Pai e Juiz, Cabeça e Rei. Ao vermos legislação desse tipo, é importante ver qual distorção tem ocorrido, mesmo que a lei alegadamente defenda um princípio de autoridade limitada.

Segundo, onde houver violência e agressão existe espaço para o agente que faz uso legítimo da punição justa à violência e agressão. No nosso mundo contemporâneo, temos esse agente chamado ‘Estado’ que, em tese, deveria se limitar a cumprir esse papel mas, na verdade tem sido ele mesmo agressor ilegítimo. O caso da Lei da Palmada ilustra mais uma vez essa violação dos limites da autoridade civil. O cristão reformado não se engane. Parafraseando Sto. Agostinho: o Estado sem justiça é praticamente uma máfia de salteadores.

Por fim, existe também o perigo de estarmos defendendo um princípio aqui e contrariando o mesmo princípio em outro assunto. Você não quer que o Estado decida como você deve educar seu filho, e você está disposto a aceitar que o Estado tem a prerrogativa de punir a agressão quando ela ocorrer. Pois bem. Quando o assunto da ‘moral e bons costumes’ aparecer, pense duas vezes antes de defender o gigantismo estatal para impor de cima para baixo os ‘valores tradicionais’ que você deseja que se espalhem no mundo à sua volta.

O cristão reformado crê no poder transformador do evangelho. Esse poder o Estado não tem. Quer usar a política para ver uma cultura mais cristã? Um bom começo é parar de defender o Estado babá e começar a defender a noção de que cada um deve agir de forma responsável. E não se esqueça de confiar mais no poder transformador do evangelho. Fazendo assim, você estará avançando um passo na direção de praticar um princípio que mal tem saído do papel e já tem dado muito bom fruto na nossa civilização: o princípio da autoridade limitada.

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Fonte: Política Reformada

Leia também: A Lei da Palmada e o desafio cristão
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O ato de profetizar e determinar: uma análise histórica, teológica e apologética - 2/3

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Por Leonardo Dâmaso


2. Análise teológica

Conforme esboçamos na introdução, as palavras “profetizar e determinar (ou decretar)” não são sinônimos, isto é, não possuem o mesmo significado, porém estão ligadas entre si. Analisarei o ato de “determinar ou decretar bênçãos” na parte apologética deste ensaio. Desse modo, vejamos, a seguir, as implicações do ato de profetizar no contexto do Antigo, do Novo Testamento e no tempo presente.     

a) O ato de Profetizar no Antigo Testamento

A profecia no Antigo Testamento era dada aos profetas através de palavras inspiradas vindas diretamente de Deus (Nm 22.35; Is 51.16; 59.21; Ez 2.6-7; 3.4, 10), de teofanias (Êx 3; Nm 20.16, Js 5.13-15, Jz 6.11-24; 13), sonhos (Gn 37.5-11; 1Rs 3.5) e visões (Gn 15.1; Nm 12.6; 1 Sm 3.1-21; Mq 1.1). Um homem não era profeta necessariamente porque recebia sonhos, visões, por ter realizado algum milagre, por ter feito predições e as mesmas se cumprirem, nem tampouco por se auto-intitular profeta. Antes, um homem era profeta porque recebeu o chamado direto de Deus para esta vocação, como Moisés (Êx 4.10-13), Jeremias (Jr 1.1-2), Amós (Am 7.14-15), Ezequiel (Ez 2.6-7; 3.26-27), dentre outros.
                                    
Profetizar, no Antigo Testamento, enfatizava dizer antecipadamente, por inspiração divina, o que há de suceder no futuro e abarca também expor verbalmente ou pela escrita eventos profetizados que já haviam se cumprido historicamente (veja, como exemplo, Dt 9.25-29; 1Cr 16.15-22; Ne 1.8-10; Sl 105.5-45; Jr 32.20-24; Dn 9.13-15). Palmer Robertson diz que profecia não deveria ser definida principalmente como a predição do futuro. Ao contrário, ela é a transmissão da revelação de Deus que ocasionalmente pode envolver eventos futuros.9

Entretanto, hoje não existem mais profetas do calibre dos profetas do Antigo Testamento, isto é, que recebem, falam e registram palavras inspiradas vindas diretamente de Deus, que recebem sonhos, visões e que fazem predições (este assunto será expandido a seguir, no ato de profetizar no Novo Testamento). É importante destacar que o papel do profeta no Antigo Testamento não consistia em adivinhar a vida das pessoas. Nenhum profeta do Antigo Testamento manifestou este tipo de atitude como vemos os “profetas modernos” das igrejas de cunho pentecostal e neopentecostal fazerem. Pelo contrário, a adivinhação é uma prática comum de religiões e seitas pagãs como o montanismo, xamanismo, esoterismo, religiões afro que envolvem o candomblé, umbanda e quimbanda, espiritismo, dentre outras.     

Contudo, mais do que teofanias, sonhos e visões, profetizar no Antigo Testamento era comunicar a vontade de Deus ao povo. Os profetas eram os porta-vozes de Deus que anunciavam “o que Ele haveria de fazer e o comportamento que requeria do seu povo. Essas coisas foram primeiramente anunciadas verbalmente pelos profetas e, posteriormente registradas por eles”10, que não eram apenas prognosticadores no sentido de prever eventos futuros, por exemplo, como o anúncio do cativeiro babilônico descrito em Jeremias 25.1-13; 29.10, mas, sobretudo, homens capacitados por Deus para falar a sua Palavra exortando e convocando o povo a se arrepender de seus pecados e a se voltar para Deus (Jr 1.1-10; Jn 1.1-2; 3.1-10; Ag 1; 2; Zc 1.1-6).

Quando o profeta transmitia a mensagem inspirada da parte de Deus verbalmente ou pela escrita, ele não o fazia como alguém que simplesmente reproduzia palavra por palavra que Deus havia lhe dito nem, tampouco, num estado de êxtase frenético (pulando, rodopiando, gritando), que é o comportamento usual que pessoas adeptas das seitas e religiões sincréticas, como o neopentecostalismo manifestam em seus cultos. O profeta era um agente de Deus que falava as suas palavras, porém suas características pessoais não eram suprimidas. Ele transparecia sua formação acadêmica, sociale, até, econômica na transmissão verbal ou pela escrita. Assim, Deus usava o profeta de acordo com a sua capacidade e estilo. Ele transmitia a mensagem divinamente inspirada sem, contudo, anular suas próprias características e sem deixar de ser infiel às palavras que ouviu.  

b) O ato de profetizar no Novo Testamento

A profecia no Novo Testamento foi tão importante e necessária quanto à profecia no Antigo Testamento. Ainda estavam presentes no começo do período do Novo Testamento profetas com as características dos profetas do Antigo Testamento. Alguns falavam da parte de Deus mais no anonimato, haja vista que a ênfase no Novo Testamento não era mais revelacional como no Antigo Testamento, pois o Novo Testamento complementa e elucida o Antigo; ou seja, o Antigo Testamento é a promessa; o Novo Testamento é o cumprimento”11, especialmente o cumprimento das promessas e profecias da redenção.

Um profeta que esteve interposto entre o período do Antigo e do Novo Testamento foi João Batista. Ele saia pelas ruas e lugares ermos proclamando a plenos pulmões a vontade de Deus. Anunciou a vinda do reino de Deus (Mt 3.1-2), profetizou a vinda de Jesus Cristo e o pentecostes (Mt 3.3, 11-12), pregou sobre a redenção (Jo 1.29) e, também, uma mensagem ética instando o povo a se arrepender de seus pecados (Mt 3.5-10). Por outro lado, no Novo Testamento, ainda houve profetas como Ágabo, por exemplo, que fez predições ou profetizou acerca da fome que haveria de acontecer em Jerusalém no tempo do governo de Cláudio (At 11.28) e que Paulo seria preso (At 21.10-11).

No Novo Testamento, profetizar se refere mais especificamente a descrever verbalmente através da pregação do evangelho ou pela escrita fatos profetizados que já haviam ocorrido historicamente (veja, como exemplo, as pregações de Pedro em At 2.14-36; 3.12-26; 4.8-12, a pregação de Estevão em At 7.1-50 e a pregação de Paulo em Atenas, na Grécia, em At 17.22-34).

Com tudo isso, não estou dizendo que não havia um número significativo de profecias de natureza escatológica no Novo Testamento. Pelo contrário, Mateus, Pedro, João, Lucas, Paulo, dentre outros, falaram e escreveram inspirados pelo Espírito Santo acerca de eventos que se cumpriram historicamente no passado (veja Mt 24.19-20; At 2.16-18; Jo 21.15-23; Lc 21.20-23; At 20.29-32) e sobre eventos que ainda vão se cumprir historicamente no futuro (veja Mt 24.29-31; At 2.19-21; Ap 8; 9; 11.3-19; 18; 20.11-15; 21; Lc 21.25-27; 1Ts 5.1-3; 2Ts 2.1-12). Feita esta observação, entendemos a importância que o mistério profético teve no período apostólico, uma vez que o cânon das Escrituras do Novo Testamento estava sendo composto.

Heber Carlos de Campos afirma que o dom de profecia era absolutamente importante para a vida da igreja neotestamentária. Sem a manifestação deste dom a igreja haveria de padecer, pois os profetas eram a vida da igreja, as molas mestras que empurravam a igreja para frente, fazendo com que ela seguisse os caminhos indicados pelo Senhor.12 Devido a sua importância, Paulo fez questão de mencionar o dom de profecia nas quatro listas de dons apresentadas por ele em Romanos 12; 1 Coríntios 12; 14 e Efésios 4). Augustus Nicodemus Lopes corrobora que a profecia neotestamentária não é o descobrimento e revelação, em público, de pecados ocultos de pessoas presentes, mas mensagens exortativas na forma de instrução bíblica, baseadas em interpretações ex-tempore das Escrituras.13

Assim como o profeta no Antigo Testamento, o profeta no Novo Testamento também não adivinhava fatos que estavam ocorrendo no presente na vida das pessoas, como doenças, problemas conjugais, financeiros e nem pressupunha fatos futuros incertos de acontecer como os “profetas pentecostais e neopentecostais” fazem. A atitude que estes “profetas modernos” demonstram para com os crentes a fim de terem credibilidade é, indubitavelmente, manipulação psicológica, hipnose e manifestações espetaculares (Jr 14.14). A Adivinhação é um pecado condenado por Deus nas Escrituras (Lv 19.26c; Dt 18.10-14). Desse modo, profetizar não é adivinhar, antes, é edificar, exortar e consolar as pessoas [a igreja] através da pregação do evangelho (1Cor 14.3).
                                 
c) Distinção dos profetas do Antigo Testamento, dos apóstolos e dos profetas das igrejas locais     

Para que possamos compreender plenamente a questão do ato de profetizar no contexto do Antigo e Novo Testamento, é necessário delinearmos a diferença que existe entre os profetas do Antigo Testamento, dos apóstolos e dos profetas das igrejas locais. Portanto, uma das melhores formas de compreender os apóstolos e os profetas do Novo Testamento é compará-los com os profetas do Antigo. Senão vejamos:

i. Os profetas do Antigo Testamento

1. Eles foram chamados

Neste período, homens como Moisés, Jeremias, Isaías, Ezequiel, Amós, dentre outros, foram chamados diretamente por Deus para exercerem o ofício profético. O profeta do Antigo Testamento era uma autoridade oficial, isto é, um representante de Deus entre o povo. Sua autoridade adivinha da vocação divina, que também era passada publicamente a ele pelo ministério de outro profeta, como no caso de Eliseu, que foi o substituto do profeta Elias (veja 1Rs 19.6).

2. Eles foram revestidos de autoridade

Na lei de Moisés há um preceito estabelecido por Deus onde os profetas que se levantassem de modo repentino entre o povo deveriam ser julgados. Suas palavras deveriam ser examinadas para ver se, de fato, procedia de Deus ou não. Entretanto, também foi estabelecido por Deus na lei de Moisés que as palavras dos profetas reconhecidos como o próprio Moisés, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Amós e Ageu, por exemplo, fosse recebida pelo povo sem questionamento algum como sendo a Palavra de Deus falada e escrita por eles. Era como se fosse o próprio Deus falando pessoalmente por meio deles! Se houvesse questionamento por parte de alguém acerca da autoridade do profeta e de sua palavra, tal pessoa era punida por Deus, como foi o caso da sedição de Miriã e Arão contra Moisés (Nm 12.1-15), e a rebelião de Corá, Datã e Abirão, que resultou na morte deles e de seus seguidores (Nm 16.1-40).

3. Eles foram infalíveis na transmissão da profecia

A mensagem que os profetas do Antigo Testamento transmitiram era impassível de qualquer erro. Eles foram os receptores, transmissores e registradores da revelação inspirada por Deus ao seu povo.

4. Eles atuaram num âmbito universal

O ministério dos profetas do Antigo Testamento teve uma ampla extensão. Eles não falaram e escreveram somente para o povo de Israel, mas para toda a igreja de todas as épocas. A mensagem dos profetas abrange todos.

ii. Os apóstolos

1. Eles também foram chamados        

A semelhança dos profetas do Antigo Testamento, os apóstolos também foramchamados, porém, de forma pessoal por Jesus Cristo. Diferente do modo de Deus se revelar aos profetas, que era por meio de palavras diretas, sonhos e visões, a revelação de Deus aos apóstolos foi através da pessoa de Jesus Cristo. Os doze apóstolos, e de modo igual Paulo, foram comissionados como os profetas do Antigo Testamento para este ofício singular na história.  

2. Eles também foram revestidos de autoridade

O preceito estabelecido por Deus na lei de Moisés de que o profeta e sua palavra não poderiam ser questionados se aplica também as palavras faladas ou escritas dos apóstolos. Até mesmo o conselho ou a opinião pessoal de um apóstolo que não recorria as palavras do próprio Jesus, como no caso de Paulo e suas respostas em 1 Coríntios 7.6, 8, 10, 12, 25, 32, 35, 40 às perguntas feitas pela a igreja acerca do casamento, não podiam ser questionadas. As palavras dos apóstolos tinham a mesma autoridade que as palavras de Jesus. 

3. Eles também foram infalíveis na transmissão da profecia

A mensagem que os apóstolos ou pessoas associadas a eles [como Marcus e Lucas] transmitiram no Novo Testamento era impassível de qualquer erro, pois também foram receptores, transmissores e registradores da revelação inspirada por Deus à igreja.

4. Eles também atuaram num âmbito universal

De modo similar ao ministério dos profetas do Antigo Testamento, o ministério dos apóstolos alcançou não somente o povo de Israel, mas também os gentios e cristãos de todas as épocas. 

Feitas as distinções entre os profetas do Antigo Testamento e os apóstolos, fica claro que eles foram os sucessores dos profetas do Antigo Testamento. Mesmo assim, é importante observar que existem algumas pequenas distinções de caráter funcional entre o ministério dos profetas e o ministério dos apóstolos que não vejo a necessidade de esboçá-las aqui.

Abraham Kuyper assevera que o apostolado é portador do caráter de uma manifestação extraordinária, não vista nem antes nem depois, na qual nós descobrimos uma obra própria do Espírito Santo. Os apóstolos foram embaixadores especiais – diferentes dos profetas e dos atuais ministros da Palavra. Na história da Igreja e do mundo, eles ocupam uma posição única e têm uma importância peculiar.14 Por outro lado, torna-se necessário compreender, agora, o caráter do ministério dos profetas nas igrejas locais no Novo Testamento.

iii. Os profetas das igrejas locais no Novo Testamento

Estes homens não foram vocacionados por Deus como os profetas do Antigo Testamento e os apóstolos. Eles não possuíam a mesma autoridade e não eram reconhecidos como homens que falavam inspirados como os profetas, os apóstolos e também não recebiam revelações através de palavras proferidas diretamente por Deus, sonhos e visões como eles. Antes, os profetas das igrejas locais no Novo Testamento recebiam o dom da profecia no momento que eram inseridos na igreja de Cristo pela conversão. Este dom era e é uma capacitação que Deus concede aos profetas para que estes exponham oralmente a Palavra de Deus já revelada às pessoas. Desse modo, a função deles não era comunicar novas revelações, mas simplesmente interpretar corretamente as profecias já estabelecidas pelos antigos profetas e pelos apóstolos; ou seja, profetizar não é decretar que algo aconteça, como uma benção, por exemplo, mas pronunciar uma mensagem que esteja em consonância com o escopo da revelação divina registrada.    

A mensagem dos profetas [profecia], que é a exposição da Palavra de Deus revelada, não deveria ser desprezada pela igreja (1Ts 5.20), porém, julgada e, se não fosse fiel, deveria ser rejeitada (1Cor 14.29). A igreja só deveria obedecer a mensagem de um profeta se a mesma estivesse em conformidade com os escritos dos profetas do Antigo Testamento e dos apóstolos. Essa regra vale para os profetas e a igreja de todas as épocas.

Tudo o que os profetas e os apóstolos fizeram está terminado. Já não há mais fundamento a ser lançado. Não há mais o ofício profético do Antigo Testamento nem o apostólico do Novo Testamento. O que Deus continua a fazer nos dias de hoje é iluminar os que são membros do seu povo para que entendam a revelação registrada na Escritura. Deus ainda opera sinais e milagres como nos tempos bíblicos, como obra de sua providência ["através da oração", ênfase minha], mas não pode ser dito que ele faz essas coisas “pelas mãos dos ministros, pastores e missionários da sua igreja hoje”, como foi dito em Atos que ele fazia os prodígios e sinais “pelas mãos dos apóstolos”. O ofício profético do Antigo Testamento e o ofício apostólico do Novo Testamento não existe mais porque já acabou a sua função dentro do plano da redenção histórica de Deus.15     

d) A necessidade do ato de profetizar no tempo presente

Estamos vivendo uma época em que o equívoco teológico e as heresias prevalecem no cenário evangélico brasileiro. As Escrituras nos alertam que nos últimos dias haveria muitos falsos profetas (Mt 24.11, 24, 2Pe 2.1; 1Jo 4.1); de fato, estamos vivendo os últimos dias. Todavia, além das antigas heresias estarem patentes hoje, porém com uma nova roupagem contextualizada, existem também novas heresias que estão sendo disseminadas. Por essa razão, a profecia é oportuna e, sobretudo, urgente. Acredito, pessoalmente, que a igreja evangélica brasileira nunca precisou tanto de profetas comprometidos e submetidos às Escrituras como nos dias atuais. A função primordial do profeta, além de ensinar, é manter a ética, ou seja, ele é responsável por apontar o erro moral, espiritual e teológico existente no meio do povo de Deus e convocá-los ao arrependimento e a se voltarem para Deus. Os profetas são o norte da igreja que, sem eles, fenece. Sendo assim, os profetas são indispensáveis para esta magna função de profetizar [pregar, ensinar, exortar] o caminho certo a igreja de Cristo em meio a uma geração religiosa que impera a corrupção, a perversão moral, espiritual e teológica (1Cor 14.22b-25, 39a). 

Continua nos próximos dias...                                                     

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Notas:
[09] Palmer Robertson. The Final World, Edimburgo: The Banner of Truth Trust, pág 4.
[10] Heber Carlos de Campos. Fé cristã e misticismo, pág 95.
[11] John MacArthur. Hebrews (Chicago: Moody Press, 1983), pág 4.
[12] Heber Carlos de Campos. Fé cristã e misticismo, pág 96.
[13] Augustus Nicodemus Lopes. O Culto Espiritual, pág 188.
[14] Abraham kuyper. A obra do Espírito Santo, pág 168.
[15] Heber Carlos de Campos. Fé cristã e misticismo, pág 83-84.      

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Fonte: Bereianos

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Perseguidos por causa de Cristo?

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Por Rev. Augustus Nicodemus Lopes


Os cristãos foram perseguidos pelos incrédulos e zombadores desde o primeiro momento em que começaram a dizer ao povo de sua época que Jesus de Nazaré, que havia sido rejeitado e morto pelos judeus, era, na verdade, o Filho de Deus. Sua morte na cruz era o único meio pelo qual Deus estava disposto a perdoar os pecados e conceder a vida eterna, tanto a judeus quanto a não-judeus. Basta uma leitura, ainda que rápida, pelo livro dos Atos dos Apóstolos e este fato ficará claro: a mensagem da cruz anunciada pelos primeiros cristãos, embora aceita por milhares na época, provocava reações violentas tanto em judeus quanto gregos. Para os primeiros, era escândalo, para os últimos, loucura (1Co 1:23).

Era de se esperar que os cristãos, perseguidos e odiados, caluniados e objeto de escárnio e zombaria, se sentissem tentados a reagir, retrucar, e a desenvolver um espirito de vitimização. Ou seja, a sentir pena deles mesmos e cultivar um espírito de justiça própria por estarem sendo alvo de perseguição da parte do mundo. Todavia, os apóstolos, os primeiros líderes e pastores daquela geração, logo perceberam o perigo de que a perseguição empurrasse os discípulos para uma atitude de reação ou vitimização. Assim, orientaram-nos a encarar a zombaria, a calúnia, a perseguição, a prisão e mesmo o martírio da forma correta, tendo sempre a Jesus Cristo como exemplo de mansidão e amor pelos inimigos.

Uma coisa em particular preocupava os apóstolos: a causa da perseguição. Era fácil um cristão pensar que toda e qualquer zombaria que ele sofresse era pelo fato dele ser crente em Jesus Cristo. Todavia, nem toda perseguição que os cristãos sofriam era por causa da cruz, por causa de Cristo, por causa da verdade.

O apóstolo Pedro exortou os cristãos a terem vida exemplar no meio do povo, para que ficasse claro que as coisas ruins que falavam contra eles não tinham fundamento (1Pe 2.11-12). Se eles tivessem que sofrer, que fosse porque faziam o bem e não o mal: que glória havia em ser esbofeteado por ter feito o mal? (1Pe 2.20-21). Eles seriam bem-aventurados se fossem esbofeteados por praticarem a justiça de Deus (1Pe 3.13-14). Pedro diz ainda: “se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal” (1Pe 3.17). E acrescenta:

Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem- aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus. Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome” (1Pe 4.15-16).

Nem toda zombaria e deboche que um cristão recebe dos incrédulos é por causa de sua fidelidade a Cristo. Se alguém que se diz cristão for desonesto, avarento, mentiroso, preguiçoso, imoral ou hipócrita, e vier a sofrer as consequências destes atos, este sofrimento não é por Cristo. Ele não está sofrendo por ser cristão, mas por ser estas coisas. Como qualquer outra pessoa.

O apóstolo Paulo disse na sua primeira carta aos cristãos da cidade de Corinto que a mensagem da cruz é loucura para os incrédulos (1Co 1.18). Eles simplesmente não a entendem, se sentem ofendidos pela ideia da salvação mediante alguém que foi crucificado e acham ridícula a ideia de que o crucificado tenha depois ressuscitado de entre os mortos. E, naturalmente, zombam e perseguem quem crê e ensina isto. Mas, na mesma carta, Paulo ensina aos crentes de Corinto a que tomem cuidado para não dar aos incrédulos outro motivo, além da cruz, para os chamarem de loucos. Ele orienta, por exemplo, os irmãos a evitar falarem todos em línguas ao mesmo tempo e sem interpretação nos cultos públicos: “Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos?” (1Co 14.23). Que nos chamem de loucos por causa da mensagem da cruz, mas não pela falta de sabedoria.

Infelizmente, muito do deboche e perseguição que os evangélicos experimentam hoje em nosso país não é por causa da pregação vigorosa, firme e clara da cruz de Cristo. Aliás, pouco se ouve dela, em meio aos decretos de prosperidade, promessas de vitória e pedidos de dinheiro. O que provoca a zombaria são práticas e costumes estranhos em nome do Espírito Santo, escândalos, ostentações de riquezas e busca descarada do dinheiro dos incautos em nome de Deus, e o engajamento infeliz de segmentos evangélicos numa guerra contra aqueles que deveriam ser objeto de nossa pregação sobre a cruz e não da nossa ira. Nem sempre os evangélicos sofrem no Brasil por serem cristãos sérios, firmes, verdadeiros e fiéis a Deus.

Até hoje a mídia secular não consegue ser justa e fazer a distinção entre evangélicos e evangélicos. Acaba sobrando para todos os que se identificam como crentes em Jesus Cristo. O caminho, me parece, não é rejeitar o título de “evangélico,” mas viver e pregar de tal forma que o único motivo da zombaria que nos sobrevier seja Cristo, e este crucificado.

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Fonte: O Tempora! O Mores!

segunda-feira, 2 de junho de 2014

CONDENADA À MORTE: CRISTÃ SUDANESA E DE SUA PRISIONEIRA PROPRIÁ CONSCIÊNCIA

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Por Jussara Teixeira

(...) Pela Fé conquistaram Reinos, praticaram a Justiça, alcançaram O Cumprimento de Promessas, fecharam uma boca de Leões, apagaram o Poder do Fogo e escaparam fazer fio da espada; Fraqueza tiraram da Força, tornaram-Sé Poderosos ª Batalha e puseram EM exércitos Fuga Estrangeiros. Houve Mulheres Que, Pela Ressurreição, tiveram de Volta OS SEUS Mortos. Uns FORAM torturados e recusaram libertados Serviços, Parágrafo poderem alcançar UMA Ressurreição superior; OUTROS enfrentaram zombaria e açoites; OUTROS AINDA FORAM acorrentados e colocados na Prisão, apedrejados, serrados AO Meio, Postos à prova, Mortos AO fio da espada. Andaram errantes, vestidos de Pelé de Ovelhas e cabras de, Necessitados, Afligidos e maltratados.O Mundo Localidade: Localidade: Não era Digno Deles . Hebreus 11-36:38    

Um corte de Cartum, Nao Sudão, condenou Meriam Yehya Ibrahim, de 27 Anos , gravida de 8 Meses, Por apostasia. Ela TEM ATÉ quinta- feira (22), Parágrafo renunciar a Fé Cristã UO encarar hum Possível Sentença de morte imposta.    

Apesar de   Seu Marido Ser Cristão e garantir Opaco UMA Esposa tambem o E POR UMA Dados longa, o Sistema judicial   considerou hum Muçulmana Pelo Fato de Seu pai professar a Fé los Alá local. Suá mae, Cristã Ortodoxa, CRIOU A Filha Sozinha JÁ Que o pai deixou UMA Família QUANDO ELA tinha apenas 6 Anos de idade . Porem, Pela lei Sharia, somente UMA religião paterna E considerada e Os Filhos devem restrições SEM segui-la. 

Adicionalmente, O Casamento com o Atual Marido Cristão FOI declarado nulo. Por ESSE Motivo, Uma sudanesa Ibrahim FOI AINDA acusada de adulterio e condenada a 100 chibatadas, informa a CNN.

O Advogado de Ibrahim Garante Que ELA se Recusa a renunciar à Fé Cristã. Na Ocasião los de que era um promulgada Sentença, FOI mencionado "o Quanto hum crime Como ESSE PODE Ser Perigoso Para o Islã e de hum parágrafo ISLAMICA Comunidade", AO que ELA respondeu prontamente Opaco "sou Cristã e ASSIM Vou continuar '" Sendo ".

Advogados SEUS planejam apelar contra o veredicto, Que atraiu hum Condenação de Organizações pró DIREITOS Humanos los TODO O Mundo.

Ibrahim Nesse Meio ritmo permanece na Prisão e Seu defensor Afirma Que ELA ESTA tento dificuldades nd Gravidez. Um Pedido de tranferí-la Parágrafo hum Hospital Particular Negado FOI "por Medidas de Segurança".

Enquanto ISSO, Seu Advogado afirmou Opaco Um Dia Antes da Sentença Serviços promulgada, UMA LigAção anônima Disse Que Elementos poderia Ser atacado se Localidade: Não deixasse UMA Representação de SUA Cliente.

"Vivo com Medo So de Ouvir a porta abrir UO com barulhos na Rua", Diz, MAS AINDA ASSIM Garante: "eu Localidade:.. Localidade: Não poderia deixar ESSE Caso ISSO E UMA Questão de Crença e principios Eu Preciso ajudar alguem Opaco necessità, MESMO ISSO Que custe Minha Vida ".

Prisioneira da Consciência

A Anistia Internacional descreveu Ibrahim Como UMA Prisioneira da Consciência.

Para o Pesquisador sudanes da Anistia Internacional, adulterio e apostasia Nunca considerados deveriam servi crimes, e Muito Menos Ser Relacionados à pena de morte. "E UMA flagrante violação à lei de Direitos Humanos".

Embaixadas de países Varios los Cartum o Estação insistindo Parágrafo Opaco UMA Sentença SEJA revertida.

A lei Sharia impõe, Entre OUTRAS Coisas, Que muçulmanos e Não-muçulmanos PODEM Serviços Punidos "indecência" e "imoralidade" POR atos de Por castigos Físicos e amputações.  

Ademais, o Abandono fazer Islão e atualmente hum crime punível com a morte. OS "supeitos" de se converterem Temperatura Opaco enfrentar pressões Sociais, e Passam POR intimidações e tortura Pela Segurança governamental.

Ate a morte

O Departamento de Estado norte-americano classificou O Sudão Como hum DOS países que infringem Mais OS DIREITOS Religiosos, juntamente com Myanmar, China, Eritreia, Irã, Coreia do Norte, Arábia Saudita e Usbequistão.

Lugares sas, Todo Tipo de Abuso e Violência E praticado EAO Que negam a religião oficial, OU Simplesmente professam a Fé Cristã. Muitas São Como Histórias de Vida de PESSOAS Que lutaram Ate a morte e Localidade: Não negaram crenças SUAS, MESMO debaixo de intensa Perseguição.

Reunem-se secretamente e louvam intensamente. O ter UMA BÍBLIA E Motivo de grande regozijo e Comemoração, POIs Localidade: Não E literatura fácilmente encontrada. Em Meio à dor e AO Sofrimento, Milagres ocorrem e Corações São Transformados. O Poder de Deus se aperfeiçoa na SUA Fraqueza de Seu Povo.

De Além de Ibrahim, gravida, presa e ameaçada de morte, muitas São Como Histórias comoventes de cristãos lutam que Ate O FIM Parágrafo divulgarem OU de forma POR abraçarem o Evangelho. Os noticiários o Estação cheios de Novas Que Todos Os Dias Contaminação Como PESSOAS sofrem los . Virtude de SUA Fé Homens de Opaco O Mundo Localidade: Não E Digno.

No Brasil, Onde a Liberdade religiosa E muitas Vezes substituída Pela superficialidade, Uma pergunta Opaco Localidade: Não Quer Calar E: lutaria Voce Ate a morte Pela SUA Fe? Esta pergunta PODE Ser o termômetro Parágrafo Que Voce. Avalie o Quao profunda - e Verdadeira - é Sua Fé.

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Jussara Teixeira. Jornalista, Assessora de Imprensa e blogueira, colunista do Púlpito Cristão, mora HÁ interior de São Paulo ee casada com Christiano Gomes. Sempre atenta AOS Fatos e assuntos Relacionados AOS cristãos, ma Como UMA de SUAS Paixões UMA Redor Igreja Perseguida AO DO MUNDO. Aqui Vai mostrar Seu Ponto de vista sobre um nn cerca Realidade Opaco, países SEJA no bairro Próximo UO nn MAIS recônditos do Mundo.
Fonte: pulpito Cristão

A novela, a serpente e o pecado imperdoável

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Por Thiago Oliveira


Não sou daqueles que demonizam a cultura e implico com novelas e programas de televisão. Acho que a TV brasileira tem seus méritos e deméritos assim como qualquer ramo que produza arte ou entretenimento. No entanto, seria muita ingenuidade de minha parte se eu desconsiderasse a influência demoníaca e a doutrinação propositalmente anticristã de muitos programas televisivos. Sabemos que as novelas, e nesse caso a Globo é referência, destorcem os valores morais e ensinam o posto do que diz a Palavra de Deus. Mas, o que acontece quando um autor se aventura a interpretar uma passagem bíblica? O resultado é este:





Escrachadamente, a Serpente é louvada como se fosse a responsável por nossa existência. O pensamento é o seguinte: Deus criou Adão e Eva estes não tinham relações sexuais, pois esse era o “fruto proibido”. Veio então a Serpente (Satanás) e convenceu o casal de que “fazer amor” era bom. Daí Deus ficou descontente por eles terem desobedecido a “lei celibatária” e os expulsou do Paraíso, e foi então graças a Serpente que a raça humana teve início, pois se não fosse ela, o primeiro casal ainda estaria vivendo entediados no Éden, como diz a personagem, sem saber nada de sexo. 


Toda essa idiotice blasfema pode ser facilmente refutada. Basta dar uma olhada no Capítulo 1 de Gênesis e observarmos que antes do pecado ter entrado no mundo, Deus propositalmente formou o primeiro casal para se relacionarem maritalmente. Vamos ao texto:
E criou Deus o homem à sua imagem;à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” Gênesis 1:27-28

Aqui fica bastante claro que o sexo fazia parte da rotina daquele primeiro casal que ele fora criado pelo próprio Senhor para deleite do casal e também para que estes fossem férteis e povoassem a Terra. É importante notar que Adão e Eva tinham a benção de Deus para se relacionarem sexualmente. A Palavra diz: “E Deus os abençoou”. O sexo, assim como tudo nesse mundo, é uma criação divina e Satanás não tem nenhuma contribuição nisso. Não foi uma sugestão dele e muito menos algo que ele inventou. O sexo, como um ato entre marido e mulher, é algo sagrado, e foi deturpado após o pecado de nossos primeiros pais no Paraíso.

A questão é que esta cena novelesca não só se equivocou teologicamente como blasfemou contra Deus quando tirou Dele o mérito da criação e o entregou a Satanás. E num determinado momento da cena a personagem diz: “Portanto devemos a ela [a serpente] o milagre da vida”. Esse devaneio é um insulto ao Deus Trino e único Criador dos céus e da terra. O homem foi criado para ser a coroa de toda a Criação. Este é o intuito de ter ficado por último. Deus fez tudo para o Seu próprio louvor, todavia, quis que o ser humano gozasse de uma estrutura completa e perfeitamente funcional. Depois de ter feito a “casa” ele traz a existência o “morador”. E ainda deixou o homem responsável por povoar, cuidar e administrar os recursos do planeta.

Nenhuma outra criatura usufruiu dos privilégios da raça humana. Os anjos, por exemplo, foram criados assexuados, pois não poderiam propagar a sua espécie (Lc 20:34-36). Deus criou um macho e uma fêmea, para que toda humanidade soubesse que a sua origem estava atrelada a um mesmo sangue, pois a mulher foi tirada do homem (Gn 2:21-22). Tudo isso é uma tremenda dádiva vinda do Senhor dos Senhores.

O que vimos nessa cena é um pecado imperdoável. Se observarmos o contexto de “Blasfemar contra o Espírito Santo”, notaremos que ele se Deu no seguinte contexto presente em Marcos 3:22-29: Os fariseus estavam atribuindo os exorcismos realizados por Jesus a Belzebu (Príncipe dos Demônios). Jesus realizou cada um de seus milagres pelo poder do Espírito Santo. De igual modo, a criação também é um ato do Espírito, pois Ele é Deus, o terceiro componente da Trindade. Falar que a vida é uma dádiva da Serpente é cometer essa blasfêmia.

Não posso dizer se a atriz, o autor ou sei lá quem vai ser condenado por Deus ao ponto de não obter o seu perdão, isto seria querer sentar no trono divino e fazer algo que só a Ele compete. Todavia, expresso aqui minha indignação misturada com tristeza ao presenciar uma cena como esta. Se não fosse este vídeo vinculado nas redes sociais eu nem tomaria conhecimento disso. Lamentavelmente esse conteúdo chegou até a mim. Isso me faz ver que o mundo jaz do maligno (1Jo 5:19). Se eu não faço parte disso, é apenas porque o Senhor me resgatou do império das trevas e me transportou para o Reino do Filho do Seu Amor (Cl 1:13). Toda honra e toda glória sejam dadas exclusivamente a Deus.

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Divulgação: Bereianos

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